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Localização: aaacarmelitas@gmail.com, Portugal

30 de outubro de 2012


LUGAR  DA  PALAVRA
 
VII



Espaço disponibilizado para a continuação da troca de ideias, informações, comunicações, testemunhos, etc., que qualquer um possa ter para partilhar com os outros visitantes desta comunidade, nomeadamente Antigos Alunos do Seminário Missionário Carmelita, da Ordem do Carmo em Portugal.

Aconselha-se a deixar o SEM COMENTÁRIOS VI  e a passar para este espaço - O LUGARA DA PALAVRA - pois, o anterior está a atingir o limite da capacidade de comentários.
 
(Nota: faremos os possíveis para colocar, ainda hoje, o anterior Lugar da Palavra VI, nos digno de registo. O lugar da Palavra VI está na coluna das datas, na data de 25-06-2012)

202 Comments:

Anonymous Mário Neiva said...


Comentário XIII

Dia dos Finados
ou
dos Finados-Vivos?

-Mamã, para onde vai a gente, quando morremos?
-Olha, meu filho, o teu corpo vai para a terra e a tua alma vai para o céu.
-E eu para onde vou, mamã?

Li esta pequena história no Pe Anselmo Borges, no livro "O Sentido da Existência", e há poucos dias ouvia-a, aqui em Viseu, numa palestra de Monsenhor Victor Feytor Pinto. Este sacerdote não desenvolveu a questão suscitada, mas o Pe Anselmo fê-lo muito bem no seu livro. Apesar disso, depois de ler, ficou-me a sensação do "sabe-me a pouco". E fico sempre a pensar que as pessoas se assustam, de verdade, perante o impasse da nossa ignorância, e encetam o discurso da fuga.
Pois eu já me deixei de rodeios e vou direito aos cornos do touro, a saber, à dureza quase brutal da verdade que nos escapa cada vez para mais longe, à medida que avançamos na pesquisa e nas interrogações.

Acabei de adquirir a última obra publicada pelo Pe Carreira das Neves, com o título "Deus Existe?". Sobre a proposta do Pe Carreira das Neves nesta obra, a editora escreve na contracapa que o autor "conduz-nos ao longo da História numa apaixonante viagem por todas aquelas religiões que ainda hoje se mantêm vivas e actuantes".
Assim, ao escrever sobre o budismo e citando o actual Dalai Lama: "...esta visão (materialista) levaria a que a psicologia se pudesse reduzir à biologia, a biologia à química e a química à física. A perspectiva de que todos os aspectos da realidade se podem reduzir à matéria e às suas diversas particulas...".

Oh senhor Dalai Lama e todos os senhores espiritualistas empedernidos! Olhem que o caminho é o inverso e a perspectiva em que nos devemos colocar deve ser também a inversa: não é saber se a espiritualidade pode ou não ser redutível à matéria, mas como foi que da matéria se evoluiu para a espiritualidade!

(Quase como metáfora: o ideal monástico não era viajar da morte do pecado para a vida da graça? Reparem: da morte para a vida!)

Porque haveríamos nós de colocar o carro à frente dos bois? Só porque de repente o homem olhou à sua volta e para si mesmo e descobriu a sua "pessoa", o que equivale a dizer, ganhou a "consciência de si"?
A pergunta certa será "como se chegou a esta “consciência de mim”, evidenciada na pergunta do “Joãozinho” sabendo nós, à partida, que o cão e o gato não chegam a este nível de consciência.

Desde os tempos da pré-ciência que a resposta foi procurada na fé e depois na filosofia. Hoje, na era científica, a resposta está a ser procurada no berço da espiritualidade, que é este nosso super-enigmático universo da física, da química, da biologia, da psicologia, da neurologia.

Como se tivéssemos diante de nós o carvalho e a sua bolota. Esta contém todas as potencialidades para ser um novo carvalho, mas só o será quando lhe forem proporcionadas todas as condições físicas e químicas para ganhar a sua própria “personalidade”. Que pode nunca ganhar e permanecer como um "aborto-semente" de carvalho.

Repito, não se trata de uma regressão e redução da vida espiritual às partículas fundamentais da matéria (ou anti-matéria) mas como daqui se chegou à espiritualidade. E, numa primeiríssima fase, como surgiu a consciência humana, que persiste como o maior desafio para a ciência, depois do desafio que é saber a origem do universo.

Enquanto o nosso pensamento não evoluir para esta perspectiva aparentemente paradoxal, em que da materialidade se evolui para a espiritualidade (da morte para a vida), o "joãozinho" continuará intrigado e a perguntar à mãe: "E EU para onde vou?".

E por falar em contradições, voltemos ao título deste comentário: afinal, os mortos estão finados ou estão mortos e vivos ao mesmo tempo?

Se estão mesmo finados, só a Boa-Nova da ressurreição de S.Paulo lhes pode acudir. Mas os crentes nesta ressurreição não podem esquecer que é uma resposta da fé e não da razão e da ciência. Se esquecerem isto, o "Joãozinho" vai continuar a fazer perguntas esquisitas.

31 outubro, 2012 10:12  
Anonymous Antonio Costa said...

...E por falar em contradiçoes...
Sera que de Roma nao vem mais novidades a nao ser celebrar com Vesperas Solenes os 500 anos(POMPA E CIRCUNSTANIA) da inauguraçao do teto da Capela Sistina?...

Uma vez encerrado o Sinodo dos Bispos (cuja divulgaçao pelos media internacionais foi quase nula- pelas conclusoes obvias dessa magna reuniao )com uma Eucaristia para o povo assistir-digo assistir, porque raramente se ve (CON)CELEBRAR, cristaos devidamente empenhados deveriam esperar mais qualquer coisa desse tao ansiado conclave.Foi mais um bla...bla...bla... que estava calendarizado...e houve que cumprir.

Dai os cristaos portugueses nao se admirarem por, como o diabo esfrega um olho, os seus superiores hierarquicos abdicarem sem pestanejar do feriado (SANTFICADO) do DIA DE TOOOOOODOS OS SANTOS) BEM-AVENTURADOS, FELIZES porque, na verdade, tambem eles nao devem acreditar muito naqueles que estao a celebrar com alegria UMA QUANTIDADE ENORME, INCONTAVEL DE SANTOS que engloba desde MARIA, passando por JOSE,PEDRO;PAULO--etc,etc..Sera que eles nao atingiram ainda muito bem aquilo que acabaram por decidir???
Este feriado tera contra si o facto de "render menos" na parte economico-financeira por ser ja proximo do inverno????

"...NAO PODEIS ADORAR A DEUS E AO DINHEIRO:::"

"Nem todo aquele que diz:Senhor, Senhor, entrara no Reino dos Ceus"

01 novembro, 2012 00:21  
Anonymous Mário Neiva said...


Halloween- dia das bruxas
Versus
Todos-os-Santos - dia do "pão de Deus" ou "dos fiéis de Deus".


Em Balugães era o dia dos "Fiéis de Deus" e neste dia ninguém que tivesse necessidades sentia vergonha de ir pedir de porta em porta a "esmolinha para os fiéis de Deus".

Assim mesmo, meus amigos. Este dia era um dia para lembrar aos cristãos mais ricos que, afinal, todos somos filhos de Deus.

Agora, o sr Bispo auxiliar de Lisboa constata que a celebração foi substituida, "até em algumas escolas católicas" arrepia-se D. Brás, pelo americano laico Halloween, filho da ignorância e da crendice mais grosseira.
O senhor bispo, se tem mais ou menos a minha idade, ou mesmo que tenha menos uns anitos, devia saber que o "dia dos fiéis de Deus" caiu em desuso porque a pobreza extrema foi-se erradicando da nossa sociedade. Mas isto parece ser pedir demais a uma hierarquia que teima em pairar acima da realidade da história.
Enquanto D. Brás se lamenta pela tradição perdida (era tão lindo os pobrezinhos a pedir a "esmolinha dos fiéis de Deus” e os ricos a mostrar a sua generosidade!) teve de ser um leigo que integrava o debate desta quarta-feira na Rádio Renascença a colocar em cima da mesa o verdadeiro sentido do Dia-de-Todos-os-Santos:

Para o juiz Pedro Vaz Patto, "há aqui um empobrecimento do ponto de vista espiritual, cultural, da festa de Todos-os-Santos, que é no fundo a festa da ressurreição, há aquela dimensão de esperança do cristianismo que se perde".

Era por aqui, senhor r D.Brás, que se devia criticar o Halloween nas escolas católicas. Mas a falha é vossa, da vossa tradicional pastoral cristã e cristã-católica, que alimentou até ao absurdo o culto dos espíritos, vulgo "alminhas", em vez de ensinar a "ressurreição dos mortos", de mortos-completamente- mortos, mas que morreram, segundo a sua fé, na "esperança da ressurreição".
A oração e as flores para os nossos entes queridos deviam ser a celebração da saudade e da esperança e não a convocação e evocação das "almas penadas" de todos os Halloween.

Pois é senhor D.Brás! Há quanto tempo deixou de pregar o Evangelho da Ressurreição?
Tem receio de não saber explicar como é que um morto-completamente-morto, de corpo e alma, pode ressuscitar? Como pode "alguém nascer de novo", como observava Nicodemos, incrédulo, a Jesus Cristo? É isto que não sabe explicar?
E, por não saber como explicar, abandona-se o Evangelho da Ressurreição segundo Paulo e os Evangelistas?
Depois queixam-se de todos os Halloween...



01 novembro, 2012 10:34  
Anonymous Antonio Costa said...

Pois amigo Mario Neiva:quando "ja nao se liga"-sobretudo aqueles que tem mais responsabilidades religiosas- aquilo que muitos andam a fazer nesta terra de vivos( e dai a minha observaçao na eliminaçao do feriado/dia santo-DE TODOS (TODOS NOS que somos fieis, ou queremos ser fieis,nao so os que nos antecederam na fidelidade de acreditar nessa Ressurreiçao(.nascer de novo),temos depois essa tal "derivaçao" de em pleno dia de FESTA(que tambem e nossa)transferimos para a saudade, essa sim, muito natural mas que so tem ligaçao terrena; e entao que em pleno Norte se transformou de ha dezenas de anos a esta parte no dia mais triste do ano, porque somos convidados(quase forçados) a"orar pelas alminhas" desses nossos familiares que nos foram queridos...

Lembro-me muito bem, de que no Seminario da Falperra o Introito do dia(o cantico da Entrada) da missa era o GAUDEAMUS-ALEGREMOS...(sem mas)Celebramos com alegria;depois faziamos o tal magusto(com alegria. Tambem nesta minha terra havia o habito do tal peditorio para "os Fieis", precisamente para lembrar que somos todos fieis-porque somos TODOS IRMAOS.(Seremos todos irmaos mesmo?????perguntarao muitos dos nossos compatriotas, nesta hora gravissima que atravessamos)?

01 novembro, 2012 12:59  
Anonymous Mário Neiva said...

Ecos da crise e exemplos de solidariedade fraterna.
Merecem referência num blog onde se fala de fraternidade.

Segundo a R.Renascença de hoje:

Para dar o exemplo, o governador do banco central grego abdicou de 30% do salário. Passa agora a ganhar cerca de 7.600 euros por mês.

Os números são avançados pela agência Bloomberg, que teve acesso à tabela salarial líquida da administração do banco central de Atenas.

Os vice governadores também aceitaram um corte de 30% no ordenado.

O Presidente da Grécia, Karolos Papoulias, já tinha abdicado em Fevereiro do salário, num gesto de solidariedade para com a população.

Papoulias tem direito a um salário anual de 300 mil euros

Por cá, neste cristianissimo Portugal, o presidente queixa-se que mal ganha para sustentar a mulher e o sr Governador do Banco de Portual conseguiu isentar-se e a todos os seus funcionários dos cortes para "todos".
E o patriarca D.Policarpo manda-nos ficar caladinhos.

01 novembro, 2012 19:40  
Anonymous Antonio Costa said...

E...D.Policarpo, antes de sair pela porta grande( que ja foi) ira sair por um postiguinho pequenino...Nao e que voltou a mandar calar...?

Ainda a proposito do dia de Todos os Santos e/ou/ transferencia para Fieis Defuntos,parece que mais uma vez os responsaveis do Vaticano que assinaram a (desistencia) sim ,que e isso o que realmente assinaram, foram mais uma vez "comidos" pelos "artistas" governamentais.
E que os dois feriados religiosos que vao desaparecer, parece que vai ser, nao provisoriamente ate 2014 ou 2015 mas sim"ad eternum", porque tratar-se-a de uma eliminaçao pura e simplesmente a acreditar naquilo que hoje o tambem Democrata-Cristao Jose Ribeiro e Castro refere nos jornais.

Ora, apesar de ha mais de cinquenta anos eu ja fazer a distinçao entre o dia 1 e o dia 2 de Novembro, so acaba por dar razao a quem celebra estes dois dias conforme sempre esteve e esta na liturgia.."SERA QUE DEUS ESCREVE DIREITO POR LINHAS TORTAS?" OU SERA QUE O GRANDE SATA ANDA A TRABALHAR MAIS QUE DEUS?(enquanto Deus dorme?)


















02 novembro, 2012 22:40  
Anonymous Mário Neiva said...


Repesquei este texto da postagem "Vínculo", para servir como introdução a outros onde tenciono desenvolver este tema. E, depois, porque aqui é que é o lugar habitual da palavra.

“E depois o que concluir? Que só a morte de Jesus nos salva?" (Jorge Dias)

Não. “E depois”, concluir: A Encarnação de Deus em Jesus Cristo é que salva.
A morte, qualquer género de morte que fosse a de Jesus Cristo, seria a consequência da Encarnação, que é a assunção plena da nossa humanidade (velho Adão). Pela Encarnação, Jesus Cristo assume o nascimento, a vida e a morte da humanidade. Como tal, assumiu a sua bondade e sujeitou-se à sua crueldade, com todos os sofrimentos de uma vida que acabou em tragédia como tantas outras vidas humanas. Quando S. Paulo diz "completo na minha carne o que falta à Paixão se Cristo" ele está a falar do sofrimento inerente à condição humana. Esta proclamação paulina, como tantas outras, é reveladora da profundidade e alcance da sua teologia cristológica. A “paixão de Cristo” não se restringe ao calvário, mas à condição humana de Jesus Cristo assumida por inteiro, como diz Paulo: “Veio (Cristo Jesus) numa carne de pecado igual à nossa”. Isto significa que, em cada gesto e acontecimento da sua vida até à morte trágica na cruz, acontece a “redenção”, uma redenção em que cada cristão também participa vivendo a sua vida como viveu Jesus Cristo: no amor fraterno e na esperança da ressurreição.

Os termos redenção, expiação, justificação e salvação entram no Evangelho da Ressurreição apenas para fazer a transição pedagógica entre a Velha e a Nova Aliança, entre o Velho Adão judaico e o Novo Adão Jesus Cristo,

entre um Deus a exigir sangue para lavar a sua honra e um Deus Pai que trata a humanidade como sua filha dilecta em Jesus Cristo, por Ele e com Ele.

É um novíssimo paradigma para a relação entre a Divindade Pessoal e a Humanidade, em termos de filiação que Paulo revela, arrasando os preconceitos de um Deus ofendido, irado e distante, tanto para Judeus como para gentios: “Somos filhos e se somos filhos somos herdeiros”.

Onde pára aqui a “redenção” e a “expiação”? Mas foi necessário falar daquele jeito, para ouvintes que não concebiam outra linguagem.

E por dois mil anos no cristianismo ainda se pregou a fé naqueles termos de “redenção” e “expiação” de um Deus a exigir que seja lavada em sangue a sua honra.

Infelizmente, pregou-se e acreditou-se.

Até a celebração central dos cristãos, a festa da comunhão eucarística com Deus, se denominou de “santo sacríficio”.

Como se AMAR fosse um sacrifício! Mesmo para o Deus do Amor!

Só mesmo de quem não sabe o que é o amor de verdade e de quem não chegou a entender quem é o Deus de Paulo de Tarso.


03 Novembro, 2012 22:17

05 novembro, 2012 17:44  
Anonymous Antonio Costa said...

"SANTO SACRIFICIO" "EXPIAÇAO" "EUCARISTIA" / DIVINA LITURGIA

Ha uns dias, estando eu a participar numa Eucaristia denominada de "Corpo presente" de um funeral, enquanto os familiares choravam o seu familiar, o sacerdote na homilia fartou-se de chamar a atençao dos presentes, para preparar a sua alma, e no fim para "sufragar a alma " daquele finado que ja "tinha dado contas a Deus" e que nos "tambem um dia teremos que dar contas a Ele..."
Aqueles minutos tao importantes da homilia foram pura e simplesmente desbaratados e os presentes nada lucraram com tao pobre catequese.

Sempre entendi que a Eucaristia(rezada, cantada, mais solene menos solene) deve ser o presente maior que Jesus Cristo doa(da de borla=oferece) como ofereceu TODA(aqui concordo plenamente com o Mario Neiva) a sua vida(CORPO total ) e como tal tem um valor incalculavel,porque o verdadeiro amor foi e e dar a vida pela humanidade inteira.
A seguir a Consagraçao, seguem-se duas frases que resumem o que realmente estamos a celebrar: "...FAZEI ISTO EM MEMORIA DE MIM" e "MISTERIO DA FE..." e que misterio, que eu nao consigo compreender!!!. A seguir a estas palavras deveriamos parar,fazer silencio...
Dai eu dar muito valor nao so a Pascoa(em que associamos a Paixao,morte e ressurreiçao) como ao Natal, porque e no Natal(nascimento) que começa verdadeiramante o acto de amor a humanidade.
E depois, se Ele nos oferece a sua vida e nos aceitamo-la de coraçao aberto, entao estamos em comunhao com Ele e nessa altura somos felizes...
Entao, tambem posso classificar de DIVINA LITURGIA(como apelidam os Ortodoxos a Missa deles).

Ps.Ainda em tempo: relembro o dia de hoje 6 de novembro, festa de Sao Nuno Alvares Pereira.

06 novembro, 2012 22:29  
Anonymous Anónimo said...

Que rezadores e não saiem disso...

08 novembro, 2012 16:52  
Anonymous Mário Neiva said...

"Prestar contas a Deus"

Eu cresci, passei a minha adolescência e a minha juventude a ouvir esta advertência e tantas outras do género.
Tal como o Costa notou, os oficiantes dos rituais religiosos quando parece que não têm mais nada que dizer, recorrem a estas palavras ameaçadoras, avisando os fiéis do justicialismo divino.

O que seria necessário, e eu receio bem que os pastores mais jovens não estejam a ser "sensibilizados" nesse sentido, era ouvir fortíssimas advertências àqueles que não "prestam contas" aos seus irmãos. Porque Deus dispensa que lhe prestem contas. Aliás, Deus não sabe nada de contas, sabe é de AMOR, como ouvi há tempos pregar o frei Bento Domingues.

08 novembro, 2012 21:06  
Anonymous Mário Neiva said...


E por falar em "prestar contas", sim, prestar contas, não a Deus mas à sua incarnação, que é cada ser humano, trago aqui a noticia acabada de ser divulgada na Radio Renascença:

"O Fundo Monetário Internacional (FMI) alerta que as medidas de austeridade que estão a ser adoptadas por alguns países da Zona Euro, como Portugal e Grécia, podem tornar-se social e politicamente insustentáveis.

A mesma instituição que desenhou a receita de austeridade para os países que pediram ajuda financeira, sublinha agora a necessidade de o ajustamento orçamental ser feito a um ritmo que consigam suportar".

Prestar contas...

Enquanto esta instituição "estrangeira" alerta para o drama iminente de uma austeridade cega, por cá, o senhor D.Policarpo manda-nos ficar caladinhos em casa. E um banqueiro que afina certinho pelo mesmo diapasão do senhor cardeal diz que o povo aguenta mais austeridade: "Ai aguenta , aguenta!"

Se era nisto que o anonimo aí mais acima estava a pensar quando fala em "rezadores" , dou-lhe inteira razão. Possivelmente também estava a pensar num outro banqueiro, aquele que foi meu patrão e consta ser também um "exímio rezador" da Opus Dei, Jardim Gonçalves, que não presta contas nem a Deus nem aos homens sobre a forma como, "cristamente" e dentro dos conforme da laica lei, se atribuiu um reforma de quase 170 000 euros, que os tribunais bem tentam mas não conseguem anular. Pelos vistos, alguém cozinhou uma lei para servir o diabo. Quero dizer, para servir os rezadores, os tais que julgam que só têm de prestar contas a Deus.

Até no Antigo Testamento:

"Caím, que fizeste ao teu irmão?"

"Ai aguenta, aguenta!", diz o outro banqueiro.



09 novembro, 2012 09:04  
Anonymous Mário Neiva said...

Para os menos avisados, queria esclarecer que aquela verba obscena para uma reforma refere-se ao valor mensal e não anual. E ainda vai acompanhada de outras mordomias de fazer levantar os cabelos.

Tudo dentro da lei dos rezadores e não rezadores.

Por isso S.Paulo e os evangelistas escreveram, e muito bem, que a lei mata e o espírito dá a vida. Ele bem sabia do que falava. E S.Paulo não estava apenas a referir-se à Tora judaica, traduzida simplesmente por apenas "Lei", nos textos do Novo Testamento. Paulo e os evangelistas tinham em mente o que vem muito bem explicitado, por exemplo, na narrativa do burro que cai ao poço no dia sagrado: primeiro está o burro e depois a lei sagrada. E fica o ensinamento verdadeiramente evangélico: se até a vida de um burro prevalece sobre as leis sagradas, quanto mais a vida dos homens!
Mas isto é "evangelho a mais" para os "rezadores" que vivem a vida a pensar que só têm de prestar contas a Deus. Como se Deus estivesse muito preocupado que lhe rezem muito ou pouco, como se lê, quem quiser ler, na parábola do Juizo Final. "estava preso e não me foste visitar".
Preso? Tu, Senhor, aquele bandido atrás das grades?!!! Era o que faltava! Aqui deve haver algum engano. Vamos perguntar ao cardeal D.Policarpo, dizem o Jardim Gonçalves e o banqueiro do "ai aguenta, aguenta!".

09 novembro, 2012 11:11  
Anonymous Anónimo said...

A receita para esses rezadores e toda a corja de políticos passados e presentes, eram meter-lhes um foguetão no frasco e mandá-los para as PQP que coitadas, não devem ter culpa de tanta aberração da natureza que geraram para o bem, não para o mal, penso eu de que...

10 novembro, 2012 11:42  
Anonymous Mário Neiva said...


AS DORES DE PARTO

De quando em quando, sou assaltado pelo desalento, quando olho à minha volta e constato a desumanidade que contamina todas as estruturas que criamos para viver em sociedade. A realidade a divergir da intenção. A prática a não condizer com o propósito.

Outras vezes, felizmente muitas vezes, o peito enche-se-me de esperança, como se estivesse a presenciar o parto de um filho. (Na minha história pessoal assisti ao parto dos meus filhos gémeos, há 39 anos).

E é sobretudo esta esperança que me faz escrever aqui e noutros sítios. S. Paulo dizia “ai de mim se não evangelizar” e a mim dá vontade de confessar-vos “ai de mim se não escrever”.
Talvez seja a minha forma de meditar ou de rezar. E tal como aquele que reza se sente próximo de Deus, eu, ao escrever-vos, sinto-me perto de vocês. E faço votos para que aqueles que oram saibam abrir o seu coração, como eu faço quando vos escrevo. Claro que ganho vantagem, ao escrever, sobre quem reza dentro da sua fé. Sim, porque não raras vezes o eco da vossa voz e do vosso coração chega, ou aqui ou à minha caixa postal, ou vem de viva voz e num abraço quando nos encontramos face a face. A isto, os que meditam na fé não chegarão e almejam pelo dia da sua realização.
Felizes, porém, aqueles que descobrem, atempadamente, que Deus incarnou para poder ser abraçado, beijado e amado em cada ser humano. E de como veio não podia ser dito de uma forma melhor que aquela expressa pelo Apóstolo: “ Veio numa carne igual à nossa”.

“Nem só de pão vive o homem” é o que deverá ser dito aos “materislistas”.
E “nem só de fé vive o homem”, segue a advertência para a generalidade dos crentes.

De pão e de dignidade vive o homem, como de fé e dignidade vive o homem. Se pararem para meditar um pouco, verão que faz toda a diferença anunciar de uma forma ou de outra. O comunismo do século passado ruiu fragorosamente perante a proclamação universal dos direitos inalienáveis da pessoa humana. Porque não podia servir-se à mesa do ser humano o pão sem a liberdade. Por exemplo.

Do mesmo modo, a fé secular dos homens de todas as religiões vai-se desacreditando, quando se intenta sobrepô-la a uma mesa vazia de pão ou à inviolabilidade da dignidade da pessoa humana. Não há norma ou prática do islão, judaísmo, induísmo ou cristianismo que sobreviva fora dos direitos da pessoa humana. Já não é sustentável nem defensável.

A crise actual, as dores terríveis de um parto doloroso, reflectem o confronto entre as forças que querem criar as estruturas sociais que incarnem o valor maior da dignidade da pessoa humana e as forças daqueles que pensam que basta o pão para o homem ser feliz ou basta a “fé em Deus” para chegar a um paraíso que nada tem a ver com a vida presente.

No plano das “receitas económicas” o caminho para humanização não se confunde com o igualitarismo económico nem com o seu contrário, que é a “liberdade dos mercados”. No plano da ideologia e da fé a bandeira a empunhar deve ser a do respeito pela inviolabilidade da pessoa humana.

Tudo o que for menos do que isto são atraso e prolongamento das dores de um parto que se deseja feliz para uma Humanidade Nova. S. Paulo profetizou-a integralmente “ressuscitada”, quer dizer, no corpo e no espirito. Lá porque não acertou na hora, no dia ou no século, não quer dizer que não tenha acertado em cheio. Para mim, foi na “mouche”.

Mas o processo demora e dói que se farta.

Porque “este parto”, sem dor, é ainda uma utopia. E para mim uma esperança.

13 novembro, 2012 09:48  
Anonymous Mário said...

errata: corrijam "são atraso" para " é atraso".

13 novembro, 2012 09:58  
Anonymous Mário Neiva said...


FIM DO MUNDO

A propósito da boataria sobre a proximidade do "fim do mundo" o Papa afirmou hoje, no Vaticano, segundo a RR, que Jesus afastou a curiosidade dos discípulos sobre este assunto.
Mas a verdade é que a parusia ou o "dia de Cristo" como S .Paulo designa o acontecimento futuro da fé e da história, na carta aos Filipenses, era aguardado como iminente pelo próprio S. Paulo.

Por outro lado, sabemos que os relatos dos evangelistas, essencialmente relatos de fé, escritos trinta a quarenta anos depois da morte de Pedro, Paulo e Tiago, reflectem já uma preocupação crescente entre as comunidades cristãs, com a demora da "segunda vinda" de Cristo, apesar da sua súplica esperançosa "vinde, senhor Jesus".

A II Carta atribuída a S. Pedro procura responder a essa preocupação, por vezes manifestada de forma acintosa: "Onde está a promessa da sua vinda?" (II Pedro, 3, 4). E Pedro explica: " Um só dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um só dia" (II Pedro, 3,8).
Mas o autor desta carta, que os especialistas admitem ser dos últimos livros do NT a ser redigido, conhecia bem a pregação do apóstolo Paulo, fundada nesta esperança da parusia iminente e não podia esquivar-se a uma explicação: "Assim também vos escreveu o nosso caríssimo irmão Paulo (...). Nelas há, porém, algumas coisas difíceis de compreender, que as pessoas pouco instruídas e pouco firmes deturpam" (II Pedro 4, 15-16).

A parusia iminente e não concretizada era uma dessas “coisas difíceis de compreender”. E se era difícil de compreender algumas décadas depois da pregação de Paulo, muito mais difícil se foi tornando à medida que os anos passavam. Urgia fazer uma nova leitura da parusia e da própria ressurreição. Assim, com o tempo, dentro da igreja cristã e na sua pastoral, a “história terrena” deixou de fazer qualquer sentido e tanto a parusia como a ressurreição começaram a ser entendidas como acontecimentos espirituais e individuais na vida dos cristãos e dos homens e geral.

Já não haverá “dia de Cristo” , nem para a história nem para o homem, e o “dia do juízo” é quando cada um morre, para, de imediato, “prestar contas a Deus”.

Entre os cristãos manteve-se a crença difusa de um “fim de mundo” apocalíptico mas já ninguém percebe para que isso vai servir. Com alguma displicência e desprezo pela realidade terrena e universal, admitem, com alguma ingenuidade, que deve ser a velha obra da Criação a “cair de podre”.

O discurso de Bento XVI, hoje, no Vaticano, não ajuda nada. Quem não sabia o que pensar sobre a parusia, ficou a saber o mesmo. E logo agora, que as mentes anseiam por ser esclarecidas!

18 novembro, 2012 23:45  
Anonymous Mário Neiva said...



O FIM DO MUNDO (II)

Quem acompanha minimamente os desenvolvimentos da teologia cristã acerca da ressurreição, já sabe que a parusia, tal como Paulo e os evangelistas a anunciaram, caiu em "desuso". Melhor dizendo, passou a ter uma nova interpretação.

Bento XVI, ontem, no Vaticano, passa ao lado do melindroso assunto e apela aos católicos para se concentrarem em viver a vida presente "assumindo a Cruz" e confiando na presença efectiva do Senhor entre os homens e na certeza da sua ajuda.

Porém, a Cruz de Cristo e a Cruz dos homens sem o "dia seguinte" da ressurreição não faz sentido para a vida de todos dias, para a história humana e para a história do próprio universo.

Conscientes deste facto, os teólogos dos nossos dias fazem outra leitura da teologia paulina (e dos evangelistas) da ressurreição.
O Pe Anselmo Borges, na obra que venho citando "Deus e o Sentido da Existência", escreve nestes termos:

"O objecto da esperança não é o fim do mundo, da vida, da História, no sentido do seu termo, da sua destruição ou aniquilação, enquanto solução final, como afirma e teme o pânico apocalíptico. Pelo contrário, o que se espera é o "começo", o começo da vida eterna, o novo começo enquanto começo pleno do Reino de Deus. Precisamente no fim, espera-se o começo autêntico, de tal modo que tudo o que é falso, injusto e mortal desaparece, e tudo é transfigurado. Todas as coisas serão novas, é o “novo céu e a nova terra”, uma “criação nova”, que não é uma criação diferente da actual, mas um mundo radicalmente transformado, que encontra a sua consumação” (Pag.s 26 e 27).

Como se percebe, este teólogo está a falar da transformação dos vivos e “esquece” a ressurreição dos mortos. No entanto, ele sabe que Paulo, aos Corintos, anuncia que a parusia da segunda vinda de Jesus Cristo salva a humanidade morta, ressuscitando-a, e salva a humanidade viva, transformando-a.

O Pe Anselmo faz uma leitura da doutrina da ressurreição a partir da nova mundividência nascida do evolucionismo e dessa releitura resulta que ressurreição e transformação são uma e a mesma coisa. Parece-me uma ideia acertada, desde que daí se retirem todas ilações e, sobretudo, que fique preservada a integridade antropológica, isto é, que o homem seja considerado uma unidade indissociável “corpo-espirito”. Deste modo, a vida do cristão será uma luta conquistadora com vista à “transformação-ressurreição” tanto para o corpo como para o espírito.

À primeira vista não parece, mas uma tal teologia dirigida ao homem corpo-espirito, era bem capaz de promover uma verdadeira revolução dentro do cristianismo. Imaginem, por um momento que seja, ver a pastoral cristã centrada na transformação do homem corpo-espirito, em que a importância da saúde do corpo se equivale à do espírito. As implicações na ordem económico-social seriam de tal ordem que bem poderíamos afirmar, agora sim, que estava a acabar o velho mundo e a iniciar-se uma nova era.

E, no entanto, tratava-se, ao nível filosófico e teológico, de reconhecer uma realidade cada vez mais evidente: o homem é um “corpo-espírito”. Quando separados, estes dois elementos constitutivos do ser humano não são mais que “cadáver” e “alma penada”, objecto do nosso respeito e da nossa saudade, mas sem consistência alguma.

Fica por explicar como se recuperam-ressuscitam os mortos? Pois fica. E aqui só vale aos crentes a fé e a esperança de Paulo de Tarso, porque nem o silêncio do Bento XVI a esse respeito, nem a explicação filosófico-teológica do Pe Anselmo Borges lhes pode acudir.

19 novembro, 2012 09:44  
Anonymous Mário Neiva said...


O FIM DO MUNDO (III)
e
“O meu reino não é deste mundo”

Estas palavras, quer tenham sido colocadas na boca de Jesus, quer tenham sido pronunciadas pelo próprio, não devem deixar qualquer dúvida sobre o seu significado. E eu vou destacar dois pontos fundamentais para uma leitura fiel.

1 -Interpretadas à luz do conjunto da pregação de S. Paulo e de todos os livros do Novo Testamento (talvez com a excepção da Carta de Tiago), fica claro que Jesus não é um novo Abraão, um novo Moisés ou um novo rei David. Com isto pretendo afirmar que Jesus não é um messias para um “povo eleito”, judeu ou qualquer outro. No Evangelho, Jesus Cristo é, sem margem para dúvidas, um Novo Adão, onde se gera uma Nova Humanidade e não um novo povo eleito ou uma nova religião ou igreja a concorrer com as outras, anteriores ou posteriores. Por isso se diz, com toda a propriedade, que a pessoa de Jesus, e o que ela significa para a humanidade, é a própria Boa Nova, o Evangelho de Deus Pai. A teologia cristã criou uma expressão eloquente para descrever esta realidade: Verbo Divino, literalmente, Palavra de Deus.
Todos sabemos que a pastoral cristã insiste tanto na “palavra” como discurso e corpo doutrinal que fica difícil aos cristãos perceberem que, afinal, a “palavra” é, em primeiríssimo lugar, o acontecimento da “Encarnação de Deus”.
Com toda a franqueza, não sei se os sacerdotes e bispos o fazem por ignorância, desleixo na catequese, facilitismo ou medo. Sim, medo que os cristãos tomem consciência perfeita de que o Evangelho não é um livrinhos cheio de bons conselhos, literalmente, “palavras” de Deus, mas a sua presença irmanada em cada ser humano. Um Deus que é Pai, mas também irmão verdadeiro, em Jesus Cristo. Ora, esta Boa-Nova é muito, mas muito difícil de fazer passar, sem pôr a nu o desvio colossal da pregação cristã em relação ao seu precioso Evangelho.

2 –Interpretadas à luz do conjunto da pregação de Paulo e dos evangelistas, fica muito claro que nelas se anuncia a parusia, que é um acontecimento, também ele, não para um povo ou uma igreja, mas para a humanidade e para o universo. Na parusia concretiza-se, em simultâneo, a ressurreição da “humanidade falecida” e a transformação da “humanidade viva”, envolvendo toda a “obra da criação”. O “reino” que “não é deste mundo” , nunca será para renegar e aniquilar a criação do Génesis mas, bem ao contrário, para recuperá-la para uma nova vida, paraíso do homem-novo. Tudo, homem e mundo, resgatados a todas as formas da morte do corpo e do espirito. Não esqueçamos que doença, pecado e podridão da morte são as marcas distintivas do velho homem e do velho mundo. Paulo e os evangelistas são exímios a testemunhar esta realidade e a forma que o Pai encontrou para a resgatar e criar em Nova Criação: fazendo-se mundo e humanidade para operar, a partir de dentro, a transformação/ressurreição.

Tal e qual: “assim na terra, como no céu”!

19 novembro, 2012 14:35  
Anonymous Mário Neiva said...

Este segundo ponto do comentário anterior tinha um final que, por lapso, não copiei do Word.Assim:

Quem disse que a parusia era para emigrar de cá? Se alguém emigrou mesmo, foi Jesus Cristo, que fez da terra e da humanidade a sua morada permanente.

19 novembro, 2012 19:33  
Blogger Lima said...

Leio sempre com interesse as tuas dissertações. E, logicamente, procuro esclarecer em compreensão a linha ideologia em que te inseres.
Ora quando tento fazê-lo tenho a impressão que, dentro do que me parece ser um humanismo materialista, onde basicamente te situo, não deixas, ao mesmo tempo, de defender e pretendes legitimar Paulo de Tarso e a sua parusia, (assim como todo o envolvente), a regeneração da humanidade numa hipotética ressurreição ou transformação que nada nem ninguém nos sugere, a não ser a crença nos velhos textos da história das religiões.
Resumindo, (amigavelmente): camuflada nas linhas do pensamento que abundantemente exprimes, não haverá uma certa incoerência? (Ou um conflito entre o velho e o novo paradigma?!)
É que, e penso que concordas comigo neste ponto, é-nos muito fácil descobrir as incoerências dos discursos alheios, mas muito mais difícil aceitar as nossas.
(E claro que também me sinto atingido.)

20 novembro, 2012 12:42  
Blogger Lima said...

Leio sempre com interesse as tuas dissertações. E, logicamente, procuro esclarecer em compreensão a linha ideologia em que te inseres.
Ora quando tento fazê-lo tenho a impressão que, dentro do que me parece ser um humanismo materialista, onde basicamente te situo, não deixas, ao mesmo tempo, de defender e pretendes legitimar Paulo de Tarso e a sua parusia, (assim como todo o envolvente), a regeneração da humanidade numa hipotética ressurreição ou transformação que nada nem ninguém nos sugere, a não ser a crença nos velhos textos da história das religiões.
Resumindo, (amigavelmente): camuflada nas linhas do pensamento que abundantemente exprimes, não haverá uma certa incoerência? (Ou um conflito entre o velho e o novo paradigma?!)
É que, e penso que concordas comigo neste ponto, é-nos muito fácil descobrir as incoerências dos discursos alheios, mas muito mais difícil aceitar as nossas.
(E claro que também me sinto atingido.)

20 novembro, 2012 12:42  
Anonymous Mário Neiva said...

É sempre agradável a tua companhia, aqui no blog ou nas nossas casas. Além disso, faz muita falta, a quem escreve, a palavra do contraditório. Do confronto de ideias ou simples opiniões pode fazer-se mais luz. Nunca a luz toda, porque essa considero-a inacessível às minhas limitações. E esta minha postura face à luz da "verdade toda" coloca-me logo fora daquilo a que chamas "humanismo materialista". Porque o conceito de "materialismo" está longe de se ajustar ao meu pensamento, que é e será sempre o de alguém que procura a verdade e a sabedoria. A minha postura é a da "filos-sofia". Naturalmente só procura, quem não sabe. O ideia subjacente ao materialismo é a de um circulo fechado do conhecimento a que homem chegou e poderia chegar no futuro, como se nada mais houvesse para ser descoberto e revelado.
Assim, meu caro Lima, este "humanista materialista" eu não. Prezo muito a consciência da minha ignorância. Nunca me verás fechar o circulo do conhecimento.
Sobre Paulo de Tarso, o seu Evangelho e a sua fé, falo mais logo, que agora é tarde.

21 novembro, 2012 00:47  
Blogger Lima said...

Humanista, sim; materialista, não, se bem compreendo.
Façamos um pequeno acerto.
Não me era estranha a noção das possíveis controvérsias à volta do termo materialista. Tu dizes que é “um circulo fechado do conhecimento a que o homem chegou …, como se nada mais houvesse para ser descoberto e revelado”. Não era esse o sentido que eu lhe quis dar. O tipo de materialismo que eu tinha em mente quando escrevi acho que se integra bem na tua “filos-sofia”, pois referia-me ao materialismo filosófico, esse mesmo que alguém definiu como “um debate entre as outras filosofias e um verdadeiro sistema de pensamento dentro do progresso da ciência”, e que, para mim está muito perto do realismo.
A definição é sucinta, tendo em conta as diversas correntes de materialismo filosófico através dos tempos. Mas talvez seja o suficiente para compreender que não era minha intenção situar-te no tipo de materialismo que me descreves, mas sim dentro de uma filosofia humanista e realista.
Engano-me?

21 novembro, 2012 14:28  
Anonymous Mário Neiva said...

Assim está bem: "sistema de pensamento dentro do progresso da ciência". Desde que se entenda por "ciência" todas as ciências ou vertentes da ciência.

É inegável que a era científica proporcionou ao pensamento filosófico uma mundivisão tão surpreendente quanto inesperada. O mesmo universo que Platão, Aristóteles ou Descartes habitaram, admiraram e sobre que reflectiram, abriu-se para o macrocosmos e para o microcosmos de uma forma que eles nunca podiam sequer imaginar. O próprio ser humano foi revolvido por dentro e por fora, revelando segredos do espírito e segredos do corpo.
Se eles pensaram que a realidade do mundo era misteriosa, bem podemos dizer que nem sonharam quanto.

Mas no meu humanismo não existe apenas o homem curioso, pensador e racional. Há, sobretudo, o homem criador. O homem não só constrói a mais bela casa ou a cidade mais segura e confortável para viver e a melhor comida e bebida para se alimentar, mas também se constrói a si mesmo: a sua personalidade e a sua identidade, sentindo-se verdadeiramente sempre inacabado e insatisfeito com o resultado. Por isso se mostrou sempre tão inconformado com a morte inevitável, assassina do corpo e do esprito. O homem sempre quis mais tempo e mais vida para continuar a crescer como um ser que pensa, que sonha, que ama, que cria e que brinca.

É neste preciso contexto que surge, também, a fé dos homens, uma realidade tão humana como aquelas outras que acabo de enumerar. O que não faço é pensá-la, nem como humanismo transcendente, nem como falso humanismo. Por isso me é tão fácil acompanhar Paulo de Tarso na explosão do seu sonho por mais e inigualável vida: a ressurreição. Uma fé e um sonho que não se cumpriram no tempo e no modo como acreditou, é verdade, mas deixou a inspiração para o caminho a seguir e este, sim, já pode ser o meu: um pensamento de que o sonho do homem não tem limites (sede perfeitos como o vosso Pai Celestial é perfeito) e que o homem pode crescer e transformar-se até vencer a própria morte.

Mas eu não sei como os mortos podem ser recuperados. Ninguém sabe.

Talvez por isso quase todos se convenceram de que o corpo morre mas a “pessoa” permanece viva. O cristianismo seguiu por este caminho, descartando o corpo. Só que, ao fazê-lo, descartou também a ressurreição de Paulo e dos evangelistas.

As consequências da rejeição de “meio-homem” foram devastadoras para o entendimento do Evangelho. Nunca o cristão vai compreender por que é que vestir e alimentar um corpo nu é cuidar do “templo do Espirito Santo”, como ensinam Paulo e os Evangelistas. Nunca um cristão vai compreender por que se fala em profanar uma capela, uma igreja ou uma catedral, mas deixar morrer na miséria o “templo vivo do Espirito Santo” é vulgaridade de que se desvia os olhos, assobiando para o ar. No máximo dos máximos, fazem-se uns peditórios para ajudar os miseráveis que estendem a mão à caridade.

Que desumanidade!

Por se ter considerado o corpo humano como um invólucro perecível e descartável é que foram criadas as sociedades “cristãs ocidentais”, tal como as conhecemos.
Pagou-se um preço demasiado alto por não se ter levado a sério o evangelho de Paulo de Tarso, que anunciou o absurdo de que um corpo feito do pó da terra pudesse ser a verdadeira casa de Deus.

E Jesus Cristo foi a revelação e a encarnação dessa loucura.

Como pode um humanista como eu não admirar este Evangelho?

22 novembro, 2012 00:34  
Anonymous Antonio Costa said...

ULTIMO DOMINGO DO ANO LITURGICO-SOLENIDADE DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO REI DO UNIVERSO

HOMILIAS DO FIM DO MUNDO? FIM DO MUNDO ESTA PROXIMO? JUSTIFICA-SE FALAR DO FIM DO MUNDO QUANDO SOMOS CONVIDADOS A PREPARAR A 1ª VINDA DE CRISTO? === MEDO DO JUIZ ==?

Disse Cristo(em Marcos 1,15)"Completou-se o tempo e o Reino de Deus esta proximo: arrependei-vos e acreditai no Evangelho".

Se ha domingos em que me apetece pouco assistir a Missa, este proximo apelidado de Domingo de Cristo-Rei-que deveria ser de grande solenidade porque se pretende homenagear o Rei do Universo(para os crentes)-sera transformado por alguns clerigos em
mais um apelo ao temor, medo do juiz que vira "nos fins dos tempos julgar todos aqueles que tem contas para prestar".
Entao nao se presta contas a cada momento? ou junta-se as contas todas para no fim se acertar?

22 novembro, 2012 00:37  
Blogger Lima said...

É verdade, Costa. As contas prestam-se todos os dias... menos para os que fazem política...

O Mário é que não desiste! É interessante a sua perspicácia em “encaixar” S. Paulo” numa linha de pensamento de progresso e evolução do homem. Como quem diz: conciliar a fé religiosa e a razão científica. Vasta e árdua tarefa!

Estou a lembrar-me, Mário, de dois autores franceses, ambos religiosos, cientistas e filósofos, que dedicaram uma boa parte das suas vidas a essa tarefa com mais ou menos sucesso, mas com a energia da convicção: Teilhard de Chardin, jesuíta, (entre outros títulos, destaco: “O lugar do homem na natureza”), e Jacques Arnould, dominicano, teólogo e historiador das ciências, ainda em actividade, que em 2006 publicou “Deus versus Darwin”.
Na minha modesta opinião, estas figuras, embora respeitadas, nunca foram tidas, digamos como chefes de fila, nem num campo nem no outro. Talvez, precisamente, porque não são, nem inteiramente cientistas, nem inteiramente teólogos. Fazem-me lembrar a história do emigrante que é português em Paris e francês em Portugal.
Em todo o caso, força Mário! As nossas convicções são a energia que nos fazem avançar!

22 novembro, 2012 11:25  
Anonymous Emídio Januário said...

Santa Cecília.
É o hoje o dia em que se venera Santa Cecília, padroeira dos Músicos.
A Escola Profissional de Artes, de Mirandela, vai realizar, logo à noite, o "Concerto de Santa Cecília".
Isto faz-me lembrar as celebrações, humildes e simbólicas, que fazíamos na Falperra, apenas para os cantores.
Tínhamos à noite, já depois do jantar e antes das orações da noite, uma pequenina festa com biscoitos e groselha.
Era o que se podia arranjar e dáva-nos para fomentar mais boavontade para sacrificar os recreios que perdíamos nos ensaios.
Hoje e à distância, acho que valeu a pena aqueles sacrifícios que fazíamos pela música...
Este foi um dos dias que ficou retido na minha memória e de que sempre me lembro.

EJ

22 novembro, 2012 15:32  
Anonymous Mário said...

Caramba, este Emifio lembra-se de tudo!

22 novembro, 2012 18:24  
Anonymous Mário Neiva said...

É verdade, Lima, estás muito perto de dizer aquilo que penso e escrevo sobre S. Paulo. Só não és coincidente comigo, na tua análise, porque não referes a razão primeira do meu fascínio pelo Evangelho de Paulo. Ora, esse fascínio tem a ver com a antropologia paulina, ou seja, o que Paulo pensa que é um ser humano na sua natureza intrínseca. Em Paulo, esta natureza é tão essencialmente corporal como espiritual. Uma não vai sem a outra, nem neste mundo, nem num outro "que há de vir".
Quando é que isto tudo vai acontecer? Paulo não faz ideia nenhuma, mas pensa que estará para muito breve (em referencia ao tempo dele).
Como vai acontecer? Também não sabe e serve-nos a sugestiva metáfora do grão lançado à terra que, apesar de apodrecer, dá origem a uma nova planta.
Mas que vai acontecer, vai. É a sua esperança e a fé que transmitiu.

Lima, eu retenho esta preciosidade do apego de Paulo à materialidade do homem, que ele bebeu, inteirinha, no seu judaísmo, desde a criação no Génesis. Esta antropologia paulina vai ao encontro da ciência antropológica actual, que afirma a unidade intrínseca do ser humano. Mas, a partir deste encontro inicial, Paulo segue a luz da fé (nem tinha, nessa época da pré-ciência, outra alternativa) e a ciência prossegue a sua investigação.

Para nós, e no contexto em que escrevo, onde está o interesse em insistir tanto nesta antropologia?
Vou fazer-te uma pergunta, que torno extensiva a todos os que a lerem e bem gostava que me respondessem.
Quando falamos em “salvar” o homem, seja dos perigos, seja da fome, seja das doenças físicas ou psíquicas, seja das maldades de outros homens ou do diabo o que se pretende salvar?
Respondam-me a esta pergunta, tendo em conta ou o evangelho da ressurreição ou a verdade científica acerca do ser humano. Ou as duas simultaneamente.

22 novembro, 2012 18:49  
Blogger Anonimus said...

Deixem-me dizer-vos uma pequenina coisa: eu adoro-vos meus amigos. Como é bom recordar alguns que "ontem" batiam duro nas canelas,naquele estádio por nós construído,"hoje" a defenderem a razão da razão...! Tomara eu que muitos se juntassem de "forma" civilizada a este "pensar", que só nos enriquece. A Vós que me enriqueceis com a vossa companhia e a vossa cultura eu Abraço. Domingos coelho da silva

23 novembro, 2012 13:07  
Blogger Lima said...

Seja bem-vindo quem vem por bem. Um abraço, Domingos, mesmo se, possivelmente, nunca nos encontramos.
E agora a resposta ao Mário, embora ele seja certamente o mais apto a dar uma resposta.
Por mim, só nos últimos anos tenho feito trabalhar os meus neurónios nestas reflexões, e temo que já seja tarde demais para encontrar uma fórmula em guisa de resposta que satisfaça o Mário e quem por aqui deita um olho de leitura.
Numa primeira analise, penso que a resposta está, de uma certa forma, implícita na pergunta. Se não vejamos: quando falamos em salvar o homem dos perigos, da fome, das doenças, das maldades dos outros, (que eu traduzo por exploração do homem pelo homem), o que se pretende salvar só pode ser o homem matéria viva, o homem de carne e osso, corpo e cérebro consciente, mas sem o manto etéreo da transcendência. A resposta pede isso mesmo, a definição do homem. E a pergunta, na sua formulação, sugere o tipo de resposta.

Não me convence, porém esta solução. Quando falamos em salvar o homem dos perigos, da fome, das doenças, etc, exprimimos a compaixão em relação ao nosso próximo, um desejo filho do conhecimento e do progresso humano, mas a realização desse desejo é uma utopia. Foi e será sempre uma utopia. Não podemos entregar ao homem essa tarefa, isso é-lhe impossível. Só um Deus compassivo, (que, existindo, só pode ser um Deus de amor), teria a força e a sabedoria necessárias para socorrer o homem. Só que esse homem, o de carne e osso, foi entregue a si próprio, à natureza e aos instintos animalescos herdados não se sabe bem de onde nem de quem. Só uma força superior, num cataclismo de transformação, o poderia salvar, porque esse homem precisa é de ser salvo de si próprio, e isso ele não pode.

Se a pergunta fosse mais curta, do tipo: quando falamos em salvar o homem, o que se pretende salvar? Aí já temos de partir de um outro paradigma e ouvir a voz daquEle que foi crucificado, e que os seus seguidores e a tradição dizem que assim salvou a humanidade. Mas essa humanidade é o homem novo, o homem transcendente, o homem transformado para o qual o corpo e as suas vicissitudes tem menos importância que a esperança na realização das promessas da sua salvação. O presente é-lhe quase indiferente, porque as promessas de um futuro compensador são incomparavelmente mais sedutoras.

A resposta mais curta à pergunta do Mário, seria então uma quase meia resposta: tudo depende da definição do homem de quem falamos.

23 novembro, 2012 15:50  
Blogger Lima said...

Após reflexão, gostaria de ter terminado o último parágrafo assim:

Quando falamos em salvar o homem pretende-se livrá-lo dos seus demónios, qualquer que seja o homem, mas segundo os demónios que o habitam.

26 novembro, 2012 14:00  
Anonymous Mário Neiva said...

Esta tua última reflexão dá-me a oportunidade de clarificar o que parece andar sempre na sombra, como uma verdadeira assombração: a materialidade do homem. Já não falo em "corpo", que é uma realidade tão fugidia como o espirito, embora pareça que muitos não se dão conta como ela, feita corpo, muda desde que nascemos até se diluir em pó!
A materialidade é uma companheira inseparável do espírito. São as duas faces da moeda humana. Assim: como pensar em salvar o "homem", qualquer homem, sem considerar a salvação da sua materialidade, o seu corpo? E salvar de quê? Da degradação (corrupção) e, sobretudo, da suprema degradação que é a morte.

A ressurreição cristã levou esse facto em consideração e propôs a ressurreição/transformação da dupla realidade humana. Há dois mil anos.

O problema, porém, foi como passar da fé à concretização, pois a prometida e esperada parusia criadora do segundo advento de Jesus Cristo não aconteceu.

Depois da enorme decepção inicial, os cristãos desistiram do corpo e voltaram-se para a transformação do espírito. A materialidade foi esquecida, ostracizada, mesmo diabolizada.
Se parecia que todos sabiam muito bem como transformar o espirito, o corpo, esse, julgavam não ter salvação possível.

Posso “eu” subsistir sem materialidade? S. Paulo diz que não e na sua ressurreição fala, aos Corintos, de um “corpo espiritual”, que não é o velho corpo reanimado (carne e sangue não herdarão o Reino dos Céus) mas uma nova criação. Portanto, quem estiver à espera de ver ossos ressequidos ou as cinzas do túmulo a reconstituírem-se em corpo novinho em folha, está muito longe de Paulo de Tarso.

A “solução” paulina serve apenas para os crentes. A filosofia e a ciência não têm solução nenhuma, embora haja quem acredite na existência de “dimensões” ainda desconhecidas da ciência, onde a nossa identidade permanece salva(guardada). Há dias, um amigo não-crente falava-me convictamente nesta possibilidade. Mais do que acreditar, ele constituía-se como testemunha dessa realidade, embora não a soubesse explicar. Confesso que fiquei baralhado, não só porque é uma pessoa que muito considero, mas também por conhecê-lo dono de uma sólida cultura.

26 novembro, 2012 21:52  
Blogger Lima said...

E se falássemos um pouco de nós!
Começo por dizer que é coisa que detesto.
No entanto, o tempo que nos é comum vai suficientemente
longe para podermos avaliar até que ponto, nessa altura,
éramos diferentes. Todos nós temos lembranças, histórias,
factos que dormem quase inconscientes, mas que nos podem
transportar, o espaço de uma recordação, aos tempos felizes
da nossa juventude.
Estes versos que abaixo transcrevo falam desses tempos. E,
embora datem de dois anos após a minha saída, têm ainda
um “cheiro” a Falperra. São uma recordação das minhas
deambulações pela Foz do Douro, numa altura em que
trabalhava de dia e estudava de noite. Tempos difíceis como
nem a austera crise que vivemos pode igualar. Mas não é isso
que tenho em memória. O que recordo com prazer são os
passeios de Domingo à tarde pela Avenida do Brasil, as praias
e o mar, e o por do sol sobre a água azul do horizonte. Era
nesses momentos que sonhava e que escrevia versos sobre
pedaços de papel.

----------
Vida

Sonhos de vida e luz, amor e fama,
Louros viçosos de uma áurea glória.
No peito anseios mil, truncada história,
Palpitações do coração em chama.

Revivem ambições que a alma emana.
O tempo é ouro, a vida é transitória.
Ao alto o pensamento e a memória,
Ardem paixões e o fogo é carne humana.

E numa taça de mel ou de veneno
A vida se condensa, se comprime.
Grita de baixo o mundo: Sou sublime!
Do alto Deus murmura: Sou supremo!

---------

Como acima referi notam-se aqui vestígios da Falperra. Mas
nada de equívocos. A estrofe abaixo é da mesma época e faz
parte de um soneto, (não sei se copiei Camões!!!), dirigido
à amada que tinha deixado na aldeia.

----------
Ai! como sinto a dor de ver-te ausente !
Vivo entristecido e amargurado !
Já que um pouco de amor nos foi negado,
Deixa-me recordar-te eternamente.
----------

Com um abraço para todos os AAAC

Lima Barbosa

27 novembro, 2012 17:16  
Anonymous Mário Neiva said...

Amada que deixaras na aldeia...Como a Isabel é de Braga (cidade) deduzo que foi paixão perdida eternamente. Porém, eterna será sempre a última paixão.
Recuando esse tempo todo, enquanto penavas pelo "amor terreno" eu penava para fugir dele.
Seja como for, "tudo vale a pena se a alma não é pequena", disse o Pessoa.

27 novembro, 2012 18:54  
Blogger Lima said...

Bom! Parece que ninguém está disposto a aturar estórias ou poesia.
Vamos, então descer mais baixo e falar de coisas mais úteis.

Já conhecem esta? Li-a há minutos num livro que acabo de comprar.

“Aquele que acredita que um crescimento exponencial pode durar
para sempre num mundo finito, ou é doido ou economista.”

Dixit: Kenneth Boulding ( e eu traduzi).

Dá ou não matéria para reflexão nos tempos que correm?

29 novembro, 2012 17:21  
Anonymous Mário Neiva said...

Quem diz que o mundo é finito? A finitude ou infinitude são conceitos nossos para nos "aproximarmos" da realidade. Tomemos como exemplo a matemática: criou o conceito de "recta" mas, de facto, só trabalha com segmentos de recta.
Nós também só pensamos e lidamos com "segmentos da realidade".
E é um pau!
Por outro lado, é a consciência deste limitado conhecimento que nos faz inchar o peito com esperança de futuro.
Imagina, Lima, a tremenda decepção no dia em que fossemos confrontados com o conhecimento total e ainda estivessemos carregados de insatisfaçâo a todos os níveis: bem-estar, alegria, harmonia...
Nem é bom pensar numa coisa como "aqui chegamos e daqui não avançamos".
É nestas horas que tenho vontade de enaltecer a nossa ignorância...
Não disse burrice!

30 novembro, 2012 18:31  
Blogger Lima said...

Compreendo onde queres chegar com “a vontade de enaltecer a nossa ignorância”. Mas essa vontade não passa certamente de um conceito filosófico e mais que um desejo é uma crença, uma crença que ameniza os nossos medos e incertezas. O mundo finito, acima, é a nossa Terra-Mãe, da qual depende a nossa vida e que se não compadece com filosofias.
O crescimento exponencial é uma doença do pensamento moderno, gerada nos países ocidentais e espalhada por todo o mundo pela vaga arrasadora da recente globalização à escala mundial. O crescimento indeterminado implica consumo exacerbado, compulsivo, fonte de esbanjamento, destruição, esgotamento dos recursos necessários à continuação da vida sobre a terra. Esses recursos são finitos, como a Terra é finita.
Não se trata de um qualquer militantismo ecologista, mas de uma realidade básica e universal que o século XXI terá de resolver. Será uma tarefa para todos: os políticos, os industriais, os sociólogos, a ciência, os filósofos, os humanistas. Nada se fará, no entanto, enquanto, globalmente, persistir o paradigma actual de crescimento exponencial. Necessário, por isso, é começar por mudar o pensamento. O pensamento generalizado. O pensamento apoiado pela informação, pelo conhecimento.
Compreendo a tua “a vontade de enaltecer a nossa ignorância”, mas vês que não posso concordar.

01 dezembro, 2012 15:29  
Anonymous Mário Neiva said...

Claro que eu não me fiquei pelo "mundo finito" dos recursos económicos do planeta. Que outra razâo não tivesse, bastar-me-ia a de ficar longe de ser catalogado como "doido ou economista", professando um crescimento exponencial na exploração e "delapidação" dos recursos económicos da Terra.
Agora posso acrescentar que a humanidade ficaria sem horizontes e sem futuro, no dia em se considerasse a si mesma como simples "realidade económica".
Quando cantamos que "o sonho comanda a vida" estamos a saltar o mundo das limitações económicas e todas as outras.

Os nossos recursos não são os que temos ao alcance de uma geração mas os que estão ao alcance da inigualável criatividade humana.

Os outros seres vivos limitam-se, praticamente, a replicar a vida recebida e desenvolvida dentro dos recursos disponíveis. O ser humano, porém, há muito que se iniciou na criação de recursos. E, até onde nos foi dado "ver", a criatividade humana é, em si mesma, um recurso ilimitado.
O crescimento será exponencial, penso assim, mas em grande sobressalto, porque o crescimento exponencial da criatividade é uma realidade recente e não consegue acompanhar, de forma equilibrada, o "consumo" exponencial dos rescursos que já disponibiliza.

Repara, Lima, que este sobressalto ou atrapalhação não é uma caracteristica exclusiva dos tempos actuais. Os recursos económicos foram sempre escassos para satisfazer a procura. As guerras devastadoras da história humana aí estão para o demonstrar. Nós mesmos, os lusos, sulcámos os mares em busca de recursos. Criativamente.
Pena que não o façamos hoje com identico arreganho!

01 dezembro, 2012 19:21  
Anonymous Anónimo said...

Infelizmente, este espaço está em linha com a Ordem do Carmo em Portugal: Em autêntica decadência...
Como dizem os versos de José Gomes Ferreira, musicados por Fernando Lopes Graça: Acordai, acordai...
e, acrescento eu: enquanto é tempo...

04 dezembro, 2012 16:08  
Anonymous Mário Neiva said...

Como sou um dos que mais "alimenta" o espaço, agradecia, sr Anónimo, que explicitasses melhor a tua ideia de "decadência". Por onde se está a "meter mais água", ou coisa assim. Escreve aí qualquer coisa, para a gente corrigir ou debandar.

04 dezembro, 2012 18:20  
Blogger Lima said...

Obrigado, Anónimo, pelas tuas palavras simpáticas!!! Muito gratificante para os que se esforçam por colaborar! Eh!!!

04 dezembro, 2012 21:19  
Anonymous Antonio Costa said...

Neste espaço ha liberdade para discutir qualquer tema, porque se assim nao fosse, ja ha muito que tinha acabado o blog... E a riqueza da variedade e a consequencia da sua longevidade...

E a proposito de temas, nao faltam...

AMIZADES entre PAISES? o que e isso?
Estamos em periodo de ADVENTO: O Natal/2012 que se aproxima ainda tem algum significado comemora-lo? Como? Na esperança de que^^?

Depois de tanta asneira que se tem ouvido nestas ultimas semanas a nivel europeu e ate a nivel religioso, tenho a referir que abandonaram todos este planeta Terra ha uns tempos e querem fazer-nos convencer que nos os"terraqueos" ja vivemos noutro "paradigma".
Para ja, nao existem amizades entre paises mas sim "INTERESSES", ponto final.A partir daqui, para mim o resto sao tretas; isso ja nao e so de agora. Mas hoje mais do que nunca; se alguem tivera duvidas, andava muito enganado

Noutro ambito, em pleno tempo de Advento, na comemoraçao dos 5 anos da abertura do Concilio, se, se pensa renovar a Igreja com a publicaçao de mais um livro(para fazer mais uns cobres) e se da como assuntos muito importantes a dogmatizar ate a exaustao a virgindade de Maria e a negaçao da presença do Burro e da Vaca no presepio de Belem, entao acho que Sua Santidade devera descansar um pouco mais a ver se dura mais uns tempos a frente da Barca de Pedro...

Neste ano da graça de 2012, tempos conturbadissimos, ainda ha quem discuta " o sexo dos anjos"? Abre-se o computador, liga-se os radios e as televisoes, NAO HA PALAVRA, NAO HA RECTIDAO, NAO HA ESPINHA DORSAL NOS RESPONSAVEIS POLITICOS E TECNOCRATAS,
AUTENTICOS BOMBARDEAMENTOS A VERDADE,A JUSTIÇA. HA DESUMANIDADE!!!! E depois, como enviar mensagens de esperança? Onde esta ela, para as crianças que vao para a escola cheios de fome? para os jovens que acabam os seus cursos e querem trabalhar, onde? Os adultos que aos milhares perdem o seu emprego por falencias de empresas? Os que chegam a idade da reforma e sera que o Estado lhes vai pagar a pensao devida?
Este Natal, quantos celebrarao com (alguma alegria?)(algum alimento na sua mesa?)Nao chega dizer que se esta muito preocupado com a situaçao.As pessoas nao vivem com as palavrinhas de precupaçao...ACTOS PRECISAM-SE

ADVENTO= ESPERANÇA. Como eu gostaria de ter muita esperança!!!!


05 dezembro, 2012 00:45  
Anonymous Mário Neiva said...

Também fiquei surpreendido ao ler o interesse inesperado -e digno de registo- de Bento XVI pelo burro e pela vaca do presépio. Como uma notícia tão surpreendente quanto desagradável nunca vem só, li uma outra sobre o mesmo Papa, com ele a afirmar que os Reis Magos não vieram do Oriente mas...do Sul de Espanha.
Quando, há uns tempos atrás, referi aqui neste blog as preocupações sérias de uma católica e de um católico, fiéis e praticantes, sobre o pouco sentido que faz chamar "mãe de Deus" àquela que é uma das suas criaturas, dei-me conta de como há gente seriamente preocupada com questões fundamentais da fé professada. Pois bem, estas preocupações do Chefe da Igreja Católica, o pastor dos pastores, supõe-se, com a vaca, o burro e os reis do presépio, fazem-nos pensar que o Papa ficou preso às "verdades" de uma fé infantil e infantilizada.
Isto é lamentável e talvez explique a decadência não só da Ordem do Carmo, mas de todas as ordens religiosas e da fé católica em si mesma.
Não me admira, pois, que o franciscano Pe Carreira das Neves desanque, sem dó nenhum, o seu Chefe Espiritual no Vaticano, desta forma:

"A maneira como(Ratzinger/BentoXVI)apresenta a "profecia" e as "promessas" (AT)e a realização das mesmas em Jesus de Nazaré (...), em meu entender, pode originar um grande equívoco: o de fazer de Jesus de Nazaré uma presonagem pré-fabricada e pré-determinada. Lendo atentamente a obra (beste-seller de Ratzinger sobre Jesus) podemos concluir que Jesus nasceu para cumprir o que já estava escrito sobre ele. E se assim é, onde está a liberdade do homem Jesus de Nazaré? Ratzinger/Bento XVI renuncia ao método histórico-crítico".

Nem mais, reverendo e sábio padre, e depois chegam-nos de Roma estas pérolas pastorais sobre a vaca, o burro e os reis mágicos.

Esta anbordagem dos textos sagrados não difere muito daquela que ouvimos na boca das testemunhas de Jeová, que sábia e biblicamente nos dão conta que o mundo foi ciado em seis breves mas laboriosos dias, há cerca de sete mil anos, e a Eva moldada num osso de Adão.

E a minha mãe dizia-me, compenetrada e séria,que os meus maninos vinham de França no biquinho da cegonha...

05 dezembro, 2012 09:31  
Anonymous Mário Neiva said...

Por lapso não referi a obra de onde colhi a citação do Pe Carreira das Neves: "Deus Existe?" ,subtitulo "uma viagem pelas religiões; Editorial Presença, Lisboa, Setembro 2012 1 edição, pag 199.

05 dezembro, 2012 09:43  
Anonymous Américo Lino Vinhais said...

Questão prévia: Não estaciono, nunca estacionei e, provavelmente, nunca estacionarei em cima de um qualquer passeio. Refiro-me ao meu carro obviamente.
No entanto as autoridades desta cidade do Porto ontem conseguiram indignar-me, simplesmente porque há mais de 15 anos que, à hora da missa na Trindade aos sábados e domingos, nesta cidade do Porto, tem sido prática corrente e, pelos vistos aceite p
elas autoridades, o estacionamento naquela praça em frente à igreja e atrás da câmara, com acesso a veículos automóveis que os crentes (se calhar não só) ali deixavam os seus veículos enquanto exprimiam a sua fé. E assim, ontem, às 17 horas ali estavam três polícias a impedir que os habituais frequentadores da igreja ali deixassem os carros! Concordo com o princípio, mas para isso era necessário que as autoridades:
1. Respondessem ao apelo dos cidadãos para que de imediato se deslocassem ao local para punir os que, deliberadamente estacionam em cima de qualquer passeio impedindo a livre circulação dos cidadãos e o acesso às suas garagens (No meu caso concreto é raro o dia em que isso não acontece e se chamo a polícia, normalmente só aparece uma hora ou mais depois e, caso outros carros estejam em cima do passeio ainda assim não os multam porque, alegadamente, não estorvam. Até as ambulâncias do INEM o fazem todos os dias);
2. Sobretudo em dia de futebol, seja no dragão, em alvalade, no estádio onde as luzes por vezes se apagam sem aviso prévio ou em qualquer outro sítio, a polícia até ajuda a estacionar em cima dos passeios! Basta ir à Alameda do Dragão, local que conheço bem e por ali já passei centenas de vezes em dias de jogos de futebol a que assistia (já me deixei disso) e era ver todos aqueles passeios cobertos de carros sem que algum seja multado ou impedido de estacionar, basta que a via não fique impedida!
Será que começou a caça à liberdade de religião? Provavelmente, já que se tolera para o futebol e se impede os católicos e, talvez, outras religiões, relativamente às quais ainda não me apercebi.
Terminando, concordo com o princípio e acho que deve ser respeitado mas desde que seja para todos e não só para alguns, como parece.

05 dezembro, 2012 12:43  
Anonymous Anónimo said...

É variando os temas, como o fez agora
o Américo Vinhais, que o blog pode "ressuscitar"; porque isto de estar sempre a escrever sobre temas ligados à bíblia e similares, torna-se monótono e "decadente", no meu ponto de vista...
Saudações

06 dezembro, 2012 10:39  
Anonymous Mário Neiva said...

Duas Notas Prévias

Para, de seguida, abordar um tema interessantíssimo. Na minha perspectiva, claro.

1 -O cristianismo significou, desde o seu início, uma verdadeira refundação do "messianismo judaico", uma esperança continuamente alimentada nos dois séculos que precederam o advento de Jesus Cristo. Essa refundação consistiu, em essência, na transformação de um messianismo de salvação da nação judaica
(por mera deferência divina extensível às outras nações), num messianismo de salvação para toda a humanidade enquanto tal.

2 -A segunda nota tem a ver com a ideia da ressurreição ou, mais propriamente, com a vida para além da vida. E esta nota é para salientar que a temática da ressurreição não é uma criação do cristianismo primitivo, nem de S. Paulo, o seu apóstolo incansável, mas uma crença comum na sociedade do tempo de Jesus, embora não consensual e muito menos dogma da fé judaica.

Assim, os fariseus, os essénios e os judeus de cultura grega, da diáspora ou residentes, acreditavam na vida depois da morte. Enquanto que a fortíssima seita dos saduceus seguia as crenças ancestrais, baseadas no relato da criação do Génesis, segundo o qual o homem foi expulso do paraíso antes de ter oportunidade de um segundo acto de desobediência, que era colher o fruto da "árvore da vida" e, assim, "ter a vida para sempre". Para os antigos judeus, o prémio total do "homem justo" era uma vida longa, uma ranchada de filhos e de rebanhos, muita saúde e muita riqueza. Depois, morria, naturalmente, como qualquer ser vivo, regressando ao pó de que fora feito. Se o sofrimento, a pobreza e a morte precoce eram castigo, já a morte ao fim de uma vida longa e feliz era prémio divino.

Pela leitura dos evangelhos ficamos a saber que Jesus acreditava na ressurreição dos fariseus e argumentava contra os saduceus: "Então Deus, é Deus dos vivos ou dos mortos?". E S. Paulo revela que ele mesmo era fariseu e dos combativos. Logo, um crente na ressurreição, muito antes da conversão ao cristianismo.

O que a ressurreição significava para cada cultura antiga e como se processava, dependia daquilo em que cada sociedade acreditava e da concepção filosófica e antropológica dos “homens da cultura”.





06 dezembro, 2012 10:43  
Blogger Lima said...

Passados dois mil anos, o que mudou afinal no conceito de ressurreição? Continua a amalgama entre os que acreditam, os que duvidam e os que negam. Tal qual antes da vinda de Cristo.

06 dezembro, 2012 20:42  
Anonymous Mário Neiva said...

É verdade, Lima. Então, qual terá sido o acontecimento histórico que fez com que nascesse uma nova e fulgurante religião baseada precisamente numa ressurreição, que foi considerada protótipo, promessa e esperança para toda a humanidade do passado e do futuro?

06 dezembro, 2012 21:51  
Anonymous Antonio Costa said...

O Emidio! Hoje e dia de Santo Ambrosio(dia 7 de Dezembro)Nos nossos ultimos anos -os mais velhos- era Dia Santo porque o Reitor era o pe Ambrosio, o tal fundador da Tuna do Seminario de que tu fazias parte, o Fernando Venancio, o Coelho, o Agostinho Gomes( um dos solistas),o Mario Neiva. o Justino, o Soares, o Candido Couto, o Ze de Sande, o Ze Cangalho, o Poças, e se calhar mais alguns que agora nao me ocorrem...
Missa Solene de 3-padres-3, Sessao Solene, Rancho melhorado com vinho, salada e sobremesa(doces feitos pelas cozinheiras) e a tarde jogo de futebol...e recreio ate as 16,40 horas(hora do lanche).Isto acontecia nos anos sessenta do seculo passado(quase 50 anos)...

Onde esta esta malta toda que acima foi lembrada e outra que nao e referida mas tem o seu lugar nas nossas amizades feitas nesses tempos? Para todos, saudaçoes.

07 dezembro, 2012 00:55  
Anonymous Antonio Costa said...

Ps.Ja agora, eu tambem fazia parte dessa Tuna...

07 dezembro, 2012 00:57  
Anonymous Mário Neiva said...

Já não me lembro, Costa, que gaita é que tu tocavas. Mas olha que deve haver ali qualquer confusão.Quando o Pe Ambrósio fez a tuna, o Venâncio já não estava na Falperra. A gaita do Emidio era a cítara (no meu tempo). Estão ali alguns nomes que vieram depois de eu ter ido para o noviciado. O Gomes a solista? Já não ouvi. Acerta lá as contas. Ou deixa assim, que não faz mal nenhum. Afinal, mais ano menos anos, todos devem ter participado

07 dezembro, 2012 17:55  
Anonymous Américo lino Vinhais said...

Concordo com o Mário Neiva. Eu saí em 1966 e ainda não havia sinais de tuna que, no entanto iria encontrar em ensaio já no Sameiro onde, como ex-aluno me desloquei aí por Fevereiro de 1968 e lembro-e de alguns participantes muito animados na altura, se não me engano o Soares, o Porfírio e, julgo, que o Costa. Não me lembro de mais nenhum. Mas isto foi já no Sameiro onde fui visitar ex-colegas e o meu particular amigo Fábio Máximo.

07 dezembro, 2012 23:42  
Anonymous Anónimo said...

Rebobinando o filme um pouco para atras, eu tocava violao; confirmo que o Emidio tocava a citara, o Mario Neiva o bandolim, o Soares e o Alexandre tocavam a gaita de beiços(harmonica), o Candido Couto ja nao me lembro o que tocava(penso que era acordeao, o Porfirio e o Ze Cangalhas entraram mais tarde, porque a Tuna começou com poucos elementos mas depois, com as saidas para o (EXTERIOR)= CONTRATOS "MILIONARIOS"PARA FESTAS EM BRAGA E ARREDORES) foi necessario aumentar a qualidade e a quantidade.O Venancio e que nao tenho a certeza se foi dos primeiros ou se veio depois mais tarde.O solista Agostinho Gomes creio que veio tambem depois.Mas a Tuna deve ter iniciado a sua actividade em 1963 ou 1964, ainda o Pe Ambrosio era vice-Reitor.Por esses anos, o mesmo Pe Ambrosio criou o Escutismo e a Legiao de
Maria: foram anos de bastantes "fundaçoes de movimentos". Eu tambem sai do Noviciado de Fatima em Dezembro de 1966 ; estive ligado alem da Tuna,a`Legiao e tambem ao Escutismo(.Naquele tempo parece que os dias tinham mais de 24 horas:havia tempo para tudo)
Alias tenho uma fotografia (da Tuna desses tempos)onde estao precisamente esses "artistas " todos que referi acima. Acho que essa Tuna, apesar de alguns terem ido para Fatima,- inclusivamente o Pe Ambrosio ,como Mestre de Noviços- continuou a sua actividade, dai o Americo Lino ter referido te-los visto no Sameiro, mas eu nao cheguei a ir para o Sameiro.

09 dezembro, 2012 00:11  
Anonymous A.Costa said...

Nao sei o que se passou, mas apareceu o anonimo em vez de Antonio Costa

09 dezembro, 2012 00:14  
Anonymous Anónimo said...

O último grupo musical que eu me recorde, os CÁPSULAS que fez furor nalguns colégios e deu música bem gostosa, lá por Braga, foi orientado por Fernando Venâncio, quando este passou pelo Sameiro. Compunham nesse conjunto; O Justino, vocalista, O Porfírio, viola, o Agostinho Neiva, bandolim,o José Neiva, flauta e bateria, o Taipinhas, ferrinhos, o Soares, matracas ( e outros) e obviamnete o Venâncio no orgão e acordeão. Lembram-se?...Belos tempos.

11 dezembro, 2012 22:38  
Anonymous Mário Neiva said...

Assim está melhor. Penso que o Costa confundiu a tuna do Pe Ambrósio, e as suas várias fases, com os CAPSULAS. Destes CÁPSULAS têm-me falado os meus irmãos Agostinho e Zé Neiva.

12 dezembro, 2012 09:59  
Anonymous Anónimo said...

Quem não se lembra dos CÁPSULAS, também conhecidos, por Beatles Carmelitas do Sameiro que deixavam as garinas de cabelos em pé , quando atuavam, uma maravilha...mas cara de seminaristas tinham tinham pouco.Eram todos pra frentex.
Por onde andará essa malta que nunca mais os vi!!!

12 dezembro, 2012 16:47  
Anonymous Mário Neiva said...

O Justino esteve no Sameiro no último encontro (2012). Pelos vistos não foste ao Sameiro e agora apareces aqui sem nome, de modo que se algum capsula estiver a ler o blog, ficará a saber o mesmo de ti.

12 dezembro, 2012 18:45  
Anonymous Emídio Januário said...

Olá, pessoal.
Tenho perdido os vossos últimos comentários e a corrente da acção no que se refere à(s) nossa(s) tuna(s)!!!
De facto neste últimos dias (vai quase para meio mês) tenho dedilhado a máquina de varejar azeitona. Mas, em contrapartida, como instrumento de sopro, tem sido o garrafão...
De facto nem tenho tido tempo de ler isto. Hoje, que comi a burra da minha azeitona de Macedinho, que por acaso acabou relativamente cedo, arranjei um bocadinho de tempo para ler esta secção.
E à cerca da tuna informo e completo:
- Foi publicado neste Blog uma fotografia enviada por mim da tuna, com o Padre Ambrósio, a qual tinha por fundo o brazão da família da D. Maria da Conceição de Noronha e Meneses Dá Mesquita Melo Portugal(da Prelada), a dita senhora que ofereceu uma Quinta à Ordem do Carmo lá para os lados de lá do Bom Jesus.
Aí estávamos os "músicos" da altura: O Mário Neiva e o seu bandolim, O Sousa Marques e o acordeão, Eu e a cítara (que mais tarde foi tocada pelo Augusto Castro), o Costa, o Couto e O Soares, realejistas, o Coelho com a caixa,e os cantadores (vocalistas) que já me não lembro bem quem eram,já que não tenho presente esta fotografia. Julgo que eram o Justino, um dos irmão de Neiva, o Zé Fontes, apelidado de Zé Cangalho, (não leves a mal, pois todos éramos e somos teus amigos) e não sei quem mais.
Lembro-me que eu também toquei aquela flauta em Dó que por lá existia e que dava para tocar uns solos.Foi antes e até 1964, ano em que passei à peluda!
Mais tarde foi publicada no Blog a fotografia dos tais "Cápsulas". Mas já não foi no meu tempo.
Quanto ao Justino: Casou aqui em Vale de Lobo, Mirandela. Apesar de já lhe ter ligado quando cá estava, nunca se dignou descer ao povoado para tomar café, ficando sempre no meio do vale, com os lobos.
Se por acaso ele estiver a ler isto, quero informá-lo que no dia 13 de Janeiro vamos fazer um percurso pedestre desde Mirandela a Vale de Lobo, cerca de 7,5 Km., organização da LIGA DOS COMBATENTES, de cuja direcção faço parte, como Apoio da Câmara Municipal de Mirandela. Estão abertas as inscrições.
Claro que, se alguém de vós quiser aparecer , é só avisar. É mais ou menos como quando íamos para o monte ver o glorioso Sporting Clube de Braga, em que não pagávamos bilhete. Só que aqui não há futebol nem rezamos o terço pelo caminho.
É tudo sobre o assunto.
Um abraço

Emídio Januário


12 dezembro, 2012 21:33  
Anonymous Anónimo said...



Oh Emídio e do nosso amigo, Fábio Máximo Gaspar, por acaso não sabes do seu paradeiro?
Acho que ele também era dessas bandas.
Um abraço

13 dezembro, 2012 12:13  
Anonymous Anónimo said...

Lembras-te de mim, Anónimo?
Um abração, pá.

13 dezembro, 2012 15:07  
Anonymous Anónimo said...

Se lembro e gostava de pessoalmente recordar, os bons momentos que juntos passamos, como " dois galãs ", daquelas redondezas, onde as garinas eram o alvo da conquista...pudera, não eramos bonitos,para outros esquemas, mas davamos o jeito, para o mais normal e natural.
Fiquei sem saber por onde marchas e de onde hablas.
Um abração maior que o teu.

13 dezembro, 2012 18:37  
Anonymous Américo Lino Vinhais said...

Duvido que um dos anónimos supra seja o Fábio Máximo Gaspar, pois conheço-o bem e não me parece que ande aqui pelo blog. Esteve quase a ir ao encontro do Sameiro, mas por problemas de última hora não lhe foi possível. Crescemos praticamente juntos e, embora isso não conte muito, porque ficou órfão ainda menino de poucos meses, a minha mãe também o amamentou tal com outras do mesmo tempo. Nascemos e crescemos no lugar e freguesia de Mós, do concelho de Torre de Moncorvo. Por vezes encontrámos-nos na aldeia e possuo o telemóvel dele que amanhã aqui postarei se ele me der autorização. Vive no concelho de Santo Tirso.
Quanto ao Justino, efectivamente não esteve no Sameiro em 2012, mas sim em 2011. Tenho tido mais sorte que o Emídio pois das duas últimas vezes que estive em Mirandela encontramos-nos nas imediações da Igreja e, mais tarde, no início de Junho encontramos-nos mais uma vez desta feita na feira da cereja em Alfândega da Fé onde me informou que não podia estar no Sameiro/2012.

13 dezembro, 2012 23:07  
Anonymous Antonio Costa said...

Olho à minha volta, e o que vejo? A cerca de 12 dias do Natal- o primeiro grande dia festivo dos que como eu nos intitulamos de cristãos ( e católicos)apesar de nas ruas das cidades e vilas deste país as luzes nos indicarem a proximidade da quadra festiva, os principais detentores do poder mundial, regional, nacional, e pasme-se, até religioso, andam "entretidos"(" a estudar") como hão-de escravizar os povos, os cidadãos,condenar a morte lenta os desprotegidos...
Não adianta absolutamente nada estarmos( nós os que nos dizemos católicos, crentes,cristãos,etc) a domingo a domingo dizer que estamos a preparar com grande convicção a festa do Natal, se no nosso dia-a-dia nós não fazemos nadinha para receber esse Deus Emmanuel:olho para o lado vejo uma mãe que não tem que dar ao seu filho que chora de fome,tem o filho doente e não tem dinheiro para comprar o medicamento;está um amigo ou familiar no hospital e eu não o visito,o avô ou a avó estão sós e não lhes dirijo uma palavra para ao menos lhe desejar bom-dia, o meu vizinho tem um problema e eu não o ajudo...: quero só saber da minha vidinha...
Há uns tantos que nos vão lembrando que existe " Banco Alimentar",mas, isso não chega" a meia missa", e um país, um continente não "se convertem" com palavrinhas mansas e umas declarações pomposas para jornalistas e povinho ouvir e ler.
Não, neste Natal eu não acredito e por isso cada dia que passa, mais mais nos afastamos do NATAL que tanto gostaria de festejar...

14 dezembro, 2012 00:15  
Anonymous Anónimo said...

Como é bonito recordar tempos e factos. São lembranças tecidas com saudades e banhadas pela nostalgia de tantas horas boas e menos boas que, todos juntos passámos no seminário carmelita (eu, apenas no da Falperra...).
Daria muito para poder ver e abraçar tantos dos meus ex-colegas de todas as actividades que juntos vivemos, já lá vão mais de cinquenta anos.
E é que a gente tentou... mas o sonho acabou ao dobrar da esquina.
Saudades.

14 dezembro, 2012 10:04  
Anonymous Anónimo said...

Bom Dia

Boa, amigo Vinhais, pede lá a autorização ao Fábio e chuta para cá o nº dele.Como não estou distante, de Santo Tirso, é fácil dar-lhe um abraço com mais de 50 anos de distância.
Obrigado

14 dezembro, 2012 11:13  
Anonymous Mário Neiva said...



Natal Dos Afortunados


Eu também olho à minha volta e sei que muitos não vão ter Natal.

Há doentes crónicos que viram o tratamento suspenso por ter-se esgotado o orçamento da unidade hospitalar que lhes prestava assistência. Há pessoas que deixaram de recorrer às urgências, às centenas de milhar, por não terem dinheiro ou para pagar o transporte ou para pagar a taxa moderadora ou para comprar os remédios, e vão ficando a morrer por casa.

Ontem ouvimos a notícia na TV de que são encontrados, mortos, só na região de Lisboa, 2 a 3 três idosos por dia.
Ouvimos todos os dias os relatos de crianças que desmaiam na escola por estarem sem comer desde o almoço do dia anterior, servido na cantina escolar, porque os pais não têm absolutamente nada para lhes matar a fome.

Perante isto, ouvimos todos, ontem, a senhora Jonet, presidente do Banco Alimentar contra a fome afirmar que "fome não é uma criança ter apenas uma refeição por dia", que isso é apenas uma "carência". E acrescentou que fome é o que se passa em África.
A mesma senhora havia, dias antes, numa entrevista ao jornal "i", afirmado textualmente: "sou mais adepta da caridade que da solidariedade social".

Deverá, portanto, esta senhora alimentar a ideia de um "ministério da esmola" que substitua o Ministério da Solidariedade Social!

Uma sociedade que se está a organizar ou desorganizar, sem cuidar, em primeiríssimo lugar, das crianças que representam o seu futuro, é uma sociedade que decidiu atirar para o lixo da História os princípios básicos do humanismo, num processo de regressão à animalidade e à lei da selva.

No pensamento desta gente medrou a ideia abjecta de que os desvalidos são um peso morto para uma sociedade onde passou a vigorar a lógica do lucro e da competição, eufemisticamente chamada de competitividade. Aqueles que não estejam aptos para entrar nesta luta são empecilho a descartar, de uma forma ou de outra. Esta gente esquece que as condições à partida não são as mesmas para todos. Condições de saúde física ou mental, de caracter, de "berço", de espaço social: qual semente que pode cair em terra fértil ou terra árida. Sem contar com as vicissitudes da vida.
O humanismo apela à solidariedade para com os "caídos" e não à esmola de uma caridade avulsa, à espera que definhem de vez e “desapareçam da nossa frente”. Sim, até que definhem de vez, porque a esmola mata a fome por um dia, mas não recupera um ser humano para os 365 dias do ano, muito menos para os anos que poderiam ser vivivos.

Que esta senhora Jonet, se tenha sentido à vontade, neste momento, para fazer tão insólitas declarações é porque ela sabe que podia fazê-lo sem a punição moral que não chegaria de parte alguma, a começar pela Igreja. Era a hora desta Igreja ter um assomo de dignidade e apego ao seu Evangelho e esclarecer a senhora Jonet que a caridade cristã é amor, partilha, comunhão de vida:
Não o exercício da esmola, mas a solidariedade completa de vida.

Para que ela entenda melhor, a CEP podia explicar-lhe, a ela, uma leiga católica, que a “caritas” cristã é o equivalente, no nosso código civil, a um casamento em regime de “comunhão de bens”. Podia ser que assim entendesse alguma coisinha.
Custa muito ver uma boa fatia da sociedade portuguesa a enriquecer com a crise, enquanto a governação deixa que os desvalidos morram à míngua. E se entre os desvalidos estão crianças, doentes e idosos, começa a perder sentido dizer que somos uma sociedade humanista. Muito menos cristã. Se eu fosse bispo, cobria a cara de vergonha, pensando comigo mesmo uma de duas coisas: ou não soube pregar o evangelho do amor ou andei a pregar aos peixes.
Sim, porque todos afirmamos ser uma sociedade cristã ocidental. E cristianismno da esmola é falso como Judas, o guardião do "saco".

14 dezembro, 2012 18:57  
Anonymous Mário Neiva said...


Nota

Não sou contra as esmolas. Eu próprio doei este ano para o Banco Alimentar da senhora Jonet mais do dobro do que no ano passado. Mas considero que as esmolas devem ser o último recurso das pessoas solidárias, quando nas sociedades sob ditadura feroz, a solidariedade da esmola compensa e substitui a selvajaria dos governantes.
A esmola também é a solidáriedade nos casos de calamidade natural. O tsunami financeiro que varreu a Europa é uma calamidade que atingiu sobretudo os mais fracos, neste caso, os países.
Mas em democracia, sobretudo em democracia como a nossa, que apresenta um altissimo fosso entre a riqueza desvairada de muitos e a miséria extrema de outros que estamos a presenciar, fazer quase que a apologia da esmola é uma indignidade, uma desumanidade, uma clara demonstração de que, nessas pessoas, o cristianismo é um verniz reluzente e falacioso.

14 dezembro, 2012 19:40  
Anonymous Américo Lino Vinhais said...

Os afazeres da condição de reformado, parecendo um paradoxo, impediram-me ou, pelo menos, não facilitaram o cumprimento da minha promessa quanto ao telefone do Fábio, no prazo fixado. Mas, doze horas depois desse prazo, informo o prezado anónimo que o Fábio apenas me autoriza a divulgar o seu telemóvel depois de saber quem o pretende contactar. Portanto, se quiseres contactar com ele informas-me quem és através do meu telemóvel (968098545)e faço diligências rápidas nesse sentido.

15 dezembro, 2012 15:31  
Anonymous Anónimo said...

Obrigado Vinhais, pelo teu empenho e deixa ficar assim mesmo...
Bom fim de semana.

15 dezembro, 2012 16:57  
Anonymous Mário Neiva said...



Fim do Mundo
Ciência
Fim das Crenças

Faltariam 4 dias para o "fim do mundo". Sendo mais precisos, temos de considerar que não se trata do fim do Universo, cujas dimensões e verdadeira realidade nem sequer imaginamos, mas do fim da nosso planeta Terra e, consequentemente, do nosso satélite natural, que sairia disparado pelo espaço quando lhe faltasse o amplexo vital da Terra que o atrai carinhosamente...

Há episódios como este, de crenças colectivas expectantes, quase sempre nascidos da pseudociência, que vêm por bem. Ajudam um cada vez maior número de pessoas a entrar na senda das ciências, superando o estágio na pré-ciência, que continua a ser a real situação de uma percentagem demasiado grande da população mundial, tanto nos países desenvolvidos como nos países subdesenvolvidos.

Neste caso da crença do fim do mundo para a próxima sexta-feira, a ciência já veio esclarecer que não estão reunidas as condições naturais ou outras (acção humana, como por exemplo, guerra nuclear total) para um tal evento. Os nossos vigilantes “faróis” espaciais não detetam a aproximação de nenhum “calhau celeste” em rota de colisão com a Terra. Como também não há nenhum conflito mundial à vista, a mensagem é clara: “durmam descansados e acordem bem dispostos para o trabalho e para o recreio”.

É urgente que as pessoas entendam que o nosso mundo e o nosso universo têm leis próprias, imanentes e invioláveis. E que é esta inviolabilidade que lhes permite existir e ser o que são e como são desde que foram criadas. Precisamente baseada na descoberta das leis próprias do universo, a ciência se permite afirmar que o mundo não vai acabar daqui a quatro dias. A mesma ciência, estribada nas mesmas leis, está em posição de garantir que divindade alguma pode arremessar um imenso calhau celeste, lá do lugar olímpico onde se encontre, a tempo de nos destruir daqui a quatro dias. Se pretendesse fazê-lo, já deveria ter efectuado o lançamento há muito mais tempo…

É importante as pessoas começaram a deixar de lado a ideia de que este nosso mundo e o nosso universo são uma espécie de brinquedo sujeito aos caprichos de um qualquer Demiurgo. Claro que só a inteligência humana e a consciência humana se dariam conta dos caprichos do Demiurgo, tais como: ora aí vai um dilúvio porque se portaram mal; agora uma bola de fogo e enxofre de arrasar cidades inteiras, como Sodoma e Gomorra, por causa das vossas paneleirices; depois, tomem lá dez pragas da pior espécie para o faraó perceber com quem se meteu…

Isto dito assim, quase em tom jocoso, já não impressiona. Mas a verdade é que estas histórias constituem a cultura comum de talvez mais de noventa por cento da população mundial. É desta cultura que emergem as crendices sobre o fim do mundo e também uma imensidão de outras crenças, como se o universo não fosse senhor das suas leis invioláveis, desde o primeiro instante da sua existência.
Posto isto, resta acrescentar que, nestes casos como a crença do fim do mundo na próxima sexta-feira, muito mais que os sermões vai ser a escola a elucidar as mentes.

17 dezembro, 2012 17:07  
Blogger Augusto said...

Teria sido mais interessante teres descrito quais os fenómenos a ocorrer nesta data e quais as eventuais consequências, pois isso é do conhecimento dos especialistas. Pessoalmente, não tenho forças para escrever muito, senão até escreveria sobre o assunto. Tenho dito.

18 dezembro, 2012 11:05  
Anonymous Mário Neiva said...

Dizes bem, Augusto, mas "isso que é do conhecimento dos especialistas", não é do meu conhecimento. Então, calei os "fenómenos a ocorrer", os quais, segundo a voz da ciência disponivel, serão nenhuns; ou melhor, serão os normais, não estando prevista nenhuma erupção solar mais forte, nem tendo sido avistado qualquer meteorito gigante em rota de colisão com a Terra. E olha que os nossos telescópios já conseguem rastrear até uma boa distância.
E já que estamos a falar nestas coisas e porque sei que aprecias tais assuntos, se nesta altura estivesse em Balugães, desafiava o Coelho e íamos passar o dia contigo, à espera da professia Maia...Ainda bebíamos um copo para comemorar.

18 dezembro, 2012 14:51  
Anonymous Anónimo said...

Desde menino que oiço falar no fim do mundo em cuecas, mas confesso que até hoje, não entendi, porque terá de ser o fim do mundo em cuecas...Será por este governo nos rapar tudo e nos deixar de tanga e até sem cuecas???

18 dezembro, 2012 19:08  
Anonymous Américo Lino Vinhais said...

Não sei para que dia o que é certo andava eu no Seminário da Falperra nos longínquos anos sessenta e também nessa altura se anunciava o fim do mundo para dia determinado. Nessa altura ainda receei um pouco, não obstante as palavras de tranquilidade dos nossos superiores. Alguém se lembra?

18 dezembro, 2012 22:16  
Anonymous Mário Neiva said...

Eu lembro-me de que na minha aldeia se dizia que o terceiro segredo de Fátima anuncava o fim do mundo. Como o segredo era para ser revelado em 1960, este seria o "ano dos horrores".

Não me recordo de medos no seminário, mas é provável que andasse mais agarrado que nunca ao "santo escapulário" e nem para tomar banho o retirava do pescoço, não fosse o diabo tecê-las, apanhando-me, não em cuecas, mas nuinho como Adão.

As minhas memórias desse sobressalto apocaliptico dos anos sessenta são mais fortes em relação à minha aldeia de Balugães, porque uma das minhas irmãs era costureira e, às vezes, juntavam-se lá várias clientes a dar à língua sobre o assunto do momento. Então, a minha mãe que tinha um sentido muito prático da vida e nunca foi nessas histórias de previsões, superstições e bruxedos, dizia repetidas vezes que "o fim do mundo era quando cada um morria". E se calhava tocar o sino "a defuntos", em Balugães ou fregueia vizinha ( que se ouvia perfeitamente) aproveitava para exemplificar: "olhem, para aquele já chegou o fim mundo".
Outras vezes, já saturada de ouvir tanta palermice atirava mesmo assim: "ó minhas filhas! Vão rezar que é mais bonito".
Aquela mulher dera à luz treze filhos. Tratava a vida e a morte por tu. Não ia em qualquer cantiga.
Com esta mania que eu tenho de guardar no baú da memória todas as preciosidades da infância, acabei a olhar o mundo "olhos nos olhos", sem sustos e sem demasiadas ilusões. E com a certeza de que, do meu fim do mundo, não sei o ano, o dia e a hora. Mas sei que vai chegar, como um ladrão, para me roubar o que de mais preciso tenho, que é a vida.

19 dezembro, 2012 09:19  
Anonymous Emídio Januário said...

Olá, pessoal.
Deixemo-nos de fins do mundo! Ninguém sabe quando acontecerá e não é isso que me tira o sono. Mas, acerca do assunto, tenho um amigo meu, Engº. Henrique Pedro, Tenente Coronel de Engenharia, que publicou um romance com o título "O Resgate dos Justos da Terra". Tive a sumida honra de, na apresentação do mesmo livro, ter estado na mesa de honra ao seu lado.
Este romance tem como inspiração o Apocalipse de S. João, na parte em que foram resgatados 144.000 justos (12.000 de cada tribo de Israel).
Pois ele descreve o planeta vítima de todas as agressões por parte do homem ao meio ambiente e a vida a tornar-se impossível na terra. A única zona ainda habitável é a Terra Quente Transmonta e para aqui convergem os justos da terra para serem resgatos. Inclusive o Presidente dos Estados Unidos realiza uma cimeira mundial em Portugal e vem de helicóptero a uma aldeia de Mirandela tratar da organização da libertação.
E mais não digo.
Temos este livro à venda na Liga dos Combatentes a 15€.
Quanto às tunas do Seminário, o que aqui se referenciou e comentou
na primeira quinzena deste mês, as fotografias estão publicadas no mês de Julho de 2007, quer a do Padre Ambrósio, quer a dos Cápsulas.
Abraço
Emídio Januário

20 dezembro, 2012 11:12  
Anonymous Mário neiva said...

Bem prega frei Tomás, não é, Emidio? "Deixemo-nos de fins do mundo", mas tu vens logo com mais um, e dos mais desajeitados, com um rol exacto de preferidos e poupados à matança, numa interpretação analfabeta do Livro da Revelação, atribuido ao apóstolo João.
Uma extensa e bela alegoria acerca da luta entre o bem e o mal que se trava no coração de cada ser humano, e dentro criação que "geme como que em dores de parto", é transformada em privilégio de um grupo reduzido de "puros", enquanto que a Humanidade, praticamente como um todo, é convertida no falhanço maior da obra da criação divina e numa clara vitória do Principe das Trevas, que apenas deixou escapar para o "Divino Redentor" uns míseros 144 000...
O Evangelho ao contrário: a Triste Nova da perdição da Humanidade!

E já agora não sejas tão humilde, que a tua "sumida honra" foi consideradap por nós, teus amigos, subida honra.

Até amahã, porque o mundo não vai acabar. Ou pensavas que te vias livre de mim tão depressa?

20 dezembro, 2012 18:05  
Anonymous Emídio Januário said...

Pois é, Mário! Mas nem todos têm o privilégio de nascer na Terra Quente Transmontana!... Lá dizia o outro: "... poucos são os escolhidos!"
Quanto à honra, por mais subida que seja, acaba sempre por sumir-se.
Já agora, quero informar que é para mim um prazer contactar contigo e espero continuar a contar-te no núnero dos meus amigos por muios anos. Não só a ti, como a todos os meus antigos colegas e companheiros da Falperra.
E como vou passar o Natal a Lisboa, junto dos meus netos e filhos, como deixo por Mirandela o computador, caso não vos volte a contactar por estes dias, desejo psrs todos um FELIZ NATAL e um Ano de 2013 cheio de venturas, melhor que o de 2012.

Emídio Januário

21 dezembro, 2012 07:11  
Anonymous Antonio Costa said...

O CRISTIANISMO-ESSÊNCIA e HISTÓRIA
Este é o título de uma obra do teólogo(amigo...mas não muito) do actual Papa Bento XVI, Hans Kung e que o site RELIGIONLINE só agora (passados 18 anos) propõe aos seus leitores...
Quase a terminar, e como corolário das suas reflexões teológicas, refere: "... Como se explica que nem os imperadores pagãos, nem os ditadores cristãos, nem os papas ávidos de poder, nem os inquisidores sinistros, nem os bispos mundanos, nem os teólogos fanáticos hajam logrado extinguir este espírito".Mistério do cristianismo:" O que é extraordinário é que o espírito do Nazareno conseguiu sempre romper, apesar das falhas das pessoas, das instituições e das constituições, desde que os fieis já não se contentavam com palavras e se punham a segui-lo de uma maneira muito prática.A verdade do cristianismo não é apenas verdade para conhecer, mas a verdade que faz viver..."

Mas antes faz como que um ponto de honra (que é de partida):"...Sem
paz entre as religiões, haverá guerra entre as civilizações.Não há paz entre as religiões sem diálogo entre as religiões.Não há diálogo entre as religiões sem pesquisa sobre o fundamento das religiões,"

Neste Natal que se aproxima(ou se distancia?) vem-me à memória as palavras que o já falecido pároco da Trofa dizia há mais de cinquenta anos, nas homilias do dia de Natal:"Hoje nasceu o Príncipe da Paz: acolhámo-LO no nosso coração".MAS SE NÓS NÃO TEMOS PAZ EM NÓS, E NÃO ESTAMOS EM PAZ COM OS IRMÃOS, COMO PODEREMOS RECEBER ESSE PRÍNCIPE DA PAZ?????

BOM NATAL para todos.

22 dezembro, 2012 00:39  
Anonymous Mário Neiva said...


Gostaria de comentar o texto do Costa mais a fundo, mas tenho outro tema em mente, sobre o Natal, que vou fazer prioritário. Mesmo assim, apenas uma palavrinha sobre a "récita" do falecido pároco da Trofa.

"...Se não temos paz em nós, se não estamos em paz com os irmãos".

Já todos sabemos que a paz não se "tem" ou possui, mas constrói-se, isto é, age-se para a conseguir, porque ela não vai cair do céu, por mais orações que a gente faça. E uma das formas de construir a paz é construir a justiça, traduzida em leis, que hão-de ser permanentemente aperfeiçoadas. Porque "A Justiça é o nome novo da paz", como justamente se afirma cada vez mais insistentemente.

Neste momento, o país está perto de explosão social, violenta ou não, pela tremenda injustiça na distribuição dos sacrifícios: a muitos exige-se e impõe-se que desçam até à pobreza desamparada e a outros apenas se belisca o património acumulado nos anos da abastança.

Numa situação de injustiça generalizada, como se pode falar em "estar em paz com os irmãos"?

Temos vivido acima das nossas possibilidades, como se ouve dizer? Pois quem mais lucrou com isso são precisamente os que agora apenas são beliscados na distribuição dos sacrifícios. Paguemos na proporção das vantagens conseguidas no tempo da “euforia”. Apenas um exemplo: é uma aberração penalizar uma pensão de 600 euros, conseguida ao fim de quarenta ou mais anos de descontos, quando apenas se belisca uma pensão mensal de 18 000 euros, atribuída ao fim de dois anos de descontos e actividade como consultor do Banco de Portugal, como é o caso de um político e ex-governante.

Mas este é apenas um exemplo de uma montanha de privilégios que para aí existem no Estado ou na esfera do Estado e que deviam envergonhar qualquer democracia.

Nesta hora difícil, nem um único dos privilégios revoltantes e aviltantes criados pelos sucessivos governos e parlamentos foi incomodado. Nem um! No máximo, cobram-se umas taxas proporcionais, quando a justiça mandava que se abolissem simplesmente os privilégios grosseira e injustamente instituídos.

Por onde vamos começar a construir a paz? Fazer uma peregrinação a Fátima, suplicando para que os corações de pedra amoleçam? Ou exigir, laica e pragmaticamente, a implementação de leis justas?

"A justiça é o nome novo da paz". Menos do que isto, é cantilena para embalar a miséria e adormecer as consciências.

Bem pregou o bom pároco da Trofa! Sermão aos peixes!

22 dezembro, 2012 10:41  
Anonymous Mário Neiva said...

Natal de Jesus
E
Natal de Cristo

Três autores destacados do Novo Testamento ignoram nos seus “evangelhos” o natal de Jesus: Marcos, João e Paulo. Mas nenhum dos evangelistas ignora o natal de Cristo. Confusos? Eu explico: o natal de Jesus ocorreu pelo ano 6 antes da nossa era e sobre este natal apenas escrevem Lucas e Mateus. O natal de Cristo aconteceu pelo ano trinta D.C., na madrugada do primeiro dia da semana judaica, teria Jesus cerca de trinta e seis anos!

Ao natal de Jesus a Igreja chama dia da Natividade e o natal de Cristo é o dia da Ressurreição.

Nenhum dos evangelistas, nem Paulo, conheceu Jesus. E Paulo, que foi o primeiro a escrever, “desinteressou-se” completamente de Jesus de Nazaré e dedicou-se a pregar e a escrever sobre Cristo nascido na madrugada do Domingo de Páscoa. Sobre o Jesus da Natividade, só de passagem, como em nota de rodapé, escreve que Jesus era “nascido da mulher” e “da estirpe de David segundo a carne” . Quase nada.

Apesar de ter começado a escrever pouco mais de 15 anos depois da morte de Jesus, Paulo não refere nem um sermão, nem uma parábola, nem a cura de um doente ou a ressurreição de um morto. De facto, “esqueceu” a sua pregação e as suas obras de uma forma tão radical como Marcos e João “esqueceram “ a Natividade de Jesus.

Por que se interessou Paulo apenas por Jesus- o- Senhor- o- Ressuscitado?

Em primeiro lugar, porque ele só conheceu Jesus Cristo Ressuscitado. Em segundo lugar, porque Jesus de Nazaré, o “Jesus terreno”, não significava, para Paulo, novidade nenhuma. Era um filho de Adão como qualquer outro homem, em tudo igual a qualquer homem e, como tal, sujeito a todas as contingências da vida. Também, naturalmente, do sofrimento e da morte. Os seus sermões e as suas obras, que lhe deram fama e o projectaram, a ponto de os seus discípulos e uma multidão o quererem aclamar como o messias, não trouxeram nada de especialmente novo: se curou alguns doentes, a maioria continuou o seu calvário; se curou alguns cegos e coxos, a maioria continuou deficiente; se ressuscitou alguns mortos, os ressuscitados voltaram a morrer, de doença ou velhice como toda a gente, como o próprio Jesus; e, sobretudo, Jesus como messias fora um fracasso completo, pois o povo permaneceu, durante a sua vida e após a sua morte, sob o domínio impiedoso de Roma.

Se Paulo tivesse sido um dos seguidores de Jesus de Nazaré, partilharia do estado de espirito dos discípulos e admiradores de Jesus, tão bem retratado por Lucas, na narrativa dos “discípulos de Emaús”: “…O que aconteceu a Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso em obras e em palavras diante de Deus e diante de todo o povo. (…) Nós esperávamos que fosse ele a redimir Israel; mas…” (Lucas 24, 18-24).

Mas tudo acabara na morte humilhante da cruz.

De repente, o estrondo: a Ressurreição.

23 dezembro, 2012 09:24  
Anonymous Mário Neiva said...




II Parte

Jesus renasceu de forma absolutamente inesperada, e numa forma de messias (cristo) ainda mais surpreendente. O facto foi de tal modo insólito que, a princípio, os discípulos não acreditaram. Estavam à espera de tudo menos “daquilo”: a Ressurreição.

Um messias ressuscitado. Um natal improvável e impossível.

O outro natal, a Natividade, fora a normalidade da vida, do nascimento até à morte, vivida por Jesus de Nazaré, que bebeu até à última gota o cálice da velha humanidade em Adão. Nada de novo, a não ser a tremenda desilusão de quem acreditara ser ele o cristo das promessas e das profecias.

O judaísmo acabou quando Jesus, messias judaico, morreu na cruz e o cristianismo nasceu pela Boa Nova (Evangelho) da Ressurreição.

Paulo teve o cuidado de "separar as águas", não fazendo a sobreposição dos dois nascimentos, o de Jesus e o de Jesus Cristo, sabendo que cada um viveu o seu tempo. A Paulo só interessou o tempo do Ressuscitado, porque o tempo de Jesus de Nazaré foi o vulgar tempo da humanidade de Adão.

Os evangelista fizeram a sobreoposição de Jesus Cristo a Jesus de Nazaré, Mateus e Lucas desde o natal, e tornaram as suas narrativas muitos difíceis de compreender.

Uma nota final.
Soube, pelo Dr Arie Kallenberg , especialista na espiritualidade dos antigos carmelitas, que estes centraram a sua vida espiritual em torno da Ressurreição. E, curiosamente, “no último Domingo do ano Eclesiástico (o domingo antes do Advento) comemoravam a Ressurreição solenemente como se fosse a festa da Páscoa” , escreve o Dr Arie.
Como se vivessem, em permanência, à espera do natal da Ressurreição.
No mesmo sentido, a Igreja católica celebra, não o dia do nascimento dos seus santos, mas o dia da sua morte para a ressurreição. É a verdade do cristianismo primitivo a vir ao de cima. “Se Cristo não ressuscitou, nós também não vamos ressuscitar e é vã a nossa pregação e vã a vossa fé.” (I Corintios, 15. 13-14)

23 dezembro, 2012 09:26  
Anonymous Mário Neiva said...

Contra Paulo

"Com Jesus, estamos em boa companhia. Ele é a Vida! O Cristo Jesus de Paulo é o Poder. E todo o Poder é assassino, mesmo e sobretudo, quando mais parece proteger-nos. Se nos protege, é para logo depois nos comer".

Este é um dos inúmeros "mimos" com que o Pe Mário de Macieira da Lixa contempla o apóstolo S. Paulo.

Para este sacerdote católico contestatário, o seu Jesus de Nazaré vai até à cruz e até ao sepulcro. Para S. Paulo, porém, Jesus Cristo e Senhor nasce da morte e da sepultura para uma vida ressuscitada que não é apenas sua, mas da Humanidade com Ele. Na fé e na esperança, por enquanto. Como o grão de trigo lançado à terra, onde morre, para dessa morte renascer em nova planta. Paulo é claríssimo na I Carta aos Coríntios. A vida do "grão de trigo" destinado à morte não é o fim, mas o começo de uma vida nova.

"Deus o fez Cristo e Senhor", ao Jesus de Nazaré, o "Jesus na carne", como diz Paulo. Mas não como nosso dono ou senhor-rei e, sim, como o primogénito de uma Humanidade Nova. O Cristo de Paulo não veio para ser o rei e senhor dos Judeus ou das nações, mas para "glorificar" a todos, quer dizer, para honrar e engrandecer a Humanidade.
Que as igrejas cristãs tenham confundido o "serviço de Deus à Humanidade" com o "serviço da Humanidade a Deus" (como se Deus precisasse que alguém O servisse!) já hoje muitos compreenderam essa recaída no "paganismo" religioso. Mas, desconhecer, liminarmente, que a teologia de S. Paulo se fundamenta no "serviço de Deus à Humanidade", é revelador de uma tremenda ignorância sobre teologia paulina.

S. Paulo, para se fazer compreender perfeitamente, estabelece um paralelo entre a função desempenhada pelo "primeiro Adão" e a função do "Novo Adão", Jesus Cristo. A ninguém ocorreria chamar a Adão nosso "dono", "rei" e "senhor", como o Pe Mário da Lixa interpreta o Jesus Cristo de Paulo.

30 dezembro, 2012 00:37  
Anonymous Mário Neiva said...

(Continuação)

O Pe Mário da Lixa escreve tanto e fala tanto que fica sem tempo para estudar um capítulo que seja de uma qualquer das cartas do Apóstolo. E, depois, atira para a blogosfera disparates como o que acima citei, ora pegando as palavras pela rama, ora compondo frases que afirmam o contrário da teologia de Paulo.

E ainda se acha um quase iluminado em contraste com teólogos que dedicaram uma vida inteira a estudar o Apóstolo.
Conheço outros “pregadores” como este sacerdote católico que imaginam (só pode ser, dada a ausência total de uma análise séria critico-histórica) Jesus de Nazaré como um revolucionário ao estilo de um Che Guevara dos tempos bíblicos. Será que, alguma vez, estes “pregadores” de Jesus-o-de-Nazaré se interrogaram sobre a verdadeira personagem que Jesus incarnou no breve tempo da sua “vida pública”? Ele não terá incarnado, de facto, o messias davídico esperado pelos judeus? A sua ressurreição não terá sido a “novidade”, a Boa Nova totalmente inesperada e nunca antes sonhada, nem pelo próprio Jesus de Nazaré, que se lamentava, agonizante: “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?”
São perguntas perturbadoras e a crítica histórica fá-las, com a humildade de quem se habituou a lidar constantemente com o mistério que envolve tudo e a todos.

Finalmente: o Evangelho é tudo menos um sermão aos fracos e aos fortes, aos ricos e aos pobres, aos bons e aos maus, aos senhores e aos escravos. Este sermão sempre foi feito desde que o homem é homem e não é novidade nenhuma. Este sermão decorre, naturalmente, de uma humanidade em busca de mais humanismo e é essencial. Mas se Jesus tivesse sido apenas esse discurso, podia, então sim, ser comparado a um qualquer Che Guevara. Se assim tivesse sido, era bem provável que a sua fama não fosse além de uma ou duas gerações depois da sua morte. A verdade, porém, é que Jesus Cristo, de Pedro e de Paulo, deu origem a uma nova era.
Os cristãos fizeram de Jesus Cristo o mistério da sua própria existência. Por caminhos tortos e muito tortos, sim senhor, mas em profundidade suficiente para não o confundir com o discurso de um qualquer revolucionário humanista ou nem tanto.

30 dezembro, 2012 00:39  
Blogger Lima said...

A quem, eventualmente, possa interessar:

Coloco em baixo o link para o download de um documentário histórico-filosófico sobre Jesus.
Podemos estar ou não de acordo, mas acho que é importante saber o que pensam os homens da ciência e os historiadores das religiões do pessoa Jesus.
Este documentário, divulgado por um canal de televisão nas festas de Natal, é falado em francês, (sem qualquer tradução, mas penso que muitos dos que por aqui passam compreendem a língua).
Especialistas de vários sectores da ciência defendem os seus pontos de vista, inclusivamente o muito conhecido historiador das religiões e filosófico Frédéric Lenoir.

Para informação:
O comentário tem a duração de 1h e 8mn e pesa 427mgb,(qualidade média). O download é sempre possível, mas o tempo de “downloading” dependerá do desempenho da ligação Internet utilizada. (provavelmente, no melhor dos casos superior a uma hora). O ficheiro vídeo pode ser lido em qualquer navegador recente ou leitor vídeo.

Texto do Link: http://dl.free.fr/lXuniboBM

31 dezembro, 2012 12:54  
Anonymous Antonio Costa said...

31 DE DEZEMBRO DE 2012 e 02 de JANEIRO DE 2013 significam alguma coisa? As pessoas estão diferentes desde anteontem? O que terá mudado para que, após os festejos do Fim d´Ano(Enterro do Ano Velho), andemos não a olhar para a frente e estejamos a olhar para o chão? Porquê?

Não terá sido porque naqueles segundos que medearam entre o Ano Velho e o Ano Novo nós não tivessemos posto mesmo uma pedra( ou um penedo)COM UM BALANÇO para fechar mesmo e tivéssemos começado do Zero? Deveria ser assim como na contabilidade de qualquer empresa devidamente organizada ou como infelizmente acontece na maioria das empresas portuguesas que teóricamente fecham a 31/12 mas só encerram (efectivamente as contas) em Março ou Abril, (por conveniências várias)?
Porquê? Nos primeiros minutos do novo ano, olhei à minha volta e, entre um trago de espumante e um abraço de saudaçao aos meus familiares, ficou-me um laivo de ansiedade e sentimento de alguma tristeza, porque o fogo de vista que via no horizonte pareceu-.me não corresponder ao sentimento de verdadeira alegria nos corações; os momentos ficaram registados na máquina fotográfica, mas será só para arquivo " ad perpetuam rei memoriam"?
Li vários artigos de opinião de anteontem, ontem e hoje e até parece que continuamos a viver no mesmo mês de Dezembro , sõ que em vez de ser 32 de Dezembro chamam 1 de Janeiro; a mesma ÉTICA,OS("BONS") MERCADOS FINANCEIROS,OS NOSSOS (CARIDOSOS)CREDORES,OS "NOSSOS"PARABENS AO BOM POVO PORTUGUÊS("BOM ALUNO") E a nossa dignidade? Como poderemos ouvir esta frase NÂO TIVEMOS O NATAL QUE MERECÍAMOS"(?). E concerteza que muitos portugueses tiveram um NATAL sem nome e sem dia porque não o tiveram.
"UM MENINO NOS FOI DADO" no dia de Natal, mas os seus( e nós os outros) não o compreenderam e rejeitaram...
Teremos todos que RENASCER ? TRANSFIGURAR?

03 janeiro, 2013 01:17  
Anonymous Anónimo said...

Não. Apenas teremos que fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para que o dia seguinte (podia ser o segundo, o minuto, a hora...)seja melhor que o precedente.
Ah!, e teremos de deixar de ser demagogos, de deixar de nos esquecermos do ONTEM, de nos lembrarmos de todas as heranças, de todos os convénios, de todas as preguiças, de todas as manias de arrotar a pescada depois de comermos sardinhas, de desculpar os erros de tantos para os atribuirmos a alguns...
Quando assim agirmos, com dignidade e lisura de julgamentos, pode ser que a nossa consciência, por fim, nos diga que também somos culpados dos amles que nos assolam...
Bo m2013 para todos.

03 janeiro, 2013 19:19  
Blogger Lima said...

Bom senso e clarividência, amigo Anónimo! A vida seria bem mais suave se fossemos capazes de cultivar essas virtudes!
Um bom ano 2013 para todos.

03 janeiro, 2013 20:00  
Anonymous Mário Neiva said...

Muito bem, Anónimo. Muitos gostam muito de "bodes expiatórios", alijando, sobre eles, as culpas próprias. No seu comentário apenas alterava, sendo eu a escrever, "somos culpados" por "somos responsáveis". Porque "os males que nos assolam" resultam muito mais da ausência de cidadania do que violação de códigos morais. Com efeito, ninguém viola um código moral quando enriquece licitamente, mas pode violar a cidadania se não promove a redistribuição da riqueza alcançada com o necessário contributo de toda a sociedade, desde o sapateiro que o calça, ao lavrador que lhe cava o pão e ao professor que lhe cultiva o espirito.
Cidadania, responsabilidade e solidariedade hão-de intergrar cada vez mais o paradigma do novo humanismo.

04 janeiro, 2013 10:58  
Anonymous Mário Neiva said...

Em tempo, no seguimento do meu anterior comentário e para clarificar: ninguém enriquece ou empobrece sozinho, mas a falta de consciência cívica pode convencer muitos de que tudo é devido ao seu mérito ou demérito; até mesmo a própria vida!

04 janeiro, 2013 11:16  
Anonymous Anónimo said...

Plenamente de acordo com os comentários ao meu comentário.
Como é bom lidar com homens com H...
Bom ano 2013

04 janeiro, 2013 14:19  
Blogger Lima said...

Deixo-vos deliberar se estas “verdades” se podem aplicar ao nosso País.
Por terras de França, elas são de uma actualidade gritante.

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- Não é obrigando os ricos a não ter sucesso
que podemos exigir aos pobres de os ter.

- O que uma pessoa recebe sem para isso ter trabalhado,
outra o trabalhou sem ter recebido a devida recompensa.

- Se um governo dá algo a uma pessoa,
é porque o tirou a outra.

- Quando meia nação vive na a ideia que não precisa de trabalhar
porque tem a outra metade que se ocupa dela,
e quando a outra metade compreende que não vale a pena trabalhar
porque outros colherão os frutos desse trabalho,
é o País que está perdido.
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04 janeiro, 2013 15:01  
Anonymous Sousa said...

Pois bem, amigo Lima, só que os vermelhos querem que os outros trabalhem para eles chularem, juntamente com a pandilha que tem passado pelos sucessivos governos...
Os que trabalham,ou trabalharam,estão a ser expoliados, do quinhão de sacrifícios de muitos anos, para benefício dos cães vadios que nunca contribuiram, para uma sociedade mais digna e justa.
BANDIDOS!!! LADRÕES!!! CANALHAS!!!

04 janeiro, 2013 23:45  
Anonymous Mário Neiva said...

Meu caro Lima,

por estas terras de Portugal podemos ouvir a mesma cantilena e de forma persistente.
Eu sou do outro tempo, aquele tempo em que nem tu nem eu tivemos de ouvir aquelas “sábias” sentenças, porque nessa altura não existia esta aberração de "meia nação" parasitar a outra metade.

Eu e tu somos do tempo em que era impensável um governo dar a alguém, aquilo que sacara de outro alguém.

Eu e tu somos do tempo em que não acontecia uma pessoa trabalhar e outra aproveitar-se do seu trabalho sem nada fazer.

Finalmente, eu e tu somos do tempo em que não se obrigava os ricos a ter sucesso, mas se exigia aos pobres serem bem-sucedidos: desenrasquem-se!

Hoje, segundo a voz corrente (?) em França (dizes) e em Portugal (ouço eu), vivemos um mundo ao contrário.

Vi de tudo, ao longo desta minha vida que se aproxima dos setenta anos. Podia ter dado mais à sociedade mas, sem o mínimo sentimento de culpa, estou consciente de que dei o que podia ter dado e de acordo com o "equipamento" de que fui dotado à nascença. Este "equipamento" primordial rendeu aquilo que rendeu, mas isso não dependeu exclusivamente de mim. Bem longe disso. Foi a sorte do nascimento, do meio familiar, do meio social e do cantinho da Terra que me coube da herança global. Um privilegiado, comparando com tantos , de tantas sociedades, de tantos lugares "malditos" da nossa querida Terra Mãe.

Mesmo neste "cantinho abençoado", que para mim foi de verdade, sempre soube de gente vivendo nas margens, à minha volta. Vi-os. Nunca me vou esquecer de um amigo de infância, vizinho, "pobre de pedir", que os havia na minha aldeia de Balugães do verde Minho, nem do dia em que, à tardinha, me apareceu com lágrimas nos olhos, lágrimas de fome, porque naquele dia não conseguira esmola alguma e ainda estava em jejum! Corri a casa e trouxe-lhe um pedaço do pão que em minha casa nunca faltou.

Esta criança faria parte da "meia nação que não precisa de trabalhar, porque a outra metade compreende que não vale a pena trabalhar"…

Num tempo em que se fala dos "direitos do homem" e que contrasta flagrantemente com o tempo em que só se falava dos "deveres do homem", os saudosos desse passado propalam estas superficialidades, pretendendo travesti-las de sabedoria. Um pouco de bom senso far-lhes-ia ver que o primeiro e fundamental dos "direitos humanos" é o direito à vida. Mesmo que um ser humano, por razões que nós não fazemos ideia e não compreendemos, se mostre "indigno" deste direito, é dever de um outro ser humano, consciente da dignidade de ambos, cuidar do direito à vida desse "parasita", como o médico cuida de um doente.
Não eu e tu, que somos pouco, mas o Estado. Para o efeito, dito Estado Social. No fundo, é esta “novidade” dos tempos de agora que os sábios autores daquelas sentenças pretendem atingir.

Chamo, a este Estado Social, humanismo. Talvez seja mesmo a metade consciente da nação a cuidar da metade “doente” que a parasita.

E, para aqueles que são cristãos, recordo, citando de cor o Evangelho": "Não vim para os que estão sãos, mas para os que precisam ser curados".

E como precisam de ser curados os "parasitas"! A primeira coisa a fazer é não os deixar morrer à míngua.
Até um cão recolhemos num canil. "E um homem vale mais que um jumento" (de novo o Evangelho cristão).

Por fim: há duas formas de desparasitar a sociedade humana; educar os homens ou exterminá-los.
Façamos a escolha humanista, que novas formas de nazismo parecem andar à espreita.

05 janeiro, 2013 19:35  
Anonymous Anónimo said...

E digo mais, enquanto derem os rendimentos mínimos, a gente com bom caparro para trabalhar, não vamos deixar de ter os novos pobres de pedir que se habituaram a nada fazer, enquanto alguém trabalha e desconta para eles...

05 janeiro, 2013 23:40  
Anonymous Mário Neiva said...

Caro anónimo,existe, hoje, uma nova e estranhíssima forma de vida, em que muitas pessoas decidiram deixar-se viver na indolência, na desmotivação, no desinteresse, mais vegetando que vivendo e, ainda por cima, exigindo da sociedade o sustento dessa existência degradada. E que propomos nós, que somos a outra metade consciente e realizadora? Deixá-los entregues a si mesmos ou promover a sua recuperação?
Nós sabemos que essa gente, seja por que motivo for, não conseguiu ajustar a sua realização pessoal à forma de ganhar o seu sustento, tendo de agarrar o primeiro emprego que lhe apareceu pela frente, para poder ir vivendo. Em muitos destes casos, sim, as pessoas queriam mesmo "emprego" e não "trabalho". Por isso, a acusação que se ouve por aí, a toda a hora, corresponde inteiramente à verdade. Mas também é verdade que, se atentarmos bem, acabamos por descobrir que o "emprego" desajustado da realização pessoal sonhada se transformou numa certa forma mitigada ou "civilizada" da antiga escravatura: uma actividade forçada para sobreviver. E o resultado é este, de uma enorme massa de desmotivados, os tais que se "habituaram a nada fazer, enquanto alguém trabalha e desconta para eles".
Que sabe, bem lá no íntimo de cada um, ainda estejam à espera de quem os ajude a encontrar uma saída para a triste dependência alienada em que caíram.
O que não ajuda mesmo nada é tratá-los como a escória da sociedade. Porque, no fundo, continuam a ser gente. E como lhe disseram, um dia, na escola, na missa ou no palco politico, que eram gente com “direito à vida”, vão exigindo ser tratados como tal.
Mas parece que "os bons da sociedade" não toleram tal "petulância"!

06 janeiro, 2013 22:09  
Blogger Lima said...

“Em muitos destes casos, sim, as pessoas queriam mesmo "emprego" e não "trabalho". Por isso, a acusação que se ouve por aí, a toda a hora, corresponde inteiramente à verdade.”
---
Dizes bem e agrada-me que vejas essa realidade despida de conceitos preconcebidos. E não quero dizer com isso que essa parte da sociedade tenha de ser culpada por alguma coisa. Como também não vejo quem pode tratá-la como a “escória da sociedade.”

Ao mesmo tempo não acredito que a melhor maneira de “recuperar” esta parte da sociedade seja de lhe oferecer, sem contrapartida, o conforto da vida que outros têm à força de vontade e de trabalho. O seu direito à vida, tanto reclamado, é indiscutível, mas... (lembra-me as palavras do evangelho onde se diz: “… que cada um receba segundo as suas obras...”, embora as recomendações dos sábios estejam hoje esquecidas na sociedade moderna). Pensando na forma mais adequada para ajudar os desfavorecidos, não posso deixar de pensar à conhecida história da cana de pesca: (… para matar a fome, de uma maneira sustentada, às populações dos países subdesenvolvidos não lhes dêem dinheiro para comprar peixe , mas sim canas para ir à pesca).

“Direito à vida” é um conceito largo, sujeito a formulações diversas. Passando do colectivo ao individual: que direito à vida pede o deprimido que se atira abaixo da ponte?

Pergunto:
A forma mais eficaz de um humanismo tão reclamado não seria de inculcar nas populações em dificuldades, a vontade, a força psicológica, a maneira de agir, a crença nas sua capacidade para enfrentar as adversidades da vida, o orgulho do “EU” que nos habita? E evidentemente, fornecer-lhes em paralelo as possibilidades administrativas, e em certos casos materiais, para que os seus projectos possam ter sucesso.

Não será esse o primeiro dever de um verdadeiro Estado Social?
Não será esse o primeiro sentido do conceito “direito à vida”?

07 janeiro, 2013 13:09  
Anonymous Mário Neiva said...

Não podia estar mais de acordo contigo, meu caríssimo Lima. Por isso nos entendemos tão bem, nas conversas dos nossos encontros, a que se associa a tua Isabel, interventiva e mulher por inteiro como gosto de ver.
Assim mesmo: providenciar a cana para pescar e não o peixe pescado, amanhado e cozinhado para engolir...Isso faz-se aos porcos ou frangos para a engorda.
Daí que "a forma mais eficaz de um humanismo tão reclamado (...) seria inculcar nas populações em dificuldades, a vontade, a força psicológica, a maneira de agir, a crença na sua capacidade para enfrentar as adversidades da vida...". Dizes, e eu não saberia dizer melhor. Em vez do termo "inculcar" eu utilizei a perífrase "promover a recuperação" dessa multidão de gente passiva desmotivada.
O famigerado "rendimento mínimo" e outras prestações sociais do género devem ser considerados uma espécie de "pensos rápidos" ou "primeiros socorros", até que todos tenham oportunidade de uma "cana para pescar" ou como último e único recurso daqueles que já nem a cana conseguem segurar nas mãos, em razão do seu estado de extrema fragilidade física ou psicológica.

Infelizmente, o que a gente ouve e vê é a crítica cega aos apoios sociais na sua generalidade, como se os seus beneficiários fossem uma cambada de malandros, uma escória da sociedade, uns infra-humanos por inteira responsabilidade sua. Estes críticos nunca param um momento para reflectir sobre o por quê daquela gente desmotivada e alienada ter chegado àquele estado. Normalmente, agitam casos conhecidos e reconhecidos de compadrios, de cunhas e até corrupção, para condenar todo o sistema de solidariedade do Estado.

Se quisermos citar o Evangelho, Lima, podemos recordar até que ponto a "justiça de Deus" diverge da "justiça dos homens" e como esta justiça encaixa perfeitamente no tema da solidariedade humana de que estamos a falar: sem "mexermos uma palha" e sem mérito algum fomos contemplados com a dádiva da vida!
Mas parece que este Evangelho é duro de mais para os nossos ouvidos "justiceiros".

07 janeiro, 2013 14:56  
Anonymous Anónimo said...

Mas a cana de pesca tem de ser procurada..., carago!!! Se milhares vão por esse mundo fora ganhar o pão de cada dia. Se a pátria não tem recursos pelos motivos que todos sabemos (gatunagem), porque roubam, a uns, o pouco que teem e que amealharam durante décadas de trabalho, para agora sustentarem os gajos de bom caparro com disse acima, não me referi aqueles pobres de espírito que não sabem mais e até não são de esperteza saloia, como os outros gamadores...
Receberem o rendimento mínimo de dia e gamarem à noite, é o que vemos em cada esquina, nesta sociedade que dizem democrática.
Digo mais, o que os democratas roubaram, desde o 25 de Abril para cá, dava para comprar muitas canas de pesca, para os tais miseráveis desafortunados. E esta afonso...

07 janeiro, 2013 21:38  
Anonymous Mário Neiva said...

Senhor anónimo, não sei o que entende por "dar a cana de pesca (em vez de dar o peixe)". A velhinha e sábia sentença deixa entender que é dotar as pessoas de capacidades e meios para a pescaria, que é a luta pela vida. E todos sabemos que na "lotaria do nascimento" uns vêm mais dotados que outros. Um dos melhores dons (dotação) com que se pode nascer é a capacidade de iniciativa, um "quase vício" do trabalho, que tanto pode ser para executar com empenho e eficácia trabalhos rotineiros, como para desenvolver uma actividade empreendedora, capacidade patenteada pelos grandes e pequenos empresários.

Nós não saímos da "fábrica da vida" como peças iguaizinhas a encaixar numa sociedade como se fosse um puzzle.

Imagina-te a receber a dita cana de pesca ou, como preferes, a fazer tudo para arranjar uma pelos próprios meios. No teu caso, era preciso que à partida fosses dotado de suficiente capacidade de iniciativa para a procurar...Vamos supor que nasceste com essa capacidade. Vais à pesca. Acontece que outros chegaram ao rio ou ao mar antes de ti e muitíssimo melhor apetrechados (dotados). Resultado: apesar da tua iniciativa e da tua bela cana de pesca, fracassas na empreitada da vida, enquanto os teus competidores regressam do mar com montanhas de pescado...
É aqui, anónimo, que entra o conceito de cidadania, com os seus direitos e deveres dos cidadãos, como forma de evitar a pura competição, onde vinga a lei do mais forte (dotado). Porque à partida, à nascença, ninguém é igual a ninguém.

Aqueles que, como escreves, "recebem o rendimento mínimo de dia e gamam à noite" estão num patamar de quase infra-humanos e a precisar, mais do que nunca, de quem os dote de uma "cana de pesca", isto é, de capacidades e meios para enfrentar a vida.

O que nós fazemos ou somos tentados a fazer é marginalizá-los e condená-los e só não os exterminamos como ratazanas inúteis e prejudiciais à sociedade porque "parece mal". E se nos "parece mal" exterminá-los, já consideramos que é muito "bem feito" entregá-los à "vida que escolheram".

Há aqueles que pensam, por razões de fé ou de filosofia humanista, que esta gente desmotivada, indolente, parasita e abandalhada deve ser objecto de particulares cuidados por parte da lúcida, consciente e laboriosa gente, a qual, supomos sempre, somos nós outros.
Como crentes ou como humanistas, que pensamos da cidadania? Sim, porque nós vivemos, mais do que nunca, na “polis”, na cidade. Em sociedade, como se diz vulgarmente.

08 janeiro, 2013 12:23  
Anonymous Anónimo said...

Quando entrei para o Seminário Missionário Carmelita, na Falperra,se não estou enganado, em 1955, os padres que lá estavam eram:
Pe. Lourenço Maria Antunes (reitor), Pe. Atanásio, Pe. Casimiro e Pe. Elias Maria Manso.
Penso não estar enganado. Algém me saberá dizer o destino desles?
Obrigado.

08 janeiro, 2013 21:53  
Anonymous Anónimo said...

Vai dando a tua cana e o teu peixe, a ver se ganhas o céu dos carrochos, porque farto de moralistas sndo eu e de malandros e parasitas também...

08 janeiro, 2013 22:50  
Blogger Lima said...

Já, com certeza, ouviste dizer Anónimo, que é preciso de tudo para fazer um mundo. Moralistas, malandros, parasitas... políticos... e pessoas que pensam como tu. É a sociedade que temos. Fazemos parte dela.

09 janeiro, 2013 08:47  
Blogger Lima said...

Só mais algumas reflexões sobre a conversa que vínhamos a ter. O Mário tem razão, o Anónimo tem uma certa razão... e eu contentava-me com meia razão. Por outras palavras: o problema é complexo. O que caracteriza uma sociedade envolve uma multitude de causas, acontecimentos, factores imponderáveis, efeitos insuspeitos, e tudo isso numa complexidade que não pode ser reduzida a um, ou a meia dúzia de casos simples. Para tentar compreender a realidade da vida, com um mínimo de bom senso, é preciso partir do global, decompor em partes e analisar o todo na sua complexidade.
Fácil de deduzir, que não é tarefa que um moralista, idealista ou qualquer filósofo barato possa resolver sozinho, por muito forte que seja a sua vontade ou a sua força de convicção.
Que não seja, porém, e não pode ser, motivo para baixar os braços, ficar calado e deixar andar. Os grandes projectos partem, quase sempre, de ideias simples, que, formando um todo coerente, e alimentadas pela força da vontade, crescem e produzem resultados à partida improváveis.

Desta complexidade de que falamos, na minha modestíssima reflexão, destaco três ideias simples:
- A primeira é que a grande vala dos marginalizados da sociedade não é só constituída, pelos deserdados da natureza, ou pobres de espírito. Também aí vegetam uma multitude de outros párias que os infortúnios da vida não poupou.
- A segunda é que, tanto uns como outros, não precisam da nossa compaixão, mas da nossa compreensão.
- A terceira diz respeito a esta tendência egocêntrica e masoquista que temos, (nós, os portugueses),de considerar que o infortúnio e a miséria que nos assolam, são sempre superiores aos do vizinho, quando não são da sua própria culpa.

Tive, há dias, entre as mãos um livro de um jornalista Alemão, que relata histórias por ele recolhidas durante os cerca de três anos que passou entre os excluídos da sociedade, os SDF, os sem abrido, na sua Alemanha natal. (Günter Wallraff - “Parmi les perdants, dans le meilleur des mondes”). Livro edificante num realismo sem concessões. São histórias verdadeiras de homens e mulheres para quem a vida foi madrasta e que, de repente, se encontraram, vagabundos pelas ruas, à procura de um abrigo. Diz o autor, ( o livro foi editado em 2010), que, só os inscritos nos centros de acolhimento, (porque os não inscritos, são simplesmente ignorados), são mais de 350.000.

Isto, meus amigos, passa-se na grande e próspera Alemanha.

Na orgulhosa França o cenário não é melhor. Vejamos só alguns números da actividade no ano de 2012 da conhecida associação de beneficência “Les Restos du Coeur”, criada pelo saudoso artista cómico ”Coluche”:
- Pessoas assistidas: 870.000
- Benévolos implicados: 63.000
- Refeições servidas: 315 milhões
- etc, etc;

Note-se que esta associação é leiga, independente de qualquer tendência religiosa: o verdadeiro humanismo do homem para o homem.

E a minha cunhada que ainda há pouco me dizia irritada: se abandonámos a religião, o que vai ser da moral?

09 janeiro, 2013 13:21  
Anonymous Mário Neiva said...

Breve lição de um Prémio Nobel da economia:
Paul Krugman, The Big Fail¹
_______
"A economia não é como um lar. Uma família pode decidir gastar menos e tentar ganhar mais. Mas numa economia como um todo, gastos e ganhos condizem: o meu gasto é rendimento teu; o teu gasto é rendimento meu. Se toda a gente tentar cortar os gastos ao mesmo tempo, os rendimentos cairão — e o desemprego subirá.’
-------
Na Europa o desemprego vai em 26 milhões de desempregados. Mal vai a nossa economia...

Uma das grandes certezas que vamos tendo nas últimas décadas é a de que tudo está relacionado com tudo. Num comentário anterior eu afirmei que ninguém enriquece sozinho e ninguém empobrece sozinho. Quem afirmar o contrário não sabe lá muito bem o que está a dizer.
Tanto as sociedades locais como a sociedade global têm de ser pensadas e estruturadas baseadas naquela verdade fundamental.
Nesta hora de crise e de tentativa de ajustamentos é indispensável ater-nos a evidências como essa.

É tempo de desmistificar as meias-verdades que se querem fazer passar como sabedoria e justiça, do género desta: "tudo o que tenho é meu, porque é fruto do meu talento e trabalho".

Este é o paradigma das "meias-verdades". E uma falácia.

O óbvio:
-a vida que recebemos não é fruto do "meu trabalho"

-a sociedade em que calhamos nascer, aqui e agora, é obra comum da civilização humana como um todo, para o melhor e para o pior.

Na hora da proclamação dos direitos inalienáveis da pessoa humana, enquanto pessoa e enquanto individuo, não esquecer que as nossas raízes primeiras estão física, química, psiquica e mentalmente interligadas e entrelaçadas. O conhecimento e a consciência humana permitem-nos esta visão profunda e abrangente e nós devemos seguir na esteira das suas revelações. A esta luz bem poderíamos concluir: quanto mais solidária e consciente a nossa actividade, mais humana ela será e mais consentânea com a nossa natureza mais profunda.

O individualismo egoísta vai no sentido oposto da sabedoria, do humanismo e também da verdade mais profunda do SER. Isto não tem nada a ver com "moralismos". Tem a ver, sim, com a essência do que "somos". Ninguém se deve imaginar como um “eu” autónomo de tudo e de todos. O nosso eu mais íntimo e elaborado precisa tanto do corpo-cérebro para existir e se afirmar, como o próprio corpo-cérebro carece de ar e de pão para respirar e viver. E logo aí, no corpo, temos de contar com a solidariedade de tudo e de todos para, basicamente, começar a SER.

Fazendo a ligação à abertura deste comentário: além das "contas" da economia, temos de colocar em cima da mesa as "aquisições" da filosofia, que são complementares e não antagónicas.

09 janeiro, 2013 15:10  
Anonymous Sousa said...

Nos tempos que correm quem precisava de uma cana de pesca pelo c. acima, era a pandilha do ps e psd que arruinaram Portugal, a coberto da democracia...
Venha outro 25 de abril com fogo certeiro,sem os deixar fugir, nessa cambada de ladrões que deixaram o povo depenado e sem futuro para os nossos jovens.
De que servem lições de moral e palavras bem colocadas e bonitas,se a situação só vai mudar a ferro e fogo.Eu já não tenho dúvidas e apesar da idade, ainda sei apontar para dar alguns balázios, naqueles que roubaram o Portugal, agora hipotecado.

10 janeiro, 2013 00:23  
Anonymous Anónimo said...

Apesar da idade parece que não tens juizo nenhum, Sousa.

10 janeiro, 2013 12:28  
Anonymous Sousa said...

Tens tu muito juizo, a pregar aos anjinhos, ou peixinhos!...
Deixa-te de lérias e olha o mundo real, sem essas moralidades que infelizmente, já não levam a lado nenhum...
Deves estar bem instalado e certamente também pertences aos gamadores, para estares tão feliz com a situação que estes democratas gatunos criaram no país...

10 janeiro, 2013 12:59  
Anonymous Mário Neiva said...


A propósito da entrada do Lima Barbosa, que nos remetia para declrações de Frederic Lenoir. Penso que se trata da mesma entrevista a que se referia o Lima.

Que futuro para Deus?
por ANSELMO BORGES (Diário Noticias 12.01.2013)



É sobre o tema em epígrafe que Marie Drucker publicou uma entrevista com Frédéric Lenoir, da École des Hautes Études en Sciences Sociales, Paris. Faz parte do livro Dieu (Deus).

Alguns indicadores estatísticos. Actualmente, dois terços da população mundial confessam acreditar em Deus. O outro terço reparte-se entre as religiões sem Deus (religiões chinesas, budismo, animismo, xamanismo...) e uma pequena parte que se declara sem pertença religiosa (menos de 10% da população mundial, principalmente na China e nos países europeus descristianizados).

Mesmo se a fé está a diminuir progressivamente desde há várias décadas, cerca de 90% dos americanos e dois terços dos europeus acreditam em Deus. A França e a República Checa constituem excepção, pois são os países que contam hoje com a taxa mais elevada de ateus na Europa. De qualquer modo, mesmo na França, a fé em Deus resiste melhor do que a pertença religiosa e permanece estável: 52%.

As projecções para 2050 dizem que os cristãos passarão de dois mil milhões para três mil milhões; os muçulmanos, de mil e duzentos milhões para dois mil e duzentos milhões; os hindus, de oitocentos milhões para mil e duzentos milhões; os budistas, de trezentos e cinquenta milhões para quatrocentos e trinta milhões; os judeus, de catorze milhões para dezassete milhões.

Estes números não consideram, evidentemente, "evoluções internas profundas" que as mentalidades podem vir a conhecer nem catástrofes ou agitações excepcionais. Segundo a evolução das mentalidades, é a Europa que indica a tendência: "uma secularização crescente, sem que a fé em Deus se afunde. Assim, as religiões terão cada vez menos domínio sobre as sociedades e serão cada vez mais numerosos os indivíduos a declarar-se sem religião, sem que isso signifique o fim da fé em Deus." Acentua-se, portanto, aquele movimento que os sociólogos caracterizam como "crer sem pertencer", emancipação progressiva dos indivíduos em relação às instituições religiosas, mas continuando a ter fé em Deus ou uma espiritualidade pessoal".

O meu comentário:

Pessoalmente, penso que, enquanto houver consciência humnana do mistério que envolve o Universo, a fé vai persistir e tenderá mesmo a a aprofundar-se. O que vai acontecer, naturalmente, é o abandono de crenças ingénuas e fantasiosas, que darão lugar, cada vez mais, a um sentimento de espanto maravilhado e comunhão profunda com o mistério universal, que há-de resultar do conhecimento. Isso mesmo: do conhecimento.
Poder-se-á chegar a um ponto em que se considerará, definitivamente, que aprofundar o conhecimento do universo corresponderá ao aprofundar o conhecimento daquilo que sempre foi designado por "Deus".

12 janeiro, 2013 20:06  
Blogger Lima said...

A respeito de indicadores estatísticos, tão em voga nos nossos dias, e, especificamente em relação às religiões de que fala o Mário, acabo de receber um documento a circular pela Internet, que pode não conter a verdade absoluta, mas merece reflexão.
O documento alerta para uma expansão da religião muçulmana na Europa, e apresenta uma série de afirmações, que, não sendo isentas de parcialidade, trazem à luz uma realidade que outras religiões fingem não ver.

Eis aqui alguns extractos:
--------------------
- 90% dos aumentos da população na Europa desde 1990, foram devido a uma imigração muçulmana. Em França, o francês de origem, tem 1,8 filhos por família, um muçulmano 8.

- No sul da França, tradicionalmente uma das áreas do mundo onde existiam mais igrejas, actualmente existem mais mesquitas do que igrejas.

- Em França, 30% das crianças de 0 a 20 anos são muçulmanas. E nas grandes cidades como Paris, Marselha e Nice, este numero sobe para 45%.

- Em apenas 39 anos, a França será uma República Islâmica...

- Nestes últimos 30 anos, a população muçulmana da Grã-Bretanha cresceu de 82 000 para 2,1 milhões...

- Na Holanda 50% dos recém-nascidos são muçulmanos e em apenas 15 anos, metade da população da Holanda vai ser muçulmana.

- Na Rússia, há mais de 23 milhões de muçulmanos, 1 russo sobre 5... 40% do exército russo será muçulmano dentro de poucos anos.

- Actualmente na Bélgica, 25% da população e 5% de todos os recém-nascidos são muçulmanos.

- O Governo belga declarou recentemente que um terço das crianças nascidas na Europa em 2025 nascerão numa família muçulmana.

- O governo alemão, declarou abertamente: "o declínio da população alemã já não pode ser interrompido. Esta espiral regressiva já não pode ser invertida... A Alemanha será um estado islâmico por volta do ano 2050".

- Os cerca de 50 Milhões de muçulmanos que vivem hoje na Europa farão dela um continente muçulmano dentro de algumas décadas...
--------------------

Acrescento que foi recentemente confirmado por fontes próximas du Vaticano que a religião muçulmana já ultrapassou a católica em numero de fiéis.

14 janeiro, 2013 11:48  
Anonymous Mário Neiva said...



A César o que é de César...

Os números que o Lima refere podem ser verdadeiros. Penso que se não acontecer uma evolução interna profunda no islamismo, que provoque um fenómeno semelhante à laicização da Europa cristã, podemos estar a braços, no médio ou longo prazo, com uma situação explosiva, que pode conduzir a um holocausto apocalíptico. Talvez mesmo o fim da História tal como a conhecemos.

A Europa começou, definitivamente, a tornar-se laica desde que estabeleceu a separação de poderes entre Estado e Fé.

“A César o que é de César e a Deus e o que é de Deus”.

A Revolução Francesa foi o corolário inevitável da “separação de poderes” implícita naquele versículo evangélico. Depois, veio uma segunda fase em que os cristãos interiorizaram que o homem não pode ser “partido ao meio”, considerando as coisas da alma para Deus e as coisas do corpo para César.

Assim, sobretudo a partir da segunda metade do século XX, descobriram que não era possível separar o que estava intrinsecamente unido –o corpo e o espirito- entregando, à vez, um, aos cuidados de César e outro aos cuidados de Deus. E começaram a organizar as leis e as estruturas da “polis” segundo esta revolucionária verdade.

Mais uma vez, a chamada civilização cristã ocidental seguia na vanguarda.

O drama que agora se coloca ao mundo e, muito especialmente, à Europa, é o atraso ou recusa, pura e simples, por parte dos islamitas, desta cultura da separação de poderes de Deus e de César.
Em França, a chamada guerra do “véu islâmico” é um ligeiro afloramento do problema grave que lhe subjaz: a confusão entre César e Deus. Confusão essa que começa dentro do islamismo e depois choca, naturalmente, com uma sociedade plural que a cultura “cristã ocidental" (e não só) proclama nos direitos universais da pessoa humana.
De cada homem e de cada mulher. E de cada criança, pois claro.

14 janeiro, 2013 15:35  
Anonymous Mário Neiva said...



De
Guerra Junqueiro
"Aos simples"

Ó crentes, como vós, no íntimo do peito
Abrigo a mesma crença e guardo o mesmo ideal.
O horizonte é infinito e o olhar humano é estreito:
Creio que Deus é eterno e que a alma é imortal.

Toda a alma é clarão e todo o corpo é lama.
Quando a lama apodrece inda o clarão cintila:
Tirai o corpo - e fica uma língua de chama
Tirai a alma - e resta um fragmento d'argila.

....

Tenho uma crença firme, uma crença robusta,
Num Deus que há-de guardar por sua própria mão
Numa jaula de ferro a alma de Locusta,
Num relicário d'ouro a alma de Platão.

Mas também acredito, embora isso vos pese,
E me julgueis talvez o maior dos ateus,
Que no Universo inteiro ha uma só diocese
E uma só catedral com um só bispo - Deus.

E muito embora a vossa igreja se contriste
E a excomunhão papal nos abrase e destrua,
A análise é feroz como uma lança em riste
E a verdade cruel como uma espada nua,

Cultos, religiões, bíblias, dogmas, assombros,
São como a cinza vã que sepultou Pompeia.
Exumemos a fé desse montão de escombros,
Desentulhemos Deus desse aluvião de areia.

E um dia a humanidade inteira, oceano em calma,
Há-de fazer, na mesma aspiração reunida,
Da razão e da fé os dois olhos da alma,
Da verdade e da crença os dois pólos da vida.

A crença é como o luar que nas trevas flutua;
A razão é do Céu o esplêndido farol:
Para a noite da morte é que Deus nos deu Lua
Para o dia da vida é que Deus fez o Sol.


O meu comentário

Este enorme poeta português do inicio do século passado foi tudo menos um blasfemo e um incréu. O que ele não suportou foi um Evangelho servido em relicários de ouro, enquanto o verdadeiro -o da vida e da esperança da ressurreição- era escondido ou negado "aos simples". Ele, Junqueiro, não foi no lôgro. E pagou bem caro por não ter adorado ou venerado o precioso e antigo "relicário".

17 janeiro, 2013 15:01  
Anonymous Mário Neiva said...


Os últimos carmelitas

Acabei de ler no nosso site o breve historial da Ordem do Carmo em Potugal depois da restauração, iniciada nos primeiros anos da década de trinta do século passado. Foi um recomeço penoso e a informação final de que ao campo tradicional da sementeira (Seminário Sameiro)não chegam sementes novas, faz adivinhar a extinção da Ordem em Portugal.
Assim, os religiosos vivos serão os últimos e não terão a quem passar o testemunho.
Por outro lado, se repararmos na realidade da vida dos actuais membros, na sua quase totalidade sacerdotes, verificamos que eles assumiram tarefas patorais, por força da carência de pastores nas dioceses, em claro prejuizo da vida conventual, a caracteristica fundadora da Ordem. Ou seja, de facto, a Ordem do Carmo enquanto ideal monástico já se extinguiu.

Também li, nesse breve historial, que são os mais antigos do ex-alunos carmelitas a manter viva a lembrança dos anos mais pujantes da restauração da Ordem em Portugal. De certo modo, nós, os ex-alunos mais antigos, alimentamos a chama da Ordem e seremos nós também os últimos que testemunharam o renascimento e o fim da saga da restauração de uma instituição centenária em Portugal.

Quando comparecemos, anualmente, em Fátima, no Sameiro ou no Magusto, estamos a celebrar, em espirito e em verdade, o ideal monástico carmelita. De outra modo, é certo; à nossa maneira; da forma que inventamos; da forma que quisemos. Mas foi ainda a Ordem que nos reuniu para o abraço, o convívio e a partilha do pão e do vinho, que eu um dia sonhei ver fundida numa só, a partilha, a da capela e a da sala de jantar, como nos tempos primitivos do cristianismo.
Façamos a festa da Ordem enquanto formos o seu corpo e o seu espirito, ainda que em "convento" de apenas um dia no ano. Porque,
"onde dois ou três se reunirem em meu nome..."

17 janeiro, 2013 15:58  
Anonymous Américo Lino Vinhais said...

Não me parece que a Ordem se extinga assim tão facilmente pois se até resistiu à fúria liberal do séc. XIX, porque não haverá de resistir agora.
Como se sabe extinguiram-se os conventos em 1834 mas várias Ordens Terceiras sobreviveram até aos nossos dias e algumas delas de excelente saúde como é o caso de Lisboa, Viseu, Setúbal e Felgueiras.
O facto de vários sacerdotes estarem à frente de paróquias até me parece vantajoso pois, assim, poderão levar a sua mensagem a mais pessoas. De tudo quanto sei de algumas conversas informais nos encontros da UASP a crise está a levar mais gente para a preparação sacerdotal que, provavelmente, acontecerá também nos carmelitas. Esperemos que sim.
O resumo histórico da Ordem em Portugal publicada na nossa página é da minha inteira responsabilidade e foi publicada porque o presidente da UASP o pediu a todas as associações.
Este é um tema interessante e seria bom que mais gente emitisse a sua opinião quanto à vitalidade da Ordem.

17 janeiro, 2013 21:48  
Anonymous Mário Neiva said...

Isso mesmo, venham mais opiniões.

Diz o Lino que nos encontros da UASP corre a ideia de que "a crise está a levar mais gente para a preparação sacerdotal". Acredito. Só espero que não seja gente, mais à procura de emprego do que resposta ao chamamento da perfeição evangélica.

As numerosas "vocações" que enchiam os seminários no nosso tempo eram, de facto, crianças ou os seus pais que viam nos seminários a única forma de conseguir um pouco mais que o universal diploma da "quarta classe", o diploma dos pobres,remediados e até mais que remediados, sobretudo do imenso e esquecido mundo rural.

E tanto isto era verdadeiro e evidente que a hierarquia da Igreja, em retaliação vergonhosa, arrancou do poder político uma lei que anulava os estudos obtidos nos seminários para efeitos de prosseguimento da carreira académica.

Falta um pedido de perdão aos antigos seminaristas, vítimas desse conluio da hierarquia com o diabo.

Não estrei muito errado ao admitir que o famigerado conluio gerou uma pequena multidão de revoltados contra a Igreja católica. De pais e filhos que, possivelmente, nem a verdade toda conheciam acerca deste convénio iníquo.

Oh tempore! Oh mores!

18 janeiro, 2013 08:03  
Anonymous Mário Neiva said...


Primavera Arabe? Qual? Como? Onde?

«A egípcia Nadia Mohamed e os seus sete filhos foram condenados em tribunal a 15 anos de prisão, em Beni Suef, no centro do país, por se terem convertido ao Cristianismo.


Nadia foi criada e educada na fé cristã mas converteu-se ao Islão quando se casou, há 23 anos, com Mohamed Abdel-Wahhab Mustafa. Porém, quando o marido morreu, decidiu reconverter-se à sua antiga religião, bem como todos os filhos.» [CM]

18 janeiro, 2013 09:48  
Anonymous Américo Lino Vinhais said...

Parece claro que a grande quantidade de seminaristas que enchiam os seminários em meados do século passado não procurava o sacerdócio pois é difícil aos dez, onze anos saber o que se quer a não ser um ou outro mais precoce.
Também está claro que o grande motivo do ingresso era a busca dos pais de uma vida melhor para os seus filhos. Mas nem sempre é claro que o motivo fosse adquirir conhecimentos e depois desertar. Falo pela minha experiência pessoal e de outros que conheço em que as respectivas famílias queriam muito que os seus filhos fossem padres até porque ser padre, na altura, era uma grande honra e certeza de uma vida melhor.
Está claro que é na puberdade que começam as dúvidas e então aí era feita uma selecção quase que natural. Não é difícil descortinar aos treze, catorze anos a inclinação do aspirante. Começavam aí, em regra, as grandes debandadas.
Mas tudo isso é natural e a própria igreja corria esse risco porque também sabe que para extrair umas gramas de ouro ou qualquer outro metal precioso é necessário remover montanhas e grandes investimentos.
Daqui concluo que os seminários de meados do século passado foram a semente de um grande desenvolvimento económico sem que o ministério da educação investisse, creio eu, um chavo com os seminários, que até lhes foram muito úteis. Foram os seminários que abriram os olhos a uma enorme quantidade de crianças do interior esquecido (então muito menos que hoje e posso prová-lo), despejando gente culta por esse país fora que, de outra forma não teria aspirado a outra coisa que não fosse um bom agricultor, pedreiro, carpinteiro ou qualquer outra profissão braçal, desembocando na emigração.
Não sei se o Mário Neiva tem ou não razão quando diz que a igreja católica arrancou do poder político legislação que impedia os ex-seminaristas de prosseguir os estudos nos estabelecimentos de ensino oficiais. No entanto, a menos que me seja indicada essa lei para a consultar, acho que não tem razão.
Efectivamente o que eu conheço é uma lei de 1939, o célebre (pelo menos para mim) Decreto 29.992, de 21 de Outubro, que permitia não só equiparar para prosseguir os estudos, mas também dar equiparação para o exercício de funções públicas. E muita gente beneficiou deste diploma eu incluído mas apenas para o exercício de funções públicas. Se calhar alguns dirão que eram umas equiparações “à Relvas”. Mas dependiam de despacho ministerial a requerimento do interessado que podia solicitar o efeito que pretendessem desde que dentro dos dois números do artigo 5º do diploma (i.e. equiparar para continuar estudos ou para exercer cargos públicos. Se calhar houve outra lei a limitar o alcance desta, mas desconheço). Eu pedi para o exercício de funções públicas e foi-me concedido com base num documento emitido pelo Padre Olavo.
Por outro lado quando saí, em 1966, já muitos seminários faziam os exames nos liceus e, penso, que a partir de 1967, também o seminário carmelita o passou a fazer o que até me parece normal mas que me leva a crer que tenha havido qualquer coisa a limitar as equiparações que referi.

21 janeiro, 2013 18:45  
Anonymous Anónimo said...

Penso que a hierarquia da Ordem tem uma parte muito grande de culpa na forma como orientou - no meu tempo - os jovens seminaristas: quase militarmente, afogando os jovens em orações e sacrifícios sem sentido, cerceando tanto quanto possível horas de convívio. Muitas vezes, estas eram substituídas por retiros em silêncio, castigos de toda a ordem e incumbências de limpeza nas diversas áreas, como: quartos, refeitório, salas de estudo, lavagem de talheres, etc., etc.
Quem isto ler, sabe que era assim nos longínquos anos de 50.
Tudo isso em vez da ALEGRIA DA CAMINHADA...
Depois deu no que deu e é a hora de chorar pelos erros...

21 janeiro, 2013 19:53  
Anonymous Mário Neiva said...

Em nada, no meu comentário, contradigo o que ficou estabelecido no decreto-lei que o Lino Vinhais refere, ou seja, equivalência de estudos só para exercício de funções e nunca para prosseguir os estudos. Por exemplo, os meus ex-condiscípulos na Falperra que saíam do seminário com o terceiro ou quinto ano, se queriam prosseguir os estudos, teriam de começar com o diploma da "quarta classe".
Ora, isto não tem nada a ver com "legislação que impedia os ex-seminaristas de prosseguir os estudos nos estabelecimentos de ensino oficiais" (Lino). Poder, podiam, mas tinham de começar do zero.

O que afirmo é que tal situação resultou de um acordo entre a Igreja e o Estado. Aliás, não podia ser de outra forma.

E em nenhuma linha ponho em causa o trabalho imensamente meritório das instituições religiosas que se substituíram, na prática, ao Estado negligente na formação dos seus cidadãos. Aliás, o mesmo aconteceu na área social, em que as instituições de caridade, como as misericórdias, colmatavam a total ausência de políticas sociais para os desvalidos da sociedade.

De certo modo, os seminaristas do meu tempo eram os "desvalidos da sociedade" no que dizia respeito à possibilidade de formação académica secundária, média e superior, por incapacidade financeira dos pais e insensibilidade política dos governantes.
Aos onde/doze anos, para os meninos de pais endinheirados abriam-se as portas dos liceus e universidades ou colégios de padres e de freiras. Para os "desvalidos", como eu e todos os meus colegas da Falperra, abriam-se as portas dos seminários.
Não vale a pena discutir pormenores, porque esta era a realidade generalizada de um Estado que se demitia de formar os cidadãos pobres e de uma Hierarquia da Igreja que aceitava, nos seus seminários, a dolorosa realidade de um ensino “menorizado” face ao ensino do Estado.

De facto, os seminários foram o “liceu dos pobres”, com tudo o que de bom isso representava para uma criança/jovem pobre sem alternativa, e para o “desenvolvimento económico” de que falou o Lino.
Diga-se em abono da verdade que um tal “sistema de ensino”, que esquecia as largas faixas de população pobre, nos foi deixando a quarenta anos de distancia de uma Europa desenvolvida.

E logo nós, a quem era ensinado, desde a primeira classe, sermos senhores de um império que ia do “Minho a Timor”.

Acredito que não havia propósito consciente e expresso dos nossos pais em "arrancar", dos seminários, habilitações que dessem futuro melhor aos seus filhos. Mas era como se fosse, por falta de alternativa. E a aprova é que, com o incremento generalizado da escola pública pelos quatro cantos do país, os “liceus dos pobres” ficaram desertos. E a reviravolta iniciou-se, como sabemos pela História recente, no consulado de Marcelo Caetano.
Claro que não será a única explicação. Mas, de certeza, é uma delas.

22 janeiro, 2013 11:19  
Anonymous Mário Neiva said...



E porque estamos a falar de ensino, aproveito para trazer aqui a carta de uma portuguesa emigrada na Holanda, que um dos meus amigos correspondentes me fez chegar por email. Como vi que a "esmola era grande", desconfiei e, antes de colocar neste blog a dita carta, informei-me, escrupulosamente, junto de um colega nosso AA, radicado na Holanda desde os anos setenta. Casado e pai de filhos, podia confirmar-me se era mesmo assim. Pois bem, confirmou tudinho. E que este cuidado extremo com a escola já vem, pelo menos, do século XIX.

Para ler e meditar.

"Desde que vivo na Holanda, terminou o pesadelo do regresso à escola?
30.09.2011 Helena Rico, 42 anos, Groningen, Holanda

"A propósito do desafio sobre os novos hábitos de poupança na abertura do ano lectivo, resolvi partilhar a minha experiência uma vez que vivo no norte da Holanda, onde tudo se passa de modo completamente diferente.

Em primeiro lugar, os livros são gratuitos. São entregues a cada aluno no início do ano lectivo, com um autocolante que atesta o estado do livro. Pode ser novo ou já ter sido anteriormente usado por outros alunos. No final do ano, os livros são devolvidos à escola e de novo avaliados quanto ao seu estado. Se por qualquer razão foram entregues em bom estado e devolvidos já muito mal tratados, o aluno poderá ter de pagá-los, no todo ou em parte.

Todos os anos, os cadernos que não foram terminados voltam a ser usados até ao fim. O contrário é, inclusivamente, muito mal visto. Os alunos são estimulados a reusar os materiais. Nas disciplinas tecnológicas e de artes, são fornecidos livros para desenho, de capa dura, que deverão ser usados ao longo de todo o ciclo (cinco anos).

Obviamente que as lojas estão, a partir de Julho/Agosto, inundadas de artigos apelativos mas nas escolas a política é a de poupar e aproveitar ao máximo. Se por qualquer razão é necessário algum material mais caro (calculadora, compasso, por exemplo), há um sistema (dinamizado por pais e professores, ou alunos mais velhos) que permite o empréstimo ou a doação, consoante a natureza do produto.

Ao longo do ano, os alunos têm de ler obrigatoriamente vários livros. Nenhum é comprado porque a escola empresta ou simplesmente são requisitados numa das bibliotecas da cidade, todas ligadas em rede para facilitar as devoluções, por exemplo. Aliás, todas as crianças vão à biblioteca, é um hábito muito valorizado.

A minha filha mais nova começou as suas aulas de ballet. Não nos pediram nada, nenhum fato nem sapatos especiais. Mas como é universalmente sabido, as meninas gostam do ballet porque é cor-de-rosa e porque as roupas também contam. Então, as mães vão passando os fatos e a minha filha recebeu hoje, naturalmente, o seu maillot cor-de-rosa com tutu, e uns sapatinhos, tudo já usado. Quando já não servir, é devolvido. E não estamos a falar de famílias carenciadas, pelo contrário. É assim há muito tempo.

O meu filho mais velho começará a ter, na próxima semana, aulas de guitarra. Se a coisa for levada mesmo a sério, poderemos alugar uma guitarra ou facilmente comprar uma em segunda mão.

Este sistema faz toda a diferença porque, desde que vivo na Holanda, terminou o pesadelo do início do ano. Tudo se passa com maior tranquilidade, não há a febre do "regresso às aulas do Continente" e os miúdos e os pais são muito menos pressionados. De facto, noto que há uma grande diferença se compararmos o nosso país e a Holanda (ou com outros países do Norte da Europa, onde tudo funciona de forma idêntica). Usar ou comprar o que quer que seja em segunda mão é uma atitude socialmente louvável, pelo que existem mil e uma opções. Não só se aprende desde cedo a poupar e a reutilizar, como a focar as atenções, sobretudo as dos mais pequenos, nas coisas realmente importantes".

22 janeiro, 2013 11:46  
Anonymous Américo Lino Vinhais said...

Não sei se houve ou não interferência da igreja junto do poder político de então no sentido de não levar à prática o que determinava o Decreto nº 29992, de 22.10.1939, subscrito por Salazar.
O que sei é que existia uma secção específica junto do Ministério da Educação que avaliava essas coisas competindo-lhe propor ou não as equivalências.
De resto até me parece normal que a igreja católica estivesse interessada em dificultar essas equiparações porque, convenhamos, os seminários destinavam-se a formar sacerdotes tendo em vista a pastoral evangélica e não lançar as bases para doutores ou engenheiros.
E não pensar assim, parece-me, é como que legitimar as licenciaturas do Relvas e do Sócrates, o político que não o filósofo. Também elas se fundam em experiências colhidas nos cargos e funções que foram exercendo, sendo tal qual como no decreto referido, avaliados por uma comissão ou conselho pedagógico ou qualquer outro órgão com fins semelhantes.
Se a frequência do seminário fosse a garantia de um diploma “civil” então é que os seminários não receberiam os tais rapazes desafortunados, porque os ricos, na sua ânsia de sempre ter mais, colocariam os seus filhos nos seminários para lhes ficar mais barato e então não haveria lugar para pobres.
Portanto, na essência, parece-me que as autoridades civis e eclesiásticas estiveram bem na tal concertação, se é que existiu.
Uma nota final:
No tempo em que saí, se bem me lembro, era possível a qualquer pessoa propor-se a exames nos liceus, o que de certo modo atenuava os efeitos do regresso à quarta classe se demonstrasse as competências adequadas em local próprio. Ou não era assim?

22 janeiro, 2013 14:31  
Anonymous Américo Lino Vinhais said...

Vejo, muitas vezes, diabolizadas as vivências nos seminários como execráveis e não recomendáveis para ninguém.
Também por lá andei e ainda me lembro que o meu número 79 era dos que mais vezes estava no quadro negro a informar que a minha cama estava mal feita. Lembram-se certamente não do meu número mas da mensagem que recebíamos logo à entrada para o primeiro estudo da manhã!
Quando acabava de a fazer parecia-me sempre que estava bem-feita, mas quando depois ia verificar lá estava um ou outro “alto” que reprovava o meu trabalho. Ou seria algum brincalhão que o estragava? Francamente não sei mas parece-me que, ainda hoje, sou pouco bom a fazer camas.
Em nada estes episódios me afectaram, pelo contrário. Ainda hoje não condeno uma única atitude dos meus superiores, mesmo quando fui achincalhado publicamente, porque hoje entendo que a mensagem não era só para mim. Conto o episódio em poucas palavras:
Como é natural aquela disciplina mexeu comigo e o tipo de alimentação também estava longe dos padrões que tinha em casa o que me levou a escrever aos meus pais um ou dois meses depois de ter entrado a dizer cobras e lagartos do seminário e que até me davam batatas com casca (leia-se mal descascadas), tentando convencê-los de que o melhor era ir-me embora. Não sei se todas as cartas eram lidas pelo reitor, mas a minha foi ou porque fossem todas lidas ou porque o Pe Pascoal lesse nas minhas atitudes algum tipo de descontentamento que necessitava ser vigiado. É então que no final da refeição da noite, como era hábito quando havia avisos a fazer, lá estávamos em roda a ouvir forte condenação às críticas que eram feitas ao seminário, que acabaram mais ou menos assim “até se queixam que as batatas são servidas com casca, não é Américo? Meus caros, o solo era de cimento senão ter-me-ia enterrado por ali abaixo. Ainda hoje sinto que as minhas queixas tinham algum fundamento incluindo as batatas mal descascadas, mas não passou de um episódio que me fortaleceu e trouxe vários ensinamentos.
Os seminários eram assim, os colégios internos eram assim, a tropa era assim e todos sabíamos que assim era. Quem não queria era livre de abandonar! Foi um tempo que recordo com saudade e que repetiria se me fosse possível.

22 janeiro, 2013 14:56  
Anonymous Mário Neiva said...

Meu caro Lino Vinhais, as críticas, em geral, devem fazer-se e, particulatmente, a crítica histórica faz-se para tirar lições que possibilitem uma sociedade melhor e instituições mais aperfeiçoadas. Em suma, que potenciem um humanismo crescente. Se não for para este fim, mais vale estar calado, pois a crítica pela crítica apenas serve para descarregar a bilis ou expôr a ignorância crassa de quem assim critica.

Cada coisa no seu tempo, cada acto analisado no seu contexto. E se agirmos assim, na abordagem da História e da nossa história pessoal, aprenderemos com os erros do passado.

Não devemos é comprazer-nos com eles!

Não me importo de ser quase violento na crítica dos erros passados, meus e dos outros, porque sei que não me move o rancor, a intolerância, a vontade de maldizer. É assim, tem sido sempre assim, e confessei mais do que uma vez quanto carinho guardo pelos meus tempos de carmelita. E posso tambémd dizer que é ainda esse carinho que me dá vontade de te encontar e a todos os nossos antigos condiscipulos e confrades meus, no Sameiro, em Fátima ou na Falperra.
Mas eu só poderia imaginar voltar a um passado despojado das "maldades" a que fomos sujeitos: porque aprendemos que há outro caminho. Mas esse " outro caminho" era impossivel de pensar e percorrer há cinquenta anos.

Fizemos o percurso possivel, naqueles tempos e naqueles lugares da nossa história pessoal.

Aceitamos a História e amamos a História porque somos seus filhos legítimos. Mas sem esquecer que a História e a nossa históra pessoal, são uma sucessão de actos únicos e irrepetíveis. Assim, se perdi uma perna aos oito anos, não vou voltar a perdê-la aos vinte. Entretanto, alguém inventou uma prótese para que eu recuperasse, em parte, qualidade de vida perdida.
Lição a retirar desta "história da perna perdida": 1-prevenir as situações que possam fazer perder uma perna ou a vida; 2 -recuperar do prejuizo.

Ou seja, cuidado e criatividade.

Assim se ama a História, se vive o Presente e se inventa o Futuro.

24 janeiro, 2013 10:15  
Anonymous Mário Neiva said...


Isto pode acabar mal...


Cinco muçulmanos estão detidos em Londres, suspeitos de realizarem perseguições nas ruas de Londres e recriminarem as pessoas por serem gays, estarem a consumir bebidas alcóolicas ou usarem minissaias. O quinto suspeito foi preso hoje, pela Scotland Yard.

O grupo, que se descrevia como uma espécie de "patrulha religiosa", advertia as vítimas de que o seu comportamento não era aceitável em áreas do leste de Londres, onde reside um grande número de muçulmanos.

As ações eram filmadas e colocadas na Internet.

Recorde-se que em 2011, de acordo com o blogue belga Talpa Brusseliensis Christiana, o grupo islâmico "A Call to Islam" pretendia estabelecer, na capital da Dinamarca, zonas controladas pela sharia.

"Liderados pelo imã Abu Ahmed, que possui ligações com atividades terroristas, um grupo de 50 integrantes patrulha os bairros de Copenhaga para repreender os muçulmanos que estiverem a jogar ou a beber. A punição para o consumo de bebidas alcoólicas, segundo a lei islâmica, é de 40 chicotadas", dizia o texto escrito no blogue em 25/10/2011.

Também em Londres, os líderes muçulmanos querem implantar essas áreas controladas pela sharia, alegando que a sociedade britânica está "destruída por drogas, crime e prostituição".





26 janeiro, 2013 12:27  
Anonymous Mário Neiva said...


Há umas semanas atrás, o nosso amigo Costa, alertou-me para uma entrevista do Pe Carreira das Neves na TSF e informou-se sobre a hora da emissão, bastante tardia. Felizmente, encontrei a gravação na NET e ouvi-a, inteirinha, por duas vezes.

Vale a pena escutar os mestres.

Admira-me o desassombro com que este franciscano de 78 anos aborda certos temas biblicos que passaram a fazer parte do imaginário e da fé dos cristãos. Um desses temas diz respeito às entidades celestiais, designadas por anjos, os efectivos mensageiros da divindade junto dos homens.

O que talvez muitos ignorem é que os anjos, arcanjos, querubins, serafins e postestades são figuras mitológicas da cultura Persa, que foram importadas pelos escritores sagrados do Antigo Testamento (AT). O Novo Testamento limitou-se a reproduzir essa antiga crença bíblica, adaptando-a à nova narrativa do Evangelho.

Isto dito assim, para uma vasta audiência da rádio, seria suficiente para que este velho e piedoso franciscano fosse excomungado, há uns sessenta anos atrás. De qualquer modo, como ele confessa na enrevista, não se livrou de ser chamado de ateu, por causa destas e de outras lições de exegese bíblica.

Pensem no impacto desta revelação junto da generalidade dos crentes que se habituaram a considerar as figuras angélicas tão reais como os soldados de D.Afonso Henriques na conquista de Lisboa aos mouros.

Pensem no que significa dizer aos peregrinos de Fátima que o Anjo de Portugal tem tanta consistência histórica como as Musas gregas que inspiraram os poetas.

E como ficam os episódios da Anunciação, dos Anjos em Belém, no Horto das Oliveiras, no túmulo da Ressurreição?

E se este velho e sábio exegeta está certo, e muito bem acompanhado, como vai a pastoral da Igreja lidar com o problema criado, junto da fé simples da generalidade dos cristãos?

Como vai ser "evangelizar", prescindindo da corte celestial da antiga cultura persa?

Neste momento, recordo-me do que ouvi da boca dos meus avós, quando foram introduzidas algumas reformas litúrgicas depois do Vaticano II:

"Vão ser os padres a acabar com a religião".

30 janeiro, 2013 12:43  
Anonymous António Costa said...

Caros amigos: Esta entrevista a que o Mário Neiva se refere, não me surpreendeu, pois o teólogo e biblista Carreira das Neves tem-nos brindado sempre com uma interpretação da bíblia que, para muitos párocos da nossa praça actual poderão apelidá-lo de "herege"; aliás há muitos comentários feitos na internet que o colocam no" inferno a arder".



Os altos dignitários da Igreja Católica anunciam todos os anos (desde o consulado de Paulo VI) a Semana para a unidade dos cristãos, mas depois o que nós verificamos é que há umas celebrações aí numas cidades-geralmente organizadas pela mesma Igreja Católica- ( porque ela é que é a verdadeira, e reza-se para que voltem todos os outros cristãos para esta mesma Igreja, e depois daqui não saímos).Não foi isso o que o "velho e bondoso Papa João" propôs há precisamente 50 anos quando convocou o Concílio.Abertura e Aggiornamento, não foram as grandes palavras pronunciadas por João XXIII? Pois, pois, mas depois, no terreno, no dia-a-dia..!! à nossa volta.!!.?
Evangelizar, como? Ano da Fé? Com o Catecismo da Igreja Católica, completamente desactualizado?
Assisti há poucos meses a algumas palestras sobre algumas "citações do Credo" que, sinceramente, dei por mal empregue o tempo que disponibilizei para esses eventos, pois mais não foi do que repetir "quase palavra por palavra" aquilo que o Catecismo referia.E os padres que dirigiram as palestras eram relativamente jovens( 30, 35 anos).

Há quem diga que o Vaticano II não foi um concílio de definições dogmáticas, mas sim de ordem pastoral; mesmo assim, algumas decisões que estavam tomadas, foram colocadas "debaixo do tapete" porque, entretanto o "louco Roncalli" morreu e não convinha avançar mais...

01 fevereiro, 2013 23:33  
Anonymous Mário Neiva said...


Deus Não Fala Hebraico…

I

Há um outro tema que o Pe Carreira das Neves abordou na entrevista/lição da TSF ainda mais "traumatizante" para a fé simples do nosso povo e, talvez mesmo, para a esmagadora maioria dos bispos e sacerdotes.

Todos sabemos que é muito mais cómodo repetir e imitar, como os animaizinhos da floresta, aquilo que recebemos dos nossos progenitores, sem questionar. Porém, a história está polvilhada de gente interessada, inventiva, empenhada, mentalmente livre, inteligente e sábia que examina com cuidado tudo o que recebeu dos seus antepassados para daí tirar lições e fazer evoluir o mundo. E nós, os homens comuns, somos verdadeiramente transportados aos ombros desses gigantes. Eles fazem as descobertas e nós assimilamo-las e integramo-las de forma inteligente e racional na vida em sociedade, criando a História. As plantas e os animais simplesmente evoluem; nós, os humanos, evoluímos criando a nossa própria evolução, que denominamos História.
Neste sentido, a evolução da história significa um certo afastamento da primitiva ou simples evolução da vida, colocando-nos num patamar superior único, determinado pela nossa criatividade auto consciente.

Era importante este preâmbulo para interpretar correctamente a entrevista do Pe Carreira das Neves no que concerne à "fala de Deus". De outro modo, não tardaria muito, estávamos a fazer coro com os que o consideram um perigoso herege.

Repito o que disse no comentário anterior: fiquei admirado com o desassombro com que o frade franciscano abordou temas tão delicados. Rederi, anteriormente,o tema das figuras mitológicas dos anjos. Reporto agora um outro, o de “Deus que não fala”.

Isso mesmo. Deus não tem boca, nem língua, nem cordas vocais. Portanto, nunca falou hebraico, aramaico, grego ou latim. Nem as nossas línguas vernáculas.

Dizendo de uma forma simples: como nunca houve um “tempo em que os animais falavam”; também nunca existiu um tempo em que Deus falava aos homens.

O Pe Carreira das Neves não se ficou pelas “meias-palavras” ao abordar a questão de “Deus que não fala”. Partiu do princípio de que a fala é própria da condição humana e da condição humana viva do presente. A fala não é própria, portanto, da “vida depois da morte”.

Nem o “fantasma” fala, nem o cristão ressuscitado fala, porque a dissolução do organismo corporal significa o fim da fala humana. As famosas “vozes do outro mundo” só têm a consistência que o cérebro de cada um de nós lhes dá. E a ciência já nos mostrou como um cérebro afectado no seu normal funcionamento faz ouvir “falas” e muitos outros sons, por vezes terrivelmente incomodativos.

Agora imaginem o que poderiam significar para os nossos antepassados da era da pré-ciência, os sons e as vozes produzidas num cérebro doente.

O Pe Carreira das Neves tirou as conclusões todas do facto de a fala pertencer exclusivamente à condição humana da vida presente. Assim, ele faz a distinção entre as “falas” de Jesus de Nazaré, homem como todos os homens até à ressurreição, e as “falas” de Jesus, o Cristo Ressuscitado. Afirmou, sem deixar margem para dúvidas, que todas as “falas” do “Ressuscitado” são narrativas da fé, construções teológicas e literárias e não factos históricos. E exemplificou com um texto de Marcos, que citou em parte e eu transcrevo na totalidade: “Ide por todo o mundo, proclamai o Evangelho a toda a criatura. Aquele que crer e for baptizado será salvo: o que não crer será condenado. Estes serão os sinais que acompanharão os que tiverem acreditado: em meu nome expulsarão demónios, falarão em novas línguas, pegarão em serpentes, e se beberem algum veneno mortífero, nada sofrerão; imporão as mãos sobre os enfermos e estes ficarão curados” (Mc. 16,15-18).

E todos conhecemos as consequências desastrosas de interpretar à letra e como um facto histórico estas e outras “falas” de Jesus Cristo.

04 fevereiro, 2013 10:35  
Anonymous Mário Neiva said...


II Parte

Concluindo da palestra do Pe Carreira das Neves: Deus nunca falou/conversou com os homens; os mortos não falam/conversam connosco; Jesus Ressuscitado nunca poderia ter pronunciado aquelas palavras que S. Marcos põe na sua boca; que essas mesmas palavras são a expressão da fé de Marcos e da fé da própria comunidade de cristãos a quem Marcos se dirigia.

Em suma, um texto no seu contexto.

Outra coisa bem diferente é a "linguagem da vida", a "voz do universo", que são a expressão autêntica da "Palavra de Deus". Quanto a esta "Palavra de Deus", o intenso e profundo evangelista João definiu-a magistralmente: "E o Verbo se fez carne e habitou entre nós" (João 1,14).

Neste ponto, relembro o que escrevi acerca do "Evangelho de Paulo". Que esse Evangelho não é, basicamente, palavreado, sermões, falas. O Evangelho de Paulo é o "Verbo feito Homem" e tem um nome: Jesus Cristo.

Se abstrairmos do próprio nome (Jesus Cristo)e retivermos apenas a essencia do Evangelho, a "Palavra de Deus" identifica-se com o O Homem e o seu Universo".

Como a História nos ensina, as "falas" e os "nomes" ajudam imenso e não podemos prescindir de ambos, mas tantas vezes atrapalham tanto.

04 fevereiro, 2013 10:36  
Blogger ACOSTA said...

Aquela entrevista de Carreira das Neves daria para uma catequese de várias homilias, tal é a amplitude da doutrina que ele ali explana...pena que os nossos clérigos não tenham tempo para reflectir, assimilar, ("esmiuçar") tanta matéria e depois pregar ...

04 fevereiro, 2013 14:10  
Anonymous Mário Neiva said...


Cristianismo À Procura Da Sua Fé

Cada vez maior número de cristãos se interroga sobre o conteúdo exacto da fé. Uma fé supostamente professada “por quase toda a gente” (em Portugal, por exemplo) mas que, de facto, aparece como mais uma componente da cultura que é transmitida de geração em geração. Daí o enorme desfasamento entre o número dos que se dizem cristãos e católicos e o número dos que professam e vivem segundo a fé.

Uma observação mais atenta descobre que, salvo raras excepções, a fé do crente cristão não é parte integrante e estruturante da sua vida. A fé surge justaposta à vida propriamente dita, como se realmente fosse “outra vida”.

Por que terá acontecido isto, e desde quando os crentes cristãos começaram a desligar a vida, da fé que professavam? Por que foram separadas as tarefas da vida, das tarefas da fé? Por que se entende que a “salvação” não se destina a salvar “esta vida”, mas garantir uma “outra vida”, num “outro mundo? Por que se considera “esta vida” como um desterro num vale de lágrimas, que o homem percorre em peregrinação dolorosa?

Os estudos aprofundados da história do cristianismo primitivo estão a revelar, claramente, uma fé que se foi transformando em algo muito diferente, por causa de um acontecimento traumático: a esperança frustrada da “Segunda Vinda”, a de Jesus Cristo Ressuscitado.

“Vinde, Senhor Jesus!”, suplicavam os cristãos naquelas primeiras décadas do cristianismo. E Cristo não veio. Não veio mesmo, na forma como se acreditava que acontecesse esse “dia de Cristo Jesus” (Filipenses, 1,6).

Antes de prosseguir e reflectir sobre o porquê da enorme frustração dos primeiros cristãos com a ausência da Parusia, do Apocalipse, do Dia do Juízo, do Fim dos Tempos, do Fim do Mundo, do Dia de Cristo Jesus, queria deixar uma pergunta àqueles que costumam vir a este blog. Gostava que respondessem. Se preferirem, por causa de qualquer constrangimento em revelar o vosso pensamento, escolham o anonimato de um pseudónimo. Mas tentem responder.
Então é assim:

Que é que tem a ver este velho mundo e esta “vida desgraçada”, saída do Livro do Génesis, com o mundo novo e a “vida da graça”, saídos da Ressurreição de Cristo, anunciada como a Boa Nova (Evangelho)?

A resposta a esta pergunta poderá explicar por que o cristianismo se perdeu da sua fé fundamental.
Felizmente, a narrativa dessa fé primordial foi registada por escrito e chegou até nós preservada na sua essência. Com toda a propriedade se chamou o Novo Testamento.

09 fevereiro, 2013 14:57  
Anonymous Anónimo said...

Por vontade de uns patos bravos, já tinha acabado tudo...

09 fevereiro, 2013 23:31  
Blogger ACOSTA said...

DEBILIDADES E FRAQUEZAS DE ROMA:Afinal há falibilidade ou INFALIBILIDADE PAPAL? O Espírito Santo ter-se-á enganado mais uma vez? Ou aplica-se também aqui a célebre frase lapidar de Cristo(Homem/Deus):
"O espírito está pronto, mas a carne é fraca"???????????
Desistência VERSUS Resignação? Hoje a Igreja Católica perdeu ou ganhou(em termos futebolísticos) ou EMPATOU?(com tudo aquilo que pode significar)? Tenho dúvidas de que haja alguma vitória...

Os elementos da "Fraternidade de S.Pio X" hoje deram a impressão que ficaram satisfeitos porque -apesar de tudo-ganharam uma pequena batalha: conseguiram que o latim e o rito tridentino regressasse às grandes catedrais do mundo-e não só(com a sua pompa e circunstância, tão do agrado dos tradicionalistas).

Corajoso, Ratzinger? E João Paulo II(o sofredor)o que dirá,quando voltarem a sentar-se um diante do outro? Isto é como uma empresa? Talvez. Marca-se dia e hora? (Um à parte: Nas empresas alemãs quando se quer despedir o Gerente, dá-se prazo para fazer as malas, arrumar a secretária até às tantas horas , e a partir daquele dia e as tantas horas, fica desempregado, faz-se as contas,anula-se todas as procurações, retira-se todas as mordomias e em certos casos manda-se o agora ex-gerente para casa a pé ou na melhor das hipóteses de táxi...

Alguém terá ficado surpreendido com a notícia? Muito sinceramente eu não fiquei, exactamente porque para mim o Papa já não conseguia ou melhor nunca conseguiu" dominar e controlar a Cúria Romana..." Próximos episódios do próximo capítulo????... O programa segue dentro de momentos...

11 fevereiro, 2013 23:49  
Anonymous Anónimo said...

Mais papa, menos papa, que fazem eles em prol desta gente sofredora, enquanto essa corja vive numa opulência que até Jesus Cristo, ficava envergonhado se viesse cá outra vez, se é que alguma vez veio, porque isto está cada vez pior...com os seguidores que cá deixou, se é que deixou!!!???

12 fevereiro, 2013 00:03  
Anonymous Mário Neiva said...


A Maior Lição Do Teólogo Ratzinger

Não partilho da opinião do Costa de que estamos em presença de "joguinhos de bastidores" no Vaticano. Bento XVI é um homem de fé e um homem muito inteligente. O seu derradeiro gesto como Papa é um verdadeiro hino de fé, inteligência, humildade e sabedoria.

Com a sua resignação, ele mostrou que pensa, sobretudo, " em Ecclesia". Ele quis fazer ver aos crentes da "Ecclesia" que é apenas mais um irmão entre irmãos, que sempre assim se considerou e por isso mesmo volta a sê-lo, depois do exercício do "serviço papal".

Afinal, como qualquer bispo que resigna, por limitações da idade e das forças físicas, para o "serviço dos irmãos".

Ele está a ensinar, "ex-catedra", que ser Papa é um serviço à comunidade eclesial e, por extensão da verdade da sua fé, um serviço à comunidade humana.

Ser Papa não é uma honraria, muito menos uma honraria sacralizada que eleva seja quem for aos olhos D'Aquele que "não faz acepção de pessoas" (Paulo de Tarso, sempre ele).

Com este inesperado gesto, Bento XVI "dessacraliza", de vez, a figura papal.

A partir do momento da resignação ele volta a ser o que nunca deixou de ser, e todos os cristãos são, independentemente das funções que exerceram e exercem: homem, apenas homem, como qualquer homemm, por quem Deus se apaixonou, conforme Bento XVI bebeu do seu Evangelho cristão.

É uma machadada de mestre na impáfia das honrarias associadas aos cargos, que tantas vezes descambam no "culto da personalidade" e no endeusamento do indivíduo.

Nós sabemos que as pessoas elegem os seus representantes "para o serviço da comunidade". E, dentro desta lógica "de serviço", é perfeitamente normal que a incapacidade física ou mental para o desempenho de um qualquer ministério" determine a resignação, como neste caso do Papa Bento XVI.

Por motivos diferentes, esta resignação é uma séria lição para a Igreja Católica e uma lição para todos os políticos que pretendem arrastar-se nos cargos, por se considerarem insubstituiveis ou "vacas sagradas".

Consta que Bento XVI pretende tornar-se um monge beneditino. Continua a ser coerente, e tal facto é mais uma revelação da sua fé e do seu pensamento. Pois a fraternidade conventual, onde todos os confrades vivem segundo os mesmos direitos e deveres, na busca do encontro com o infinito, tal fraternidade pode prefigurar uma sociedade humana global que terá por horizonte sempre mais justiça, mais conhecimento, mais sabedoria, num humnaismo sem limites. Uma humanidade onde possa ecoar este apelo do Evangelho: "sede perfeitos como o vosso Pai Celestial é perfeito".

Claro quen nem os frades beneditinos nem nós sabemos o que é a perfeição. Mas se começarmos por reconhecer uns aos outros os mesmos direitos e deveres, em comunidades fraternas, talvez estejamos no bom caminho.

12 fevereiro, 2013 15:42  
Anonymous Anónimo said...

Como disse o padre Carreira das Neves, " já papei vários papas desde a minha existência " e agora digo eu, tudo está cada vez pior e por este andar, não tarda muito que nem haja, mais padres nem freiras, mas sim apenas papistas...

12 fevereiro, 2013 19:09  
Anonymous Mário Neiva said...


A Renúncia

A renúncia de Bento XVI é quase um meio-Concilio.

A surpresa generalizada, que seria de completo escândalo na época em que João XXXIII convocou o Vaticano II, é reveladora de um choque indisfarçável mas digerível nos tempos que correm.

Com um simples gesto, Ratzinger destituiu o papado de um trono laboriosamente erguido ao longo de séculos. Podia ter-se arrastado até à morte, como fizeram outros, inclusive o seu antecessor João Paulo II. Preferiu, porém, como teólogo lúcido e fé evangélica exemplar, assumir a mais alta das condições de um discípulo de Cristo: apresentar-se à sua “Ecclesia” e ao mundo como um simples irmão entre irmãos. Não por palavras, mas em facto visível e consumado.

Este gesto é imensamente mais que um “lava-pés” cerimonioso e teatral, o faz-de-conta litúrgico e anual de que se é “servus servorum”.

Consciente das suas debilidades físicas, Bento XVI sabia que iria viver muito mais para ser servido do que para servir os seus irmãos. Ele sabia, porque viu como foi com o seu antecessor, que ia precisar de uma pequena multidão de "assistentes" à sua volta para o auxiliar em cada gesto. Pois bem, este homem de fé exemplar, quis ensinar à Igreja que a função Papal é servir e não ser servido.

A proclamção dsta verdade evangélica fundamental é o meio-Concilio que acima referi. Talvez ainda mais que isso.

13 fevereiro, 2013 16:03  
Anonymous Mário Neiva said...

Corrijo: João XXIII

13 fevereiro, 2013 16:06  
Anonymous Mário Neiva said...


A renúnicia do Papa e as teorias da conspiração...

Estão a surgir explicações, para a rebúncia do Papa, bem diferentes daqueles que aduzi, a saber, uma lição de autenticidade evangélica.

Até acredito que haja terríveis jogos de bastidores, como referiu o Costa, e que tal facto tenha contribuido para a decisão de Bento XVI. Mas a verdade é que o gesto da renúncia constitui, por si mesmo, um facto com im plicações profundas na vida da Igreja Católica, questionando uma tradição secular quase convertida em fé. De facto, como assinalei, a renúncia dessacraliza a figura papal e recentraliza a fé cristã na pessoa e não na função. Definitivamente, o gesto do Papa ensina que sagrada é, e será sempre, a pessoa humana, seja Papa, bispo, simples cristão, simples homem ou mulher. "Sempre que o fizeste ao mais pequeno de entre os homens foi a mim que o fizeste": todos nós ouvimos do Evangelho.

Se há mesmo terríveis acontecimentos por detrás da renúncia, esta lição já foi dada.

15 fevereiro, 2013 09:34  
Anonymous Mário Neiva said...


A renúncia do Papa e as teorias da conspiração

II

"Bento XVI deixará o Vaticano por causa do crime organizado que atua na Santa Sé"

Sob este título, enviaram-me, hoje, um extenso artigo sobre conspirações tremendas a decorrer no Vaticano, desde há mais de três décadas. Bento XVI será a última vítima, a terceira consecutiva, depois de João Paulo I (assassinado, diz-se) e de João Paulo II baleado. O actual Papa Bento XVI ter-se-á afastado para fugir ao destino.

Já escrevi três vezes sobre a renúncia do Papa. Seja qual for a motivação real para o seu insólito e inesperado gesto, a Igreja Católica nunca mais vai ser a mesma. Penso eu.
Esta renúncia, no meu entender, equivale a um meio-concilio, como disse. As ondas de choque já se fazem sentir. Hoje mesmo ouvi dois comentários reveladores dos efeitos da resignação papal. Como estou na aldeia, para repouso da minha mulher, ouvi de um cunhado e de uma irmã esta sentença: "o papa devia ter levado a sua cruz até ao fim, como Cristo carregou a sua".

Estavam a repetir, concordando, o que tinham ouvido ao padre da freguesia.

Logo de seguida, enquanto almoçava, ouvi o nosso cardeal Saraiva Martins, que passou quase toda a vida de cardeal no Vaticano e esteve na eleição de Bento XVI, atirar para os microfones da TV: "o papa é eleito para toda a vida".

Portanto, ouvimos bem, Bento XVI fez asneira!
A guerra interna começou.

Quanto às tramoias reportadas no texto que apenas referi, só posso dizer que tudo é possivel. Porém,sabendo nós aquilo que a Opus Dei representa actualmente nos assuntos do Estado do Vaticano e sabendo também nós, os portugueses, aquilo que vários banqueiros lusos, membros da poderosa organização católica, fizeram na gestão da banca, tudo é de esperar. Um desses banqueiros fabricou para si mesmo uma pensão de 165 mil euros mensais; o banco onde conseguira essa regalia e outras mais, recorreu ao tribunal para anular a escandaleira e a justiça deu ganho de causa ao banqueiro da Opus Dei.
Se este episódio ilustra o "modus operandi" dessa gente, podemos imaginar o que não farão com todo o poder adquirido junto do Vaticano.

Mas são apenas conjecturas. E não chegam, penso eu, para justificar a renúncia de um Papa. Embora, repito, o insólito de tal atitude permita supor que haja algo de muito grave a acontecer no Vaticano.
Prefiro acreditar que Bento XVI tenha pretendido apenas dar uma lição de teologia e um exemplo de autenticidade da fé cristã. Porque se não foi isto, as coisas podem ficar mesmo feias.

15 fevereiro, 2013 23:38  
Anonymous Mário Neiva said...


Ainda a Renúncia de Bento XVI

Parte final do artigo do Pe Anselmo Borges, no DN de hoje. Provoca calafrios.

"...Percebeu (Bento XVI) que não controlava a Cúria, mergulhada em escândalos de corrupção e intrigas, até ao Vatileaks. Foi admoestando cardeais para "renunciarem ao estilo mundano de poder e glória", e dizendo que lhe coubera viver o pontificado de "um pastor rodeado de lobos". Queixava-se: "Os javalis entraram na vinha do Senhor." O cardeal W. Kasper foi advertindo que Bento XVI andava "muito triste" com o péssimo clima no Vaticano.

Fragilizado, sentindo-se sem forças no corpo e no espírito, anunciou que resigna no próximo dia 28, às 20.00 (19.00 em Lisboa e Funchal). Um gesto de inteligência, honestidade e humildade, que fica para a História, pois quebra um tabu e mostra que o Papa é tão-só um servidor da Igreja e do mundo, continuando humano, também com as suas debilidades. Depois, retira-se para um convento, para rezar, meditar, tocar e ouvir música, escrever, mantendo o apagamento. Os cardeais elegerão um novo Papa. Talvez europeu ou latino-americano".

16 fevereiro, 2013 22:19  
Anonymous Mário Neiva said...



UMA PERGUNTA

Se este retrato da Cúria Romana corresponde à realidade, como pode pensar-se em canonizar João Paulo II que deixou este legado assustador a Bento XVI, após quase três décadas sentado na "cadeira petrina"?

16 fevereiro, 2013 22:30  
Anonymous Anónimo said...

Eis que vem mais uma achega do companheiro Hans Kung, que nos é revelada pela GLOBO.
"A IGREJA ESTÁ DOENTE, PORQUE VIVE NO SÉCULO XI"(palavras duras?)
"...Eu espero que o proximo Papa seja'conservador' no que se refere aos valores da Igreja, ao Evangelho e Jesus Cristo, mas liberal no que se refere ao mundo de hoje.Não é possível que leigos e mulheres não tenham nada a dizer na Igreja"
...Para enfrentar os problemas da Igreja no século XXI, o próximo Papa não pode ser como Pio XII..."
Relativamente ao Papa Ratzinger diz Kung:"...Mas talvez por hesitar em modernozar a Igreja, ele adoptou posições diferentes fazendo-a(Igreja) voltar ao que era antes do Concílio Vaticano II, quando Ratzinger já estava no Vaticano..."

"...É trágico que um Papa alemão tenha perdido uma chance histórica de levar à frente o Ecumenismo no país de Martinho Lutero..."

"...´por isso que a Cúria Romana vai tentar evitar que um reformista seja eleito Papa...""... A Cúria é um obstáculo para a renovação da Igreja..."
"...A Igreja vive ainda em muitos aspectos no século XI com um absolutismo papal...

"...Eu continuo questionando aa infalibilidade. Papa e a Igreja podem errar..."-

20 fevereiro, 2013 00:41  
Anonymous Anónimo said...

Peço desculpa, mas o comentário acima saiu como anónimo por erro.Cumprimentos A.Costa

20 fevereiro, 2013 00:52  
Blogger Lima said...

Assim vai a Santa Igreja Católica Romana...
Agora compreendo por que o D.Carlos Azevedo foi enviado para Roma.
Torna-se mais clara a resignação do Papa!

http://www.jn.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=3066387&page=1

21 fevereiro, 2013 18:11  
Anonymous Mário Neiva said...

Por outro lado, Lima...um bispo prevaricador não é a "ecclesia" de Cristo. Nem os bispos todos juntos. Talvez seja desta que os cristãos católicos compreendam que a "ecclesia" são eles mesmos. O problema, e este, sim, é um problema a superar, é que a hierarquia eclesiástica alimentou desde há séculos a ideia de que a verdadeira "ecclesia" se identificava com a hierarquia e o povo cristão era quase que apenas o pretexto para justificar a existência dessa hierarquia. Assim, assistimos, ao longo dos séculos, ao espectaculo anti-evangélico e indecoroso de uma hierarquia vivendo em palácios e palacetes, rivalizando com os "senhores deste mundo" em poder e riqueza, enquanto o povo a servia e reverenciava; e temia o seu poder.
Chega a ser arrepiante o paralelismo entre a classe sacerdotal que se formou desde o imperador Constantino e a classe sacerdotal que Jesus tanto condenou. Francisco de Assis percebeu a infidelidade, mas ele foi uma voz a clamar no deserto.

21 fevereiro, 2013 22:00  
Anonymous Antonio Costa said...

PAPA RATZINGER RENUNCIOU, PORQUÊ?

A) Não se lembram aquando do Discurso (do ainda cardeal Ratzinger) das Exequias do funeral de João Paulo II, que alguns observadores ( eu também assinei por baixo) referiram que estava ali aberta a campanha eleitoral para a eleição do novo Papa? Quem não quer ser Papa, Presidente ou deputado, faz campanha ou mantém-se na sombra? Era ele (Ratzinger) decano dos cardeais, mas, porque se lançou logo no caça-votos? Alguem já disse que ele quando soube que foi eleito, tentou logo não aceitar..Não sei, com aquele discurso que eu ouvi em direto inteirinho, fiquei logo convencido que era trigo limpo.:Queria o papado.

B)Ratzinger, que conhecia todos os "meandros" da Cúria, porque esteve mais de duas décadas nos diversos dicastérios, que foi"o delfim" do "príncipe", não estava a par dos " jogos de poder""corrupção" " "Vatileaks",lobbies gays(?)pedofilia,etc...?Terá sido traído,por quem? Se o campo estava todo minado, como agora parece dar a entender nestes últimos dias de mandato,aproveitando os holofotes da comunicação social, porque teve tanta pressa em beatificar o seu antecessor? Para dar trunfos a quem?

Obs.O folhetim ainda não acabou.Continuo a não ficar surpreendido.Para terminar esta crónica de hoje, deixaria um conselho aos cardeais(quem sou eu para aconselhar quem-porque não sou Espírito Santo-): Em vez de cantarem o VENI CREATOR SPIRITUS, talvez fosse bom rezarem o "MISERERE, MEI DEUS".

21 fevereiro, 2013 22:26  
Anonymous António Costa said...

Corrijo:Em vez de RENUNCIOU, quis dizer RESIGNOU.
























21 fevereiro, 2013 22:30  
Anonymous Antonio Costa said...

Primeira forma(como se diz no foro castrense):
PAPA RENUNCIOU PORQUÊ?

21 fevereiro, 2013 22:57  
Anonymous Mário Neiva said...

Por mim, não vou perder tempo com as tricas do Vaticano. Eu não saberia dizer melhor que Francisco de Assis, para denunciar e condenar a podridão que tomou conta da hierarquia da Igreja Católica, há mais de mil e quinhentos anos. E em cada século a devassidão tomou as suas formas próprias.
Vivi a minha juventude, na Ordem Carmelita, a testemunhar o conluio da hierarquia da Igreja Católica e dos seus mais destacados membros laicos, com as piores ditaduras fascistas. Pude ver, aqui na nossa longa mas, apesar de tudo, branda ditadura, esse conluio em toda a linha. O "povo de Deus" ia definhando na miséria, fiel às liturgias pomposas celebradas pelas hierarquias. Os mais altos dignatários viviam nos palácios episcopais (designados "paços episcopais", para disfarçar a pompa humana), enquanto o "povo de Deus" se amontoava em bairros insalubres, tantas vezes de pobreza extrema.
A mensagem era clara e sempre a mesma desde há séculos: o "reino de Deus" que esta hierarquia anunciava era "muito deste mundo" para a própria hierarquia e, "tudinho do outro mundo", para o degradado "povo de Deus", ensinado a rezar e a chamar-se a si mesmo "degradados filhos de Eva".

Será que a "Ecclesia" vai encetar uma acelerada fase de transição?

Nesse sentido eu afirmei que a resignação de Bento XVI é meio-concilio. Será um concílio que adapatará as estruturas da Igreja à sua fé Evangélica, invertendo o tradição da sua longa história, em que se fez, quase sempre, o contrário, fazendo vergar o Evangelho diante das estruturas eclesiais. Algumas tão tenebrosas como a Santa (pois claro!) Inquisição.

22 fevereiro, 2013 10:06  
Anonymous Anónimo said...

Ainda não vi ninguém aqui dizer que o Papa, como qualquer outro Bispo, deveria resignar aos 75 anos. Poderia ou não deixar saudades do seu pontificado, mas isso é outra questão. Como católico, custa-me ver o chefe supremo da igreja, arrastar-se, fisicamente, para cumprir os seus deveres. Além do mais, já é tempo de confiar a um "jovem", até de outra cultura, o leme da barca de Pedro.
Será que nos outros continentes não há gente capaz de nos comandar espiritualmente, ou isto tornou-se um "tacho" só para alguns?...

22 fevereiro, 2013 11:59  
Anonymous Mário Neiva said...

Ó amigo anónimo, como é que este Papa poda resignar aos 75 se foi eleito com 79? Primeiro, priba-se a eleição de um cristão com mais de 75 anos...Não sei se será boa ideia. Pela lei canónica, qualquer baptizado pode ser eleito sucessor de Pedro. Mesmo analfabeto como o Pescador. Não seria boa ideia fugir a este facto da simplicidade da história do cristianismo. Um velhinho pode ser um grande Papa. Veja-se o João XXIII, que fez mais em três anos, que João Paulo II em trinta.

22 fevereiro, 2013 14:20  
Anonymous Anónimo said...

Evidentemente que não poderiam ser eleitos para lá dos....7. anos.

22 fevereiro, 2013 21:18  
Anonymous Anónimo said...

se os papas tirassem Portugal da crise, com as fortunas que gerem lá por Roma, isso é que era um milagre do verdadeiro Cristo. Assim que se f...... os papas e quem perde tempo com eles e a falar deles.

23 fevereiro, 2013 11:17  
Anonymous Mário Neiva said...

Os dias que vivemos são terríveis e eu compreendo a revolta deste anónimo. Realmente, depois de ler a denúncia que aqui trouxe, em citações do Pe Anselmo Borges, sobre a luxúria no Vaticano e os desabafos doridos de Bento XVI, nem apetece gastar mais cera com tal defunto.
Por mim, como já disse, não voltarei às tricas do Vaticano. Mas interessa saber como se chegou aqui. Afinal, toda a envolvente do Vaticano, enquanto coração do cristianismo católico,é, em última análise, uma manifestação relevante da nossa civilização ocidental e do pensamento religioso que a moldou.
Por quê, tamanho divórcio entre o Evangelho e a história real de dois mil anos de cristianismo?

24 fevereiro, 2013 00:13  
Anonymous Mário Neiva said...

Grande e Benéfica Turbulência No Horizonte

A resignação de Bento XVI não vai ser coisa pacífica. Esta acalmia é aparente. Mesmo que tenha havido pressões que precipitaram o seu gesto, continuo a pensar que se tratou, sobretudo, de uma decisão pessoal carregada de ensinamento teológico e sinal para uma pastoral recentrada muito mais na pessoa humana em si mesma, subalternizando o funcionalismo eclesiástico. Bento XVI, sem as funções papais, vai emergir na Ecclesia como uma prefiguração do Reino de Deus, onde não há Papa nem Bispo, nem padre nem freira, nem homem nem mulher, nem presidente da junta nem presidente da república.

Este ensinamento teológico, se posto em relevo e tomado em grande conta pela pastoral católica, poderá ser o princípio de uma verdadeira renovação da Ecclesia. "Venha a nós o vosso Reino... assim na terra como no Céu". Um Reino sem funcionalismo eclesial, verdade fundamental que deverá remeter, desde já, aqui e agora, para a subordinação de qualquer função eclesial à excelsa condição da pessoa humana, a quem o Evangelho é destinado. Porque os cristãos em geral e os católicos em particular foram mentalizados a cobrir de honrarias e a colocar num pedestal as "reverências", as "excelências", as "eminências" e " suas santidades", quase que separando o sacerdócio da fraternidade eclesial. Aliás, e agora sou eu a dar a minha opinião, afastar os sacerdotes da vivência do sacramento da sexualidade do amor e afastar as mulheres do sacerdócio, é um sinal inequívoco de que tal separação acabou por acontecer.

Reparem como as coisas se revolucionam, quando se estabelece a primazia da pessoa humana sobre as funções eclesiais e sociais. E não restam dúvidas que o restabelecimento desta primazia é um claro sinal da aproximação ao "Reino de Deus", cuja vinda se pede insistentemente na oração do "Pai Nosso". Um "Reino" sem bispos, sem homens, sem mulheres.

Ou será que o Reino dos Céus não é para começar a ser edificado já aqui na terra? E se não é, então porque se pede na "oração rainha": "venha a nós o vosso reino"? Aqui na terra como nos céus!




24 fevereiro, 2013 23:45  
Anonymous Anónimo said...

"...O MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO..."
"...As raposas têm as suas tocas, as aves têm os seus ninhos, só o Filho do Homem não tem onde inclinar a sua cabeça..."
"...Este é o Meu Filho muito amado, ESCUTAI-O..."
Três frases que nós ouvimos centenas de vezes durante muitas Quaresmas e que têm grande catequese, porque encerram grandes ensinamentos e que
paradoxalmente parecem encaixar-se neste momento actual porque está a passar a Igreja Católica e todos os que professam os valores do Evangelho.
Terá sido por acaso ou propositadamente que, precisamente algumas horas antes do início da Quaresma, o Papa Ratzinger terá querido lançar a grande mensagem, semelhante à de João Baptista quando disse:"...Eu sou a voz que clama no deserto: Preparai os caminhos do Senhor...Aplanai as suas veredas"
Nas últimas horas da sua vida terrena, Cristo foi muito claro:" O Meu Reino não é deste mundo". Não há nem pode haver honrarias, mas sim serviço,"A minha casa não é local de negócio, mas sim de oração"(pagamento de promessas, indulgências, etc"tachos"? NÃO)...ESCUTAI-O.....

É isso que nós queremos e exigimos àqueles que vão reunir-se em Conclave:que reflictam e que escolham o melhor para guiar o povo que lhe está confiado...

26 fevereiro, 2013 00:21  
Anonymous Mário Neiva said...

O comentário deste nosso companheiro abre portas e janelas a muitas interrogações e nós sabemos bem por quê.
A pergunta que deixei no passado dia 9 não foi respondida e nela se inquiria sobre a relação entre o "mundo da desgraça" e o "mundo da graça" anunciado na Boa Nova.
Ajustando as minhas formulações ao versículo do Evangelho, o "mundo da graça" corresponde ao "Meu Reino" e o "mundo da desgraça" corresponde a "este mundo".
Estas formulações induzem-nos, facilmente, num grande equívoco, porque quase sempre reduzimos estes dois mundos à esfera da moralidade: o mundo “imoral” e o mundo “moralizado”, que acabam no confronto imaginário, universal e incessante entre o Bem e o Mal.
Esta é uma visão redutora da verdade da Vida e do Universo e que esteve na origem de filosofias e teologias que culminaram no maniqueísmo. Infelizmente, embora por vezes bem disfarçado, este maniqueísmo persiste na mente e na linguagem dos nossos tempos.

Por outro lado, e felizmente, a teologia cristã das últimas décadas enveredou, decisivamente, pela superação desta luta imaginária entre dois mundos, acabando com a confusão entre o que é a moral e a "graça", e aquilo que é a vida e o seu universo. Diríamos, na nossa linguagem científica, que a teologia recuperou a física, a química e a biologia. Deste modo, sem se dar por isso, a imoralidade começou a ser entendida como tudo o que atenta contra a vida do homem e do seu universo e a moralidade ou "graça evangélica", como o princípio e o fim das "boas práticas" do homem, finalmente e sem mais discussão, reconhecido e proclamado na sua dignidade inviolável de "pessoa humana".
Nesta perspectiva, sobra pouco espaço para os anjos e demónios, as figuras míticas empenhadas na luta dos dois mundos antigos em confronto, o do Bem e do Mal.

26 fevereiro, 2013 10:45  
Anonymous Mário Neiva said...



II

Esta parece-me ser uma perspectiva correcta e perfeitamente ajustada ao "sonho" e à fé do Evangelho de Paulo e dos evangelistas, se o soubermos entender na linguagem própria do tempo da pré-ciência.

"O meu reino não é deste mundo". Pois não. E o evangelista podia ter escrito de outra forma, porque era mesmo isto que ele queria dizer: o meu reino não este é "este mundo" de doença, de sofrimento e de morte; de "pecado", isto é, de injustiça, de ganância, de luxúria, de vaidade, de mentira, de ódio...

Está tudo claramente dito nas cartas do Apóstolo. E dito de uma forma que não deixa dúvidas e o credo cristão-católico consagrou, de forma lapidar, como a "esperança da ressurreição", que é a ressurreição para o homem integral, em todas as suas dimensões. Sim, porque a ressurreição/transformação evangélica cristã é tanto para o corpo como para o espirito, um e outro, desde sempre, necessitados de recuperação e salvação.

Não procedêssemos nós de uma longuíssima história evolutiva, que ainda ontem nos fez sair da idade das cavernas…

O grande empecilho ao desenvolvimento deste "Evangelho de Salvação" tem sido, de facto, a ideia desgraçada (literalmente, sem graça nenhuma) de dois mundos em confronto. E como uma desgraça nunca vem só, depois de partirem o mundo em dois, os maniqueísmos filosóficos e teológicos dividiram o próprio homem em duas entidades irreconciliáveis e antagónicas, ficando o corpo-matéria como raiz do mal e o espírito como princípio do bem.

Não soubéssemos nós quanto as doenças degradam o corpo e as infâmias devastam os espíritos.

Nesta perspectiva de um só mundo e de um só Reino torna-se bem evidente que o amor, a amizade e a solidariedade, que são os frutos sãos do espírito, têm, necessariamente, de estar irmanados com a inteligência e a razão na luta para preservar a saúde do corpo e a saúde do espírito. Menos do que isto, é desumanidade declarada ou encapotada.

Então o Evangelho é um puro humanismo? Não sei o que é um “puro humanismo”. Alguém sabe? O que eu sei é que somos um profundíssimo mistério que nos faz humildes numa procura incessante. E aqueles homens e mulheres que verdadeiramente “procuram”, conscientes da sua incompletude, descobrem dentro de si e à sua volta uma janela voltada para o infinito. Quem estiver atento ao pulsar da vida e do universo pode ouvir o apelo da Infinitude, o Infinito que o cristianismo personificou e pôs a interpelar a consciência humana: “Sede perfeitos como o vosso Pai Celestial é perfeito”.

26 fevereiro, 2013 11:05  
Anonymous Mário Neiva said...


Notícia de cortar a alma...

Hoje, no jornal SOL, pode ler-se um extenso relato sobre a desumanidade para com as crianças que graça neste país. Quem quiser saber mais, pode ler o corpo inteiro da tristíssima notícia. Para onde caminhamos com estes cortes cegos, que não dão trabalho nenhum? Sim, porque os cortes judiciosos e justos nas gorduras e corrupções do Estado dão muito trabalho e, sobretudo, podiam mexer com a gente "acima de qualquer suspeita" e muito bem instalada.

- E depois...onde íamos arranjar tempo para preparar o nosso "bpnzinho", para quando deixarmos o governo?

Assim, corta-se a eito, por decreto, e sobre aqueles que já nem força têm para "grandolar".

O Evangelho da Nação Fidelíssima?
O senhor abade e o senhor bispo lá dirão que é lido solenemente em cada missa dominical. E todos os cristãos piedosos e fiéis aprenderam, desde meninos, que "O Meu Reino não é deste mundo". E que o Pão da Eucaristia não tem nada a ver com o pão que as crianças mendigam pelas ruas, faltando à escola.
Também por isso o banqueiro da Opus Dei (super-fidelissima) pode dormir de consciência tranquila refastelado sobre a sua pensão mensal de 165 mil euros.

Hoje, no jornal O SOL:

"As novas regras do Rendimentos Social de Inserção (RSI) estão a levar crianças a faltar às aulas para pedir nas ruas. «O número de faltas tem disparado, e eu já vi (e outros professores também) que os alunos faltam para andarem pelas ruas a mendigar». O relato está num e-mail enviado por uma docente ao director de uma escola do Norte, que não quis ser identificado.
O director explica que o problema está nos cortes do RSI. «Como muitas pessoas perderam os apoios e só podem voltar a candidatar-se daqui a um ano, a escola fica sem argumentos para os convencer a trazer os filhos», explica, admitindo que «muitos só estavam na escola para garantir que recebiam o RSI ou o abono de família».

No e-mail, a professora que junta uma lista de alunos do 1.º ciclo que deixaram de ir às aulas, relata o encontro que teve com uma das meninas: «Estava com a mãe e perguntei-lhe por que estava a faltar. Disse-me que não tinham nada para comer e tinham de andar a pedir..."

27 fevereiro, 2013 09:42  
Anonymous Mário Neiva said...

Errata

Não tem "graça" nenhuma, a calamidade que "grassa" neste país.
Saíu...Peço desculpa.

27 fevereiro, 2013 14:22  
Anonymous Anónimo said...

Sempre disse que isto já não endireita com prosa,ou cantigas, mas sim a tiro, nos cornos desses políticos asquerosos e gatunos...

27 fevereiro, 2013 22:41  
Anonymous Mário Neiva said...


A Denúncia

É estranhissima a denúncia, na praça pública, do Pe José Nuno, que diz ter sido vítima de assédio sexual por parte do bispo D.Carlos Azevedo. Estranha por ir à praça pública, destruindo irremdiavelmente a reputação do bispo, e ainda mais estranha por se tratar de um episódio entre adultos, e bem adultos. Se o assédio aconteceu, claro.
O assunto não podia ter sido resolvido entre as duas pessoas adultas, sendo verdade que ambos têm uma sólida formação superior e cargos de responsabilidade? E por que a denúncia foi feita ao núncio apostólico R. Passigato, conotado com a Opus Dei? Não existe em Portugal, por exemplo, um presidente da Conferência Episcopal que poderia remediar um pecado de adultos entre adultos? Se pecado houve.

O Pe José Nuno é tudo menos uma vítima indefesa. Por ser tão incompreensivel esta escandaleira desnecessária à Igreja Portuguesa, há quem suspeite de que aqui há mão da poderosa e tenebrosa Opus Dei, por causa da homossexualidade confessada (diz-se) de D.Carlos Azevedo.
Se esta organizaçâo extremista continuar a ter sobre o Vaticano o poder que detém, os católicos bem podem começar a pedir o socorro divino.

Denunciar a pedofilia é uma obrigação moral; trazer à praça pública um "pecado" que até com duas estaladas bem dadas se resolvia, chega a ser revelador de uma grande falta de caracter e personalidade.
Se o bispo foi destruido, o Pe José Nuno não pense que fez uma linda figura.

28 fevereiro, 2013 00:05  
Blogger ACOSTA said...

FACAS (E ESPADAS)AFIADAS: O "COMBATE JÁ COMEÇOU"? "REI MORTO, REI POSTO"?

Não gostei mesmo nada da"unanimidade" com que os "príncipes e duques" reagiram à resignação do nosso "emérito".Cheirou-me muito a "sopa sem sal", principalmente aqueles que "supostamente" se perfilavam na grelha de partida; e o resultado está-se a ver: já se começa a exigir "cobrança" pelas falinhas mansas de há umas semanas. E não vai ficar por aqui; porque "os tradicionalistas" estão muito calados: ou têm trunfos guardados, ou ainda estão a jogar só com os peões.Eu continuo convencido que "os jogos de poder" de que tanto se tem falado, continuam e não estou tão optimista como o Mário Neiva, porque acho que agora é que está o caminho todo desbravado: não há cancelas.
Continuo com muita expectativa com os próximos episódios.

01 março, 2013 16:07  
Anonymous Mário Neiva said...

Meu caro Costa, o que eu disse foi que a resignação de Bento XVI não resultou de jogos de bastidores. Continuo a pensar que foi uma decisão do prórpio e bem amadurecida. Não me parece que, apesar da sua idade, se tenha deixado vergar. Pelo contrário, ele parece-me ser daqueles que "antes resignar que vergar". E disto é quase ninguém estava à espera, sobretudo nos meios conservadores que, por norma, não gostam de mudanças e muito menos de surpresas.
E também continuo convencido que a atitude do Papa é meio-concílio. Vai obrigar a muita reflexão porque os tais jogos de bastidors de que falas são uma realidade. A procissão ainda vai no adro.

A teologia católica vai muito à frente da pastoral pregada aos fiéis e das duas uma: cu os teólogos são travados pelo novo Papa e seus cardeais ou a pastoral e a liturgia vão sofrer uma revolução. Nâo será "impunemente" que um Carreira das Neves, por exemplo, venha dizer que os anjos são figuras mitológicas que migraram da cultura persa para a Biblia judaica e cristã ou que Deus nunca falou, em língua nenhuma, a quem quer que seja. É toda a linguagem da fé que vai ter de ser repensada.E comparadas com esta revolução, as alterações operadas na liturgia e na pastoral, após o Vaticano segundo, vão parecer uma nota de rodapé na história da Igreja.
Mas eu estou convencido que, varridas as roupagens mitológicas, os crentes poderão, finalmente, encontrar-se face a face com o ser humano em todo o seu profundo mistério, inserido no ainda mais misterioso Universo. E os mesmos crentes, que professam todos os dias a fé em Jesus Cristo "verdadeiro homem", hão-de acabar por perceber que quanto mais se aproximarem da verdade humana, mais se aproximarão do "verdadeiro Deus" que acreditam revelado em Jesus Cristo. Se me permitem que volte à linguagem dos nossos avós, eu diria que a nossa humanidade é o primeiro degrau na escada para Céu.

Este é o tempo de os crentes descobrirem o "sagrado" na mais profana, laica e prosaica humanidade material e espiritual.
Este é o tempo de, uma vez por todas, se acabar com a diabolização da sexualidade humana, quando os problemas com a sexualidade se transformaram numa verdadeira "pedra no sapato" dentro do clero.

Este é o tempo...

01 março, 2013 18:25  
Anonymous Anónimo said...

Quem te viu e quem te vê, "blog"...
Que saudades enormes dos comentários de UM ALMOÇO MUITO ESPECIAL...
Mudam-se os tempos, mudam-se os tipos de intervenção; agora mais vocacionada para a doutrinação dos gentios...

02 março, 2013 19:47  
Anonymous Mário Neiva said...

Pois é, senhor anónimo, o blog evolui normalmente, como tudo o que é vivo.
Que saudades tenho da minha infância e da minha juventude! Mas estou muito feliz por ter chegado aqui, ver os meus filhos crescidos, acarinhar os meus netos, sentir o pulsar de um mundo que parece outro, na comparação com o dos meus pais e avós.
"Mudam-se os tempos, mudam-se os tipos de intervenção". Nem mais. Que bom.

02 março, 2013 22:27  
Anonymous Anónimo said...

Mas ainda não entendeste que andas sozinho (quase) a clamar no deserto???
Abre o olho meu...

03 março, 2013 20:59  
Anonymous Mário Neiva said...

E depois, senhor anónimo? Somos poucos; por que não te juntas a nós? Ou achas que o blog deve acabar, por já não ser o "diálogo" do "Almoço Muito Especial" , animado apenas (quase) pelo Jorge Dias e eu próprio? Ora vai lá dar uma espreitadela, a ver se não é verdade!
A participação escrita é, de facto, muito reduzida. Mas se o anónimo quiser dar-se ao trabalho de consultar o número de visitas diárias e do total no mês, já não poderá dizer que estou sozinho e muito menos a "clamar no deserto". Se poucos participam trazendo ideias e textos, muitos participam lendo com interesse e, quem sabe, meditando. Não me atreveria a fazer esta afirmação se alguns "leitores" não mo tivessem dito pessolamente ou feito chegar à minha caixa postal electrónica.
Mas diga lá, anónimo, está a sugerir-me que me desinteresse pelo blog, como o senhor fez? E por que motivo?

03 março, 2013 21:58  
Anonymous Mário Neiva said...

"Estamos numa mudança de ciclo, numa mudança de era, quer no plano nacional, quer no plano europeu, quer no plano mundial e não pode haver aqui taticismos político ou político-partidários na resposta a isto. Temos que forçar para que tenhamos instituições no país que funcionem mas precisamos também que não se fique à espera de meras alternâncias porque isto não vai lá com alternâncias".

Eu subscrevo esta leitura da situação que vivemos em Potugal e por esse mundo fora. Se alguns países ainda se aguentam, não tardarão a entra no ciclo, porque as sociedades actuais funcionam como vasos comunicantes ou, como se diz, actuam como uma sociedade globalizada. Portanto, é uma questão de tempo, até que o mal e o bem de uns, seja o bem ou o mal de todos.
Estamos obrigados a ser solidários. A alternativa à solidariedade entre os povos...nem quero pensar o que seja.

Todos sabemos bem qual é a alternativa ao amor e à amizade, no plamo mais restrito das relações entre as pessoas.

03 março, 2013 22:31  
Anonymous Anónimo said...

Claro que o Mário Neive e o Jorge Dias foram os animadores deste blog num sentido mais cultural; mas que UM ALOMOÇO MUITO ESPECIAL, não foi só deles, lá isso não foi. Houve intervenções - bem ou mal intencionadas - de uns quantos, que agora desertaram.

04 março, 2013 09:34  
Anonymous Anónimo said...

Eu tenho saudade de ler aquelas bicadas de alguns...Voltem , senão acabamos todos a rezar a s. cricalho...

04 março, 2013 22:21  
Blogger Anonimus said...

Peço a palavra...
- Dizem que dois viajantes encontrarem um urso na estrada. O primeiro subiu para uma árvore e escondeu-se. O outro, apavorado, resolveu deitar-se no chão e fingir-se morto. O animal chegou perto, cheirou as orelhas dele e foi embora. Dizem que o urso não mexe com quem está morto, imóvel. O que estava na árvore desceu e perguntou ao companheiro o que é que o urso lhe tinha dito ao ouvido.
O jovem respondeu: “Ele disse-me para não tornar a viajar com quem abandona o amigo na hora do perigo, do aperto.” É na dificuldade que se prova a amizade!Compreende.Releve.Não abandone o verdadeiro amigo.Ele pode não estar ao teu lado agora.Mas, estará sempre contigo.Amizades verdadeiras são difíceis de encontrar. Porém quando encontradas devemos cuidar...
E não deixar que as coisas amargas da vida venham atrapalhar.

Não nos teremos esquecido de ninguém...nestes últimos tempos...?
Um simples olá como vais,pode valer um sorriso...!
A um Amigo não se pode negar um sorriso.

04 março, 2013 22:32  
Anonymous Mário Neiva said...

"A um amigo não se pode negar um sorriso", diz o Coelho (o nosso) e eu acrescentaria, a solidariedade, que é o tema do comentário que preparei e vim trazer aqui.

Da “verdade económica” à desumanização selvagem

Seria mesmo assim, seguindo o pensamento do economista campeão na defesa da imposição da austeridade aos países europeus em dificuldades, o alemão Hans-Werner Sinn. Este teórico da economia é contra os planos de resgate, tanto os que vigoram para Grécia, Irlanda, Portugal, como para os que se adivinham para Espanha, Itália e França. Num estudo que ele liderou, para avaliar o estado da economia europeia, conclui que "Espanha, Portugal e Grécia necessitam de uma desvalorização interna de 30%; a França, de 20%; a Itália, uma descida de preços de 10%"; que Portugal e a Grécia estão condenados a sair do “euro”; e que as actuais exigências europeias sacrificam uma geração ao desemprego maciço”.

“Desvalorização interna” é o eufemismo economês para enganar os “leigos” na matéria, porque a expressão correcta seria “empobrecimento interno”. Portanto, traduzindo o economês do senhor Sinn, nós precisamos de recuar 30% na qualidade de vida.
Nós, quem?
Quando aparecem uns senhores a dizer que tem de ser “mesmo assim”, constata-se que esses senhores estão sempre a falar do empobrecimento “dos outros”, como faz o banqueiro Ulrich, no seu desprezível “ai aguenta, aguenta”. Ele aguenta? Aguenta, sim senhor, respaldado na sua remuneração mensal de 60 mil euros.

05 março, 2013 11:09  
Anonymous Mário Neiva said...


II

Não sou economista e, portanto, não estou em condições de contestar as contas do senhor Sinn. Mas há “Prémios Nobel” da economia que o contestam radicalmente, no seu próprio terreno. Por exemplo, Paul Krugman (prémio Nobel 2008) que classifica a presente política de desvalorização ou empobrecimento interno (o austeritarismo) da UE como um caminho para o suicídio das sociedades europeias.

Não posso contestar o senhor Sinn no plano económico, mas posso contraditá-lo na selvajaria da sua teoria económica. Porque, empobrecimento interno de 30% significa, em primeiríssimo lugar, menos 30% no acesso à saúde, à educação e à segurança no trabalho e na velhice.
Claro que os 30% desta desvalorização humana são perfeitamente suportáveis, tratando-se dos outros, dos filhos dos outros, dos idosos e desempregados “outros”.

O que está em causa, no dealbar do século XXI, é se nós vamos regredir à “lei da selva” ou enveredamos pela lei da solidariedade humana. Se vamos fazer a apologia do triunfo do mais forte, do mais apto, do mais capaz, consentindo, deliberada ou inconscientemente, nesta lei da selva, ou apostamos no trabalho solidário em todas as suas formas, compreendendo, de uma vez por todas, que todo o trabalho humano é solidário por natureza. De facto, tudo aquilo de que desfrutamos, seja dos sapatos que calçamos, ao pão que comemos, à casa que habitamos, à música e toda a arte que saboreamos…tudo é fruto do trabalho mais “humilde” ou mais “nobre” de todos e em todo o planeta. Nada seríamos sem esta imensa cadeia de solidariedade “involuntária” do trabalho, construída ao longo de milénios, onde se agigantou o trabalho dos inventores, dos pensadores, dos criadores, dos descobridores. Cada ser humano contribuiu como que pôde, nas condições em que em cresceu, em que viveu e, sobretudo, nas condições que lhe calharam em sorte de nascimento “nesse lugar”, “nessa família”, “nesse meio”, “nesse tempo”.
Só um néscio vai continuar a pensar que se fez a si próprio e atribuir-se o mérito de ter “triunfado na vida” e que o fracassado é um sub-humano por prevaricação.
Em cada arrogante se esconde um moralista néscio.

À medida que o homem foi deixando a floresta e as cavernas, a lei da selva transferiu-se do plano do indivíduo para o plano da colectividade: Uma nação que tenta devorara outra, a qualquer custo, para sobreviver. E sobrevive a nação mais forte.
Pensava-se que o humanismo teria diluído suficientemente este velho atavismo da lei do mais forte. Mas ele aí está, querendo mostrar a face e moldar nele as sociedades do presente e do futuro. Penso que os humanistas não estavam à espera deste surpreendente e regressivo desenvolvimento. Mas temo-lo aí e não sabemos para que lado vão pender as ideologias em confronto. E digo “ideologias” porque há muita gente a pensar que o tempo das “ideologias” já lá vai. Puro engano. Elas estão no terreno, em força, e é bem claro que temos num lado os ideais da solidariedade humana e no outro a velha e persistente arrogância daqueles que se julgam autossuficientes. De um lado temos a consciência da fragilidade e da capacidade humanas, individualizadas e reais, em cada ser humano e em cada sociedade, e do outro temos a arrogância néscia da meritocracia, apanágio daqueles a quem tudo correu bem na vida.

Atravessamos uma época muito complicada. O fim de um ciclo, que talvez seja o fim das “democracias formais”, onde os “democratas” nos ofereceram o velho discurso de frei Tomás: “olha para o que ele diz e não para o que ele faz”. Penso que a alternativa não será o regresso às ditaduras e à lei do mais forte. Mas se for, resta-nos a esperança rezada no velho ditado popular: não há bem que sempre dure nem há mal que nunca acabe.

05 março, 2013 11:11  
Blogger Lima said...

Pois é, Mário. Temos de um lado as ideologias, e do outro a realidade. As ideologias são mesmo isso: ideias... crenças. Construções do pensamento idealista, fortalezas assentes em fundações de areia. Se colocarmos no prato de uma balança as ideologias que na história da humanidade serviram o homem e no outro as que o destruíram, qual deles vai descer? O primeiro? Duvido. Tu me dirás, talvez, que são elas, as ideologias, que empurram o ser humano na sua progressão. Talvez. Resta saber para que lado o empurram. Se para o triunfo, se para o desastre.

Se é certo que o fatalismo nunca levou à vitória, não é menos certo que um idealismo “ingénuo”, que ignora a realidade, a realidade brutal e complexa, possa ajudar o homem na sua batalha pela vida. Mais do que a ideologia a realidade não se compadece com a ignorância. É de difícil abordagem e tem facetas multiformes que mesmo espíritos esclarecidos não desvendam.

Descendo ao real em relação ao tema acima: penso que os problemas de Portugal, e de outros países similares, continuarão... até que administradores e administrados consigam integrar a realidade, em todas as suas componentes, num sistema de reflexão global. Se não o conseguirem, a realidade se imporá por si mesma.

05 março, 2013 18:12  
Anonymous Mário Neiva said...



"...penso que os problemas de Portugal, e de outros países similares, continuarão... até que administradores e administrados consigam integrar a realidade"

Dizes, Lima. E queres dizer que os países não similares, como a Alemanha e a Áustria, por exemplo, já têm "os administradores e administrados que conseguem integrar a realidade"? Bem, agora sou eu a dizer que as coisas não são assim tão simplificáveis. Por muitas razões. Uma delas é que o ser humano não pode ser reduzido a uma peça de uma engrenagem económica. O ser humano é uma realidade complexa, multifacetada e de muito difícil padronização. A História ensina-nos que homens geniais nas mais diversas áreas nunca puderam ser encaixados entre os tais administradores e administrados que se integram bem numa determinada realidade. Aliás, o papel deles foi quase sempre desintegrar a realidade existente e abrir novos rumos.

Com isto pretendo destacar aquilo que os sociólogos constatam: os latinos formam sociedades mais "desorganizadas", mas muito ricas em criatividade e, desse modo, deram origem a uma diversidade cultural que engrandece a Europa e a Humanidade.

Os mesmos sociólogos reconhecem a grande capacidade organizativa dos anglo-saxónicos e dos nórdicos, com vantagens económicas evidentes, numa época em que o rigor organizativo é fundamental em todos os sectores da vida económica das sociedades modernas.
Mas há muito mais vida para além da economia. O desafio é integrar as duas mentalidades e não as colocar em confronto, aceitando que ambas são uma riqueza para a Humanidade.

O que se está a pretender fazer é punir os países periféricos (os da latinidade) pela sua "natural" deficiente organização, ignorando, com uma grande dose de hipocrisia, que os países bem organizadinhos se aproveitaram, e muito, desse defeito, que é feito, dos "povos do sul" da Europa.

A solução passa pelo diálogo e cooperação, e não por uma certa altivez e até achincalhamento dos pouco organizados e muito criativos latinos. O que se tem feito, nesta crise engendrada pelos especuladores financeiros, é culpar aqueles que foram as suas vítimas fáceis, os povos do sul da europa, mais desorganizados e, por isso mesmo, também os mais imprevidentes e que foram "apanhados com as calças na mão".

Nesta crise que assola, de modo especial alguns países da União Europeia, "quem não tiver pecado, atire a primeira pedra".

Os “mercados”, isto é, os senhores da finança, não entram em considerações desta natureza. Nem têm de entrar, porque o seu objectivo é a garantia da rendibilidade das suas aplicações e segurança de retorno. Mas os Estados têm a obrigação de olhar para todos os cidadãos e integrar da forma mais harmoniosa possível as suas múltiplas necessidades, actividades e objectivos. Aquilo a que estamos a assistir, nesta fase crítica da Humanidade (mais uma) é o poderio dos mercados a impor-se aos Estados. A classe política cedeu estrondosamente, deixando-se corromper pela finança. O Nobel da economia Paul Krugman denuncia a promiscuidade quase total entre os governantes e os detentores do poderio económico.

Não sei como isto vai acabar, se o homem continuar a ser olhado apenas como um “animal económico”.
Caramba! Há dois mil anos que se ouve esta sapientíssima advertência: “ nem só de pão vive o homem”.

05 março, 2013 23:26  
Anonymous Anónimo said...

Pois não, mas também de bandidos (pseudo) democratas facistas, socialistas, comunistas e outros FDP que tais que se servem do povo (ignorante ), para conseguir as suas fortunas medonhas. Do 25 de Abril, para cá, quantos homens, ou mulheres honestos (as) passaram pelos governos???. Apontem-me um " e não destruirei o mundo , como disse Cristo "...
Sem pão adianta muito essas cantilenas...

06 março, 2013 13:10  
Blogger Lima said...

Por uma vez dou voz ao nosso encolerizado anónimo do costume. Não para o apoiar nas suas irascíveis invectivas contra os políticos, (a culpa é só deles ou também de quem lá os pôs?), mas para a sua última frase que atropela o Mário nas suas reflexões.
De facto se o homem não vive só de pão, o certo é que não pode viver sem ele. E, consequentemente, subindo mais acima nas reflexões do Mário, “o homem não é apenas olhado como um animal económico”, para mim, o homem, na sociedade actual, é um “animal económico”. E, mais acima: “Mas há mais vida para além da economia”, eu digo: sim, é o refrém de uma certa ideologia. Mas insisto: sem uma economia realista e sustentável não haverá simplesmente vida.

Quanto ao resto das ideias explanadas pelo Mário, confesso que a minha tendência natural é para não complicar o que já de si é complicado.
E como não posso estender-me em dissertações, lembro três considerações que não são minhas mas que eu subscrevo e enuncio assim:
1 – Atacar directamente um ou outro elemento de um sistema não é a melhor estratégia para o destruir.
2 – Colocar-se propositadamente no lugar de vítima é, de certo modo, confessar a própria insuficiência.
3 – O ser humano sofre, em geral, de um mal endémico enraizado nos trefundos do seu subconsciente: a dificuldade em assumir as suas responsabilidades. O que Sartre resumiu na frase: “O inferno são os outros” .

06 março, 2013 17:15  
Anonymous Anónimo said...

Oh Lima, mas isto já só muda a tiro nos cornos desses cabrões que tudo roubaram, neste pbre Portugal.
O povo não tem imenda e nas próximas com uns beijos e abraços já lá vão outra vez...
Eu como nunca perdi tempo com esses FDP, fico à espera que volto um novo Salazar ao quadrado, ou um rei que acabe com esta palhaçada.

06 março, 2013 22:11  
Blogger Lima said...

Amigo Anónimo, é verdade que nós, os que por aqui andamos, somos de outros tempos, mas achas que é caso para voltar atrás? Já viste que efeito faria duas manifs, uma a cantar “Grândola Vila Morena”, outra com o António Calvário à frente a cantar “Ó tempo volta para trás”? E onde vamos hoje arranjar um outro Salazar? Achas que ainda é possível encontrar nos políticos que temos algum que seja honesto? Depois Salazar viveu no seu tempo... e o passado não volta. Mesmo se história se repete!

Mais seriamente, posso compreender a tua desilusão e o enervamento consequente. No entanto, não podemos cair no desespero à primeira contrariedade, pois sabes muito bem que a vida é uma luta. E abandonar a luta é deixar o campo aberto para que o inimigo possa manobrar à vontade.

Façamos, pois, o que está ao nosso alcance para mudar a situação segundo as nossas esperanças. Quando fizermos exactamente isso, podemos esquecer o resto.

07 março, 2013 15:50  
Anonymous Anónimo said...

"Ó tempo volta pra trás", de António Mourão.

07 março, 2013 18:59  
Anonymous Anónimo said...

Deus nos livre, se não voltarmos a ter gente séria e honesta como naqueles tempos!!!!
Estes democratas da trampa,da direita do centro e da esquerda venderam , roubaram tudo e até o pequeno torrão à beira mar plantado, já está hipotecado.
Temos muitas estradas, muitos doutores da mula russa e rapazolas ( que passaram pelos governos ), podres de ricos. Vamos ver até quando dura esta chuchadeira...
Do 25 de Abril, para cá, se me disserem que houve um bom governante que pensasse no país e no povo, sem se governar escandalosamente a si próprio e aos seus comparsas, eu não rezarei mais por SUA EXCELÊNCIA, O SENHOR DR. ANTÓNIO OLIVEIRA SALAZAR.
Paz à sua alma, porque enquanto pode, manteve os ladrões presos e encurralados.

07 março, 2013 23:10  
Anonymous Mário Neiva said...

Estes anónimos tecem loas a Oliveira Salazar, mas escondem a identidade. Será que têm medo de se responsabilizarem por aquilo que afirmam? Pois não deviam ter, se estão seguros da justeza do que afirmam.

E o que afirma este último anónimo é muito verdadeiro, considerando o estado deplorável a que esta classe política deixou chegar a justiça, o nível da corrupção no Estado e nas empresas, tantos as estatais como as privadas.

Daquilo que conheço da justiça e do nível de corrupção no Estado e nas empresas, ao tempo de Salazar, comparando com o panorama actual, é como se o Portugal de hoje tivesse caído inteirinho nas mãos de padrinhos da máfia. Eles manipulam a justiça, a comunicação social, a classe política, o governo e até a presidência da república.

O Salazar que eu conheci nunca permitiu nem permitiria uma tal devassidão.

Não vale a pena esconder os factos, que a História se encarregará de lhes dar o justo relevo.

As "promessas de Abril" acabaram na sarjeta, aí despejadas por aqueles mesmos que as fizeram.

E o povo, o "bom povo português", o "povão", "o melhor povo do mundo" também carrega uma enorme cota de responsabilidade, quando se deixou arrastar pela trela ou abocanhou, sem reflectir, a mísera cenoura com que o seduziram. Empunhou a bandeira do partido com a mesma paixâo e cegueira com que sempre segurou o pau da bandeira do seu club de futebol.

Como se a vida fosse uma jogatana.

Tem como atenuante, perante o tribunal da História, o analfabetismo generalizado, que nem Salazar cuidou de erradicar; este pecado terá de o carregar. E não é coisa pouca, se pensarmos em tantas toneladas de ouro acumuladas e improdutivas.

08 março, 2013 05:55  
Blogger Lima said...

A respeito de Salazar, nem sou por nem contra, antes pelo contrário... !!!
No entanto, Mário, eu não seria tão radical no tocante ao pretendido analfabetismo do povo português. Primeiro no que incumbe a Salazar. Eu, tu e todos os do nosso tempo aprendemos a ler e a escrever em escolas mandadas construir pelo seu governo. Hoje parece ridículo afirmar isto como se fosse uma facto notável. Mas seria-o nesse tempo? O que havia em Portugal a nível de Educação Nacional antes de Salazar? Havia escolas em todas as aldeias? Obrigatoriedade escolar? Professores formados e pagos pelo Estado? Claro que podia ter feito muito mais. Podia. Sobretudo quando vislumbramos isso à luz do século XXI.

Como disse acima, não sou por nem contra, simplesmente penso que muitos críticos de Salazar vêem-no unicamente pela estreita janela que o militantismo ideológico lhes proporciona. Esquecem-se de o colocar no contexto do seu tempo, contexto esse hoje facilmente esquecido, mesmo por aqueles, como nós, que de perto o viveram.

Quanto ao analfabetismo actual do povo português, não creio que seja maior do que na maior parte dos países europeus. E se analfabetismo há, a culpa é unicamente do sistema educativo? Quem, no nosso tempo escolar, teve as facilidades de frequentar escolas superiores e universidades como é dado aos jovens de hoje? Perguntem aí à maior parte dos ex-alunos carmelitas a razão principal por que um dia foram parar à Falperra? Unicamente vocação? O futuro não o confirmou.

Meus amigos a realidade é complexa. Mas a sua compreensão é necessária se queremos evoluir para um patamar superior de educação e cultura. De contrário continuaremos a olhar o mundo pela janela estreita da nossa ignorância.

08 março, 2013 10:40  
Anonymous Mário Neiva said...

Repara, Lima, que falei em "analfabetismo generalizado que nem Salazar cuidou de erradicar". Refiro-me ao analfabetismo que vem de longe.Não afirmei que Salazar fez muito ou pouco. Muito menos disse que não fez nada. Não erradicou! E foram 48 anos de governo sem oposição para emperrar o "andamento". A comparação com a Europa, ainda hoje, deixa-nos muito atrás. A grande recuperação da "era democrática" não foi suficiente para apanhar os da frente.

Talvez devesse ter dito iliteracia generalizada, que reflecte melhor a verdade de uma população que já sabe ler e escrever mas o grau de cultura de largas camadas da população é incipiente. Os especialistas falam de muita iliteracia.

Todavia, o meu comentário focou essencialmente o fenómeno da degradação ética dos responsáveis por fazer funcionar as estruturas da democracia. O grau de degradação, por exemplo, na justiça, não tem paralelo no regime anterior. E quem o afirma é gente insuspeita de simpatias por Salazar. A verdade dos factos fala mais alto.

08 março, 2013 18:23  
Anonymous Anónimo said...

E os outros países da europa, por demais eboluidos e sem SALAZAR, tais como a Grécia, Espanha, Irlanda, Itália e outros que aos poucos vamos conhecendo que desculpa lhes dareis, meus caríssimos irmãos???
Digo mais, SALAZAR , deve estar arrepiado só de ver tanto FDP ladrão que passou pelos governos, desde o 25 de Abril para cá.
Andiantou alguma coisa fazer uma revolução de cravos fedorentos, se foi apenas para destruir Portugal?
Sim temos muitas estradas , muitos doutores da mula russa e etc..., só que no tempo do SALAZAR, iam os analfabetos por esse mundo fora ganhar a vida, como operários e outros afazeres mais humildes. Agora com esta " nova democarcia ", vão os doutores, engenheiros e outros mais, fazer os mesmos trabalhos e até por menos dinheiro. Por cá vai ficando a cambada dos afilhados dos partidos que encheram a função pública, fundações, empresas PP. etc. até rebentarem pelas costuras.
Todos os dias vemos notícias de desvios de milhões e milhões... SALAZAR, nem à mãe dele perdoava tais roubos, ou desvios!!!
Quanto as estradas,auto-estradas , escolas, universidades, etc. etc.,isso é para fecharem, porque Portugal sem jovens, não haverá movimento futuro e nós os mais velhos não lhe vamos dar uso. Talvez , apenas precisaremos dos hospitais, mas já ouvi falar numa injeção de desempate, para aplicar aos de cabelo grisalho que só são prejuizo ao país. Agora digam-me se um rapazola que disse uma coisa dessas não merecia um tiro nos cornos?
Foi tudo destruido e não me venham dizer que foi culpa deste ou daquele, foi de toda a trampa que passou pelos sucessivos governos
Quanto ao não me identificar, faz alguma diferença , para o bem da nação?
Mas posso adiantar que sou o MANCA MULAS, para os que tiverem duas caras, por ainda viverem com alguma abundância.

08 março, 2013 19:20  
Anonymous Anónimo said...

Faltou dizer que o autor da " PESTE GRISALHA " deve ser mesmo filho de mãe incógnita e de pai desconhecido!
" PESTE GRISALHA " . Há cada aborto, neste governo que só tem par com o anterior.
DEus nos livre de tal raça diabólica.

10 março, 2013 19:10  
Blogger Anonimus said...

AUGUSTO

Amigo!
A vida tem mudanças repentinas
Sobe,declina,balança e arruína
Combate enfrenta de pé,sem cair
Aprende a exercitar a fé que há em ti
Poderia ter vencido aí eu perdi
Não desistas,a vitória vem das lutas
Se por vezes imaginas
Seres um Homem fraco e hesitante
O lutador só se entregou por uns instantes
Sucesso é o fracasso virado do avesso
Está muito perto quando parece distante
Um campeão mostra-se no extremo da dor
Na coragem para lutar quando cansou
Então fica...Luta isso te faz vencedor
Amigo, A vitória vem de Deus
Que tem por ti imenso Amor.

Abril2011

10 março, 2013 21:51  
Anonymous Mário Neiva said...


Não encontrei melhor, para corresponder a este poema do sentimento do Augusto, que o pensamento cantado na poesia imortal de Fernando Pessoa.
Um grande abraço, amigo Augusto.

"Um dia a maioria de nós irá separar-se.

Sentiremos saudades de todas as conversas atiradas fora,

das descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos,

dos tantos risos e momentos que partilhámos.

Saudades até dos momentos de lágrimas, da angústia, das

vésperas dos fins-de-semana, dos finais de ano, enfim...

do companheirismo vivido.

Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre.

Hoje já não tenho tanta certeza disso.

Em breve cada um vai para seu lado, seja pelo destino ou por algum

desentendimento, segue a sua vida.

Talvez continuemos a encontrar-nos, quem sabe... nas cartas que trocaremos.

Podemos falar ao telefone e dizer algumas tolices...

Aí, os dias vão passar, meses... anos... até este contacto se tornar cada vez mais raro.

Vamo-nos perder no tempo...

Um dia os nossos filhos verão as nossas fotografias e perguntarão:

Quem são aquelas pessoas?

Diremos... que eram nossos amigos e... isso vai doer tanto!

- Foram meus amigos, foi com eles que vivi tantos bons anos da minha vida!

A saudade vai apertar bem dentro do peito.

Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente...

Quando o nosso grupo estiver incompleto...

reunir-nos-emos para um último adeus a um amigo.

E, entre lágrimas, abraçar-nos-emos.

Então, faremos promessas de nos encontrarmos mais vezes daquele dia em diante.

Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vida
isolada do passado.

E perder-nos-emos no tempo...

Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida

passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de

grandes tempestades...

Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem

morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem

todos os meus amigos!"
Fernando Pessoa

10 março, 2013 22:28  
Blogger Augusto said...

Fiquei profundamente sensibilizado com os poemas que, AMIGOS, a mim dirigiram esta noite. A M E I !!!
AMIGO: assim te identificas, És o IRMÃO que sempre quis ter, a ALMA que eternamente me tem acompanhado. Somos todos UM SÓ NA ESSENCIAL IDENTIDADE NO PAI !!!
bem hajam... A TI e ao Mário, um abraço muito especial. a Todos, um Abraço fraternal.
A VIDA MERECE S E M P R E SER VIVIDA ! augusto

11 março, 2013 00:33  
Anonymous Mário Neiva said...



"A VIDA MERECE SEMPRE SER VIVIDA", reflectes e afirmas, Augosto. Acrescentarei que deve ser procura apaixonada até ao fim. E foi isto que descobri em ti, admirei e tenho pena não ter acontecido mais cedo, como encontro do espírito e para enriquecimento mútuo. Nem sempre estivemos concordantes, mas que importância isso haveria de ter? Quando duas pessoas permitem que se abra na sua mente a janela do infinito, acabarão, mais cedo ou mais tarde, por se encontrar no abraço da "energia" que nos envolve e somos parte. Há quem chame Deus a esta energia e as três religiões abraâmicas crêem-na "única", "fundamento" e "pessoal". Eu costumo designá-la como a fé no "Infinito Pessoal". Se é "pessoal", acaba por dar lugar ao diálogo entre a pessoa finita que nos reconhecemos e essa Pessoa Infinta da fé, que para a ciência continua a ser o enigma profundo, distante, frio e impessoal. Incrível e maravilhoso, mesmo assim.

Com diálogo interpessoal ou sem diálogo, tudo começa no patamar único da consciência humana. Depois, a superior inteligêmcia, racionalidade e sensibilidade do homem fazem a aproximação possivel, que mais nenhum ser vivo à face da terra consegue acompanhar. E é nesta fase final de aproximação inteligente e esclarecida que nós, cada um de nós, necessita urgentemente de ouvir uma voz que venha ao nosso encontro e diga: "estou aqui". Quebrando a solidão, num mundo a perder de vista.

E todos sabemos, meu caro Augusto, quanto desejamos que essa voz venha de um rosto verdadeiro capaz de falar, ver-nos até à alma e acariciar-nos com um beijo o pensamento e o coração.
Fico contigo.

11 março, 2013 10:18  
Blogger Lima said...

É simpático da nossa parte, (junto-me ao Mário e ao Augusto ), tentar levantar o moral aos nossos amigos, com sentimentos e poesia. Duvido, no entanto, que o nosso amigo “Manca Mulas” esteja à espera de um remédio para a alma. O que ele procura é de cuidados para corpo. Por várias vezes no-lo fez compreender.

11 março, 2013 13:26  
Anonymous Anónimo said...

Tens razão caro Lima, é bom falar de barriga cheia e para esses, a quem parece não lhes faltar o pão de cada dia, ficam calados que nem múmias, mas como diz o Augusto a vida dá muitas voltas e amanhã poderão ser eles, os " Manca Mulas ".
Serem da direita , ou da esquerda, isso já não diz nada ao nosso bom povo, porque afinal, quem é inteligente, já chegou à conclusão que só nos pode salvar outro HOMEM igual ao de Santa Comba Dão.

11 março, 2013 16:57  
Anonymous Mário Neiva said...


Por mim, sou de opinião que o anónimo "Manca Mulas" está mais precisado de "remédio para a alma" (carinho, compreensão, amizade verdadeira) do que pão para a boca. Porque não é um qualquer ordenado mínimo ou pensão de trezentos euros que permite pagar um computador e servir-se da NET. Mas isto sou eu a pensar. E tu, Lima, embora no sentido da carência material.

Quanto a ficar à espera de um messias que venha salvar o país da pobreza material ou moral, convém recordar que nem O Filho de Deus "deu a volta a isto". Se havia miséria material e moral antes da sua chegada e pregação, ela continuou a grassar por todo o lado. A sua própria terra natal foi sendo dizimada até ao quase total extermínio no ano 135 D.C. pelo imperador Adriano. Este facto devia fazer-nos pensar antes de começarmos a rezar pela vinda de um quaqluer "HOMEM igual ao de Santa Comba Dão". Tal como Jesus de Nazaré, o homem de Santa Comba não resolveu nenhum dos eternos problemas que afligem os portugueses, tanto no que diz respeito ao corpo como no que diz respeito à alma. De modo que seria muito mais avisado "deitar mãos à obra" para superar a falta de pão, de solidariedade e de amor, que suspirar pelo defunto Salazar. Quanto ao caminho a seguir, cada um procure e encontre o seu.

11 março, 2013 18:40  
Anonymous Anónimo said...

E é preciso dinheiro para usar a internet?Desde sempre existiram casas de misericórdia que vão ajudando os mais necessitados... Pensas que por seres rico, os pobres, não têem direito, a usar computador, ou acesso à internet?
Falava-se de ladrões,coisa que SALAZAR nunca foi, não de salvadores, porque quando te dá jeito lá vais invocar ao Santo nome de Cristo em vão, para mostrares o teu lado, de bom servo de Deus.
Quanto ao que o Lima pensa é com ele, ou precisas de guarda-costas?

11 março, 2013 23:21  
Anonymous Mário Neiva said...

Não desvie a conversa, senhor anónimo. Sabe muito bem, porque me conhece,que não sou rico coisa nenhuma. Quanto a si, apenas podemos suspeitar (suspeitar apenas) que não é beneficiário do RSI e, quando comparado com eles, dispõe de tempo para falar de "barriga cheia". E já todos percebemos que, nesta conversa sobre quem fala mesmo "de barriga cheia" é muitissimo conveniente o refúgio no anonimato. Eu, no seu lugar, tinha vergonha na cara. O anonimato é uma opção legítima e até pode apresentar ressonâncias evangélicas: "que a tua mão esquerda são saiba o que faz a tua mão direita". Mas esta sentença destina-se a quem quer fazer o bem e nunca pode ser interpretada como justificação da cobardia daqueles que "atiram a pedra e escondem a mão".
Pense nisso.

12 março, 2013 13:39  
Blogger Lima said...

Queria continuar mas não sei como. Vai o Anónimo rebifa-se... e vai o Mário carrega no sítio onde dói. E eu que não queria defender Pedro e atacar Paulo, (ou vice-versa), porque afinal, segundo vós dizeis, amigos, somos todos filhos do mesmo pai. (salvo seja).
Que estamos todos no mesmo barco, estamos.
Que cada um se quer salvar, nem duvido.
Que cada um utiliza as armas que tem ao seu alcance é óbvio.

Da minha parte posso compreender sem concordar, mas não posso concordar sem compreender.
(Que frases sábias aqui se dizem!!!)

12 março, 2013 15:42  

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