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Localização: aaacarmelitas@gmail.com, Portugal

15 de novembro de 2009

REVISÃO DOS ESTATUTOS

REVISÃO  DOS  ESTATUTOS

Caríssimos Amigos:

Tendo sido deliberado na Assembleia Geral de Março passado, em Fátima, que se deveria proceder à revisão dos estatutos, por forma a torná-los mais ágeis e adequados à época presente, começamos por abrir um espaço de fácil acesso para todos os que desejem contribuir com as suas ideias e propostas, para uma revisão conveniente dos Estatutos da nossa Associação. 

Segui as sugestões do Rosalino Durães e do Jorge Dias, respectivamente, quanto à abertura de um espaço para tratamento deste tema e quanto ao lugar onde esse mesmo espaço poderia ser colocado. A ambos os meus agradecimentos.

Assim, o espaço está aberto e contem, como ponto de partida, os textos da constituição da Associação e dos Estatutos actuais.

A partir de agora, todos podem dar o seu contributo.

Há que ter sempre em atenção que sendo uma revisão de Estatutos de uma Organização, tal assunto diz respeito unicamente aos seus membros ACTIVOS, no pleno uso dos seus direitos.

Contudo, aceitamos todos os contributos que nos cheguem de quem quer que seja, que possa dar a sua opinião construtiva.

Não aceitaremos comentários anónimos, sendo que, sempre que apareçam, serão eliminados de imediato. Será assim até encontrarmos um meio, pelo qual só possa enviar comentários quem se identificar.


Agora, vamos ao que importa que é contribuir para uma revisão dos Estatutos da nossa Associação de Antigos Alunos do Seminário da Ordem Carmelita em Portugal.

Bem hajam.

O PRESIDENTE DA DIRECÇÃO DA AAACARMELITAS
Augusto Pereira de Castro


NOTA:  para se aceder à rubrica "REVISÃO DOS ESTATUTOS", basta ir à coluna da esquerda, e clicar sobre estas palavras que se encontram sob o título "Digno de Registo"


















219 Comments:

Blogger Mario Neiva said...

Testar entrada

17 novembro, 2009 22:28  
Blogger ROSALINO DURAES said...

Meu caro Jorge e amigo

O teu comentário e ponto de vista é perfeito, no entanto, quando falo de pluralismo religioso e político, não estou a falar para fora da associação, mas sim para dentro.

O meu respeito pelas liberdades do ser o humano é total, quer a nível religioso, de que defendo o ecumenismo, segundo os ideais de frei Roger Taizé, para que a perfeição do homem em Cristo seja total, quer politico, desde que haja reciprocidade e não fanatismo.

A questão meu caro, aqui põe-se, precisamente para que a nossa liberdade dentro da AAAcarmelitas seja uma realidade.

Deve ser criada cá dentro um espaço tolerante, mas com margens bem definidas, margens essas, como disse, segundo os ideais atrás apontados, porque, como dizia Frei Roger e Madre Teresa, DEUS SÒ PODE AMAR!

Não podem haver segundos caminhos, os caminhos teem todos a mesma direcção, o amor que Deus tem pelo homem e que o homem não deve defraudar, como dizia Santo Agostinho em monologo com Cristo e num acto de Coragem “luz interior, não deixes que as minhas trevas me falem”.

Meu caro Jorge e Carmelitas, vamos continuar porque isto vai ser lindo, ainda que não alteremos os estatutos, importa saber que alguém se ama ou até sabermos perdoar e ajudar o nosso inimigo, vejamos Nuno!

Rosalino Duraes 15/11/2009

18 novembro, 2009 20:53  
Blogger ROSALINO DURAES said...

.

Degustando a palestra do nosso presidente Augusto Castro, nas jornadas de Fátima de que cito uma pequena parte da conclusão, seria importante, que sobre ela, nos debruçássemos um pouco.

“….porque uma associação do género desta, ou assenta em princípios e práticas que tenham a ver com o destino espiritual e cósmico das pessoas que dela fazem parte integrante como associados, reestruturando as suas bases teóricas e a sua relação com a família Carmelita de que deve fazer parte integrante ou então encerra a sua actividade.”

Este é um desafio.

ROSALINO DURÃES
2009-11-18

18 novembro, 2009 22:17  
Blogger jorge dias said...

Isto até parece um cofre forte fechado a sete trancas que era tudo o que eu não queria! Ainda não saímos de uma e já nos cai em cima outra pior! Eu bem digo que temos este jeito sádico horrível de nos agredirmos a nós próprios e de nunca apanharmos o jeito da nossa afirmação amorosa. Pois alevá porque o mundo não acaba hoje. Tenham juizo, que é sempre tempo, e façam o favor de abrir as portas a gregos e a troianos, às amantes e às esposa fieis, aos enfeitados e aos sem jeito... Não deixem de fora os crentes nem os letrados, mas por favor, que possam entrar os drogados, os emotivos, os sádicos, os masoquistas e a ralé, os pedintes e os sedentos, os corruptos, os políticos e até os padres e os bispos, pois foi deles que Ele fez o seu corpo. Como vos fingis fechando-vos quando pela nossa missão contemplativa e profética, irmãos de Maria, nos deviamos abrir, ainda por cima para mudar uns Estatutos quase perfeitos. Mudar à porta fechada! Tenham dó... Venham donde venham as opiniões, que o seu mérito seja o valor intrínseco que encerram. Já não somos muitos, e a abertura que nos poderia fazer crescer e ser, parece mais nado morto que outra coisa.

Preferia responder ao Rosalino no lugar próprio que era outro espaço deste blog!

Sobre o teu comentário: 1 - Não me venhas agora com essa de fazer de conta que não disseste o que está escrito. Pelo contrário acho que deves continuar afirmando o que disseste e o que querias dizer com o que disseste. Deves assumir a unicidade religiosa (católica) a que te referias e a unicidade política e explicar a tua perspectiva. 2 - A citação do Augusto ainda te complica mais as coisas. Porquê? Porque a frase do Augusto até pode ter cabimento num espaço de provocação como aquele em que foi proferida - jornadas carmelitas 2008-Julho Fátima. O que nunca poderá é servir-te de capa para uma afirmação bem mais drástica, não ecumémica e até incontitucional, pelo menos em Portugal.
3. Ainda gostava que me explicasses em que é que o teu humanismo religioso, a tua solidariedade, a tua dedicação aos mais pobres e ou mais necessitados e fracos, é superior à do nosso amigo e regular comntante Mário Neiva! Não é por nada de especial! Mas aliviava-me alguma comichão mental! Mas ainda te ponho a questão mais naturalmente com base na tua citação: faz-me perceber que práticas integrantes da tua pessoa, no dia a dia, tenham mais a ver com o destino espiritual e cósmico do homem, e que sejam diferentes das do nosso caro Mário, e, porque não, das minhas!?


Por mim, acho mesmo, que falar, apenas, não chega. Afinal, que praxis, isto é, afinal, que pratica de vida? Não é preciso muito, mas é preciso qualquer coisita mais de um Jesus Cristo que "só" se manifesta nos outros. Meu caro, eu sei que Ele também está por aí, mas por isso mesmo, também com o Mário. E dele eu disse que me ria porque achava que ele, Mário, era mesmo Carmelita. E se ele não é, o que escreve é.

Quanto a encerrar as portas! Isso é de um absurdo e uma de presunção de loucos entre pessoas de bem. Porquê? Porque quem está por bem, e com Ele, cultiva todas as formas de bem que são uteis a Ele (aos irmãos). Fechar um espaço de bem, de alegria, de leitura quase religiosa e obrigatória para tantos! Isso só revela distracção. Encerrar as portas? Mas que que autismos vos perseguem? Encerrar agora que se sente que fazemos bem? Fazer bem por escrever porque há quem leia. Diz o povo que Deus não fecha uma janela que não abra um portão! Aleluia...

21 novembro, 2009 02:58  
Blogger ROSALINO DURAES said...

.

Meu Caro Jorge

O teu ponto 3, deixa-me intrigado, quando é que eu disse que sou superior a quem quer que seja?

Nota-se é realmente, um certo nervosismo, nesta mensagem que queres fazer passar, de que os uns são mais ou menos que outros, atribuindo-me tal afirmação. Aquilo que sou ou deixo de ser, não é ti que o tenho de divulgar “não mostres á tua mão direita aquilo que faz a esquerda”.

Quando em tempos carreguei “o meu velho rádio” e que ainda hoje faço, fi-lo com convicções próprias e será com essas mesmas convicções que carregarei o peso da minha cruz, sem olhar se alguém repara naquilo que faço, como nunca o farei a quem quer que seja.

Não pretendo julgar quem quer que seja, mas tão-somente, ajudar quem de mim precisa.

No que toca a Mário Neiva, reitero todo o meu respeito, amizade e consideração, porque afinal é um homem deste tempo e que ajuda a inebriar a minha mente.


"Quem não tem o espírito da sua idade, da sua idade tem todo o infortúnio."
(Voltaire)

"Dois amores fizeram duas cidades: a cidade terrena feita pelo amor próprio até ao desprezo de Deus, a cidade celeste feita pelo amor de Deus até ao desprezo de si mesmo."
(Santo Agostinho)

ROSALINO DURÃES
2009/11/21

21 novembro, 2009 17:25  
Blogger Anonimus said...

O TEMPO DA NOSSA VIDA

Conta a “historieta” que um jovem dirigiu-se a um sábio e perguntou: “Mestre, quantos anos o senhor tem?” Não repare na má educação, mas eu gostaria muito de saber...”. O velho homem respirou fundo, olhou para seu interlocutor, respondeu:
“Uns dez anos!”. O rapaz riu meio envergonhado, imaginando que o sábio não tivesse gostado da pergunta, respondendo evasivamente, uma vez que ele demonstrava ter, no mínimo, uns sessenta anos.

Observando o constrangimento do moço, o mestre continuou:
“Eu devo ter uns dez anos, sim, dez anos de vida, daqui para a frente, pois o tempo que passou está perdido, não volta mais e eu não posso viver de novo o tempo passado”.

É curioso como se vê pessoas idosas atreladas ao passado, contando “casos” que quarenta ou cinquenta anos atrás, como se só aqueles eventos fossem importantes, e o resto da existência, presente e futura não tivesse o menor interesse. É claro que o passado é rico. Nele está o nascimento, as primeiras descobertas, a alfabetização, o despertar do amor, o casamento, nascimento dos filhos, etc.

Mas, nem por isto, precisamos ficar debruçados no passado, como se a parte mais importante da nossa vida estivesse lá. O dia de hoje, uma vez que acordamos com vida, capazes de sentir o amanhecer, ver o sol ou a chuva, escutar o barulhos dos pássaros ou o alarido das crianças, encontrar-se com algum parente ou amigo, tem um valor incalculável.

Por isto ele se chama “presente”, porque é dádiva. O amanhã, para saber cultivar as esperanças e as expectativas, embora incerto, também é apaixonante. É o passado que nos ajuda a viver o hoje, e nos projecta para o futuro.

Esses três momentos tem a capacidade de nos ensinar, fazer-nos ver, por exemplo, a diferença entre a paixão (que prende), o amor (que nos dá asas, e por isso liberta) e a amizade (que forma o chão que nos dá firmeza). A história do sábio e de seu jovem interlocutor nos dá muitas pistas, especialmente para pautarmos a nossa vida nesse novo ESTATUTO. O tempo da vida que passou, mesmo profícuo e cheio de realizações, está perdido, não volta mais. Lá atrás ficaram acertos e erros, alegrias e tristezas, conquistas e decepções. Agora, o que fazer? Chorar o “leite derramado”? E se a nossa vida não foi assim tão cheia de realizações?

Se não fizemos todo o bem que deveríamos ter feito? Se não gozamos as alegrias e os encontros, se não desfrutamos a beleza da natureza e os prazeres que estiverem disponíveis e nós deixamos de usufruir? A vida que se tem é uma só; não tem retorno. Quantos anos temos de vida?

O sábio imaginava ter dez... e nós, qual nossa expectativa? O que “Tu” farias se soubesses ter duas horas de vida? Ou dez dias? Ou um ano? Por isto, os anos que nos restam precisam ser bem aproveitados para viver ou reviver coisas que deixamos de fazer, fortalecer a amizade com Deus, estreitar os laços com a família, ajudar a quem precisa de nosso apoio, pedir o perdão que faltou, descer um pouco do pedestal e olhar as pessoas cara-a-cara.

A cada dia que passa, nossa vida fica mais curta. É como um jogo que se aproxima dos “minutos finais”. Por que não tentar rever a caminhada, ajeitando o que precisa ser ajeitado, no tempo que ainda nos resta? Vamos lá “Estatutar” com inteligência.
D/C.

21 novembro, 2009 20:18  
Blogger Augusto said...

Amigos e Companheiros de Viagem:

Depois de ler os vários comentários que aqui têm sido postos, apetece-me reproduzir um pensamento que tem a ver com o texto do D/C:
"O passado não tem função alguma a não ser aquela que tu lhe deres! ... De facto o passado não existe mais, mas a tua crença na sua existência e valor, faz com que queiras mantê-lo vivo. O passado não passa de uma imagem na tua mente, mantida e valorizada, arquivada na memória, que tu insistes em manter. Sem essa imagem não serias capaz de voltar a ele" [ISABEL FERREIRA, em "Entre o Medo e a Liberdade", Lisboa Outubro de 2009, ed.Ariana, pags 82,83]. Vivamos o presente, que o passado não afecte a nossa saúde externa e interna.
No que ao texto reproduzido num comentário e que foi extraído da minha conferência nas jornadas, quer esclarecer que ele tem todo o seu sentido, dentro do contexto em que foi produzido, mas não fora dele, sendo que, neste caso, (fora dele) pode adquirir o significado que o utilizador lhe atribuir.
Já agora, penso ( e é só a minha opinião pessoal)que o livro que acima refiro será de suma valia a quem o adquirir e desejar seguir todos os conselhos que ele encerra. Quem, de mente totalmente aberta, aceitar este meu desafio, verá que não perderá o seu tempo. E será, de facto FELIZ, já aqui nesta estadia actual na terra.
Augusto Castro

21 novembro, 2009 22:51  
Blogger jorge dias said...

Meus caros amigos e amigas, e, especialíssimamente, meu caro Rosalino, na qualidade de esteio e marco referencial desta associação, ou como alguém disse acima, meus caros e minhas caras, companheiros de viagem. Em tempo litúrgico de Cristo Rei do amor e de um reinado de paz, liberdade e amor entre os homens, é bom sentirmos mais a razão de afirmação da nossa associação por verificarmos que esta promoção do homem é, afinal, a nossa salvação e razão de ser. Por isso, Cristo Rei ou para os não crentes, o homem afirmado na paz, na liberdade, na lei globalizante, e em realização de todos.

Li sôfrego e reli com atenção. Saúdo o aparecimento de C.Silva e a sua linda estória e a tentativa de ajuda do Augusto. Por mim penso que a maior ajuda foi aquela de uma organização canónica que não foi aproveitada, embora em outro espaço deste blog.
Caro Rosalino, contigo nunca farei polémicas. Pela simples razão de que és muito fácil de perceber e somos demasiado próximos para eu te provocar. Só que escreves num blog e aí, meu caro amigo, se não concordar, por causa dos outros, vou ao limite.
Então não repondes às perguntas e vens contra-atacar sem responder? Por uma vez, superior, porquê? Superior porque estás disposto a excluir pessoas, com a revisão dos Estatutos, do seio da "aaacarmelitas" com base num critério religioso, unicidade religiosa para dentro, e com base num critério político, unicidade política para dentro. Pessoalmente nem me aquece nem me arrefece, mas que o tenhas escrito em blog, no ano da graça de nosso Senhor Jesus, de 2009, é intolerável. Repito, intolerável. Que não te expliques verdadeiramente e peças explicações, só piora. Superior porque te consideras propositor de ideias e teses que excluem. Nada mais, mas é muito.
Numa Associação de antigos alunos carmelitas, meu caríssimo C.Silva, Rosalino e Augusto e todos os demais, amigos e amigas, só pode caber a humanidade inteira face ao carisma da Palavra (contemplação e ou estudo) donde emergimos e nos libertamos, face ao profetismo que nos provoca,e pelo provocamos (apelamos), ouvidos os gritos dos irmãos que sofrem, e por força da irmã Maria que nos chama de tontos e palermas por nos perdermos em diatribes. Mexam-se para os irmãos, afinal, é só neles que Ele está connosco.

Pessoalmente, senti que um ano sem poder ter outra semana como a das últimas jornadas em Julho de 2008, em Fátima, é uma eternidade. E podeis crer que Fátima - jornadas foi muito fraco. Mas excelente na ausência de nada mais. Por isso já deixei desafios que não gostava de ver esquecidos! Uma coisa é um convívio de umas horas. Outra coisa é remoer sobre vários temas e desenvolver aquela partilha como soubemos fazer nas jornadas. Esta foi a minha primeira proposta. Outra era partir para uma organização de terceiros carmelitas. Claro que seria uma organização canónica. Mas cabe perfeitamente nos nossos estatutos actuais. Igualmente cabe nos nossos estatutos actuais organizar-se um grupo que queira passar uma semana conventual anual ou sei lá...! Em resumo, mais imaginação e inclusão.
Os trabalhos da messe são tantos... nada de confusões e ou provocações que somos tão pouco e todos temos lugar demasias e mesmo os membros não confessionais... A reisão dos estatutos só pode ser inclusiva. Boa semana...

23 novembro, 2009 01:02  
Blogger jorge dias said...

Três erros chatos:
-e pelo provocamos - "e pelo qual provocamos";
-lugar demasias -"lugar demasiado";
-a reisa dos estatutos - "a revisão dos estatutos".

23 novembro, 2009 01:12  
Blogger jorge dias said...

Resalvo jornadas de Fátima, efectivamente realizadas em 27, 28 e 29 de Março de 2009. O que só piora por psicologiacamente me parecer terem ocorrido há mais de um ano. Peço desculpa.

23 novembro, 2009 01:53  
Blogger Mario Neiva said...

Revisão dos Estatutos (I)


«E será, de facto FELIZ já aqui nesta estadia actual na terra».
Augusto, isto é música para os meus ouvidos. Vou seguir a tua sugestão de leitura, para saber aonde nos conduz o sonho da Isabel Ferreira.
Algo me intriga, porém, quando referes a felicidade «nesta estadia actual na terra», como se outra estadia existisse algures, a qual seria o nosso destino final. Felizes «já aqui» que depois a nossa felicidade será plena.
Esta promessa de mais vida feliz poderia revelar-se como o eco da fé cristã na «vida do mundo que há-de vir». Mas é um eco enganador. O cristianismo é bem mais exigente e não é apenas uma subtil diferença o que separa a fé cristã da ressurreição-glorificação, dessa outra «estadia».
Com efeito, o cristão não vai partir desta, para uma melhor, simplesmente porque não há outra para onde ir. Esta é a nossa casa, diz o cristão. Somos feitos «do pó da terra», agora diz-se da «Poeira Cósmica», que deu à luz o prodígio da Vida. Neste Mistério estamos mergulhados e em lucidez o saboreamos e em consciência nos deslumbramos.
Paulo de Tarso e o autor do livro do Apocalipse não deixam margem para dúvidas: o cristão vive e morre na esperança de um Homem Novo e de Novos Ceús e Nova Terra, exactamente este Homem que somos, esta Terra que habitamos, estes Céus que nos geraram. «Nem todos morreremos mas todos seremos transformados», diz o meu Paulo de Tarso. E ele não diz que seremos separados do nossa Terra mas que seremos transformados com ela.
Portanto, a conclusão lógica será: mãos à obra, aqui e agora, na busca da felicidade que há-de resultar da transformação em Homem Novo, Terra Nova, Novos Céus.
É destes desafios que nós gostamos.
Com a fé de Paulo ou sem fé alguma, do Mistério da Vida não podemos alhear-nos, a

23 novembro, 2009 11:48  
Blogger Mario Neiva said...

Revisão dos Estatutos (II)

«...De facto o passado não existe mais...»
Já estou a citar, Augusto, a Isabel Ferreira, no pedacinho de leitura que nos trouxeste.
Se me permites, vou discordar da senhora, nem que seja por uma vez só.
Escrevi, noutro local deste blog, há bem poucos dias, que assumo todos os passos que dei na minha vida, os certinhos e os que me levaram por maus atalhos. São todos meus e eu sou hoje o resultado de todos eles. É a minha identidade e, acredita, não me revejo num qualquer francisco, manel ou outro mário, porque já não seria EU.
Em cada passo construí a minha identidade que é feita de memórias materializadas em carne, vivências que me deram um perfil de personalidade, cultura que me deu forma ao pensamento, amores e amizades que me deram a vida que sou.
Quando perder o contacto com as minhas memórias e quando não puder dar mais passo algum, bom ou mau, aí sim, serei passado e podem escrever em lápide aquilo que «fui».
Mortos seremos passado, como que cristalizados no tempo e no espaço: nascido a tantos de tal, aqui jaz desde tantos de tal.
Enquanto vivos, carregamos, incarnado, o nosso passado, e construímos em cada dia o nosso futuro. Lá estaremos, no futuro, com o que fizermos hoje.
Enquanto vivos somos verdadeiramente intemporais, porque se os dias, meses e anos passam, nós carregamos tudo no presente, para um futuro onde seremos iguais e distintos do que fomos ontem. Porque, simplesmente, crescemos, sem anular, nunca, o "trabalho" feito. Impossível essa anulação, aliás, porque se tornou carne da nossa carne. Mas podemos continuar a crescer…
Porque a nossa identidade é intemporal, Augusto, ao fim de tantos anos me reconheces da Falpêrra e eu te reconheço. Isso, apesar de tantos cabelos perdidos (os teus, então, foram todos), do vigor da juventude enfraquecido, das mil e uma voltas que a vida de cada um deu.

Na hora de rever os Estatutos, pensemos nestas coisas tão...normais. Carregamos em nós um pedaço uns dos outros, pelo tempo que vivemos juntos, que nos deixaram marcas indeléveis e que constituem o nosso presente. Nunca um passado que ficou para trás há muitos ou poucos anos.
Na minha modesta opinião, minha cara Isabel Ferreira, o passado existe, sim senhor, e esse passado-presente-futuro somos nós e seremos, enquanto tivermos força para dar mais um passo que seja.
Que esse último passo seja um abraço.

23 novembro, 2009 11:49  
Blogger Mario Neiva said...

Revisão dos Estatutos (III)

Quem tiver jeito, talento e dedicação à AAAC faça os artigos e divida em alíneas os nossos propósitos e as nossas propostas. Os meus propósitos e a minha proposta é que os Estatutos sejam a casa aberta que já são, onde caibam todos os que carregam uma identidade que, de alguma forma, ajudamos a construir, sem esquecer as caneladas valentes nos jogos de futebol, as brigas arreliadoras de uns com outros e que hoje até podemos sentir como saudosas brigas. É tudo nosso e, por mim, não quero alienar-me de absolutamente nada, ainda que tenha de corar ao lembrar-me de pequenas patifarias Aliás, nem adiantava e o máximo que conseguiria era mutilar-me.
Vão por mim, ou pelo Augusto ou Jorge Dias, que tiveram formação na área: assumir o nosso passado inteirinho é o caminho mais seguro para que cada um encontre a paz consigo próprio. Começa aí a verdadeira transformação para o Novo Homem.

Quem tiver a fé de Paulo de Tarso, pode sonhar o mais lindo dos sonhos: a identidade intemporal que somos é vida que não acaba. Ele chama a isto Ressurreição.
Mas não entrem em triunfalismos, porque S.Paulo, avisadamente, prega a «Esperança na Ressurreição». Na verdade, pouco mais anuncia que um sonho. Mas digam lá se não é um sonho que consola e motiva!

23 novembro, 2009 11:51  
Anonymous Anónimo said...

ESPERANÇA


No véu da esperança
Vem a lembrança
Dos sonhos renhidos
Dos dilemas esquecidos
Que me fazem sofrer
Da guarda constante
Do futuro brilhante
Que pretendo ter.
Em constante delírio
Vi o rastilho
De fé e esperanças
Das belas lembranças
Da vil esperança,
Esvair-se no ar.
Minha sina é o mundo
Não sou moribundo
Nem vagabundo
Desejo brilhar
Nos olhos marejados
Gotas douradas
Regentes do bem
Vou mais além
Sem desdém,
Quero alcançar
No futuro chegar
Com força e ternura
Sem freios e frescuras
A soberba alegria
Que um dia batia
Em minha porta eu não via
O caminho da glória,
De outras glórias,
Ser não podia ser,
E sim saber
Jamais pensei alcançar
A glória literária,
Multifária,
De belezas buriladas
Na verve encarnada,
No viço da vida
De um ser tão querido
Sem cangas e opressões
Não vejo senões,
Nem alaridos,
Quero o partido
Dos poetas esquecidos,
Tangidos pela insensatez
Mas, sempre lembrados.
Nos sonhos dourados
De uma bela altivez.
Nos noites de festas,
Nas lindas serestas
Do mundo a brilhar
Afinal, vem o futuro.
Que desejei alcançar.

Lebre

24 novembro, 2009 22:24  
Blogger jorge dias said...

Caros amigos, em tempo propício para saudar a esperança que os comentários encerram, especialíssimamente na beleza e na graça poéticas, saúdo-vos no passado que somos e no futuro que, por esse facto já levamos parcialmente assinalado! A esse futuro que já parcialmente segue balizado há quem chame de salvação! Recordo o bom do reverendo sr. Abade, Pe. António Duarte Miranda, da sua tribuna dominical em Moure (Barcelos), quando dizia que na vida nos orientamos pelas convicções e valores que vamos interirizando na vida e guardamaos na nossa cabeça!(hoje diríamos na estrutur da nossa personalidade). Ao ler o Mário, logo me lembrei de Ortega y Gasset quando escreveu "Yo soy Yo y mi circunstancia" - eu sou eu e a minha circunstância, eu sou eu e tudo o que me aconteceu e me fez ser quem sou e como sou... ou então as primeiríssimas aulas de história da psicologia no ISPA (instituto superior de psicologia aplicada), onde o Jesuita T.Miranda Santos, nos desafiava a compreendermo-nos face ao que havimos sido ou a desenhar futuros para nós e para a humanidade na dialética de teses e anti-teses dos nossos passados e presente, nossos e da humanidade, que a todos fizeram presentes e já assinalam futuros... de esperança, com certeza. Claro sem rejeitar nada do que somos. Quando novito relia alguma daquelas cartas mais emotivas que havia escrito um dois anos antes, e porque eram tempos de grande acelaração de crescimento da personalidade, às vezes corava de vergonha! Como poderia ter escrito semelhante choraminguice! Mas bem depressa percebi que afinal me estava fazendo! Pois façamo-nos abertos à humanidade inteira por ser essa a sina globalizante (católica para os crentes) dos que perfilham uma humanidade sob o império da lei (do amor - para os crentes cristãos)...

30 novembro, 2009 01:02  
Anonymous Mário Neiva said...

Está perfeito, Jorge. Do melhor que tenho lido de ti até hoje. Continua, que é muito bom ver-nos uns aos outros a crescer. Devia ser para isto que todos os blogs hão-de ser inventados. Quem sabe como nos comunicaremos e ajudaremos uns aos outros no futuro? Como o corpo não pode estar presente, num abraço, num grito de alegria, num coro de vozes em harmonia, ou simplesmente numa refeição partilhada e festiva, a nossa identidade marca presença, assim, à distancia, porque, sendo nós "carne", não estamos confinados aos seus limites! Ou então, em alternativa que me parece ser muito mais razoável, nós não sabemos, exactamente, o que é ser corpo! Nada de admirar, se tivermos em conta que não fazemos ideia do que seja o Universo de que somos parte integrante. Sabemos, de ciência certa, isso sim, que somos a sua consciência. E já é muito bom para um começo de "encontro" com o Mistério da Existência.
Os crentes professos dizem que tocar este Mistério é fazer encontro com Deus. Seja como for, o momento desse encontro, para todo o homem que respondeu «presente!» ao vislumbrar o Mistério da Vida, é o princípio da Unidade Humana que sempre se sonhou e profetizou. E se muitos crentes professos se meteram por muito maus caminhos, perdendo de vista o próprio Mistério, gabando-se de o ter escarrapachado na palma da mão ou nas páginas dos seus livros sagrados, os ateus perderam-se na noite da negação total: nem Consciência-De-Ser-Mistério, nem Mistério-da-Vida. Apetece-me dizer-lhes que fecharam os olhos de propósito. E nem sabem o que perdem, passando ao lado desta quase euforia que sentimos, embalados ao colo de um mundo tão maravilhoso como aquele que se nos vai revelando numa História em crescimento. Apesar dos tsunamis de todos os tempos! Apesar de sentirmos na carne da nossa condição as dores de um parto demorado, envolto em sangue, mas promissor de mais vida...
Iniciem, com muita esperança, mais uma semana. Se doer alguma coisa, se ouvirem choros à vossa volta, saibam que são os "trabalhos" de parto. Já agora, dêem uma ajudinha. Comecem por dar umabeijo carinhoso na companheira de todos os dias. Nem podem imaginar como ajuda nas "dores de parto

30 novembro, 2009 08:48  
Anonymous Anónimo said...

Gotas de esperança em verso,
que dedico a todos os amigos que ao meu lado caminham!


Pelos caminhos da vida,
Deparamo-nos com tortuosas estradas
Que insistem em fazer-nos querer,
Desistir da nossa caminhada.

São os problemas, medos e aflições
Que surgem em nossos caminhos,
Afligindo os nossos corações
Machucando-nos como se fossem espinhos.

Mas, se tivermos Deus a nosso lado
E na sua palavra e ensinamentos nos protegermos,
Nenhum mal encontrado ao longo do caminho
Poderá fazer-nos desistir ou temer.

Se o amor e a luz de Deus em nós habitar,
Com Ele, poderemos seguir sem nada temer
E todos os caminhos da vida trilhar!

(LEBRE)

30 novembro, 2009 21:26  
Blogger jorge dias said...

Caros amigos...
Para que mais uma vez fique assinalado permiti que dê relevância à forma poética de dizer as coisas, pela simples razão de a liberdade de forma sempre permitir ir mais longe! Venham poetas e as suas poesias!

Já deixei escrito algures e a muitos mais afirmei a forma provocante, pela positiva, como o Mário Neiva tem esrimulado a emergência de ideias no espaço deste blog. Tenho prazer nesse facto por várias razões! A primeira de todas, desde logo, é por não me sentir, louco, sozinho! Brrrrrr... ignorem, mas refiro-me aos limites... que nos mudam. Por outro, nunca no Carmelo, enquanto frei, nunca me encontrei com quem quer que fosse, a um nível dinâmico, espiritual e teologicamente, profundo,como me tenho encontrado com os amigos deste blog! Blog que, de resto, depois, em conjunto com outras variáveis me matiza na minha vida de intervenção bio-psico-social.
Personalizando um pouco os dois comentários anteriores.
Cara lebre! Mas onde poderia estar Deus senão contigo1? Mas então isso não é uma questão de imanência do próprio Deus!Mas onde poderia Ele estar? Em ti, claro, e no universo de nós todos! Se a teoria tem defeitos não fui eu quem inventou! Não é essa a fé dos crentes cristãos!? Diz a canção. "Deus está aqui, tão perto de mim, nunca estarei só, será sempre assim. Deus está aqui, Ele está sempre comigo!". Volta sempre com odes de esperança!
Caro Mário e caríssima aaacarmelitas que tais desenvolvimentos nos proporcionam... venham todos ao espaço da Palavra para sermos, isto é, nos fazermos. Dizia, caro Mário, estás muito daimoso. Esta palavra daimoso deve ser um anglicanismo! Pronúncia inglesada da palavra diamente, sob a forma de adjectivo. Pois seja. Obrigado pelo elogios, mas sempre entendi que foi para a liberdade da invenção das palavras que este blog existia. Para que que haveria de ser senão para a palavra!... Respigo do teu comentário, quase em cointínuo, as seguintes palavras, "abraço, grito, coro, refeição partilhada e positiva". Caríssimo, eis a vida servida em bandeja onde o ouro segue sobre o azul da sua forra, eis a espiritualidade, eis a vida, a fraternidade, a humanidade. Repito: "abraço, grito, refeição partilhada e positiva..." Nós não sabemos exactamente o que é ser corpo... não sabemos não senhor. Mas devo dizer, que se isso é verdade em relação ao nosso corpo, então imagina em relação ao corpo dos outros... na dúvida, aqueles que creem, vão falando de um corpo místico! Espero que entretanto não espezinhemos aquele que somos nós ou o da vizinha. Por mim,não duvido,que nestes mistérios, fazemos encontro com os homens e mulheres e, por eles, com Deus. Os ateus e agnósticos! Como potenciam a nossa espiritualidade! Primeiro Ministro da Austrália para os Muçumalnos reinvidicativos sobre a retirada do crucifixo das escolas: "Esta nação foi constituída com base em princípios cristãos. Aceitamos todos os que chegam para aqui fazerem suas vidas. Devem, porém, compreender que se devem integrar.Há lugar para todos. Mas devem compreender que se o não fizerem, lamentamos, mas só lhes resta partir." Diria eu, parafraseando Ortega y Gasset "Yo soy yo y mi circunstancia". E já agora quem era D.Afonso Henriques e com base em que pricípios fundou o condado portucalense das nossas origens? E porque lutou contra a própria mãe na vizinha S.Mamede da nossa FALPERRA? Se não me responderem, tomarei ei a iniciativa!
Que bonito essa da euforia de viver em continuado trabalho de parto banhado pelo suor de mil olhares. Quanto aos beijos, mesmo em tempo de gripe A, sejam pródigos, não os limitem... Boa esperança, bom Advento...

02 dezembro, 2009 00:00  
Blogger jorge dias said...

Como estas coisas se cruzam... e nos são transversais... noutro comentário me refiro à festa da vida e só agora reparo que o Mário afinal falava de "abraço, grito, coro, refeição partilhada e FESTIVA." Como estas coisas são. Li, percebi, comentei noutro lado e aqui errei na expressão. Positiva em vez de festiva. As minhas dsculpas face à profunda diferença, claro, no sentido!

02 dezembro, 2009 01:08  
Anonymous domingos coelho said...

Advento
Uma boa dica Jorge Dias

Estamos a viver o tempo do advento, um período de preparação para chegada de Jesus. Pois bem, desde o inicio da história da salvação logo no primeiro livro Gênesis, Deus já anuncia a vinda de Seu filho como promessa para a restauração da humanidade. Em Gênesis 3,15 lemos; Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu ferirás o calcanhar.". Nestas palavras ditas logo no principio da bíblia Deus dá inicio ao advento dizendo que pelo sim de Maria inicia a Aliança derradeira.

Penso que quando refletimos Deus na nossa vida precisamos apenas ter um coração humilde e perceber que Ele não é alguém que foi idealizado por um povo, para que vivêssemos uma vida dentro de determinados valores e regras Deus é muito mais que isso como a Palavra diz; Ele é AMOR.

Quando o homem – segundo a história da salvação – pecou, passou a ter uma vida de sofrimento, passou a ter vergonha de si mesmo, com esta atitude escondeu-se da Luz. Deus vê esta realidade, esta situação de baixa auto estima, de morte fruto do pecado anuncia a vinda de Jesus sendo a Luz.

Pois bem, o Antigo Testamento dá o seu lugar ao Novo quando esta promessa se cumpre através do SIM de Maria, naquele momento o Espírito Santo fecunda seu Ser e o Verbo Divino que se faz homem. A primeira manifestação no homem da Santíssima Trindade dá-se em Maria. Ela é o primeiro templo vivo da Trindade. Por isso tal saudação de Isabel, Avé Cheia de Graça.

Jesus vem ao mundo para resgatar a humanidade, para devolver a vida ao homem, sendo assim, Deus é o Deus da vida e não da morte, é neste sentido que todo aquele que se diz cristão tem por dever, por obrigação ser o defensor da vida. É por isso que o cristão deve ser contra o aborto, contra as drogas, contra a eutanásia. Enfim, é por tudo isso que todo cristão não deve aderir à cultura da morte. Pois, se Deus na Sua infinita misericórdia restaura a vida, como seus seguidores poderemos ser contrario?

Por mais que Deus seja Amor, não dá para compreender que Ele seja omisso para com pessoas que mesmo dizendo amá-lo tenha na mente fixada as culturas de morte. O advento serve para esta reflexão individual sobre nosso comportamento em relação à vida e o compromisso com a prática do amor, da caridade, mas principalmente discernir qual o Deus que professamos no nosso cotidiano. O Deus da Vida ou o Deus da morte.

Celebrar o advento é refletir dois pontos fundamentais; um é reviver o mistério da vida, da promessa de Deus à humanidade e todos os factos e acontecimentos até à vinda de Jesus. É observar em cada livro do Antigo Testamento as profecias que direcionam no cumprimento das Palavras de Deus. É perceber as franquezas e as virtudes de um povo que caminha na esperança da promessa feita logo no primeiro livro da bíblia.

Celebrar o advento é reflectir sobre nossa vida, sobre nossa caminhada não mais para a instauração do Reino de Deus, pois ele já se encontra no meio de nós, mas é reflectir o nosso encontro com Deus definitivamente.

D/C

02 dezembro, 2009 20:21  
Anonymous Anónimo said...

Advento


Uma nova estação está para chegar
É hora de se perdoar e dar o perdão.
Enfeitar de flores o interior para aconchegar
Aquele que em nós vem para habitar.

A vida se faz e refaz a todo momento
Nascemos para o novo e para o velho morremos
Em cada Natal é uma aurora desperta
É um ramo que novamente brota.

É a primavera que acorda a esperança
O sol que com seus raios traz a luz
E para um caminho novo nos conduz.

Advento é tempo de refazer o jardim
Aparar a erva daninha que está no coração
E permitir acontecer uma bela estação.

LEBRE

02 dezembro, 2009 20:58  
Anonymous Mário Neiva said...

Diz o nosso povo, e outra vez recordo a sua proverbial sabedoria: «o que nasce torto, tarde ou mal se endireita».
Pelos vistos, meu caro Domingos Coelho, nascemos praticamente no «pecado», se é que não somos mesmo a incarnação do pecado, parecendo mais filhos do Diabo que de Deus, e, não fora o «advento» de um Salvador, a perdição era o nosso destino certo. Afinal, aquele bem mais precioso, e distintivo das restantes criaturas, foi presente envenenado: a liberdade ou livre arbítrio. E como a História do Homem tem sido uma sucessão de infâmias, de horrores indizíveis, de extermínios sistemáticos, em boa verdade se pode dizer que somos livres para a perdição e nem com a vinda de um Redentor corrigimos o rumo.
São factos de ontem e de hoje.
Com estes factos os Saramagos de ontem e de hoje riem-se daqueles que falam de um DEUS AMOR.
Se estivesses mais atento à pregação, por exemplo, do Pe Carreira das Neves, saberias que a Biblia não é uma peça de jornalismo e muito menos a resenha da História do Homem, mas simplesmente o pulsar do coração dos nossos antepassados que a escreveram, à procura de compreender a sua origem e o seu destino. Viveram e morreram tacteando o caminho tanto quanto tu e eu. Imaginaram e sonharam tanto como nós. E deixaram o testemunho dos seus esforços nas escrituras que tu consideras santas. São apenas o resultado dos seus mais genuínos anseios.
E tu e eu e nós, que sonhos vamos deixar para os nossos netos? Vamos servir-lhes a «experiência» dos nossos antepassados, como se a História Humana já estivesse toda vivida, acabada, pronta na prateleira da vida, como se de um museu se tratasse, para ser simplesmente copiada, imitada?
O «advento» de que falas terá de ser a chegada de uma nova Humanidade, saída dos trabalhos de parto dos tempos que vivemos e que os nossos filhos e netos hão-de prosseguir. Só assim o «advento» será tempo de esperança para um parto feliz, queria dizer, para um Natal Feliz.
Eu sei, meu caro Domingos, que não foi bem esta a perspectiva que nos foi inculcada na Falperra, Sameiro e nas missas dominicais. Os sacerdotes pararam a olhar para o céu, a apontar para o ceú, considerando que os «trabalhos» (de parto)deste mundo estavam todos concluídos, o Novo Homem já cá estava pelo menos há dois mil anos e agora era só levar uma vida mais ou menos dentro da moral e bons costumes, que tudo o que sonhamos viria quando fechássemos os olhos.
Não estranhaste, nunca, caro Domingos, que isto era uma estrada demasiado larga e fácil, uma autêntica auto-estrada?
O contacto com a realidade diz-nos, bem ao contrário, que a "passagem" é estreita e a criança que vai nascer tem de passar por ela, em sofrimento e sangue, até ver a luz do dia. E é depois do Natal da Vida que os trabalhos começam mesmo a sério.
Não sonhemos com um «advento» e um «natal» onde já tudo aconteceu e a nós só nos restaria o papel de ficar na berma da estrada aberta e larga, para viajar à boleia.
Procura informar-te bem, meu caro Domingos Coelho, e vais ver que a teologia da tua Igreja Católica te aponta o caminho do futuro, um caminho que tem de ser «construído» por todos os que têm esperança num Homem Novo. Sem esquecer a Humanidade que fomos no passado e está toda inteirinha na que hoje já somos. Tal como tu és o mesmo menino que conheci na Falperra há uma eternidade e hoje, apesar de seres o mesmo, és também outro.
Não inventemos uma Humanidade que não é a nossa. Estaríamos, simplesmente, a mentir e enganar-nos a nós próprios.
E pouco nos adiantaria, porque a História prosseguiria o seu curso imparável, com o empenho de biliões.
É o meu primeiro abraço deste Natal de 2009 e vai para ti.

03 dezembro, 2009 09:36  
Blogger Augusto said...

Espanto! Espanto! Espanto!
... E cogitava eu que..., criando este espaço, iriam começar a chover contributos para uma efectiva e salutar revisão dos nossos estatutos.
E... que vejo eu ??? Todo um conjunto de dissertações sobre temas que ...
Aos estatutos, enquanto tais, NADA DIZEM.... E esta hein?!...
Bem... temos de enveredar por outros caminhos que...este... está visto.... não leva a lado algum...
Pois bem, continuem a usar esta plataforma para perambular nos escaninhos da mente...
E, com esta me vou, para não interromper tão elevados pensares.... e ..... já agora...

"Libertem DEUS de tudo o que vós pensáveis que ELE fosse..."
augustus

03 dezembro, 2009 14:59  
Anonymous domingos coelho said...

" enquanto há vida…”

- Amarás pois o Senhor teu Deus, de todo o coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força …. e amar o próximo como a ti mesmo, excede todos os holocaustos e sacrifícios.(Marcos 12 28-31)

Um Abraço para o Meu Amigo Mário Neiva
D/C

04 dezembro, 2009 17:05  
Anonymous Anónimo said...

A propósito do comentário anterior e porque se me afigura estranho o texto referido e citado, reproduzo, na tradução que uso, de André Chouraqui - (tradutor de textos sacros apoiado e louvado por Paulo VI) - e que reputo a mais autêntica e fiel ao original, actualmente existente. Trata-se do texto atribuido a Marcos, cap. 12 e versículos 28 a 31:
Aqui vai a tradução:
28 - "Um dos Sopherîns aproxima-se dele; ouve-os discutir, e penetra que Iéshoua' lhes havia respondido bem. Ele interroga-o: "Qual é a primeira de todas as misvots?"
29 - Iéshoua' responde: "A primeira é: "Ouve, Israël, IhvH, nosso Elohîms, IhvH único,
30 - e amarás IhvH teu Elohîms de todo o teu coração, de todo o teu ser, de toda a tua inteligência, e de toda a tua intensidade.
31 - E a segunda é: Ama o teu companheiro como a ti mesmo. Misva maior que esta não há". (MARCOS, de André Chouraqui,1996, Imago Editora Lda, Rio de Janeiro, Brasil).
A/C

05 dezembro, 2009 23:17  
Anonymous Anónimo said...

nota:
AS MISVOTS designam os mandamentos dados por IhvH, aos quais os hebreus devem obedecer quotidianamente.

05 dezembro, 2009 23:41  
Anonymous Anónimo said...

... e o dom


E quis Deus que cada ser humano recebesse um atributo
Distinguindo-o dos demais
E assim, se fez a individualidade
Mistério que cerca a humanidade
E que não é desvendado jamais...

E quis Deus que a humanidade fosse diferente
Uma em essência, peculiar em sua divindade
Assim, dotou cada ser humano
Com parcimónia, sem cometer enganos
E instalou dentro de cada um a possibilidade
Dele mesmo ser responsável por sua felicidade.

LEBRE

06 dezembro, 2009 17:06  
Blogger jorge dias said...

Olá caríssimos e, caríssimo por esta vez(por pouco aparecer) Augusto, pois cá vamos aos estatutos, isto é, à base dos estatutos. E esta, não parecendo, é que é a questão! Meu caro Augusto, é que se até nem conseguimos descrever o que é ser cristão, como poderemos dizer o que é ser da associação dos antigos alunos carmelitas?! Compreenderás que têm sido emitidas opiniões sobre a morte, a ressurreição, o corpo místico de Cristo que tem muito mais a ver com algum imaginário popular e muito menos com a própria Bíblia e até a doutrina mais estricta da Igreja. Ao contrário do que referes, caro Augusto, vejo mais toda esta meditação como um passo em frente na clarificação do que somos. Digo mais, uma clarificação sadia e absolutamente necessária. O único caminho seguro... e depois nem nos falta tempo!É assim que ao comentário do Mário e à sua psicologia (pedagogia) de afirmação do humano e do divino eu responderia simplesmente: " Meu caro Mário, comigo não, não mesmo: "Eu cá nasci direito, direito me sinto e direito vou continuar...mas que deu para duvidar lá isso deu".
Por outro lado, os estatutos têm sido para mim uma continuada e provocante inquietação mental. Eis senão que pondo a pesquisar encontrei esta linda abordagem do contemplativo. "...contemplativo é aquele que alcança a profundidade do real". Desconfiei sempre infinitamente do contemplativo que me serviram em circuito fechado. Ora entendamo-nos, afinal contemplativo é o que, à luz da palavra de Deus, alcança a profundidade do real". Ou seja, ao contrário do que tanta vez nos foi sugerido no Carmelo, o contemplativo tem sempre a ver com a palavra de Deus para o real. Pois claro... e por isso sempre lhe adicionaram o profetismo que na história do Carmo remonta até Elias e Eliseu. E o que é o profetismo? Simplesmente o anúncio dessa descoberta e da mudança que implica pelo que se anuncia e denúncia. Por isso, nestas reflexões, uma proximidade total aos estatutos e no que devem ser face a estas reflexões que lhe dão base cognoscitiva de suporte, de sustentação. Claro, infinitamente abertas. Mas senão reparai vós os crentes. Que mais disse o João, que seria o baptista, e era profeta, que endireitai os caminhos!? Porque foi generalista e abrangente ainda hoje é enigmático e inclusivo. E nós que tivemos a escola do real(contemplativo), do profetismo e nos iniciamos na irmandade de Maria, mesmo que as vias de alguns apenas sejam do real, sabemos muito bem que baptismo (mesmo que sem baptismo por opção) temos hoje face aos homens que por nós gritam e reclamam luz, caminho, opções, esperança,... são razões de viver o que nos falta! Esta baase só pode fazer parte dos nossos estatutos. Por isso digo que neles tem que caber a humanidade inteira. Mas digo mais, na qualidade de profetas por contemplação da palavra para o real... vós os que credes só podeis ser referência, linha da frente, referência para uma cultura de tíbios e teremeliquentos quando toca a amar os ouros em quem Deus é. Esperai sempre mais que os que não têm esse alento da fé, e que se note que a vossa vida segue cheia de amor! Senão, afinal, o que somos? Só podemos ser felizes... repito felizes! Ponde em dia o vosso entendimento sobre o homem ou o vosso cristianismo que logo faremos uns excelentes estatutos!

07 dezembro, 2009 00:04  
Anonymous Mário Neiva said...

Hei-de voltar aos Estatutos (já falei deles, Augusto, ao apontar a filosofia que neles deve permanecer, e que já é a sua, de abertura a «todos os AA carmelitas»).
Hoje é só para dizer ao Jorge que não afirmei que nascemos «tortos». Nem «tortos» nem «direitos». A humanidade nasceu como «é». Contemplemos essa REALIDADE profunda.
É bem mais complicado fazer esta «contemplação» do que ficarmos entretidos a ouvir uma história linda que nos conta que fomos feitos muito direitinhos, fizemos disparate e estragamos tudo e depois lá teve que vir alguém reparar os estragos. E, deste modo, fica explicadinho o Mistério da Vida! Resta-nos recordar vezes sem conta a linda e antiquíssima narrativa, nascida da alma poética e pensativa dos nossos antepassados...
Mas se a eloquente narrativa é a apenas o pulsar da alma inquieta dos nossos avós, face ao Mistério que se lhes deparou, temos de fazer o mesmo, contemplando o Mistério da Vida, escrever a nossa própria narrativa e viver com ela. E legá-la aos nossos filhos e netos.
Pensa lá, Jorge, se isto não é bem mais complicado mas também muito mais fascinante.
Não nos vamos limitar a ser contadores de histórias. Mas contemo-las! Ou porque são lindas ou porque são uma lição para a vida.
E, sobretudo, porque são pedaços da vida da Humanidade que somos hoje. No fundo, essas «histórias» somos nós mesmos, há muitos anos atrás.
E Saramago não compreendeu isso (ou não quis reconhecê-lo) e por isso também não compreende nem aceita a Humanidade de hoje. Uma Humanidade livre, sonhadora, contemplativa, esperançada, aberta ao Mistério da Vida, sofrendo e brincando, trabalhando, criando, filosofando, rezando e avançando apesar dos profetas da Desgraça e do Nada.
Contemplando o Mistério da Vida sentimos que não estamos «encurralados» num absurdo imaginário.
Termino citando o Jorge:
«Contemplativo é aquele que alcança a profundidade do real»

07 dezembro, 2009 09:32  
Blogger jorge dias said...

Que desafios se encerram caros aas nos espaços da contemplação "contemplativo é aquele que alcança a profundidade do real", quando um homem se pôe a pensar! E que modernidade para o Carmelo ou simplesmente para os pensadores do homem, como dizia o Zeca Afonso... "vejam bem que não há só gaivotas em terra, quando um homem se põe a pensar", ele, o Zeca, que pensou o homem e nas suas cantigas o cantou, deixou-nos a verticalidade mental e a fraternidade humana um passo em frente. Eis-nos obreiros de um real, onde para os crentes Deus é nos homens e, para todos, simplesmente,o homem é. Oxalá que esta pequena diferença se note... Que por aí nasçam advenham - advento) muitas coisas à altura do tempo que vivemos. Os estatutos vão ter seguramente um apurado senso de inclusão.

08 dezembro, 2009 20:17  
Anonymous domingos coelho said...

‘A MAIOR ESPERANÇA”



A virgem Maria soube por intermédio de um anjo que seria a mãe do Messias e se preparou espiritualmente para a Sua chegada. Entoando uma suave canção, ela expressou seu sentimento de alegria pela bendita esperança: “Minha alma engrandece ao Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador” (Lc 1,46-47).

Ela esperava que Jesus, na qualidade de libertador pessoal, trouxesse felicidade a todos que prestassem atenção às Suas palavras (Jô 2,5). Maria sabia que o Salvador aliviaria o sofrimento, curaria os enfermos, animaria pessoas tristes e restituiria a vida. Ele próprio declarou o objectivo de Sua missão: “Eu vim para todos tenham vida, e a tenham em abundância” (Jô 10,10) “Pois Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo mas para que este fosse salvo por meio dEle” (Jô 3,17). Portanto, o Filho de Deus não veio com p propósito de julgar e lançar pecadores num lago de fogo e tormento. Ele veio para salvar o mundo.
A morte de Cristo na cruz deu-nos a oportunidade de sermos felizes, abrindo nossos olhos para a perspectiva de um futuro melhor. Nós podemos sair do casulo das nossas limitações genéticas ou adquiridas, para conseguirmos realizar os sonhos mais sublimes do nosso coração.
Enquanto esteve por aqui, com carisma, Jesus atraiu muita gente através das suas pregações. Multidões queriam estar junto dEle para ouvi-Lo e por em prática suas palavras de vida.
Embora, Cristo, tenha alimentado, curado e ressuscitado seres humanos; com o passar do tempo a fome, a doença e a morte voltaram para aquelas pessoas.A vida na Terra continua sob o efeito do pecado; por isso, Ele prometeu os tirar daqui: “e quando eu for e lhes tiver preparado um lugar, voltarei e vos levarei comigo, para que onde eu estiver, estejam vocês também”. (Jô 14,3) “Porque falta apenas um pouco, e aquele que deve vir vai chegar e não tardará”. (Hb 10,37) “Ele vem com as nuvens; e o mundo todo o verá, até mesmo aqueles que o transpassaram. E todos os povos do mundo baterão no peito por causa dele. É isso mesmo! Assim seja! (AP 1,7)
Habitar com Deus é a garantia que se pode ter para desfrutar a vida sem as consequências danosas do pecado. Nesta promessa está contida a maior esperança da humanidade: “Deus habitará em nós e nos enxugará dos olhos todas as lágrimas, e a morte não existirá, não haverá luto, nem pranto, nem dor” (AP 21,3-4)
A Bíblia diz-nos para encararmos o assunto com determinação: “Porque a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens. Ele nos ensina a renunciar a impiedade e às paixões mundanas e a viver de maneira sensata, justa e piedosa nesta era presente, enquanto aguardamos a bendita esperança: a gloriosa manifestação de nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo. Ele se entregou por nós a fim de nos remir de toda a maldade e purificar para Si mesmo um povo particularmente Seu, dedicado à prática de boas obras” (Tt 2,11-14).
Assim como a virgem Maria celebrou com alegria e fez preparativos espirituais para a primeira vinda de Cristo, chegou a hora de nós seguirmos o exemplo dela em relação ao retorno do Salvador do mundo, que em breve voltará.
Vale a pena acreditar na concretização da maior esperança e dizer com optimismo: “Vem, Senhor Jesus!” (AP 22,20)

“em 1646 foi proclamada padroeira de Portugal Nossa Senhora da Conceição”.
“em 08/12/1996,falecia Rosa de Almeida, Mãe do D/C.”

08 dezembro, 2009 23:19  
Anonymous Mário Neiva said...

Como sou um recém-chegado ao convivio dos aaacarmelitas, permite, Agusto, que faça esta pergunta: afinal porque é que se querem alterar os Estatutos? Estão bem elaborados e são muito abrangentes. Cabemos lá todos. Diz-me lá, Augusto, o que é que neles possa estar desactualizado. Se é para os tornar "confessionais", introduzindo-lhe uma deriva obrigatóriamente católica, vai ficar gente de fora. Estarão a fazer uns Estatutos para este e para aquele e não para «nós» antigos alunos carmelitas, ex-marianos. Não esqueçam que o limite temporal dos Estatutos é curto. Já vamos sendo vindimados, com a chegada inevitável do tempo das colheitas...E a sementeira é cada vez mais pequena, num campo cada vez menos cultivado e forçado ao pousio, por falta de sementes para um «seminário». Temos consciência que somos o que resta de «fornadas» que já foram fartas.
Pensem uns estatutos «para nós» e não para hipotéticos vindouros. Os nossos filhos e netos estão a ser lançados ao chão fértil de outros lugares e de outros tempos.
Não se troque uma realidade que pode ser linda na amizade, pela ilusão de uma «ordem carmelita» feita de ex-marianos, retomando uma espiritualidade que não quisemos na juventude. Porque não se aceita, de uma vez por todas, que nós não quisemos ser carmelitas! E se não quisemos sê-lo na realidade, vamos agora, como que arrependidos do nosso gesto de rejeição, improvisar uma imitação? É isso que se pretende com a alteração dos Estatutos?
Deixem para trás o «homem velho», que nós já somos diferentes hoje e queremos ser ainda mais novidade amanhã. Afinal, estamos em crescendo de humanidade, que é o mesmo que dizer, amizade, união e amor. Não façam leis para nos dividir. AH Paulo de Tarso como tu és actual: «a lei mata e o espirito vivifica».
Lembra-te, meu caro companheiro, que se estiveres a fazer uns Estatutos «para ti» estarás a negar uns «para nós». Fomos feitos para o amor e não para as leis. Estas são simples semáforos para ajudar no trânsito, sem atropêlos. E quando os semáforos atrapalharem o amor, retirem-se da nossa caminhada. Até que um dia acabarão mesmo por ser dispensados, cumprindo-se a professia: ama e faz o que quiseres.

08 dezembro, 2009 23:34  
Anonymous Anónimo said...

Quase Natal



Não quero falar de Natal como antes, como todos,
meus Natais são dias, são minutos, são glórias.

Conto cada conto de Natal, cada segundo que fui feliz,
cada pedaço de pão, cada oração.

Todos os meus dias são Natais, são festas,
marco todo amigo que abraço,
os que ficaram no passado,
os novos que dia a dia começam a conhecer-me.

Lembro minha Mãe,
é assim mesmo que escrevo, com letra maiúscula,
uma pessoa que não passou,
pois deixou em mim partes suas,
pedaços de seus ensinamentos, de suas alegrias,
ensinou-me a sentir e a não julgar,
o amor que aprendi não foram pedaços,
é inteiro e todo seu.

Hoje quero parar, uma vez por ano faço uma oração,
uma para alguém que nunca vi,
não peço nada, não agradeço nada também,
apenas faço uma oração, não uma convencional,
nada decorada, nada que me ensinaram,
mas uma que aprendi com a vida, com a minha
e com as pessoas que me cercam pelos tantos
caminhos que percorro e que ainda sigo.

Aos meus amigos não vou dar presentes, não vou dar
nenhum abraço, não vou ligar e nem ao menos
um cartão vou enviar, quero que me lembrem depois,
como foi antes, durante todo este ano, como foi
durante estes tantos anos que nos conhecemos, alguns menos
outros mais, mas todos aqui, juntos, não importa a data.

Hoje é quase Natal,
ainda somos pedaços de gente aprendizes de vida.
Tento conservar tudo como está, ao seu gosto
e como ELE desejou.

Mais 365 dias
e vou continuar a seguir como sempre,
respeitar as diferenças, sorrir mais, sorrir com o coração
e não com os dentes, abraçar os amigos
e cuidar mais dos inimigos se por acaso os tiver.

Senhor, não prometo mais
e não vou pedir mais,
tenho certeza do que posso,
do que sou e do que poderei ser durante os
próximos 365 dias de Natal ...

Parabéns do seu amigo...

Homem


LEBRE

13 dezembro, 2009 20:20  
Anonymous Mário Neiva said...

Também para isso servem os Estatutos...

De Fernando Pessoa

Poema do amigo aprendiz


Quero ser o teu amigo. Nem demais e nem de menos.
Nem tão longe e nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida,
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar.
Sem forçar tua vontade.
Sem falar, quando for hora de calar.
E sem calar, quando for hora de falar.
Nem ausente, nem presente por demais.
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amigo, mas confesso é tão difícil aprender!
E por isso eu te suplico paciência.
Vou encher este teu rosto de lembranças,
Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias...

15 dezembro, 2009 11:28  
Blogger jorge dias said...

Meus caros aas e tantas e tantos outros, que lindo este nosso espaço!
Hoje começo por saudar a clarividência, envolvida numa misticidade amorosa dos signatários dos nossos estatutos, e do emotivo pulsar dos homens, que, em fase já globalizante, nos idos de 26 de Janeiro de 1991, deram forma aos estatutos da aaascarmelitas no Seminário do Sameiro. Parabéns aos vivos e, aos mortos, tenham a bondade de incluir no panegírico! Para a posteridade:
1. Manuel Joaquim Gonçalves
2. João dos Santos Fernandes
3. José Parcídio Teixeira
4. Amaro Ferreira Alves
5. Domingos Brandão Correia
6. António Correia da Fonseca
7. Bernardo de Jesus Silva
8. António Abreu Pereira
9. António Manuel Matos Pereira de Castro
10.Francisco José Rodrigues
Caríssimos signatários, vivos, por mim tenho lugar pleno nestes estatutos, acredito, todavia, que poderá ser explicitado num ou outro aspecto e por isso aqui estou com total disponiblidade.

Sobre os comentários anteriores que sendo, não entendo se são ou não sobre os estatutos, permite meu caro DC que te diga que eu gosto, eu aprecio, eu anseio por Palavra pragmática da tua para a minha vida. Todavia, a Palavra, se não clarificada, ao limite do que encerra, logo fica redondilha sem sentido mesmo quando é bíblica! Por ser bíblica não deixa de ser inenarrante! Aqui e agora explicita, em vidas humanas o sentido, por favor que quero mesmo aprender! Natal, minha mãe, muinha mão, uma oração, meus amigos, quase Natal, 365 dias! Mas, afinal, vou pôr meu sapatinho na janela do quintal... Meu caro DC! Já estamos salvos e Jesus já veio... agora só celebramos que já veio... já estamos no bom caminho, salvos e com os outros...vai por aí... Que bonito o Natal, meu caro, porque nos exorta a sermos mais o que já somos, apenas, apenas, o que já somos, filhos da boa notícia!

Meu caro Mário, Fernando Pessoa, o Sartre português. Sei lá? Só que o francês era louco e o português foi um pouquinho além do Camões. Obrigado! Que delícia!

Hoje brindo o nosso vasto auditório com versos de limite que um grande amigo, Assistente Social, Ernesto Fernandes, me fez chegar às mãos e que, mais próximo dos nossos dias, à sua maneira, canta o Natal, "AS FONTES" de Sofhia Mello Breyner Andresen.

AS FONTES

Um dia quebrarei todas as pontes
Que ligam o meu ser vivo e total,
À agitação do mundo, do irreal,
E calma subirei até às fontes.

Irei até às fontes onde mora
A plenitude, o límpido esplendor
Que me foi mprometido em cada hora,
E na face incompleta do amor.

Irei beber a luz e o amanhecer,
Irei beber a voz dessa promessa
Que às vezes como um voo me atravessa,
e nela cumprirei todo o meu ser.

Em Natal 2009, um re-lembrar do que somos, por Jesus, em perspectiva de futuro, a humanidade construindo-se em boa nova para os homens a quem Deus quer bem!

16 dezembro, 2009 00:34  
Anonymous Mário Neiva said...

O casamento gay,insituições e estatutos...

Sobre o casamento gay que aí vem só me resta pedir-vos para pensarem numa coisa que passa despercebida a muita gente, quando tratamos destes assuntos: há muitos milhares de anos que deixamos a condição de animais e passamos à condição de humanos, conservando, é certo, as nossas raízes. Mas o futuro é mais humanidade e não retorno às raízes. Já não temos o acasalamento «para procriar» e sim o casamento «por amor». Um casamento feito para o Homem e não o homem para o Casamento.
Posso estar a sonhar alto, mas eu pressinto que estamos em plena mudança de paradigma para a sociedade humana: o primado do sujeito sobre as instituições. Sejam elas do Estado ou da Religião. Começa cada vez mais a emergir o valor da pessoa humana sobre as instituições. A proclamação universal dos direitos humanos é apenas o balbuciar deste novo paradigma. Mas ele acabará por impor-se, numa comunidade humana que será planetária. E não vale a pena "reagir" contra a mudança. Por causa da fé em que me criei, tenho a certeza que há uma força escondida no coração dos homens que o empurra para a comunhão planetária. Demore o que demorar.
«Ama e faz o que quiseres». Tão lindo, não é? Mas quando chega a hora de falar em casamento gay, já não vale...Há sempre muita gente a tentar fazer prevalecer a instituição sobre o amor. Como se ainda estivéssemos sujeitos ao estatuto animal e as mãos servissem apenas para caçar e segurar a presa e não para arrancar melodias divinas das cordas de um violino.
Para não entrarmos em guerras estéreis, façamos recuar os horizontes até começarmos a vislumbrar o Homem Novo.
As instituições do passado fizeram de nós o que hoje somos. Respeitemo-las e amemo-las. Mas não se caia no erro de tentar repeti-las indefinidamente, como se de uma lei imutável e eterna se tratasse. Comportando-nos como abelhinhas em colmeia.
Não tenhamos ilusões: não restará pedra sobre pedra das instituições e construções que formos criando ao longo da História. O Homem que elas ajudam a criar e a crescer, esse sim, há-de emergir cada vez mais humano, após um longo e doloroso percurso.

17 dezembro, 2009 15:44  
Blogger Augusto said...

Gostei do que escreveste, Mário Neiva. Eu não saberia exprimir melhor o meu pensamento, a este propósito. De facto, a humanidade está num período de profunda transformação de crescimento. E, a parir de 2012, fixar-se-á definitivamente, a caminhada em novos carris, numa jornada evolutiva ascendente do Homem e não das instituições, que, como muito bem dizes, cairão, uma a uma como verdadeiros castelos de cartas, ficando unicamente, o Homem - O Homem do Amanhã - O Homem Novo - na sua relação com a sua Fonte, sempre renovada até à sua realização final.

17 dezembro, 2009 22:40  
Blogger jorge dias said...

Mas que material tão explosivo, meus caros. Tempo virá. Por agora é Natal. Vou me recolher ao presépio e nele celebrar o amor que dia a dia faz os homens todos humanidade adulta. Bom Natal...

20 dezembro, 2009 20:21  
Anonymous Mário Neiva said...

Um abraço bem quente para todos os meus amigos AA extensivo às suas familias. O melçhor do mundo para todos.
Mário Neiva

24 dezembro, 2009 17:16  
Anonymous Anónimo said...

No natal vem Jesus
Com Ele vem a cruz
E assim vemos a luz.
Jesus do natal
Cruz sem igual
Luz imortal.
Imortal com cruz
Igual com luz
Natal de Jesus.
Eles andam aí
Sem vida de cruz
Nem sentido da luz.
Luz sem cruz
Cruz sem luz
Mas aí está Jesus

Rosalino Durães

24 dezembro, 2009 17:45  
Blogger jorge dias said...

Desigualdades perante a lei -I

Meu caro Rosalino, entrevejo coisas sugeridas que, com a inserção de algumas palavras na tua poesia ficavam ainda mais afirmativas! A cruz só a levo como sinal de... e nada mais. Estou liberto e tudo farei para continuar.
No tocante a comentários anteriores não vou dar forma ao que na primeira leitura me pareceu ser a reacção natural e também o meu imperativo ético. Daí que tomei as devidas precauções no tocante ao rastilho de tais afirmações. Peguei fita adesiva e isolei-o mesmo. Tomei um bom duche mental e farei nas minhas deambulações mentais uma extensão natalícia do presépio.
Vamos por partes.
1. É um facto que uma parcela de humanos, estatisticamente confirmada e estudada por dissecação cerebral, entre 2% a 3% de homens e mulheres com comportamentos desviantes, se verificou possuírem uma localização cerebral, neurológica, que se considerou ser a razão do comportamento gay, por ser exclusivamente encontrada nas pessoas com esse comportamento.
2. Ao problema gay, agora muito falado, devo contrapor um número infinitamente maior de pessoas que padece e sofre das mesmas consequências, face à lei. Em linguagem contra-natura afirmam os gays que o seu problema de testamento e mais qualquer coisita se resolveria pelo casamento tal como os heterossexuais. Porém, que número maior de pessoas é esse a que me refiro e que são descriminadas negativamente perante a lei? São irmãos/irmãos, irmãs/irmãs, irmãos/irmãs, pais e filhos maiores de 25 anos, pais, tias, tios, avós etc..., deficientes vivendo com irmãos, irmãs, tias, tios, avós, em comunhão de afectos e economias e, não obstante, são descriminados negativamente perante a lei, tal como os homo reclamam agora com o seu poderosíssimo lobby. Têm rigorosamente os mesmos problemas perante a lei , impossibilidade de irs e no geral complicações de heranças. Trata-se de pessoas que vivem já efectivamente em comunhão de afectos e economias. Repito, vidas em comunhão de afectos e economias.

26 dezembro, 2009 20:23  
Blogger jorge dias said...

Desigualdades perante a lei - II

3. Nunca defenderei o casamento para a procriação, mas numa coisa os técnicos da psicologia estão de acordo, em família de pai e mãe, a educação ocorre melhor.
Por outro lado, não entendo que se diga hoje casamento para o homem porque há dias teria sido homem para o casamento. As duas realidades, se assim consideradas, são disfuncionais do homem e da sociedade. O homem é o que é e a única pergunta que se põe, como dizia lucidamente o Cardeal Patriarca de Lisboa, é: “que humanidade queremos ser amanhã, que humanidade queremos legar aos nossos filhos?” Para que não tenhamos a veleidade de imaginar o contrário, o homem só é em sociedade, e até para fazermos um filho precisamos de ser dois e estes dois devem ser heterossexuais, isto é macho e fêmea, nem que seja só por essa vez.
4. Ama e faz o que quiseres justificaria caro Mário o casamento gay? Vou ali e já venho. Um pouco de estudo da lei natural talvez traga algumas luzes. Fico-me por aqui
5.No Reino dos porcos, ou, como outros traduzem, na quinta dos animais, de George Orwell, afinal de contas uma lúcida paródia ao tempo da fome da Rússia Estalinista, a primeira coisa que os animais fazem, logo que anulam a Instituição Homem, é criar uma instituição animal onde uns ficam mais animais que outros. Tem piada que George Orwell considerava na sua escrita que 1984 era o ano da grande viragem. Já no apocalipse encontramos laivos de uma outra deriva, esta Crística, fora de tempo, como se em algum momento os tempos dos homens fizessem Deus ter tempo. Derivas escatológicas, de resto, não faltam por aí. Novos Messias de outros tantos agrupamentos conduziram até os seus fieis, em alguns casos, a suicídios quase colectivos.
6. Fim das Instituições? Fim de limites para o homem? O ano de1912, o ano da grande viragem ou lá o que seja!? Visitem Pompeia que foi arrasada pela erupção do Vesúvio no longínquo ano de 79 dc e verão a incrível similitude que as instituições de hoje têm.com as daquela cidade no primeiro século desta era. Até, até…
Do que me apercebo hoje é que cada vez mais as leis dotam as instituições de controlos apertados! As leis são mais pormenorizadas para que nada falhe! Bem que Moisés no deserto tentou que o seu povo se governasse sem uma lei colectiva. Resultado, não conseguiu. Saíram-lhe os 10 mandamentos e convenhamos que foi uma belíssima constituição que ainda hoje tem valor. Dizeis que se estão a esvair ou o homem a ser mais? Eu também acho. Mas qual homem? Tirai-lhe os limites e logo vereis em que fica o amor… tirai-lhe a lei e logo vereis o lobo. A boa nova ajuda, mas não substitui o homem nem o seu esforço!
7.Caríssimos leitores e comentaristas, promover a igualdade, perante a lei, dos verdadeiros gays (2-3%), sim, mas também de todos os que são descriminados. Com certeza! Não vejo é onde o casamento tem a ver com o assunto! Promover falsos gays, que são a maioria! Sim, gays de educação, gays de desvio, gays de provocação, gays de gozação, gays só para lobby! Qualquer humano avisado sabe da pressão do lobby gay… Seguirei pensando por minha cabeça. E podeis crer que, mesmo que se lhes reconheça o direito de casamento, a sua aberração não deixará de ser o que é. Podem ser vinte, trinta por cento, não porque são, mas porque querem ser, como já vi reclamarem-se, que isso só fará a aberração maior. Para os 2/3% que o são geneticamente a minha solidariedade e, como sempre fiz, apoio. Uma aberração legalizada não deixa de ser aberração. O aborto legalizado, não deixa de ser uma aberração continuada atirada à cara dos humanos. Dure o tempo que durar…sejam quais forem as inteligências que a suportam e o número de humanos. “Salta pulga, salta pulga, salta pulga e salta alto. Mas, ó pulga,sempre és pulga, por maior que seja o salto”.

26 dezembro, 2009 20:36  
Blogger jorge dias said...

Rectifico,ano de 1912, queria escrever, ano de 2012.

27 dezembro, 2009 00:51  
Blogger jorge dias said...

“Aggiornamento”
Schilleeckx, o teólogo de um catolicismo com rosto
Uma homenagem aos homens que, nascidos nas primeiras décadas do século XX, procuraram na espiritualidade realização para as dificuldades que varriam a Europa
Quando em Março passado nas Jornadas em Fátima o Presidente da Direcção, o caríssimo Augusto, fez o seu desafio de reformulação dos estatutos dei comigo a pensar no “aggiornamento”, denominador comum da teologia durante o Vaticano II (1962-1965), no seu genuíno significado de pôr em dia, adaptar aos nossos dias, aos nossos tempos. Porque não os estatutos da aaacarmelitas?
Ao ler no público de 27 de Dezembro a notícia do falecimento de Edward Schillebeeckx logo se fez a ligação mental. Aí estava um dos patronos do “aggiornamento”, um dos teólogos que mais se esforçou por dessacralizar a estrutura da Igreja, um dos teólogos que tudo fez para pôr o catolicismo a falar com o mundo. Enfatizava que todos os crentes deviam participar na missão da Igreja mesmo quando se pensava que os crentes não tinham nem o direito nem o dever de aconselhar a hierarquia no seu exercício das tarefas pastorais. Unidade mas não uniformidade. Com os desafios que ele viveu estiveram teólogos como Karl Rahner, Yves Congar, Henri de Lubac, Bernard Häring, Hans Küng…
Dominicano e, por esta via, sempre presente no Instituto Sedes Sapientiae, em Fátima, em edifício e convento da Ordem Dominicana, influenciou profundamente a minha formação cristã e de todos os que frequentaram aquela escola.
Nas constituições Dei Verbum (Palavra de Deus), mas sobretudo em Lumen Gentium (Luz dos Povos) se corporizam algumas das suas ideias que dão forma a uma Igreja Povo de Deus, por isso menos clerical e hierárquica, uma Igreja que reforça o papel dos leigos, o diálogo ecuménico, renova a liturgia e valoriza a figura histórica de Jesus. Transversal ao seu pensamento a ideia sempre presente de que o cristão não deve trabalhar apenas para o céu, mas que é igualmente responsável pela terra e o seu futuro com base no desenvolvimento dos valores humanos.
Nascido na Bélgica (Antuérpia) a 12 de Novembro de 1914, faleceu a 23 de Dezembro em antevéspera do Natal que ainda vivemos, em Nimeg, Holanda, com 95 anos.
Obrigado Schillebeeckx e toda uma geração de tantos coevos e originários dessa zona, Holanda incluída, marcados por uma forte espiritualidade, e de que nós os aascarmelitas somos herdeiros de conhecimentos, afectos e, em parte, de fé.
Seguramente é possível “aggiornamento” dos Estatutos da nossa associação.

29 dezembro, 2009 02:55  
Anonymous Mario Neiva said...

Maldição e Esperança


I

Adivinhava-se que uma discussão acerca da lei do casamento civil para pessoas do mesmo sexo ia dar em guerra. Por minha parte, recuso-me a entrar na guerra. Em vez disso vou apostar no encontro de vontades, pensamentos e sentimentos, procurando realçar o que é fundamental e perene face ao que é secundário e transitório. Reconheço que não é tarefa fácil e não pretendo convencer ninguém até porque o pressuposto é, mais do que a racionalidade, a abrangência que é o acto de amar. Exactamente isso que afirmei noutro dia: ama e faz o quiseres.

A cada passo tropeço na fé da minha infância e da minha juventude. E não me espanta nada, porque sei que as memórias que tenho da fé cristã não são simples lembranças em prateleira da minha história. São memórias que não estão gravadas em disco de vinil, em fita magnética ou disco rígido de um computador. Nada disso! As memórias da minha fé cristã estão gravadas em "carne" e tão vivas como eu próprio, a ponto de serem parte integrante, como já vos disse, da minha identidade. Eu sou, hoje, a soma viva de cada dia e cada ano que vivi. E é com esta identidade, sempre igual e sempre acrescentada e sempre diferente, que me assumo e vivo em esperança de mais vida. Isso mesmo, «de mais», porque o que fui e o que sou não me basta.

Pelo que acabo de dizer, não é de estranhar que a frase que deixei no meu anterior comentário «o casamento foi feito para o homem e não o homem para o casamento» tenha acontecido como um eco daquela outra que desde menino me foi enchendo a alma: «O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado» (Evangelho de S.Marcos 2, 27).
Não sei se já alguma vez deram conta do radicalismo de tal afirmação colocada na boca de Jesus. Experimentem trocar a palavra «Sábado» por «Dia do Senhor» (que é o que significa a palavra sábado) e apreciem a "força" da afirmação. Continuem o exercício e agora substituam a expressão «Dia do senhor» pela simples palavra «Senhor» ou «Deus».Bom, agora já não é simplesmente uma expressão forte, mas sim uma afirmação escandalosa! «Deus foi feito para o homem e não o homem para Deus». Forte, não é?
E foi assim que os judeus-ouvintes, de Jesus, a entenderam.
De uma assentada Jesus passava-lhes duas mensagens, qual delas a mais provocante e herética: a)colocava em causa a mais sagrada e consagrada instituição politico-religiosa que era, simultaneamente, o dia para o descanso e o «dia para Deus»; b) obrigava os ouvintes a pensar em «Deus» ao serviço do homem e não o homem ao serviço de "Deus". E reparem que esta afirmação radical não aparece isolada no contexto dos Evangelhos canónicos, aliás, em todo o N.Testamento. Lembrem-se da narrativa acerca do Juizo Final: tive fome, tive sede, estava nu, estava preso, estava doente...e não me ajudaste! Mas eu nunca te vi em tais apuros, Senhor! Pois não, andavas entretido a fazer e dedicar-me «sábados», enquanto eu morria de fome na beira do caminho...

29 dezembro, 2009 10:18  
Anonymous Mário Neiva said...

Maldição e Esperança

II
Paulo de Tarso, sempre ele, vai directo a este radicalismo evangélico e afirma sem pestanejar: ainda que alguém dê a sua vida, se não tiver amor, isso de nada vale.
S.Paulo sabia bem que, nessa altura, como hoje, há gente movida por fanatismos e fundamentalismos ou simplesmente pela fé enviesada que professa, disposta a morrer e a matar para fazer prevalecer uma qualquer filosofia, teologia ou sagrada instituição, seja ela o «sabado» ou o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Como se um Deus criador de um universo inimaginável, pleno de uma infinita diversidade, andasse preocupado com o tamanho das saias das mulheres, com o que o homem bebe ou come ou com o modo como vive a sexualidade com NASCE!
A lição que fica de um evangelho com fundamento no amor é que o respeito pela pessoa humana vem em primeiro lugar. Se já valeu, e de facto valeu para quem acredita na evolução, a definição do homem como macho e fêmea, essa definição não continua a valer quando o homem atinge o estatuto superior e único de «pessoa humana». Os direitos humanos não foram pensados por esta nova sociedade fermentada no amor, para machos e fêmeas, mas para a dignidade do ser humano.
É esta nova era de uma nova sociedade que eu espero e estamos a construir.
Não direi, com o Augusto, que ela ficará, milagrosamente pronta em 2012. Era bom demais e fácil demais. E, talvez, se nós não fossemos feitos de carne e osso, uma tal transformação repentina poderia surgir. A realidade, porém, é bem mais prosaica e muito menos fantasiosa. Mas sonhar não ofende ninguém. E se o sonho é lindo e um apelo à vida e à esperança, seja bem-vindo.

E a maldição? Já aí vem…
I

29 dezembro, 2009 10:20  
Anonymous Mário said...

Corrija-se para «sexualidade com que nasce»

29 dezembro, 2009 10:24  
Blogger jorge dias said...

Caríssimos, muito brevemente, sobre os comentários que acabo de ler do nosso querido Mário.

Meu caro Mário, constato que utilizas de algum modo argumentos religiosos para justificar o casamento gay. Constato que ignoraste as desigualdades perante a lei de um número bem maior de cidadãos, facto que entendi lembrar-te, como se os mesmos argumentos não lhes fossem aplicáveis.
Assim sendo, o teu sonho é de horizontes bem limitados e o que vale para uns não vale para outros, ou uns devemos ajudar só porque fazem lobby e outros podemos ignorar. Mas estás enganado, porque, como diz a canção: “lemos, ouvimos e vemos, não podemos ignorar.” Mas vamos à frente.

Não concordo que o assunto da homossexualidade quer masculina quer feminina seja alguma vez tratado nessa base, isto é na base religiosa, nem tão pouco onírica (de sonhos) porque entendo que deve ser tratado tendo como referência, desde a pré-história, a alteridade homem/mulher, e sempre em perspectiva histórica, antropológica e de futuro do homem e da sociedade que lhe possibilita a existência.
Citação do teu comentário:
"E a maldição? Já aí vem..."

Mas que vem a ser isto? Estou em crer que é apenas uma frase de várias leituras. Mas não deixa de ser curioso que me tenha ocorrido, ao ler-te, aquela passagem do fariseu junto ao altar que, rezando, dizia para Deus que não era como o desgraçado do publicano que estava à entrada do tempo. Ao ler-te sentia-se subjacente o anátema e ainda por cima a coberto do nosso São Paulo.

Caríssimos leitores deste espaço,
Não interessa se somos ou não religiosos. O casamento só pode e deve ser abordado numa perspectiva humana, embora isto não colida em nada com a perspectiva religiosa que cada um queira seguir em relação à sua pessoa. E nesta abordagem histórica a humanidade escolheu. Desde que o homem tem consciência de si próprio, com uma enorme variedade, desde as grandes famílias de clãs até à família nuclear dos nossos dais, desde as famílias poligâmicas até às monogâmicas, há sempre dois factores comuns: homem e mulher. As sociedades organizadas em Estados reconheceram a família com base na alteridade homem/mulher como factor básico de geração, sociabilidade, educação... Outras realidades que as pessoas livremente queiram ter e que até possam ser institucionalizadas terão outro nome, porque são realmente diferentes. Outra coisa é outra coisa.

30 dezembro, 2009 03:09  
Anonymous Mário Neiva said...

Desde que, desde que, desde que...Correctissimo, Jorge. E o presente? E o futuro?
Agora não, mas logo à tarde vamos à "maldição".

30 dezembro, 2009 11:30  
Anonymous Mário Neiva said...

Uma das coisas que mais desgosto causa a quem escreve é colocarem na sua escrita aquilo que o autor lá não colocou.
Eu não fui à Biblia buscar «argumentos religiosos», meu caro Jorge, para justificar a homossexualidade. Apenas lá fui «arranjar» argumentos para aceitar, compreender e amar o homossexual. Nas passagens que referi é bem claro que as instituições, todas, são para servir a pessoa humana, considerada como um «filho de Deus» e nenhuma instituição criada pelos homens, nem as mais antigas e venerandas, como «Sábado», se lhe sobrepõe. É uma novidade do cristianismo? É uma Boa Nova ou não é?
Era só isto que pretendia realçar: o primado do amor.
Porque se eu fosse à Biblia procurar argumentos para defender a homossexualidade era como ir buscar lã e vir tosquiado. Tanto no Velho como no Novo Testamento a homossexualidade é amaldiçoada "desde" Sodoma e Gomorra. A sodomia foi sempre considerada crime nefando pelas três religiões que entroncam em Abraão: judeismo, cristianismo e islamismo. Entre os cristãos ainda há pouco mais de duzentos anos se queimavam ou enforcavam os homossexuais. Leonardo da Vinci escapou por uma unha negra à fogueira, denunciado como sodomita. Valeram-lhe poderosos amigos e uma estratégica mudança para Paris. Os ilsmâmicos pararam mesmo no tempo e ainda condenam à morte os homossexuais. Uns e outros bem estribados na »Palavra de Deus».
Como é que a Biblia diz uma coisa e o seu contrário?
É simples: é feita por homens e para os homens. E o homem tanto se dispõe a matar como a amar. Tanto impõe o "sábado" como afirma que a gente vale mais que todos os "sábados" juntos.
O que nela é «inspiração divina» ou não é, isso já é problema teu, Jorge, que és um cristão professo.
Desde, desde, desde...Não importa desde quando esta ou aqulea instituição está em vigor. Todas evoluem e passam. De uma coisa estou certo, porque a História assim o demonstra: o nosso futuro não será decalcado do nosso passado. O futuro será criação nossa, tal como nós somos criação dos que nos precederam.
No futuro haverá uma percentagem, pequena que seja, de pessoas do mesmo sexo enquadradas legalmente na instituição casamento? É possivel e eu não vejo nisso um atentado ao meu casamento heterossexual. Era o que faltava o ateu ver na fé do crente uma provocação ou o crente achar que o ateismo de alguém é insulto à sua fé.NUm outro «registo», mas só para esclarecer melhor o meu pensamento, porque haveria o «benfiquismo do meu grande amigo Zé Moreira ser uma afronta ao meu «portismo»? Só mesmo numa mentaliadde de intolerância.
Agora, se se pensar que a homossexualidade é uma aberração humana, um crime nefando, um atentado contra a dignidade dos «filhos de Deus», então, com casamento ou sem casamento, eles são uma afronta viva à Humanidade. Porém não é isso que vejo afirmar. Ainda ontem a Ordem dos Médicos esclarecia que «a homossexualidade não é uma doença, mas sim uma variante do comportamento sexual».
E a propagação da espécie? São uma minoria, reconheça-se, sem subterfúgios. E eu nunca vi ao longo desta minha vida, alguém preocupar-se por uma minoria de padres, frades e freiras abraçarem, deliberadamente, o celibato.
Fico senmpre com a impressão de que tudo o que «mete sexo» acaba sendo diabolizado e tudo o que seja fugir dele a sete pés é cunha segura para o Paraíso.
Não imaginam a riqueza que perdem...Uma sexualidade saudável e vivida no amor aproxima duas pessoas até um grau dificil de imaginar. Porque cada gesto do corpo é gesto da alma. Também na sexualidade.

E ainda não é desta que sai a bendita «maldição». Tem calma, Jorge, que já lá vou.

30 dezembro, 2009 15:48  
Blogger jorge dias said...

Caros leitores e caro Mário,
Sempre haverá alguém que, por não concordar com outras opiniões, entenderá que são os outros que diabolizam e radicalizam. Meu caro Mário, eu, por mim, desde há muito que não radicalizo nem diabolizo nada. Penso mesmo que a humanidade, hoje, é demasiado tolerante. As tuas impressões de que o que mete sexo é diabolizado é apenas isso: um problema teu. Por mim nunca disse nem sugeri nem deixei subentendido o que quer que seja que o sugerisse. E, se por lapso, o fiz, peço desculpa. Para mim, sexo é sexo e nunca me viste ou ouviste ou me leste, falar de formas e feitios. Pelo contrário, tenho escrito por aí algures que com mais prática sexual ficamos mais disponíveis para a humanidade e até para a espiritualidade. Passa a fazer a exegese do que lês e a cuidar da tendência para o anátema que todos temos.
Quanto aos argumentos religiosos utilizados, factos são factos. Estão aí e discordo! Não vou por aí. Quanto às desigualdades perante a lei de tantas outras pessoas: constato a tua opinião omissa, reiteradamente.Não interessa,nem te dás conta ou passas propositada ou distraidamente ao lado.
Anematizar os homossexuais verdadeiros, 2%a 3%? Mas quem de bom senso o faria? O problema são os outros! E quem são os outros? Os outros são a resultante de uma aberração educativa. São aqueles para quem a Ordem dos Médicos deixou a porta aberta da recuperação! (Meu caro, deves ouvir tudo, mesmo o que não te interesse! como argumento) Mas porquê recusá-los!? Mas porquê se nós toleramos tanta coisa pior? Para uns e para outros, casamento? Como assim!?
Aberração? Mas qual a dúvida? Claro que é aberração! Mas aberração não é anátema. É apenas aberração, contradição de uso. Aberrante? Mas com certeza mas não objecto de exclusão!
No tocante ao casamento gay, a pulga de António Aleixo que em outro comentário citei, define magistralmente, embora de forma popular, a impossibilidade de coisas diferentes, por mais optimizadas que sejam, serem tratadas de igual forma. Ou como um outro alguém, recente prémio Pessoa, e figura pública disse de uma forma talvez ainda mais simples: "Outra coisa é outra coisa".
E então num tempo e espaço que postula outras variáveis bem mais radicais e agressivas, e até exigentes, como a falta de trabalho e “vidas”, só um louco perderia muito tempo com isso. Mas anda por aí uma cheia de loucuras neste país que sendo manifestamente inviável, não obstante, continua a subsistir!

Haja o que houver, aconteça o que acontecer e sejam quais forem as vitórias do lobby gay, actualmente, com uma fortíssima implantação política em Portugal, a tal ponto que pessoas reconhecidamente hetero como o meu caro Mário, e outros mais, lhe dão acolhimento, os pensadores da ética cósmica e humana, e porque não tantos outros de formações religiosas, terão sempre a certeza de que a sociedade seguirá em frente em dialécticas de avanços e recuos na construção de um futuro e de um homem melhor. E que venha o solstício de 21 de Dezembro de 2012 e outros desafios mais. Com Hemingway sempre poderemos dizer, face às vicissitudes do caminho, "os cães ladram, mas a caravana passa".

30 dezembro, 2009 17:41  
Anonymous Mário Neiva said...

De facto, não falei de outras minorias, nem comentei outros aspectos da tua intervenção. Mas quanto às outras minorias, sabes tão bem quanto eu, ou melhor, que já há muito tempo vem sendo produzida legislação abundante, por forma a permir-lhes a integração possivel na sociedade. Estou a lembrar-me o que fez recentemente o municipio de Viseu, que mandou colocar guias no solo para cegos, nos parques e jardins da cidade, com um mapa do percurso logo na entrada e para ser «lido» com as maõs. Além disso colocou blocos com saliências à entrada de todas as passadeiras para peões e para o atravessamento das ruas. Até se tornam um pouco incomodativos para os nossos pés. Mas achamos justo, apesar da minoria que são (0,01%? 0,02%?).
Há legislação para dotar os novos prédios, pelo menos os espaços públicos, com rampas para as cadeiras dos deficientes motores. Há legislação abundante para proteger minorias étnicas, religiosas, culturais. Há legislação para proteger grupos etários mais vulneráveis...
Etc, etc.
Se alguma coisa é distintivo da nova sociedade em gestação é a proteção das minorias e respeito pela diferença. E há organizações multiplas, por esse mundo fora, atentas ao desrespeito pela diferença.
A legislação sobre o casamento dos homossexuais vai nesse linha. É a minha modesta opinião. E ter direito a exprimi-la é uma das conquistas da nova era que estamos a construir.
E na diferença de opiniões te mando o meu abraço, caro Jorge.

30 dezembro, 2009 18:30  
Blogger jorge dias said...

Caríssimos,
Não, não e não caro Mário. Não se trata dessas minorias. Trata-se de pessoas que não têm os direitos que os gays reclamam. Os mesmos direitos, transmissão de bens por morte, englobamento no IRS, direito à pensão de sobrevivência por morte, assistência à família, só para mencionar quatro que agora me ocorrem e os homossexuais reclamam. Nem os deficientes que vivam com um familiar, que não os pais, são integráveis nas despesas de IRS bem como os filhos maiores de 25 anos que ainda dependam dos pais! Uma vergonha! Irmãos e irmãs, tias, tios, etc., em comunhão de afectos e economias, onde por morte ou em vida, tudo se passa como se nada se passasse, como senão fossem, como se não vivessem em comunhão de vidas (afectos) e economias ou como se fosse possível sobreviver de ar e vento um filho maior de 25 que ainda estuda! São estas as desigualdades perante a lei em Portugal e só para mencionar estas seis. Cegos e etnias minoritárias nada têm a ver com esta questão. Isso é outra circunstância. A questão aqui é só a do Lobby gay a cuidar de si e uma mão cheia de acólitos desprevenidos a cantarem aleluias com eles com uma mão cheia de políticos bacocos a enterrarem o seu próprio programa e outros a resolverem questões pessoais. Se queres proteger minorias, comecemos então por aquelas que, vivendo os mesmos problemas, têm mais gente e estão muitíssimo mais desprotegidas.
Desculpar-me-ás, mas na nossa sociedade o distintivo não é proteger as minorias. Isso é uma velha “lenga lenga” sem sentido. Nas democracias modernas o distintivo é proteger as maiorias, a classe média. Quando isso não acontece fica tudo desprotegido, porque só a maioria protege as minorias, se ela própria for promovida e protegida pela lei. Também esta é uma lógica que sigo Eu vivi e paguei caro as desigualdades aberrantes perante a lei no caso dos deficientes que vivem com irmãos e no caso dos filhos maiores de 25 anos que ainda estudam! Hoje, por esse facto, topo-as naturalmente em tantos outros! Mas lembra, são as maiorias, em democracia, que protegem as minorias e lhes fazem as leis mais favoráveis. Eis, também, por esta razão, uma lógica contra natura no caso do casamento para resolução de problemas homossexuais. Afinal, quem protege a classe média? Não notas como ela definha? Temos uma tendência aberrante para sermos vanguardistas de tretas. Onde a qualidade de vida, o trabalho, a riqueza, os valores!? Esquecemo-nos de tudo, somos um país adiado, atrasado, endividado, e pomo-nos de joelhos perante o Lobby gay! A loucura teria de ter várias definições.
Meu caro Mário e caríssimos leitores, em consultório da alma e ou das forças que nos ajudam a ser, só tem razão quem fala e falando se liberta, nunca o terapeuta. E se aprendemos, e como somos arrasados, cilindrados nessas catarses! E de que maneira! Eu julgo que não sou como o Medina Carreira em relação à economia! Mas devo confessar que quando vejo as questões da sobrevivência do meu país preteridas por baboseiras como estas, digo deste país o que ele diz da economia e, de resto, o que toda a gente diz: estamos a ficar todos loucos…, etc, etc. Cada um que faça catarse!
Eis como a deriva dos estatutos nos leva a coisas interessantíssimas!

31 dezembro, 2009 02:37  
Anonymous Mário Neiva said...

Meu caro Jorge, tu és um homem de pouca fé. Vejo-te à beira Tejo, junto ao cais do Restelo, a ver partir as naus para além dos horizontes vislumbrados da nossa costa marítima, e chamas-lhes aventureiros, irresponsáveis, loucos.
Eu pensava que acreditavas no "fermento" e no "sal" que desenvolvem silenciosamente a sua acção, século após século, no coração da "massa humana". Pensava que acreditavsas que de tempos a tempos essa "massa" é mais fortemente revolvida e se acelera mais a acção do "fermento"...Pensava eu que, escolhendo ao acaso umas cem pessoas à tua volta, nelas conseguias encontrar umas oitenta bem intencionadas e laboriosamente a contribuir para a fermentação da «massa» e uma escassa vintena, mesmo que barulhenta e atrapalhando pra caramba, a tentar impedir que as enzimas de humanidade e fraternidade, que há em nós, leve a bom termo o seu trabalho...
Pensava eu que, entusiasmado, vias a nossa História-Mãe em dolorosos trabalhos de parto, mas promissores de um futuro jovem, acarinhado nos braços de uma passado, que sendo todo nosso, nos impele a cuidar da criança que está para ver a luz do dia...Como o NOvo Ano que dentro em breve vai nascer e eu desejo que seja de fé e esperança para todos nós. Que traga tudo de bom para cada vez mais gente.
E a «maldição» bem pode esperar.
Bom 2010 para todos, com o meu abraço
Mário Neiva

31 dezembro, 2009 10:16  
Blogger jorge dias said...

Meu caro Mário, a diferença de mentalidade é só esta, é que eu ia nos barcos à descoberta e à minha beira e bem mais ao largo as pessoas são todas bem intencionadas! Solta-te e deixa de vez os anátemas que só existem nas tuas construções mentais. Sempre a anatematizar... Liberta-te. Não te devolvo a velhice do Restelo porque na educação do meu berço essas deselegâncias não têm lugar. Pelo contrário mando-te mil bençãos, mil carinhos de apreço e afecto e não julgues que me escapas! Converter-te-ás à bondade dos homens! Mas de todos, não só dos gays.

Caríssimos aas e visitantes,
Mil bençãos de coisas boas que vos façam ser no coração de todos os que amais e vos conquistem outros tantos!

31 dezembro, 2009 22:27  
Blogger jorge dias said...

Meu caro Mário, a diferença de mentalidade é só esta, é que eu ia nos barcos à descoberta e à minha beira e bem mais ao largo as pessoas são todas bem intencionadas! Solta-te e deixa de vez os anátemas que só existem nas tuas construções mentais. Sempre a anatematizar... Liberta-te. Não te devolvo a velhice do Restelo porque na educação do meu berço essas deselegâncias não têm lugar. Pelo contrário mando-te mil bençãos, mil carinhos de apreço e afecto e não julgues que me escapas! Converter-te-ás à bondade dos homens! Mas de todos, não só dos gays.

Caríssimos aas e visitantes,
Mil bençãos de coisas boas que vos façam ser no coração de todos os que amais e vos conquistem outros tantos!

31 dezembro, 2009 22:28  
Anonymous Mário Neiva said...

Eu não te anematizei, Jorge! Mas ao ouvir-te tão péssimista em relação à nossa História presente e futuro imediato, lembrei-me da figura do «Velho do Restelo». E não consideres tal referência ofensiva, muito menos um anátema (anátema é maldição!), porque das minhas palavras não se pode inferir essa enormidade. Compreendo que haja quem pense e sinta que nas horas mais dificeis do «parto da História» tudo parece correr mal, como um barco a afundar-se. Porém, recorrendo à nossa capacidade extraordinária de nos elevarmos para além da espuma das coisas, lucidamente seguimos em frente, com coragem, e enfrentamos os novos desafios. Nunca, como no momento actual, conseguimos uma visão tão alargada e panorâmica da nossa própria História. Recuamos até aos abismos dos núcleos atómicos, indicios, apenas indicios, das raízes do nosso Universo e espreitamos a janela do futuro de glórias ou desastres. E, para que não seja futuro desastroso, temos que o projectar recorrendo ao que de melhor existe na nossa humanidade.
E todos sabemos onde está "o melhor de nós".
E não adianta esconder que há quem atrapalhe, e muito, hoje, como ontem. Espero bem que nos próximos cem anos não apareça outro Hitler ou outro Estaline ou mesmo alguém que se lhes assemelhe. Os trabalhos de parto já são bem complicados, dispensamos bem estes impecilhos. Não digas que é tudo "gente boa".

«Converter-te-ás à bondade dos homens»! Porra, Jorge, que essa é forte! Afinal, ainda me consideras um excomungado!

01 janeiro, 2010 11:42  
Blogger jorge dias said...

Viva o ano de 2010! Que consigamos mesmo fazer o "aggiornamento" dos Estatutos!
Por isso, nada melhor que começar o meu primeiro comentário deste ciclo de 365 dias com retorno ao tema.

Do que ouvi nas Jornadas em Fátima, e posteriormente através do que vi escrito neste blog, julgo poder deduzir que havia um grupo que gostaria que esta associação fosse uma organização mais marcadamente ligada à Ordem. Se esta ideia tiver algum fundamento, devo concluir, no entanto, que se tem vindo a esfumar!
Pessoalmente entendo que esta ideia poderia ter pleno cabimento na associação e julgo que qualquer pequena alteração dos estatutos permitiria colocar em letra de estatuto esse desiderato! Gostava de ver os defensores desta ideia ou da sua ideia, seja ela qual for, assumirem-na e trazer ao diálogo os seus argumentos.

Obviamente, os Estatutos da associação terão que continuar a ser um espaço com uma abertura tão grande quanto o exigiria a inclusão neles da humanidade inteira. Penso que não eram as ideias expressas que traziam problema, mas o modo afunilado e limitante como foram expressas. Julgo que está na hora de voltar a ouvir novamente esses desejos, até porque o desafio é mesmo deste 2010.

01 janeiro, 2010 16:39  
Blogger jorge dias said...

2010
"The show musto go on"
E agora para o nosso querido Mário! Que exorcismos! Está bem, não queres anátemas, e deselegâncias, serve?
Apanhaste-me uma vez, naquela das elites! Somos mesmo meu caro! Mas aprendi a lição!

No tocante ao teu comentário, claro que a bondade dos homens e mulheres que sofrem as desigualdades perante a lei e os homossexuais é a mesma! Mas quem escolheu só uma parte e de forma reiterada apesar das duas chamadas de atenção que fiz, não fui eu.

Velho do Restelo? Passa fora! Só me lês em diagonal, com a agravante que deverias ter memória do tempo da vida de professos.! Não te lembras mesmo! Problema teu.
Excomungado? Tu? Mas de quê se nem és crente? Ou seja, deliciaste-te com o "show" da excomunhão que não podes ter! Uma aberraçãozinha mental, não é, meu caro? Meu caro brincalhão, excomunhão só para os crentes...

Então tu não aceitas a bondade intrínseca de todo o ser humano? Vê-se logo que não és crente. Pelas suas obras os conhecereis!

Hitlers e outros que mais? Bem que senti naquela das instituições que para isso nos orientavam quando os comentários apontavam para um homem sem limites. Julgo que fiz o que devia ao repôr o equilíbrio, o lobo do homem. O Homem sem limites? Nem sonham de que estão falando!

Mas fazendo avaliação, então não reparaste que éramos leitura de fim de ano, que o palco estava aberto a todo o pano e as caravelas que tinham passado ao Restelo estavam em mar alto a caminho de Jerusalém por trás (pelo lado onde não havia muçulmanos)? Querias a Índia? Não amigo, o negócio do Rei D. João II era chegar a Jerusalém pelo outro lado! A nossa história é que anda mal lida. Sempre a Religião católica!
Era e é show meu caro Mário. Como cais na esparrela de te perderes na linguagem? Com uma cabeça brilhante como a tua? Um pensador do homem como tu vai-se abaixo à primeira borrasca? Endurece-te, companheiro! Então não vês que és líder de opinião? Não viste nas fotografias que de ti publicaram que o faziam porque te estimavam pelo que dizias mesmo nem sendo um confesso? Não me digas que tens andado distraído!
Meu caro, estás no palco, cuidado com a linguagem e os radicalismos que nunca conseguirás provar. De ti, espera-se sempre que defendas a sociedade, não o casamento gay. Isso foi um aberrante erro de "casting". Disso que falem os outros, não um líder de opinião. A mim restou-me o papel de mau da fita, o do palhaço tonto, mas só tinha que o fazer face à radicalidade da introdução do tema neste espaço, o que aliás, julgo, nunca devias ter feito.
Estou a desdizer o que disse? Nem penses! Sou muito mais vanguardista e muito mais radical sobre o tema, e julgo mesmo ter razão, mas, em tempo, tive a exacta noção de show e não fui por onde, emocionalmente, me apetecia ir!

Um bom ano meu caro líder de opinião e cuida-te porque outros “shows” virão. Todavia, presta atenção, nós ainda não corremos o pano e nem sequer ouvimos uma palma, assobiadela ou palha que seja. Mas lembra que há “shows” que são autênticos infernos para os actores e os espectadores. Imagina que eu não tinha isolado o rastilho com material não comburente. Porque, vou-te contar, comburente não faltou!
Um bom ano, meu caro, com mil bençãos de agradecimento pelo brilhantismo mental que tens e até pelos teus amigos... e que tenhas mais amigos e até sejas mais. Igualmente para os teus, mil bençãos, meu amigo.

01 janeiro, 2010 16:53  
Anonymous Mário Neiva said...

Caro Jorge
Eu bem queria não ter de voltar a "isto", que às tantas ainda nos acusam de "maricas", ao verem as cócegas que vamos fazendo um ao outro...
Mas tem de ser. Não posso deixar a pairar no ar a ideia de que o casamento hetero ou homo, possa ser reduzido à sexualidade. É que, nesse sentido restrito, o casamento não passava de acasalamento com vista à procriação. Ninguém põe em dúvida que o acasalamento é a naturalissima forma de procriação. E o casal que acasala constitui-se, naturalissimamente, de macho e fêmea. Desde sempre! Desde sempre! Quando acasalamento evoluiu para casamento, já se atingiu outra dimensão no relacionamento dos humanos. E é neste contexto que surge a possibilidade de estender o contrato nupcial a pessoas do mesmo sexo. Gente que nasce com tendência sexual diferente da minha quer ver reconhecida na lei a sua tendência. Esta petição só é possivel no seio de uma sociedade onde o natural e "animal" acasalamento destinado à procriação evoluiu para o casamento e matrimónio. E não me admiraria nada que num futuro não muito distante as próprias igrejas venham a enquadrar o casamento homo como sacramento. Afinal, o fundamento último da relação entre duas pessoas há-de ser o amor. E, sem este pressuposto, o matrimónio é nulo. De modo que se no futuro a Igreja aprovar o casamento homo poderá entrar em contradição com a sua doutrinação anterior, mas não com a sua fé. O famoso «crescei e multiplicai-vos» tem sido ignorado por "muitos e bons motivos". Que o digam as ordens religiosas.
Mas se o casamento for visto exclusivamente numa perspectiva sexual e a homossexualidade considerada uma aberração então as coisas serão como sempre foram, faltando apenas uma fogueira e uma forca verdadeiras, porque a fogueira da intolerância e o anátema contra a «aberração» estão inteirinhas nas palavras de muita gente.
A sexualidade é apenas uma componente, muito ou pouco ou nada importante na vida de uma casal. Ou então foi importante apenas num período curto da vida do casal. Apesar disso o casamento pode unir duas pessoas, hetero ou homo, durante cem anos.
Se há uma coisa de que não me podem acusar é ser seguidista. Sobretudo desde que saboreei a liberdade de pensar pela minha própria cabeça. As posições que tomo são pensadas e não me importo nada de mudar de ideias quando me mostram que estou errado. Chego a pedir que me critiquem o que escrevo, e me apontem as falhas.
Por isso rejeito a acusação de estar a ser influenciado por um qualquer loby. Os meus argumentos são meus e não de um hipotético loby. Pena que nos debates que vi na TV nunca tiveram a coragem de explanar a filosofia em que se baseavam para argumentar. Se calhar não têm outra filosofia, os prós e os contra, a não ser o próprio preconceito.
A titulo de curiosidade: no último livro que li onde se abordava esta questão, «O Genoma», aí se diz que o gene responsável pela homossexualidade humana é herdado pela via materna. E acrescenta o autor que, quem tiver um tio-materno homossexual, tem alta probabilidade de ser homossexual ou ter filhos homossexuais.
Gostava de saber quem teria coragem, de entre os que vão ler estas palavras, de chamar aberração ao amor de um filho ou filha que lhe nascesse homossexual. E também queria saber se lhe recusavam a possibilidade de amar ao jeito da sexualidade com que nasceu.

02 janeiro, 2010 15:03  
Blogger jorge dias said...

A família I

A cena está ao rubro! Bela cena... o pano todo abert, os actores despertos e atentos ao mais pequeno sinal, show ao máximo público com visão afirmada e respiração contida!
Então, meu caro sobre Edward Schillebeeckx, nada. Ofuscaram-te os "alegresitos" da plateia em seu lobby! Sobre os estatutos, nada! Podes falar que não queima... nem se pega.

Ó meu caro, mas que tem um filho homossexual verdadeiro ou falso a ver com isto ou com o amor dos seus pais? Que motivo haveria ou haverá para uma mãe não amar o fruto das suas entranhas ou um pai que aos dois ama! Esse é o caminho dos anátemas meu caro! Não provoques porque por aí não há saída!
Tu és brilhante mentalmente, mas isso não faz de ti um caminhante livre dos perigos do caminho. A cada curva, em cada sombra, em cada esquina, olho vivo e pé ligeiro, não vá o demo (diria Gil Vicente) tecê-las. Lobby gay, mas obviamente apanhado e repanhado. Tu que deverias defender, já o disse, a sociedade, defendes o casamento dos alegritos!

Sabes meu caro! (aumente-se a luz sobre os actores e tudo mais fique ao escuro!) O que eu gostava de te ver propôr era o fim do casamento! O que eu gostava de te ver anunciar era a família! A família, meu caro. Se voltares à análise verificarás que o que é grave, o que é grave mesmo é a destruição da família e a recusa, aos alegritos, de constituirem família. Isso é que é grave. Grave é que a lei impeça tantos de serem família com os mesmos direitos dos hetero. Mas sobre isso nem uma palvra tu disseste, meu caro. O problema não é o dos alegritos. O problema é muito mais vasto e maior. Passa pela noção alargadíssima de família. Margaret Mead em estudo sobre as formas de família em Boston, há uns vinte anos, colocou entre setenta a oitenta as formas de família encontradas em Boston. Vens tu e uma cheia de iletrados e apanhados do lobby gay, e políticos agachados, dizer que o casamento não é hetero e não é para a procriação? Tontices de carregar pela boca! Claro que é para a procriação. Ponto final parágrafo. Tenham imaginação. Outra coisa é outra coisa, mas eles dizem que não. Lá teremos que arranjar pachorra para aguentar a cena. "The show musto go on".

02 janeiro, 2010 19:23  
Blogger jorge dias said...

A Família – II

Nada de confusões com banhas de cobra e falsas hereditariedades e alarmismos à mistura. No seio dos milhões de possibilidades genéticas, a natureza que é sábia, contem em si a lógica do equilíbrio. O que está demonstrado é que 2% a 3% dos humanos, nos estudos feitos, tinham uma localização neurológica cerebral que se considerou responsável por comportamentos diferentes da média.
Outra questão que no teu comentário me parece em absoluto inexacta é a da importância da sexualidade humana. Tudo nos humanos é sexuado, tudo, mas mesmo tudo. E quando as hormonas responsáveis se alteram, só resta problema. Provavelmente ou não, estarias a pensar no uso ou praxis sexual. De facto aí há grandes diferenças e por mil e uma razões, desde logo até por falta de tempo ou de parceiros. O que sabemos é que uma prática sexual regular é até factor de melhor saúde e até de espiritualidade e que a ausência dessa praxis é o primeiro passo para muitos distúrbios comportamentais que nenhuma sublimação conseguiu travar. Aqui, a mestra, e o indicador do melhor caminho, é mesmo a natureza. E as aberrações dos exageros da “não-praxis” estão á vista de todos e são ainda hoje, e agora, matéria explosiva. Por isso, nada mais.
Por agora, e na expectativa de voltar ao tema do casamento, vou-me aconchegar para no seio familiar celebrar os amores, um nascimento, os filhos, novos amores, novas integrações, o futuro, as realizações que entretanto faremos e sobre as quais voltaremos a falar pela Páscoa na ceia do cordeiro pascal que, assim o espero, por essa altura uma vez mais celebraremos. Hoje fechamos um ciclo que iniciado quase no termo do Verão acaba amanhã com a nova diáspora que levará as nossas vidas para outros espaços, realizações e para novo ciclo de tempo, quais Reis Magos de partida de junto do presépio! Por hoje, ainda, tempo de balanço, de ouvir e de astuciosamente unir e provocar o acontecer do futuro do meu convento familiar, na feliz ideia do meu caro interlocutor Mário. Seguramente voltarei também à família. Não a tivera eu desenhado e segurado alargada e a esta hora não poderia certamente estar na Internet. Bom 2010 e segurem com amor e sofrimento a família. Se possível, alarguem-na. Não se preocupem muito com o modo como se entra, mas preocupai-vos mais com o modo como se sai… nela e só nela seremos humanos e sociedade. Que o 2010 seja de mil bênçãos para as vossas famílias, dai-vos beijos e abraços de amor e neles vos consolareis e sereis fortes e vencedores como humanidade. Os Estatutos logo os faremos à imagem da energia e amor que possuirmos.

02 janeiro, 2010 20:11  
Blogger jorge dias said...

Marcarei o tempo

Em análise do que somos, quer como associados quer como cidadãos, para desenhar o que queremos ou gostaríamos de ser, cumprimos um tempo e um desígnio, o do nosso viver. Eis porque, entre outras coisas, é importante o “aggiornamento” dos estatutos. Para que contenham aquilo que segundo alguns lhes falta na lógica do seu viver, das suas convicções, dos seus valores.
Todavia, porque as análises se cruzaram e, de um tempo e verbo de associados, passamos, nos últimos comentários, também para um tempo e verbo de cidadãos, registo a transversalidade da preocupação e da inquietude humanas de uma mão cheia dos últimos comentários como algo presente, também, transversalmente, na sociedade de que somos parte. Li, aliás, a propósito destas preocupações do que somos como cidadãos, uma análise muito matizada e muito profunda, senão mesmo inquietante, que partilho.
“O ano que acaba cansou-nos como uma doença”. Não obstante o ano que morre também foi o que fizemos dele e não só o que ele fez de nós. Um pouco por todo o lado vê-se, sente-se, ouve-se, vive-se “uma ameaça que caiu sobre tudo… gerou inquietude, medo, alarme… os rostos mostram-se recuados pela ansiedade;” as vidas são apreensão, incertezas, irregulares... Humanos, mas como animais ameaçados. “E há nos corpo uma curvatura que é sinal de um grande peso invisível”.
A descida abrupta da escada, a asfixia e opressão dos degraus íngremes do retorno. “Os que ganham sempre o que os outros perdem, recebendo o preço que estes pagam para eles serem o que são, inventam para a descida e subida nomes que simulam, ocultam, mistificam. Para os donos deste tempo, tudo serve o futuro desde que lhes sirva o presente”.
“Aqueles que, sem saberem nada, estão certos de tudo, dão razão a Gustave Flaubert” (Lettres à Louise Colet – 13 août – 1846): “Être bête, égoiste et avoir une bonne santé. Voilá les trois conditions volues pour être heureux. Mais si la première vous manque, tout est perdu”. Traduzo: Ser besta, egoísta e ter uma boa saúde. Eis as três condições para ser feliz. Mas se a primeira falha, tudo está perdido.
As palavras que usam, ao arrepio da semântica que lhes é intrínseca, são lugares comuns de baixa filosofia em que se escondem as suas intenções e nos tentam confundir mesmo quando falam de um futuro épico em que apenas eles vêem ouro.
Na superioridade exibida envolvem-se de palavras como “êxito, conquista, lucro, ganho mais valias, retornos”… estranhamente o eco que estas palavras emitem é: “crise, fracasso, corrupção, recessão, desemprego, miséria, suicídio…”
Face à demissão, declínio, e até fuga, da cidadania no governo da Polis – CIDADE, criaram novos ABSOLUTOS, “a economia e a gestão” para nos conduzirem “ao jardim das Hespérides”, ninfas de um maravilhoso jardim ou às Ilhas (julgadas) Afortunadas do extremo Oeste europeu. Agora, as mãos invisíveis dos novos senhores do tempo, além da economia e gestão manipulam também a governação da Polis e até a sua ética, “tornadas teatro de títeres”… “Os males são apenas o custo de um bem maior, o deles”. A liberdade não é mais que o novo nome deste determinismo historicista.

Pessimista? Nem pensem! Avisado para a marcação do tempo, apenas, avisado… Mesmo em tempos como este, felizmente, neste nosso espaço, muitos “foram capazes de atirar uma seta a um centro”. Marcarei pela positiva, o tempo deste novo ano para não me perder no seu labirinto e encontrar as novas amizades, manter as que já são de todos, aplaudir e enobrecer a inteligência e brilhantismo dos meus amigos, ver o crescimento dos nossos filhos e netos, as suas, vossas e minhas consolidações, crescer com os livros, as leituras, filmes, músicas, as belezas, saborear a vida, sentir o sol, a chuva, os crepúsculos, ondular-me em mares e marés da alma e da vida, donde emergem os valores que nos fazem ser, afinal, humanos caminhantes num tempo.
Para as fases “…” – Dos Santos, José Manuel, in Expresso nº1940, 31 de Dezembro de 2009

05 janeiro, 2010 19:47  
Anonymous Anónimo said...

FAMÍLIA


Família

é diversidade,

escola de vida

quase faculdade.

É desencontro e união,

teste de paciência, reflexão.

Prova de amor,

segurança de tudo,

de crescimento,

de aliança,

de que a vida é assim.

Para viver e aprender.


(Eu sou pela FAMÍLIA)

Miki(1947)

06 janeiro, 2010 20:40  
Anonymous Anónimo said...

Com a MIki provocante me desafio com Fernando Pessoa:


... Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
Ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo.
Só quero torná-la de toda a humanidade;
Ainda que para isso tenha de a perder como minha...

Ou nesta outra sobre D.Sebastião em que o homem que se acovarda e nada assume é comparado interrogativamente ao animal que procria:

Louco, sim, louco, porque quis grandeza
Qual a Sorte a não dá.
Não coube em mim minha certeza;
Por isso onde o areal está
Ficou meu ser que houve, não o que há.

Minha loucura, outros que me a tomem
Com o que nela ia.
Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?

07 janeiro, 2010 00:51  
Anonymous Mário Neiva said...

Só faltava este anónimo a trazer-nos Fernando Pessoa.Com o seu génio, Pessoa diz em três versos o que eu queria dizer, e não cheguei lá, com uma multidão de palavras.
Bem-vindo, meu caro anónimo.

07 janeiro, 2010 13:41  
Anonymous Anónimo said...

até ides levar com os politicos pelas ventas, sem qualquer tipo de respeito pelo que sois!
e esta Hem!....

07 janeiro, 2010 18:56  
Anonymous Anónimo said...

Pois é, ninguém faz milagres em sua terra! Mas que há milagres há... disso não tenho dúvida nenhuma... O preconceito, afinal, nunca me ocorrera que, até a ler, tinha esta força. É como a roupa, a mais cara é que é boa! Ou como algumas "ladies", quanto mais maquilhagem mais lindas... Mas, em princípio, nós todos, sabemos bem que não é assim. Para aumentar a confusão, nós todos sabemos que não devia ser assim.Não é no tocante ao sexo, é no tocante a tudo o que na vida é "opinável". Sem confusões preconceituosas.

07 janeiro, 2010 19:47  
Blogger jorge dias said...

Esta agora das ventas não percebi! Nem opino que é por causa do preconceito! Mas espero que não seja nenhuma intolerância ou ameaça, que, de resto, ficaria mal mesmo a um autor anónimo! Por mim, satisfeito, porque afinal havia emoção na plateia! Será comentador para ficar? Bem espero. Benvindo...

07 janeiro, 2010 19:58  
Anonymous Anónimo said...

PRECONCEITO E ...

Parte - 1


O ser humano, ao longo de toda a sua história, manteve certo medo, ou até mesmo receio pelas coisas diferentes do seu cotidiano. A sua análise quanto a estas coisas era baseada nos seus conhecimentos não contestáveis, pois não teria sentido acreditar em outras verdades se a sua vida se manteve adequada e num caminho rectilíneo até tal diferença surgir.
Essa é a base para o etnocentrismo, atitude de considerar o seu meio e cultura superior a dos demais, daí surge o preconceito. Mas o que se exige de um ser que possui o raciocínio, é que antes de ter um acto de discriminação, que ele analise tal diferença, para poder compreendê-la.
Mas como disse anteriormente, não haveria sentido em acreditar numa outra verdade se a sua está adequada, tal verdade o faz criar certos conceitos para tal diferença, que logicamente estão “correctos”, daí ele cria conceitos a isso precocemente, surgindo o preconceito. Mas repare que tal preconceito não possui a obrigatoriedade de ser maligno, este pode ser ingênuo, benéfico, inocente, etc.
O acto de ter algum preconceito não é tão condenável, afinal, ele surge de acordo com seu nível de compreensão a certa coisa, mas há uma diferença em ser ignorante e saber, mas não aceitar. O ignorante é aquele que se depara com uma diferença nova para seu mundo, então ele poderá desenvolver diversos preconceitos, até poder entender e aceitar tal diferença, porém quando este não a aceita ele provavelmente desenvolverá actos de discriminação, condenáveis de acordo com a moral, ética e leis vigentes no mundo.
Mas como saber se essa diferença é ou não algo de ruim? Muitas pessoas respondem a isso de acordo com a sua moral ou crença, esse próprio acto já é não saber lidar com diferenças, pois vem do etnocentrismo, o correcto seria analisar o caso, se o mesmo não for desrespeitoso com o próximo, for sincero e não impedir a paz, não há motivos para se desenvolver algum preconceito negativo.

07 janeiro, 2010 22:27  
Anonymous Anónimo said...

PRECONCEITO E ...
Parte - 2
Mas o que ocorre com o ser humano? Este ser está dotado do orgulho e da alienação, nega-se estar errado em alguma coisa, mas ele não percebe que, não é ele que estará errado. Afinal, o natural do ser humano é ficar em grupo, estar em união com semelhantes, porém fizeram-no acreditar no contrário, fizeram-no estar dentro de um grupo com alguma verdade suprema, e os que estão de fora da mesma estão errados. É tudo uma questão de manipulação, mantida por si mesmo, pois a partir do momento em que essa verdade é “inquestionável“, ela será sempre mantida, mas não é por algum ser que a mantém por interesse, é porque a maior parte da raça está inserida nesta verdade.
Tudo segue o caminho natural da mudança, não é justo também que os injustiçados desenvolvam um preconceito aos que os vêem como “errados”, o correcto seria mostrar o que eles possuem de bom, seja a cor, gênero, etnia, religião, sexualidade...
Também há a necessidade de analisar o conceito de preconceito e discriminação, não podemos exigir que uma pessoa entenda e aceite as diferenças, por questão de opinião, mas esta deve permitir o livre tráfego e a livre expressão de pensamento, o acto de discriminação é sinal de fraqueza e desrespeito.
Ok, já falei sobre o preconceito e a discriminação; as suas diferenças são básicas, o preconceito é a não aceitação, a discriminação o não permitir as diferenças com acções desrespeitosas e/ou excludentes.
Ambos são actos inseridos na inteligência do ser humano, pois para ele, mesmo que seja no seu subconsciente, pois o ser humano é sensível à mudança, ele nunca quer mudar para se adaptar, ele deseja que o mundo e os outros se adaptem a ele.
Por fim de palavras, concluo dizendo que o acto de ter preconceito envolve a não auto-aceitação de estar errado, então não é algo tão simples que se resolverá com uma pergunta; “porquê?”, envolve muito mais coisas; mas também o acto de não aceitar sobre nenhuma circunstância que alguém tenha preconceito também é uma atitude de discriminação.
Então deixo a minha mensagem, alertando sobre TODAS as formas de preconceito. Vejam-se por dentro e analisem o quanto podres são.
Viva a FAMÍLIA.

Miki(l947)

07 janeiro, 2010 22:29  
Blogger teresa silva said...

Então o tema promete... Casamento gay.
Na ninha modesta opinião, este tema não deveria ser discutido, uma vez que o país enfrenta graves problemas de desemprego, de crise económica , de corrupção(?).
Há pessoas neste país que não têm emprego e que querem cumprir os seus compromissos económicos bem como educacionais se têm filhos. Num país que se encontra mergulhado numa profunda crise é isso que vamos discutir?
Discutiremos sim formas de criar emprego, formas de melhorar a economia, formas de o povo acreditar no governo, coisa que não se tem visto ultimamente.
A mim parece que vivemos num país que anda à deriva, sem rumo.E é o casamento gay que se vai discutir?
Ó meus amigos não havia necessidade...
Por acaso não concordo com o casamento gay, uma vez que eles poderiam viver muito bem em união de facto. Só traz vantagens em termos das finanças, irs e essas coisas, uma vez que o sentimento esteve, está e sempre estará enquanto o amor durar entre estas duas pessoas.
É só para ser aceite perante a sociedade? Para ficar bem visto aos olhos dos outros?
Como disse há coisas mais importantes a serem discutidas do que o casamento gay!
Acho que isto está no modo como se encara as situações.

08 janeiro, 2010 00:55  
Anonymous Anónimo said...

Cito:
"Vejam-se por dentro e analisem o quanto podres são... Miki (1947)".
Fim de citação.

Assim não vale!

Entre várias coisas, tira tanto mérito ao seu comentário anterior e a este, obviamente!

Por uns instantes, apenas por uns instantes, vou entrar no seu jogo.

Cara ou caro comentante,

Primeiro, analise um pouco mais o comentário, bem anterior ao seu, que introduz o tema do preconceito e verá que lhe passou inteiramente ao lado!

Segundo, os seus considerandos sobre o preconceito são seguramente bons, a conclusão é que enfim...

Terceiro, a podridão de que fala é de compostagem, ética ou religiosa? Pela pessoa do verbo usado, "quanto (quão) podres são", verifico que as pessoas podres são várias, ou pelo menos duas, e que o são actualmente(presente).

Quarto, verifico que omite, com perspicácia, o tema do casamento homessexual.

Quinto, verifico igualmente que omite o tema revisão dos Estatutos, próprio deste espaço.

Sexto, neste espaço (blog), pelo que tenho lido, mesmo quando não se concorda com os comentantes, não é, propriamente, costume, entre os aascarmelitas,(que não sei se é), sugerir que os outros são podres! Preconceito, a podridão dos comentantes ou de quem? Como enquadraria, já agora na sua dissertação, este preconceito?

Sétimo, numa coisa estamos de acordo, em Viva a família!
Nota: Mas esclareçamo-nos, a propósito, que familia defende, mono ou poligâmica, mono ou poliândrica? Matriacal ou Patriacal? Homo ou hetero-sexual? Com ou sem adopção em casamento homosexual? Será que os podres vêm daqui ou de algum espaço mais alargado da sociedade?
Venha mais vezes com um pouquito de menos bilis!

Como sou caixeiro viajante, vou à vidinha! Mas deixo V.Excª com esta: Olhe que a podridão lida pelos vossos olhos também pode ser riqueza, ou até virtude, se lida por outros! Ó se pode... Adeuzinho, Excª do "quanto podres são"! Não lha devolvo porque ninguém é e lapsos todos têm. Beijinhos. Beijinhos, não... Cordialmente, um caixeiro.

08 janeiro, 2010 01:06  
Blogger teresa silva said...

Deveria estar a discutir-se uma forma de entendimento entre os partidos na assembleia da república para criar mais empregos, para melhorar a economia do país, para melhorar a segurança do país em que vivemos.
Fiscalizar melhor situações do rendimento social de inserção ou do antigo rendimento mínimo, para não causar injustiças sociais. Deveria-se estar a discutir formas de a justiça ser mais célere em
casos mediáticos tipo Casa Pias ou Freeport ou mesmo agora o último da face oculta.
E em relação à economia e às empresas torná-las mais competitivas a modos de não nos distanciarmos da comunidade europeia. Temos capacidade para isso por isso há que arregaçar as mangas e por os pés a caminho.
Estes sim são temas fundamentais para o desenvolvimento do país.
Quanto ao casamento gay, não sou contra os gays ou lésbicas, porque o amor não escolhe sexo, é cego.
Mas não acho necessidade de se discutir este tema.

08 janeiro, 2010 01:19  
Blogger jorge dias said...

Que seja!

"...nós ainda não corremos o pano e nem sequer ouvimos uma palma, assobiadela ou palha que seja. Mas lembra que há “shows” que são autênticos infernos para os actores e os espectadores."

Quando mais acima dirigi ao meu caríssim Mário, e ao auditório em geral, estas palavras, a minha noção da sensibilidade do auditório sobre o tema, não obstante o que já sentia,estava aquém do que o auditório sentia e da importância ou não importância do tema. Como se pode notar, agora mexem as palhas e as assobiadelas, como se ouvem! Mas reconheço, que só ouve quem sabe ou quer ouvir. Indiscutivelmente, como show que é, também o espaço blog, relembro que ainda não correu o pano. Naturalmente, apareceram os primeiros piropos de podres, quanto podres! Mas nada mais natural! E as bofetadas do silêncio! Mesmo assim, esperava mais. Bem que tentei sempre reintroduzir o tema dos Estatutos! Mas reconheço, e disso só ontem e hoje me dei conta,que nunca a agenda política do país esteve tão perto deste espaço como agora! Acoisa que verdeiramente sentia era que o tema era e é fracturante! Sobre a questão relembro coisas já ditas: "há shows que são autênticos infernos para os actores e os espectadores". É o preço da liberdade, espero que não a liberdade historicista ditada pela economia, mas a que decorre da ética e dos valores que cultivamos!
Que bonito está este espaço! Cada vez mais a justificar as honras de livro e a remexer nos valores em perspectiva de mais justiça! Que seja!

Todavia, na suposição de que possa não ser, que os que assim pensam, mais sejam, para compensar a diferença! Feito o que deviamos fazer nada mais há a fazer que arregaçar as mangas da fatiota e retomarmos a tarefa no ponto em que estava antes do show começar! Mãos à obra que não estaremos sós e, como diz o comenta´rio anterior há por aí uma cheia de coisas que têm prioridade absoluta!

08 janeiro, 2010 01:50  
Anonymous Anónimo said...

Morte à Família!

Morte à família!
Grita o mundo em sua ira na dor sua de cada dia.
Vi o homem, sem pouso, sem norte,
surdo aos gemidos que a própria alma emitia,
chorando a cada passo da famigerada morte.

E segue o curso, o homem, ora cego, ora surdo
na descrença desse mundo, sem paragem ou abrigo.
Vai seguindo caminho, deixando as flores, colhendo espinhos solitário na morte,
isolado dos seus, em actos absurdos de outras dores.

Morte à família!
Bradam pais e filhos, em desrespeitos, em conflitos.
O lar é campo de batalha de luta injusta e ingrata,
abrigo de desconhecidos do mesmo sangue nascidos,
misturando-se a dor da fome que mata.

Morte à família!
E vida ao mundo em sua injustiça e desgraça,
no lugar do amor que regia seus dias, a dor concebida sem graça.
Ganha grades a liberdade, prendendo o homem que a morte abraça.

Morrem almas em agonia,
na dor do homem que não sabia,
que a família é a força que abriga,
orienta e encaminha.
Agora o homem cantou seu canto,
de lamento e sem encanto,
e em lágrimas que da alma jorra,
gravando em terra seu planto.

Grita mudo em triste melodia:
“Aqui jaz a família!”

Miki (1947)

08 janeiro, 2010 17:26  
Anonymous Mário Neiva said...

Alguém me explique, que não entendo: vivo em Viseu, com uma família já reduzida ao meu amor, porque os nossos filhos já deixaram o ninho paterno, bateram asas para longe, para viverem a sua própria aventura; somos umas dezenas de milhares de famílias em VISEU e suas freguesias; possivelmente, dentro de alguns anos, com a nova lei, teremos de conviver com três ou quatro casais homossexuais; alguém me explique, pergunto ainda, como é que essa meia dúzia de casais vai atentar contra a solidez da minha e de milhares de famílias?
Será que os nossos rapazes e raparigas vão seguir o «mau exemplo» e, por birra, casar eles com eles e elas com elas? Será que um heterossexual vai suportar, por um rôr de anos ou por uma vida, a partilha dos afectos contra o seu sentir sexual, por simples perrice? Se assim for e os jovens se transviarem desta forma, então realmente a tradicional e legal família hetero estará em causa. Mas não me parece que esse seja um cenário provável. Os jovens estão cada vez mais sensíveis aos seus afectos e a agir em conformidade com eles, sem hipocrisia e em liberdade. Não me parece que haja um sequer que se «converta» à homossexualidade. Até porque esta nem é uma ideologia, nem uma religião, nem uma filosofia, nem um modelo a propor a quem quer que seja. Nasce-se homo, como se nasce hetero e só um medo preconceituoso e irracional leva pessoas a pensar que «aquela coisa» pega-se. Pois nem se pega nem é doença e muito menos aberração. É a condição de alguns seres humanos, nossos irmãos e irmãs, que assim nasceram e assim devem ser aceites e integrados, em plenitude, na nossa sociedade.
Nem a um cego de nascença, mudo ou um deficiente motor negamos o casamento, porque nessa condição vieram ao nosso mundo. Não passa pela cabeça de ninguém chamar-lhes aberrações.
Mas o nazismo andou por aí!
Estou em crer, e se estiver a ser injusto peço perdão, que as pessoas que abominam o casamento homossexual estão a pensar apenas nas relações sexuais propriamente ditas entre o par, e a isso reduzem a sexualidade humana. Esquecem a afectividade que nos impele uns para os outros e se torna, tantas vezes, o embrião da maior realização da alma humana: o amor.
Uma vivência sexual, hetero ou homo, sem afecto e sem amor, com ou sem casamento, é um acto primitivo e releva da nossa raiz animal. O homem já há muito tempo aspira a estar para além deste patamar e eu chamo-lhe o «homem espiritual», um homem cada vez mais do futuro.
De uma vez por todas eu digo: o casamento não se destina ao sexo, mas à manifestação pelna da afectividade humana e do amor.
Um dia, e que esse dia esteja bem longe, se eu não puder ter sexo com o meu amor, estou seguro que o carinho imenso que nós dispensamos um ao outro vai ser sempre o que hoje é. Porque a nossa sexualidade é apenas uma componente da vida toda que partilhamos. Eu diria, talvez abusivamente, que a sexo, na nossa vida, é a cereja em cima do bolo. Mas quando a cereja for comida, ainda resta a presença de uma imenso doce para saborear: a presença de quem amamos e nos ama.

08 janeiro, 2010 19:08  
Blogger jorge dias said...

“Vae Victis” e “Non multa sed multum”

Dizes muitas coisas, mas nada de essencial sobre o tema e continuas a provocar depois de não teres querido alinhar nos diálogos e de sistematicamente ignorares todas as outras opiniões e sugestões. Uma vez mais, neste comentário, dizes muitas coisas mas sobre a essência do problema dizes pouco ou nada! “Non multa sed multum”.

Explicar-te? Arrogante! Mas o quê se tu nem lês e só interpretas ou ignoras!? Assim acontece quando em vez de debate ou liderança social se exerce liderança de facção! Até o falecido do Fernando Pessoa leste a favor dos teus argumentos enviesados. Caíste na armadilha! Até o voluntarioso do El Rei D. Sebastião estava a teu favor, não obstante o esclarecimento do postante. Transformaste-te em gota de água que só faz “pingue, pingue, pingue” e de tanto pingue quase que enlouquece!

Com este teu comentário, mais do mesmo, quando nunca ou quase nunca interagiste com os outros comentários, senão mesmo os ignoraste ostensivamente na prossecução do teu desiderato “gay”! Isto para não referir o abuso da tentativa de utilização de argumentos religiosos para justificar o mundo gay! Até a referência ao Hitler é despropositada na medida em que o Hitler também aniquilou, sobretudos judeus, mas também ciganos e não só gays! Assim fizeste nas tuas intervenções: ignoraste sempre todos os que como os gays, e em maior número, muito maior, sofrem idênticas desigualdades perante a lei! E isto, não obstante a infinita paciência e tolerância de todos os comentantes face ao problema e às tuas abordagens!

Aquelas tuas deambulações sobre sexo são horrorosas! Tem dó! Poupa-nos! Se quiseres falar de pornografia avisa. O que devias ter falado, e só, era do sexo gay e suas práticas! Mas isso não dava jeito! Quanto às deambulações da educação, é melhor informares-te sobre educação e depois qualquer dia iniciamos aqui um debate com as variáveis todas!

Em dia de enterro dos valores da família que me criou, a tua falta de sensibilidade com um comentário postado fora de tempo, a pedir explicações, quando em tempo te encolheste, ignoraste e não participaste, fez-me lembrar o dito romano: “ Vae victis”! Fica-te muito mal! Ai dos vencidos! Era preciso “Fair play”. Tenho que alinhar com o dito popular: só temos o que o berço nos dá! E esta foi só mais uma deselegância, só que esta foi mais alargada e não pessoal! Esta foi uma profunda falta de sensibilidade para com tantas pessoas e colegas, tão bons como tu, que hoje estão tristes por valores que defendiam transparentemente e nos quais consubstanciaram as suas vidas, terem sido gravemente ofendidos pelo parlamento do país. Esta plêiade de pessoas vê hoje, efectivamente, o seu modelo de família, sob as lápides: “Por aqui e por ali jaz a minha família”. Efectivamente assim é, mas a gente levanta-se porque há vivos! Mas de uma coisa podes ter a certeza, jamais a minha tolerância gay será a mesma! Profeticamente, com todo o direito de cidadão livre e crente, jamais!

Há uma obra para fazer e só o andar faz caminho! A mim preocupa-me mesmo é o desemprego!

08 janeiro, 2010 23:52  
Blogger teresa silva said...

Caríssimos a bendita lei foi aprovada no parlamento...
E foi o próprio primeiro-ministro a apresentá-la na assembleia da república como porta-estandarte do seu programa eleitoral.
E cá fora havia gays e lésbicas a dizer que a lei ficou coxa devido à não discussão da adopção por parte deles. Santa paciência.
Fico deveras siderada com o país em que vivemos.
Como se explica a uma criança que tem 2 pais ou 2 mães, enquanto na escola a maioria tem um pai e uma mãe?
Aí é que vai haver discriminação, porque as crianças são directas no seu discurso, não estão com palavrinhas mansas como nós adultos.
Não tenho o dom de filosofar como o Mário ou mesmo o Jorge, mas digo aquilo que me vai na alma e que muitas vezes me questiono e neste momento encontrei um espaço para também partilhar a minha opinião.
Cresçamos que se faz tarde para acordar um país sonolento de valores, de crenças, de justiça, de emprego, de solidariedade...
Enfim acho que no fundo o que falta a este país é um safanão, uma vez que parecemos mergulhados num marasmo e que ninguém se liberta.
Faltam políticos com iniciativa, mas vão vocês dizer que isto deve começar por nós simples e humildes trabalhadores.
O povo é que tem a faca e o queijo na mão como se costuma dizer...
Este país parece um novelo de lã, nem ata nem desata é um emaranhado em que toda a gente briga, mas depois vamos avaliar as consequências ninguém tem culpa. Nem a própria justiça funciona...

09 janeiro, 2010 19:06  
Blogger teresa silva said...

Sim é de facto um tema fracturante, pois põe-nos a pensar sobre a sociedade, sobre valores que nos foram incutidos na infância e que nos fizeram crescer e sermos o que somos hoje. Mais parece um terramoto.
Estaremos de facto preparados para ele?
Espero bem que sim, pois mostra tolerância por parte do país em que vivemos. Podemos não concordar, mas agora virou lei e há que aceitar. Bom não sei se ainda vai passar pelo tribunal constitucional.
Permitir a adopção aí é que não concordo, como queria o bloco ou o pc. E espero que o governo nem se lembre de trazer isso a público. Nem mesmo como referendo.
Aí é que concordo com anteriores comentários que dizem "Morte à família".
Radical, talvez... Mas há coisas básicas que não vale a pena mexer ou questionar porque só assim se assegura a continuação de uma sociedade com determinados valores, normas e assim se assegura o futuro do país.
A família para mim é uma força geradora de energia positiva, que nos encoraja nos momentos difíceis, que nos alerta para determinadas situações por terem mais experiência de vida, no fundo porque nos amam e querem o nosso bem.
Como explicamos isso a uma criança que foi incluída/adoptada, como queiram chamar, que tem 2 pais ou 2 mães. Ela de certeza que vai perguntar quem é o pai e quem é a mãe. Como ela vai entender?
O pai e a mãe são figuras fundamentais na família. Diferentes que são, mas que se complementam.
E na escola estará a criança preparada para esta família diferente?
E as outras crianças vão a discriminar por ter uma família diferente?
É verdade que este tema veio a público , mas não foi discutido nem houve nenhuma lei que o aprovasse.
Ficam aqui algumas questões que dão para pensar!

09 janeiro, 2010 19:54  
Anonymous Miki(1947) said...

Crónica da vida : Família

Era tudo simples até se complicar.
Porque começou com o olhar dele e o sorriso dela.
Do beijo timido aos abraços no escurinho, ficou dificil com uma aliança e complicou-se na hora do sim.
Pior seria os três proximos anos sem dinheiro para quase nada, ele ía trabalhar com camisa amassada, ela sempre atrasada chegava despenteadada.
Mas quando as contas diminuiram, dificuldade com os vómitos, os enjoos e o inicio das noites perdidas sem sono.Para complicar ela engravidou.
Nada além de nove meses, sonhos, medos, crises, mudanças muitas mudanças, na casa, no guarda roupa, na cama, no abraço, no encanto, no amor, nos planos, no bolso.
Para não andar para trás nasceu a criança, bebé fofo e lindinho, cara do pai ou do mais novo priminho? Na verdade mais parecia com um velhinho, todo amassado e enrugadinho, para complicar transformou-se em familia, pai, mãe e filhinho e o pior é que toda a gente gostou.
Era tudo simples até se complicar, era essa complicação que eles queriam e da explicação desexplicada dessa crónica da vida que encontramos um dos sentidos mais completos do amor:Familia.

Miki (1947)

10 janeiro, 2010 17:02  
Anonymous Mário Neiva said...

Mas a história linda dessa familia, que podia ser a sua ou a minha, começa bem mais atrás...Mas não é este quadro ternurento e muito bem pintado que vou comentar. Hoje mesmo, não agora, quero ir ao seu «preconceito» (I e II). Ainda bem que voltou, porque receava que «batesse e fugisse» como já outros fizeram. Vou-lhe dizer porque não concordo com a sua «lógica», aliás, muito bem exposta. Tal como o comentador anónimo (podia dar-se o pseudónimo de KIKI 2010, por ex.)também eu acho que a conclusão não é feliz. É como se o sermão tivesse ficado a meio...Mais logo lhe digo porquê.
Já adivinhou, não foi? Vou ver o meu FCP)

10 janeiro, 2010 18:14  
Anonymous Miki (1947) said...

Até que a morte nos separe...
PARTE I

Ontem vi um casal atravessar a rua. Eram dois velhos, ligeiramente encurvados, passo vacilante e olhar cuidadoso. Suas roupas não tinham o apuro da moda e seus gestos não denotavam vigor. Não sei porque, comecei a divagar sobre os dois. O que poderia estar a rondar nas suas cabeças naquela hora? Que temores o intenso tráfego estaria a causar aos seus corações idosos? Quais as suas reações ante um mundo em permanente e incontrolável mutação? Quais seus pontos de vista sobre a moda, sobre a ética e sobre a moral? Estabeleci uma regressão e cheguei a vê-los, quarenta ou cinquenta anos atrás. Ele, atleta, robusto, cheio de energia, solícito e cavalheiro. Ela, feminina e brejeira, frágil e vaidosa. A vida, às vezes boa às vezes má, os envolveu no seu torvelinho de acasos e contradições, trazendo-os após muitos anos, a essa velhice digna, calma e solidária. Como é bonito ver duas pessoas que envelheceram juntas! Como é belo testemunhar neles a plenificação do amor... E lá se vão eles, mão na mão, caminhar cansado, mas olhos vivos de quem viveu bem a vida. A mão na mão é mais um símbolo do que efetivamente um amparo; é mais um sinal de unidade afectiva do que uma garantia de segurança física. Ele, atento aos carros que passavam, procurava guiá-la. Ela, confiante, deixava-se conduzir por ele. Ah! Que belo quadro de vida e de amor eu pude ver ali... Já foi forte a mão que a amparava... Quantas vezes deve ter sido usada, qual lança de um cavaleiro andante, para defender a sua bela eleita... Ela, naquele vestido escuro e naquelas meias grossas, que hoje encobrem flacidez e varizes, por certo no passado revelaram as curvas de um corpo jovem e provocante. Como se terão amado na juventude... Quantas vezes o ciúme deve ter temperado aquele romance entre um homem forte e uma mulher bonita. Mas agora tudo é passado. O presente está aí, na minha frente: dois velhos tremulos, mão na mão, quais pombos amedrontados, a atravessar uma movimentada avenida. A vida levou quase tudo o que eles tinham. Levou a juventude, mas deu-lhes a experiência; levou os sonhos mas materializou seus devaneios através dos filhos e dos netos; levou o fogo dos anos mas deixou a serenidade de uma velhice digna; levou delgadas silhuetas, deixou rugas, gordura e cabelos brancos, mas deu-lhes o respeito dos jovens, o amor dos filhos e a admiração dos amigos... Ah! Esse tempo implacável que investe até contra a dureza do mármore! O tempo levou ou modificou quase tudo, só não conseguiu lograr sucesso contra o amor, pois esse jamais passa.

10 janeiro, 2010 18:46  
Anonymous Miki (1947) said...

Até que a morte nos separe
PARTE II
Por isso, caro leitor, quando andar pela rua e deparar-se com um casal de velhos à sua frente, não os encare como quem “já era”, nem como alguém que, com seu passo trôpego, está a obstruir a calçada. Faça uma paragem, perca um pouco de tempo e contemple-os. Como um peregrino cansado que pára diante de uma igreja, persigne-se diante desses dois, como se fossem seus próprios pais, como se encarnassem, na mais rica concepção, o mais revelador do amor humano, traduzido não em gestos de paixão a uma pessoa jovem e útil, mas consolidada pela vivência profunda, e enraizado por toda uma vida de dedicação e afecto. Não os tome por estorvo nem os chame de ultrapassados. Ultrapassados somos (nós), que não sabemos mais amar. Veja-os como um monumento ao amor, um amor tão raro nos dias de hoje, isento de percepções materiais. Olhe seus gestos, fotografe suas atitudes e veja quanta entrega brota deles. Será que os nossos jovens, daqui a quarenta ou cinqüenta anos, ainda saberão amar assim? Por isso, não apresse o seu passo; viva este momento. Você está diante de algo raro e em extinção: você está na antecâmara do paraíso; você está diante do amor. Ali se vão os dois velhos entre as pessoas da rua, por certo temendo a morte. Não a morte em si, mas a separação deles e a solidão do sobrevivente. Só a morte, por sua característica de fato inevitável, é que poderá separá-los. Mas eles, por certo, já “tramaram” alguma coisa para neutralizá-la, algum encontro furtivo na outra vida, para viverem eternamente seu amor, sem mais ameaças, sem mais sobressaltos... E lá se foram eles. Já não os avisto mais. Extasiado aqui, tenho retida a sua imagem, mão na mão, dizendo com a vida, unidos, até que a morte nos separe...
( com dedicatória à coragem da Dª.Teresa Silva)
Hoje, nevou na minha terra!
Miki (1947)

10 janeiro, 2010 18:48  
Anonymous Mário Neiva said...

Conceitos e Preconceitos

Subscrevo o que disse, e bem, sobre a génese do preconceito e do conceito do preconceito, propriamente dito. Mas noto que algo de fundamental ficou por dizer, depois de afirmar que o preconceito também tem direitos de cidadania. É verdade, sim senhor, mas por uma simples razão que o Miki não explicitou e que é esta: todo o conhecimento humano, logo que adquirido, passa a ser preconceito. Nunca partimos «virgens» à descoberta da verdade. Vamos cheios de pré-conhecimentos e pré-conceitos, que as novas aproximações à Verdade vão converter em «história do conhecimento» e «história dos conceitos». Isto acontece porque a “Realidade” não se deixa capturar pelo nosso intelecto. Não há conceito humano que abarque a “Realidade”, que no seu todo é coincidente com a Verdade. A sua posse ou captura pelo nosso intelecto dar-nos-ia a Sabedoria. Como já diziam os gregos antigos, a posse da Sabedoria é prerrogativa Divina e nós, os homens, somos apenas amigos dela.
A conclusão lógica da sua bem desenvolvida explanação devia ser que todo o conhecimento humano é preconceituoso. Filosoficamente falando, porque o termo já adquiriu conotações claramente pejorativas.
Transpondo esta filosofia para abordagem do tema em discussão, a família, podemos preparar-nos para aceitar a evolução dos conceitos que dela temos hoje. Para não serem apanhados desprevenidos e para que tal não vos provoque pânico ou irritação, façam como eu: ponham o acento tónico não no determinismo da sexualidade com que nascemos, mas no distintivo humano por excelência: o amor.
O belo texto com que nos brindou de um velho e amoroso casal de mãos dadas bem podia ser também o relato de um par homossexual.
Mas há nele duas notas dissonantes: um pessimismo confessado e a falta de esperança na juventude que são os nossos filhos e netos.
«VOcê está diante de algo raro e em extinção».
Porque pensa isso?

11 janeiro, 2010 01:05  
Anonymous Miki (1947) said...

Prazer...
PARTE I
(Snr. Mário Neiva )


Difícil tema para uma abordagem sem ferir suscetibilidades, sensibilidades hoje em dia tão fora de moda, tão obsoletas que gritam forte nos taxando de antiquados, de fora da realidade, que já nem sei mais o que somos, afinal.
Prazer, o que significa então? Segundo uns " contentamento, satisfação, deleite", outros,"sensação ou sentimento agradável", e uma infinidade de outras definições que nos atordoam, nos sufocam de gozos e bem estares físicos, incríveis e difíceis mesmo de se descrever, tamanha diversidade de emoções que cada um sente, diferentemente.
Temos uma variedade imensa de prazeres na vida, desde os mais simples até os mais complicados, que são os que alteram a nossa vida. São gamas de sensações que nos enternecem e nos completam. O prazer de ler, o prazer de ser, o prazer de estar, o de sentir, de ouvir, de apreciar a vida e a natureza, de aglutinar idéias tantas e outras, que deliramos de prazer e de satisfação imensa em saber que estamos vivos, latejantes de febris emoções, de sensações incoercíveis, que nos marcam, nos qualificam. São vocábulos e mais vocábulos que nos deliciamos ao falarmos de prazer e sentirmos o que realmente mais nos agrada em definí-los para saber o que seja prazer na sua diversidade.

"Se eu pudesse dizer o que nunca te direi,
tu terias que entender aquilo que nem eu sei!"
(Fernando Pessoa)

Fernando Pessoa, o mestre das emoções, das sensações, dos prazeres que nos fazem desfrutar a vida, sem limitações, sem barreiras, sem infinitos, pois pertencem a cada um de nós e não temos que dar satisfações, a quem quer que seja, dos nossos prazeres, mesmo os mais simples e corriqueiros até os mais bizarros que possam parecer.
Ah! O prazer de uma boa música, cuja harmonia, cujas notas, acordes, nos fazem vibrar de tanto sonhar, de tanto deleitar, de tanta alegria de tantos desejares, em todos os lugares da nossa mente, do nosso coração, da nossa ansiedade, dos “amares e dos fracassares” também, pois constituem exemplos que devemos seguir para alcançarmos a nossa plenitude, nossos amanhãs.

11 janeiro, 2010 21:16  
Anonymous Miki (1947) said...

O PRAZER

PARTE II

O prazer de uma boa leitura, que acomete nossos pensares, em nos deixar envolvidos pelas palavras hábilmente organizadas na sua definida e deleitosa composição. As letras desfilam, bailam à nossa frente, em esgares de pura fantasia, definindo elas mesmas o que são e o que significam no texto, como se estivessem patinando, esquiando no gelo que assoalha seus propósitos de aventuras. E nós nos metamorfoseamos de sonhos e emoções ao ler, ao sentir.
Outro prazer indiscutível é o prazer de pensar. A nós pertence, são só nossos os pensares, são únicos, são só nossos os divagares, as conquistas, as críticas, as vitórias tácitas que vivemos. Ninguém pode penetrar na nossa mente, pois pertence ao alívio da maneira de ser da nossa pessoa, mas são só nossos os pensamentos e são prazerosos, são infinitos nas nossas concepções, nossas doçuras e nossos féis também, para nos equilibrarmos e nos fantasiarmos de tudo e de nada. E saimos por aí afora, dando vivas e demonstrando nossos luares de imaginação e enternecimentos que vestem nossas vidas, nossos sonhares.
Somos seres divinos porque fomos geridos por Deus. A Ele devemos o que nos encharca de prazeres, criados para nos dar felicidade em estarmos vivos e ao nível incomparável de ser humano, para Sua Glória e Divindade, como elenco de criaturas que completam Sua Obra....
Deu-nos, com muita sabedoria, o prazer nas relações físicas, cuja erotismo nos atrai e estimula nos gozos incríveis sentidos, com a finalidade única da multiplicação e perpetuação da espécie. São o fascínio do prazer inenarrável nessas sensações, nessas emoções... Quer coisa mais prazerosa do que amar? Não só pela atração física, mas pela felicidade e paz da sua amorosa presença, sua ternura, seu aconchego, para nos inebriarmos de sensações excitantes no lirismo das presenças...
O amor físico, tão procurado, tão ansiado, tão necessitado, é a maior invenção que nos ofereceram, pois sacia, acalma, relaxa nossos desejos, nossas vivências, deixando sensações de paz e serenidade. Não me vou alongar nessa espécie de prazer. É delicado, profundo e individual, por isso deixo a cada um sua melhor interpretação de acordo com suas necessidades e valores. Falar em prazer é como se detonar uma carga incrível de TNT e vê-la explodir em emoções e sensações poderosas que nos perpetuam e nos agradam em todas as maneiras possíveis na arte de sentir.
Mas o que não devemos permitir é que ele se insinue como único e absoluto nas nossas vidas, porque iríamos fazer parte só do físico e não é isso que queremos, só viver de sensações e não daquelas emoções, que só o espírito nos engrandece e colore a nossa vida, nossas virtudes.
Equacionemos nossos prazeres para não ficarmos só à mercê deles, escravizados, e sim tê-los em nossas vidas, como complemento apenas de nossas necessidades e companheirismos...
No meu “machimbombo”, não entra quem quer; tem que estar vestido com traje nupcial!
«Você está diante de algo raro e em extinção».
Miki (1947)

11 janeiro, 2010 21:17  
Anonymous Mario Neiva said...

Para o
Miki
Não respondeu à minha pergunta. Ainda procurei descortinar nos textos que colocou, mas não há lá nada que explique porque a ternura dos setenta ou oitenta não há-de ter futuro. Penso exactamente ao contrário e, portanto, nós estamos a aprender a amar, como nunca o fizemos na História. Aliás, é perfeitamente compreensivel, se considerarmos que a nossa História é um processo de crescimento. A minha perspectiva é aquela que bebi na cultura cristã: estamos a caminho da perfeição e não a caminho da destruição. Os nossos filhos e netos hão-de amar melhor do que nós. Eles crescerão longe de uma série de preconceitos que nos tolheram a alma. Para eles o corpo não será uma fonte de pecado. Eles vão aprendendo de pequeninos que o corpo é essencia do ser humano e não um fardo que o nosso espirito tem de suportar. Eles vão sonhar com um espirito lindo numa corpo lindo. E a ciência vai ajudar cada vez mais a criar essa harmonia há muito anunciada: mente sã num corpo são. O nosso fascínio pela beleza não é uma tolice. É o impulso que nos faz procurar a perfeição. E não tenho dúvidas que os nossos filhos e netos aprenderão depressa que o afecto e o amor são o fundamento seguro para a sua felicidade. Até porque nós já aprendemos isso e estamos a passar-lhes a palavra.

11 janeiro, 2010 22:53  
Blogger teresa silva said...

Voltemos a uma questão fundamental... O amor.
Há tantas formas de amor. O amor entre os pais, entre pais e filhos, entre irmãos, entre amigos, entre cada família em geral.E entre o amor de cada família traremos o amor para os grupos em que nos envolvemos e daí até à sociedade.
Mas como traremos este amor para a sociedade se o país não proporciona que se estabeleça este amor?
Temos desemprego que gera na família sensação de incerteza, temos injustiças sociais que geram na família sensação de revolta, enfim se não houver condições como se prepara uma família para enfrentar uma sociedade?
Os pais ensinam-nos um determinado número de coisas, mas vamos para a sociedadee vemos as coisas que nos ensinaram precisamente ao contrário.
Por isso é que digo que o país anda doente, precisa de uma injecção para ver se fica melhor.
Para se formar uma família tem que haver condiçoes para tal. Pessimista? Nem por isso,realista.
Vivemos num país triste, sem objectivos, sem pessoas felizes, em geral.
Mas também penso que o sucesso deste país está em cada um de nós. Se cada um fizer um bocadinho por mais pequeno que seja, mas se juntarmos estes sucessos todos, temos um país feliz. Está em cada um de nós o sucesso, está em cada um de nós a responsabilidade de fazer mais.

12 janeiro, 2010 00:43  
Blogger teresa silva said...

Família:

A família ensina-nos valores, regras, normas, amores, convivências...
Tudo o que somos hoje devemos às nossas famílias. A base da sociedade está na família, nesta pequena célula ou micro-sociedade.
Na família existem encontros, desencontros, opiniões,contra e a favor.Discute-se, debate-se determinados assuntos. Cumprimos regras, mas também as fazemos, ou seja educa-se.
Claro que nem sempre é facil, mas a vida não é um mar de rosas e tudo o que dá trabalho sai sempre mais compensatório, valeu a pena o esforço,quando vemos que se reflete na educação dos filhos. Dúvidas? Claro que as há, mas lutamos sempre por aquilo que achamos melhor.
Discussões, brigas, se as não houvesse é que seria de estranhar. Somos todos diferentes, mas no fim das contas sabemos reconhecer o quanto a família é importante para nos apoiar nos momentos mais difíceis, sejam eles quais forem.
E se não há união na família é porque alguma coisa falhou.
Trocamos opiniões, ouvimos os mais velhos que têm mais experiência de vida, damos com a cabeça contra a parede(também faz parte), temos que aprender com os nossos erros. Mas sabe bem depois valorizar os pais com aquela velha expressão "Afinal tinhas razão".
É disso que a família vive de amores e desamores entre os seus elementos, fundamentais na construção de uma sociedade melhor.

12 janeiro, 2010 01:21  
Blogger jorge dias said...

Recolhido aos bastidores do cenário revejo-me e releio-me na linguagem, tolerante inclusiva e desafiante de MIKI (1947) e não menos marcante de posicionamento ideológico e ético face ao universo dos valores e das crenças, neste caso, valores, vários, e ainda fé e religião. Revejo-me e dou palmas, embora nos bastidores e, por isso, palmas inaudíveis para os outros, mas com sonoridade em eco de ondas gigantes dentro mim. Só vem tarde o que nunca vem. Parabéns MIKI, parabéns pelos conteúdos e linguagem a condizer. Saúdo igualmente a muita oportuna intervenção da nossa única comentadora feminina, as anteriores e as mais mais recentes.

Reconheço que no espaço deste blog, algumas vezes, os desafios dos comentários ficaram reduzidos às intervenções do nosso querido Mário e minhas. Reconheço que fiquei surpreso pelo brilhantismo, revelado por tão desafiante interlocutor, nas coisas religiosas, muito embora se declare não crente. Aprendi e senti-me desafiado. Reconheço que ele aproveitou muito melhor, em termos de conhecimento religioso adquirido,o tempo do Seminário e professo, que eu. Onde aparece então o meu desfasamento? Precisamente no brilhantismo para as coisas religiosas do meu ilustre interlocutor e a extrapolação que fiz desse brilhantismo para as outras questões. Mas hoje reconheço humildemente o meu erro. É mais proveitoso e útil a uma comunidade e à sociedade o publicano que está ao fundo do templo, humilde, piedoso, ignorante, mas cheio de uma fé que o potencia, que o não crente, publicamente não confesso, que esteja ou não junto do altar a esgrimir com Deus todos os conteúdos dos Seus Mandamentos para os outros.

No seu brilhantismo mnésico diz até para o próprio Deus: “Não respondeu à minha pergunta”. Como haveria de responder mais ainda à pergunta o bondoso do nosso Deus? Mandou-lhe um mensageiro e foi morto. Mandou-lhe outro e morto foi… mais ainda, mandou-lhe até o próprio filho, mas, ofuscado pelo seu brilhantismo mnésico sobre as questões religiosas, até o Seu próprio Filho ignorou. Não obstante, ainda clama por resposta: “ Não respondeu à minha pergunta”. Sinais dos tempos, que se repetem...

Meu caro Mário, (vou-te poupar o Sr. Mário de MIKI), acabei de perceber que um filme de produção de uma televisão portuguesa acabou de ganhar um galardão internacional. Delirei com o desempenho de dinâmica de grupo que terá levado à atribuição do prémio: a troca de papeis entre manifestantes e a polícia. Para bom entendedor…

Neste espaço, os opositores ao casamento gay deram-te a tolerância toda do mundo, a ti e a eles elas. Eu próprio te desafiei à proposta de eliminação do casamento. Te desafiei com tantas outras desigualdades, se não maiores… Fiz a inversão total de papeis. Perante a tua recusa total desafiei-te à igualdade no melhor que tu tens e nós todos temos também. Fiz-me de palhaço tonto.

Uma a uma, ignoraste as mensagens, todas… Já se vê com o que ficaste.

Introduzes obviamente o problema da educação. Mas por agora não! Ando com fastio.
Desafias-nos com a aprendizagem! Claro que estamos a aprender! Mas há muito tempo… Estamos a aprender a facilidade, a irreverência, o desvio, a disfunção consagrada em lei como normalidade… Também aprendemos coisas boas? Era o que faltava.

Os desafios, meu caro, os limites, as utopias, os projectos mobilizadores, o projecto da integração e partilha dos objectivos da sociedade, o projecto de vida na alteridade social: homem e mulher, sem o qual não somos.

O que é outra coisa é outra coisa, o que é excepção é excepção e só pode ser taratado como tal e nem a lei muda isso na essência.

12 janeiro, 2010 01:41  
Anonymous Mário Neiva said...

Com carinho, à atenção da Drª Teresa Silva

Extracto da carta que hoje fiz chegar a um amigo que me deu conhecimento da «nota» do Bispo de Beja, frei Vitalino

...«Mas queria falar-te mesmo era sobre o Bispo Vitalino. Copiei a "Nota" para o meu arquivo. Por ter sido meu confrade e reconhecidamente um homem inteligente, e senhor de uma memória de elefante, fiquei curioso de ler o seu pensamento sobre o momentoso caso da lei do casamento homossexual. Nenhuma originalidade, limitando-se a repetir os lugares comuns de tudo o que tem sido escrito e dito a respeito, por parte das mentalidades com quem comunga. Na parte final da «nota» só lhe faltou dizer que os dinossauros conheceram a extinção por desatarem a casar eles com eles e elas com elas.
Numa perspectiva eminentemente humana-espiritual, alheia a qualquer outra espécie de vida conhecida, o homem e a mulher decidem renunciar ao mandamento primeiro da biologia (se quiseres chama-lhe do Criador) que é «crescei e multiplicai-vos». Assim nasceram "familias" de frades e freiras. O fundamento destas "familias" não é o determinismo biológico-(sexual) mas o amor de irmãos e constitui-se como que a prefiguração de uma «humanidade ressuscitada».
Como se não bastasse este sinal inequívoco do que deverá ser o fundamento da Familia-Corpo-Mistico, a igreja católica estabeleceu no seu «Direito Canónico» que o casamento-matrimónio-sacramento só é validado se o pressuposto for o amor!
O senhor Bispo sabe melhor isto do que eu!
Estou perfeitamente consciente que no casamento homossexual se consagra, em lei uma "desobediência" ao princípio natural-biológico. Mas este «crime» só acontece porque se considera, como pressupostos de uma partilha completa de vida, os afectos e o amor, em lugar do determinismo biológico. Tal como na constituição das familias de frades e feiras, faz-se prevalecer o primado do homem-espiritual.
Só o preconceito milenar contra o «sexo-pecado» pode provocar tamanha cegueira em tanta gente inteligente. Porque no fundo, para essa gente, «fazer sexo» ainda é «fazer pecado»!!!
Que desilusão, frei Vitalino, quero dizer, Zé Andrade!
Um abraço deste teu irmão, da familia grande que nós somos.
Mário

12 janeiro, 2010 11:49  
Anonymous Mário Neiva said...

Afinal fico a saber porque é que Miki não me responde. Por detrás de Miki se esconde o próprio Deus e como tal não dirige a palavra a um descrente nas religiões do mundo. O sotaque nas palavras de Miki indica-me que passou pelo Brasil antes de chegar a este blog e a sua desesperança no homem de hoje e de amanhã são o grito de milhões de pessoas que querem ver a luz do dia mas o parto está a ser terrivelmente doloroso e demnorado.
A Teresa refere os nossos próprios trabalhos de parto e acaba, sabiamente, por nos avisar que somos a parteira e a criança que vai nascer. Diz a Teresa, precisamente, que «o sucesso deste País está em cada um de nós». Ontem, no «Prós e Contras» o prof. Tribolet disse a uma plateia de juventude que não ficássemos à espera que os governantes viessem fazer o que compete a cada um de nós, nas tarefas que temos atribuidas: trabalho, dsiciplina, dedicação. E não se ficou por aqui. Afirmou taxativamente que a nossa atitude mudaria a face do País.
Afinal de contas, os governantes são filhos legítimos de uma sociedade «passa-culpas». Trabalhei uma vida inteira e com muitas pessoas e vi que, em geral, os que menos faziam eram quem mais culpava o «País».
Há que mudar mentalidades para crescermos e fazer o que nos compete.

12 janeiro, 2010 12:14  
Anonymous Mário Neiva said...

gralha...evidentemente: a desesperança...é o grito de milhões.

12 janeiro, 2010 12:17  
Anonymous Miki (1947) said...

O sentido da vida


Snr. Mário Neiva – Balugães/barcelos
Ou VISEU

"Tu és mais crente que eu, só que procuras a justificação para aquilo em que acreditas".


Por incrível que pareça, já estamos no século XXI e o homem ainda não respondeu satisfatóriamente, nem para os outros nem para si, às questões que no século V a.c. inquietaram os primeiros filósofos: Quem sou eu? de onde vim? Qual o meu destino? Aparentemente, nos tempos modernos, estas perguntas são banais, mas na sua essência, muitos desconhecem as respostas. As equações dos estóicos definiram o ser em relação aos fenomenos: o ser é água, é fogo, é terra, é ar.

Essas respostas com o tempo caíram em descrédito, foram substituídas, revogadas. Entretanto, muita gente, até hoje, não sabe para que veio, para onde vai e porque existe. E justamente por desconhecer tais coisas, vive por viver, desconhece o real sentido na sua vida, ou melhor, nem vive, apenas existe.

Entre os gregos, os “ÓRFICOS” veneravam a “ môira”, ou seja, o destino, do qual o homem não escapa. Os estóicos do século I d.c. comparavam a vida humana a um carro puxado por dois cães. Um luta, mas é arrastado. O outro deixa-se conduzir, mesmo não sabendo para onde. O carro era o factum: o destino. Ao avalizar a mudança de um eventual destino, através do “peçam e receberão” o cristianismo põe abaixo quaisquer formulações fatalistas, do tipo ocidental “tinha que acontecer” ou islâmico “estava escrito” (maktub). Na verdade, muitas pessoas não têm um sentido nas suas vidas.

Perguntamos sobre o seu destino no mundo, muitos respondem: nasci para trabalhar, existo nem sei para quê. E o pior é quando o ser não conhece suas origens e objectivos, deixa de exercer e exigir o respeito devido à sua dignidade de pessoa. Muitos afirmam ter como objectivo, o gozar a vida. E cabe perguntar: Você é totalmente feliz assim? A resposta, invariavelmente, é não, devido à transitoriedade desse gozo. E porque não é feliz?

Porque falta alguma coisa, um real sentido na sua vida. Nos outros reinos, por exemplo, a pedra nasce para ser pedra, e o é eternamente. O animal vive de acordo com seu papel. O vegetal cumpre fielmente a sua finalidade. E o ser humano? Ele nasce para ser feliz, e em liberdade. Como muitas vezes, não sabe administrar essa liberdade, torna-se infeliz. Notem como existe gente angustiada, desiludida, sem esperança, entregue aos vícios, às drogas, à bebida, desesperados alguns até se matam...

As ciências modernas, as modas, as falsas crenças não têm ajudado em nada o ser humano. Ao contrário. Têm confundido mais a sua cabeça, afastando-o, muitas vezes, do real sentido de viver. Sentido da vida, desnecessário até dizer, é a direcção que damos à nossa existência, procurando algo que é nosso por direito: a felicidade. E, em algumas oportunidades, vemos como felicidade é aquilo que sucede na casa do vizinho...

Dirigindo-se a Deus, e parafraseando o salmista, Santo Agostinho afirmou: “... porque nos criaste para ti e o nosso coração vive inquieto enquanto não repousa em ti...”(Conf. I, 1). Na verdade, mesmo na opulência, o homem não é feliz se não tem Deus consigo. A partir da constatação dessas realidades o homem começa a descobrir no transcendente o sentido de sua vida presente e futura.

Miki (1947)

12 janeiro, 2010 21:33  
Blogger jorge dias said...

D. Vitalino – Bispo de Évora

Habituei-me a considerar o Vitalino Dantas no tempo de Seminário como uma referência de bom senso, trabalhador e divertido, inteligente e amigo, pronto para um conselho! É dos poucos colegas de quem ainda hoje tenho memórias vivas de amizade precisamente pelo conselho e modelos de identificação que me legou! Respeito-o e considero-o como alguém que aceitou, na sucessão de múltiplas e sucessivas “imposições das mãos”, ser um seguidor e divulgador da mensagem de Cristo, na senda dos Apóstolos e de tantos homens bons e dignos. É aliás, tido entre a generalidade do clero, como um bispo actuante, inteligente e discreto. Assim mesmo me falaram dele aqui em Ponta Delgada.

Por respeito para contigo próprio e para connosco farás o favor de não usar o seu nome fora de tempo e, mesmo que te tenha parecido a propósito, é óbvio que não foi, porque o grosso dos leitores não pode aceder ao seu documento, dado tratar-se de um documento particular ou não citado ou não acessível. E se assim for deves repor a normalidade rapidamente, como, julgo, descobrirás. “Que o sapateiro nunca vá alem da chinela”.

Reprovo veementemente os teus considerandos. Tem que haver, em blog, cumprimento mínimo de algumas regras de respeito. Muito mais num blog da aaacarmelitas! Muito mais tratando-se de um colega que goste-se ou não, tenha-se ou não fé, aceitou dedicar toda a sua vida aos outros, ao povo de Deus e, neste seu munus de Bispo, engrandece a Ordem do Carmo, mesmo que em extinção, e engrandece todos nós os que frequentamos a mesma escola, mormente os que fomos professos e vivemos na comunidade de Fátima onde ele foi sempre uma referência aglutinadora!.

13 janeiro, 2010 02:26  
Blogger jorge dias said...

Amargos de boca

E o Mário que me desculpe mas não tem nada a ver com sexo de pecado nem desesperanças nem pessimismos de carregar pela boca! Mas é óbvio que não tem a ver, mas mesmo nada, a vida da fé, com o sexo revolucionário,com políticos à mistura e à portuguesa, com a Casa Pia!

A ausência de cultura não é pecado e a posse das culturas todas possíveis e imaginárias também não é virtude, é apenas um outro acontecer.

Saber? Não, porque o saber faz a hora, faz obra, faz mudança, faz ser a dignidade, une, congrega, aglutina!

Não alinho na lógica subjacente num dos últimos comentários de que nós os que cremos e temos um Deus nos irmãos e nas nossas vidas, sempre somos um bando de carneiros e de atrasados mentais, que tudo transformamos em pecado, vivemos constrangidos em tudo como se, os que me conhecem, não soubessem que a minha vida é uma festa continuada e uma perseverante alegria que por todos os meios possíveis e imaginários tento passar para tudo o que mexe à minha roda, inclusive, o meu cão!
Definitivamente, não alinho nem nunca alinhei. Sinto-me, aliás, mais à vontade que nunca na concordância entre pensamento e praxis. E se trabalho...

Tenho bem consciência de que sou parte da narrativa de Deus oculto que,hoje,revelo na minha roda e circunstância. E não abdico dessa consciência e dessa praxis! Sinto bem o direito e o dever inalináveis de fazer hermenêutica teológica e de contribuir, como todos, e cada um à sua maneira, para a exegése teológica em função dos nossos dias. Mais, tenho consciência de que tudo devemos fazer em festa, em festa de fé, em festa de vida!

Tem que haver contenção com essas bujardas pré-históricas de pecado sexual e desesperanças! Contenção, a menos que o seu autor se queira optimizar a si próprio fazendo catarse pela escrita! Mas então que se avise para criarmos as condições terapeuticas de catarse via logoterapia escrita!

Há depois uma referência ao amor de irmãos nos frades e freiras e ao primado do homem (ou mulher) espiritual, como razão das suas vidas em comunidade! E o trabalho? E o objectivo ou objecto! Amor, claro! Mas e o objecto! Isto é um disparate.... Isto é de loucos, ou lapso! Só que a conclusão sub-reptícia de que nos homossexuais homens e mulheres existiria um primado de amor e afectos em lugar do determinismo biológico ainda é um disparate maior. O ser apresentado sub-repticiamente também, mas isso enfim, já se espera!

Casamento católico por amor? Bom, digamos, entendimento suficiente entre as partes para dizer o sim. Mas, meu caro, onde há mesmo problemas é “no realizado (rato) e consumado”! E aqui, a condição é absoluta e biológica, e entendida na alteridade de homem e mulher! Não havendo consumação não há casamentoto! Faz alguma diferença! Mas não disseste nada!

13 janeiro, 2010 02:59  
Blogger jorge dias said...

A narrativa de Deus

Meu caro ou minha querida MIKE (1947)
Se leres estes três comentários começando neste para o primeiro estarás a seguir a ordem da escrita. Na publicação optei por inverter!

Também não vou só por aí meu caro Miki (1947), aliás não gosto mesmo nada de ir por aí num tempo e espaço como o nosso em que os desafios de optimização das nossas potencialidades e capacidades, e as do mundo e do homem, hoje, são absolutamente díspares e muito mais radicais, avassaladoras e exigentes.
Cito: “Porque nos criaste para ti e o nosso coração vive inquieto enquanto não repousa em ti”,Mas esta frase só tem de real a poesia! O salmista tem um tempo e um espaço, o do tempo e espaço do velho testamento, da velha aliança, o tempo e espaço de uma constituição denominada de “Os dez mandamentos”. O mandamento, hoje, é só um: o do amor, a boa nova ! É verdade que com Agostinho estamos no novo testamento e neste aspecto, a mesma boa nova, mas outro tempo e outro espaço. E depois há outra coisa, meu caro Miki, somos nós, hoje, que com as nossas vidas, os nossos actos, escrevemos neste mundo, neste tempo e neste espaço, a narrativa de um Deus oculto para o século XXI. Somos nós, hoje e todos, tal como tantos outros de nós fizeram e, por isso, mudamos o mundo e vamos continuar a mudar.
Acontece, aliás, como com todas as vidas, que em Agostinho há uma mão cheia de coisas boas em paralelo como uma cheia de coisas menos boas e óbvios radicalismos só legíveis à luz dos acontecimentos de seu tempo.

As conveniências, ou melhor, as circunstâncias de hoje, são outras! Não, não… por ali só virá poesia e inspiração! Penso mesmo que o erro dos cristãos tem sido o de se integrarem sempre menos no presente, se reportarem demasiado ao passado e escatologicamente para um futuro não controlado, porque de Deus.

Acredito que o salmista e Agostinho se tenham realizado. Com o título de santo a Igreja o atesta. Quanto ao salmista, os salmos estão aí para ficarem e são deliciosos.

A questão é que nós todos somos chamados a mais e as referências do salmista e de Agostinho são apenas prefigurativas dos desafios que nós hoje e só nós podemos resolver.

Realizamos na história humana, nos seus limites e contrastes, a narrativa misteriosa do Deus oculto (Schillebeeckx)! Quem? Nós todos! Por isso minhas queridas amigas e amigos, cada um a seu papel, cada um ao seu posto e aí assumir a mudança e construção do devir na lógica da história que só nós definimos e construímos revelando Deus, fazendo Deus ser presente! Isto, meu caro Mike, não anulando a tua citação, é o apelo radical da modernidade!
Que ninguém se queixe pois só de si se queixará! O casamento gay não se enquadra? Tivéssemos em tempo defendido valores que consubstanciassem em lei a sua dignidade de humanos e irmãos. Este é o nosso pecado como escritores da narrativa de Deus, hoje!

13 janeiro, 2010 03:13  
Anonymous Mário Neiva said...

Não vou responder ao Jorge Dias, porque os insultos quebram as normas mais elementares do diálogo. Ficam com quem os profere.
Mas tenho de esclarecer algumas coisas:

1 -A «Nota» do frei Vitalino foi colocada na NET e divulgada para um vasto auditório.

2-No meu comentário, mais que rebater os pontos de vista do frei Vitalino, bispo de Beja, expus os meus. Podem confirmar. E não me ative ao conteúdo específico da «Nota» porque achei que esta reflecte plenamente a posição oficial da Igreja e a dos que perfilham a sua doutrina e que é sobejamente conhecida.

3-Num debate que se faz para além do campo estritamente da fé, e por causa de uma lei para regular a sociedade civil, o estatuto hierárquico ou qualquer outro não pode ser invocado para obrigar à concordância (tens de aceitar isto e isto, «porque és meu amigo» ou «porque ele é dos nossos» ou «porque ele é bispo» ou «porque somos portugueses».)

4-Não pretendi invocar todas as clausulas do Direito Canónico que tornam inválido um matrimónio. Referi apenas aquela que está em concordância com o mandamento primeiro e que "resume" todas as leis e clausulas: o amor.
Infelizmente, a ««má-fé» e o «acto físico não consumado» é que serão, por ventura, as mais conhecidas na declaração de acto nulo nos casamentos católicos. Aliás, como releva das palavras do Jorge aí atrás, essa história do «amor», o que é isso? Basta algum entendimento entre ambos....«Casamento por amor?», pergunta o Jorge, subentendendo nós que está a desvalorizar essa componente!!!
Voltem a ler esse ponto do comentário do Jorge Dias. Vale a pena ler, porque talvez esteja aí a chave para a explicação de tantos desencontros sobre este assunto. O drama da multidão de casamentos frustrados, religiosos ou civis, é começar um casamento sem amor e sem afectos. E, depois dos noivos, as vítimas são os filhos.

5-Sou acusado pelo Jorge Dias de ferir a sensibilidade de muitos ou de todos os meus ex-colegas carmelitas. A ser verdade, feri a sensibilidade de umas dezenas de pessoas. Bem pior fez Galileu que feriu a sensibilidade da cristandade inteira. Não podia e devia estar calado?

6-Tendo perfeita consciência do melindre desta questão do casamento homo procurei ater-me ao debate de ideias expondo as minhas e fundamentando-as. E dando um claro sinal do caminho que deveria ser seguido, rematei uma das minhas primeiras intervenções sobre o tema, dirigindo-me ao Jorge nestes termos: «na diferença te mando o meu abraço». Em resposta recebi o insulto.
Está tudo aí escrito. Podem conferir

13 janeiro, 2010 11:43  
Blogger jorge dias said...

Caríssimos leitores e comentaristas,

Agora que isto estava animado vem o nosso actor principal considerar-se insultado! Por mim fiquei a pensar se foi aquele velhinho dito popular: “ Não vá o sapateiro além da chinela”. Se foi este caso, devo dizer que, efectivamente, o meu ilustre interlocutor, não é de todo, mesmo, um sapateiro. Aliás devo-lhe também lembrar que eu não sou, propriamente, o velho do Restelo. Partindo do princípio de que este será um dos insultos, o meu caro interlocutor, deve tomar esta do sapateiro, apenas como parte do troco daquela do velho do Restelo, cujo pagamento virá a seu tempo.

Este é um traço típico de uma certa cultura trauliteira de um certo “portugal”. Dão porrada em toda a gente e quando levam alguma logo gritam aqui d´el rei que me insultam, vitimizam-se, armam-se em coitadinhos e retornam figurativamente ao seio da mãe. Vergonha o que deixaste sugerido e, ou, escreveste mesmo, sobre nós, os que cremos!

Quem diz tudo o que quer seguramente terá que ouvir algumas coisas que não quer.

Não fui eu quem desafiou que saíssemos para o mar (para a discussão deste assunto). Avisei que era explosivo e mantiveste o desafio! Chegam agora as primeiras ondas do mar alto e gritas que estás molhado (isto é, confiram os insultos)e falas de melindre! Mas a figura da procissão é também muito significativa entre nós. Insististe na procissão à revelia da paróquia e agora que a procissão está a sair, e ainda só está no adro, já estás com medo das roqueiras (foguetes) e a gritar que um paroquiano está contra ti. Louvado seja Deus. Meu caro, e eu não sou de ameaças nem sou o "quanto sujos são" nem o das ventas!.

À parte a história do sapateiro e do velho do Restelo, que julgo serem desproporcionados, mas contra mim, fico aguardando a indicação de todos os outros insultos, não vá a montanha parir um ratinho, um insultinho… do tamanho da formiguinha mais pequenina. Que me pareça não fiquei esquizofrénico estes dias e bipolar também nunca fui. Aguardo, porque embora estes diálogos tenham picante, sem picante, também não eram. E Tem mais, há pessoas bem entusiasmadas com este debate!
Voltarei novamente. Vais ter que ouvir mais! Estamos tão próximos, mas insistes que estamos tão distantes! Mas tu é que queres ser tratado como lobo.Mas quem não quer ser tratado como lobo, que não lhe vista a pele! Mas só tu tiras essa pele… só tu, mas é se quiseres!
Nunca me pareceu que havia coisa mais propositada que esta citação que repesco de um comentário mais acima: "Tu és mais crente que eu... só que procuras a justificação para aquilo em que acreditas". Só que eu aceito e tu não queres!
E falas de argumentos, mas quais argumentos? Onde estão? Argumentos ou falácias!?

No tocante ao D. Vitalino Dantas continuo sem encontrar a entrevista ou o documento a que te referes. Dizer que está na Net, não chega. Encontrei dois sites sobre o que terá dito, mas não encontrei nada sobre o que disse
www.vozdaplanicie.pt/index.php?q=C/NEWSSHOW/... – e
www.radiopax.com/noticias.php?d=noticias&id=8094...

Em todo caso, uma vez que o meteste ao barulho ou citas a fonte para todos acedermos ou deves humildemente solicitar ao administrador do blog a retirada do comentário em que falas dele. Devo, aliás, lembrar-te que, do que li relatado nos sites supra, nada sugere a parcialidade que revelas, pela negativa e desconsideração, nesse teu comentário. Toda e qualquer opinião diferente da tua só pode receber da tua parte a aceitação ou não aceitação, nunca por nunca um qualquer comentário valorativo. É esse o problema.

13 janeiro, 2010 20:16  
Anonymous Miki (1947) said...

É Bom lembrar (S.Paulo)
Parte I
Ao viver na face desta terra, constatamos uma série de valores eternos que precisamos cultivar com o nosso modo de ser e estar, pois, é vivendo desses valores que depende o bem de toda a vida natural e mesmo espiritual. Porém, ultimamente constatamos uma espécie de decadência desses valores que está levar toda a humanidade para um abismo de desordens, medos, fobias; doenças psicossomáticas e toda espécie de maldade e morte.

Com efeito, os valores eternos são aqueles que, quando vividos, são experimentados imediatamente causando uma sensação de liberdade, de felicidade, de bem estar. Não são adquiridos, são inatos, pois já existem no âmago do nosso ser, porque são dons do nosso Criador, uma vez que nos criou à sua “imagem e semelhança”; porém, o crescimento nesses dons depende também do ambiente e das pessoas que o compõem, visto que, a maturidade equilibrada da criança está ligada aos exemplos que recebe, isto é, da vivência ou não desses dons por parte de quem as educa.

E quais são estes dons ou valores eternos? São Paulo ensina-nos que a índole humana é boa e que todo baptizado é lugar sagrado onde Deus habita: “Não sabeis que sois o templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1Cor 3,16). E por sermos essa habitação de Deus, estes dons são fruto do Espírito Santo em nós: “O fruto do Espírito é caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança. Contra estas coisas não há lei. Pois os que são de Jesus Cristo crucificaram a carne, com as paixões e concupiscências. Se vivemos pelo Espírito, andemos também de acordo com o Espírito”. (Gal 5,22-25).

Ora, no texto acima São Paulo fala sobre “carne”, “paixões e Concupiscências”, o que isso quer dizer? Para São Paulo o homem pode ser carnal, isto é, conduzido pelos próprios instintos; ou espiritual, isto é, conduzido pelo Espírito Santo de Deus.

“Ora, nós não recebemos o espírito do mundo, mas sim o Espírito que vem de Deus, que nos dá a conhecer as graças que Deus nos prodigalizou e que pregamos numa linguagem que nos foi ensinada não pela sabedoria humana, mas pelo Espírito, que exprime as coisas espirituais em termos espirituais.

13 janeiro, 2010 21:50  
Anonymous Miki (1947) said...

É Bom lembrar S. Paulo

Parte II

Mas o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, pois para ele são loucuras. Nem as pode compreender, porque é pelo Espírito que se devem ponderar. O homem espiritual, ao contrário, julga todas as coisas e não é julgado por ninguém. Por que quem conheceu o pensamento do Senhor, se abalançará a instruí-lo (Is 40,13)? Nós, porém, temos o pensamento de Cristo”. (1Cor 2,12-16).

E para entendermos melhor ainda: “De agora em diante, pois, já não há nenhuma condenação para aqueles que estão em Jesus Cristo. A lei do Espírito de Vida me libertou, em Jesus Cristo, da lei do pecado e da morte. O que era impossível à lei, visto que a carne a tornava impotente, Deus o fez. Enviando, por causa do pecado, o seu próprio Filho numa carne semelhante à do pecado, condenou o pecado na carne, a fim de que a justiça, prescrita pela lei, fosse realizada em nós, que vivemos não segundo a carne, mas segundo o espírito”.

“Os que vivem segundo a carne gostam do que é carnal; os que vivem segundo o espírito apreciam as coisas que são do espírito. Ora, a aspiração da carne é a morte, enquanto a aspiração do espírito é a vida e a paz. Porque o desejo da carne é hostil a Deus, pois a carne não se submete à lei de Deus, e nem o pode. Os que vivem segundo a carne não podem agradar a Deus. (Rom 8,1-8).

“Ora, as obras da carne são estas: fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio, ambição, discórdias, partidos, invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes. Dessas coisas vos previno, como já vos preveni: os que as praticarem não herdarão o Reino de Deus!” (Gal 5,19-21).

“Não vos enganeis: de Deus não se zomba. O que o homem semeia, isso mesmo colherá. Quem semeia na carne, da carne colherá a corrupção; quem semeia no Espírito, do Espírito colherá a vida eterna. Não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo colheremos, se não relaxarmos. Por isso, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos os homens, mas particularmente aos irmãos na fé”. (Gal 6,7-10).

Ou seja, uma vez batizados fazemos parte da Nova Criação; estamos no mundo, mas não somos do mundo, porque temos certeza que nenhum de nós fica aqui para sempre, visto que vamos ao encontro definitivo com Deus, como reza essa passagem bíblica: “Como está determinado que os homens morram uma só vez, e logo em seguida vem o juízo”. (Heb 9,27).

Então, digamos com São Paulo: “Meu ardente desejo e minha esperança são que em nada serei confundido, mas que, hoje como sempre, Cristo será glorificado no meu corpo (tenho toda a certeza disto), quer pela minha vida quer pela minha morte. Porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro”. (Fil 1,20-21)

Miki (1947)

13 janeiro, 2010 21:51  
Anonymous Domingos Coelho said...

Pelo orgulho que tenho em D.Vitalino
Transcrevo a sua mensagem

Diocese de Beja

Enviado por: Diocese1 - Terça, 12 de Janeiro de 2010
Parte 1
Temos de continuar a lutar e manifestar o nosso pensamento, sem fazer acepção de pessoas ou marginalizar as minorias. Respeitando-as e dando-lhes espaço para viver dignamente as suas opções, desde que não impeçam as nossas, teremos de promover o casamento heterossexual e a família dele resultante, pois só este contribui para o desenvolvimento integral da nossa sociedade e dará segurança...
Na sexta-feira passada, dia 8 de Janeiro, o nosso Parlamento aprovou o casamento de homossexuais, mas não lhe deu o direito de adopção de crianças e recusou o pedido de referendo sobre essa matéria, apesar das 93.000 assinaturas que o pediam, quando 75.000 seriam suficientes. Em nome da igualdade de todos os cidadãos no que se refere aos direitos fundamentais, cometeram-se várias desigualdades: primeiro, igualando aquilo que é, por natureza, desigual, o casamento de pessoas de sexo diferente e a união, digo casamento, de pessoas do mesmo sexo; em segundo lugar, recusando ao segundo aquilo que é fundamental no casamento: constituir família e fazê-la crescer, de modo natural ou artificial; em terceiro lugar, cidadãos que se movimentaram no sentido de cumprir a Constituição para requerer o referendo não são considerados.
Independentemente do que cada um pensa, com ou sem razões justificativas, julgo oportuno reflectir sobre os jogos políticos dos nossos representantes eleitos, que cedem a pressões de lóbies ou interesses pessoais, mesmo que isso vá contra o senso comum ou o comum sentir da maioria dos cidadãos. É certo que os partidos da esquerda tinham este assunto no seu programa eleitoral, mas também é óbvio que não se vota ou deixa de votar num partido só pelo facto de o seu programa ter alguma coisa que não nos agrada. Se assim fosse, não se votava em nenhum, pois será difícil contentar toda a gente. Mas são estas e outras coisas semelhantes que vão desviando o cidadão comum da participação política. O facto de os promotores do referendo terem sido postos de parte por uma simples votação no Parlamento, vem desmotivar ainda mais os cidadãos da vida pública. Afinal parece que nem todos estão interessados nessa participação. Só na altura das eleições se roga e promete mundos e fundos, para conquistar o voto do povo. Uma vez no poder, não interessa o que o povo pensa, deseja ou pede.

13 janeiro, 2010 22:29  
Anonymous Domingos Coelho said...

Diocese de beja


Parte 2

É claro que neste momento não podemos perder tempo e energias em grandes discussões sobre assuntos que não resolvem os principais problemas que atravessa o país e o mundo. Mas tratar desses assuntos periféricos em relação à crise actual numa altura destas, até parece que é para desviar as atenções das dificuldades que atravessamos e ocupar as pessoas com assuntos que ferem a sua sensibilidade. Afinal, continua a praticar-se o que se criticava no anterior regime, dizendo que alienava o povo com os 3 “efes”: futebol, fado e Fátima. Já os romanos diziam: divide e reina.
Apesar de tudo isso, os cristãos têm direito a ouvir os seus pastores sobre estes e outros assuntos, para que não pensem que a democracia resolve todos os nossos problemas e nos obriga a pôr de parte as nossas convicções profundas.
Vivemos num estado democrático e temos de respeitar as decisões dos eleitos democraticamente, embora podendo delas discordar. E neste assunto, como noutros, discordarei. Quando houver alternativas credíveis, a maioria das pessoas de bom senso, como são os portugueses, poderá manifestar o seu pensar. Até lá, temos de continuar a lutar e manifestar o nosso pensamento, sem fazer acepção de pessoas ou marginalizar as minorias. Respeitando-as e dando-lhes espaço para viver dignamente as suas opções, desde que não impeçam as nossas, teremos de promover o casamento heterossexual e a família dele resultante, pois só este contribui para o desenvolvimento integral da nossa sociedade e dará segurança, confiança e esperança à geração dos mais velhos, que já não pode voltar atrás, para corrigir eventuais lacunas. Se em nome da igualdade de todas as pessoas perante a lei, os Estados não protegerem os casais com descendência, então sucumbiremos todos na igualdade da morte, sem ninguém para nos acompanhar e levar ao cemitério.
Visão pessimista ou chantagem, dirão alguns. Nada disso. Nivelar por baixo ou por cima, tentando igualar o que é desigual, não só é injusto, mas fatal. Os exemplos de civilizações ancestrais que desapareceram poderiam ajudar-nos a sermos mais ponderados nas decisões que tomamos, despertar-nos para uma vida mais austera e no respeito pela natureza biológica, mas com futuro, em vez de, em nome do progresso e da modernidade, minarmos as possibilidades desse futuro neste planeta terra, onde até agora a sociedade evoluiu pelo acasalamento harmonioso de dois seres de sexo diferente e complementar, e não pelo acaso da evolução das espécies. A igualdade do género não significa a eliminação das espécies.
Embora alguém pense que a Bíblia é um manual de maus costumes, no entanto far-nos-ia bem ler e reflectir sobre aquilo que ela nos diz sobre a vontade de Deus acerca do ser humano, logo nas suas primeiras páginas: criou-os homem e mulher, para que fossem os dois uma só carne, crescessem, se multiplicassem e povoassem a terra (Gn 1, 27-28). Espero que assim continue e o bom senso impere entre a maioria dos portugueses.

Por hoje fico-me por aqui. Um bom dia e até para a semana, se Deus quiser.

† António Vitalino, Bispo de Beja

13 janeiro, 2010 22:31  
Blogger jorge dias said...

Caríssimos leitores e comentaristas!

Até me sinto aliviado caríssimo Domingos Coelho. Por duas coisas:
Primeira: Pela amizade que comungamos em relação a um distinto colega comum;
Segunda: Porque afinal eu subscreveria na totalidade a sua mensagem!

Verifico que, afinal, o cenário pintado, nada tinha a ver com a fonte da inspiração, mas com a indisposição do pintor para ouvir! Pois alevá, porque quando se ouve o que se quer e não o que está escrito, usando a figuração, até os dinossauros se assustam.

No próximo comentário vou mesmo aos Estatutos!

A terminar este comentário, não obstante, quero testemunhar, publicamente, o bom que foi assumir-me na minha dignidade de cristão afirmativo e coerente, enfrentando ideologicamente o nosso ilustre opositor, caro Mário, no seu campo, taco a taco, no seu reduto. Voltarei sempre enquanto objecto e vida houver, sempre! Na narrativa que escrevemos do nosso Deus, sempre revelado, mas também sempre oculto, só nos limites das nossas capacidads e potencialidades seremos bons escritores!

Há tempos dizia-me uma psiquiatra: vós os que tendes fé, sois um felizardos! Tendes um Deus convosco e sempre dizeis que tudo vos vai correr bem, mesmo que depois corra mal! Ao menos não ficais doentes! E esta?

14 janeiro, 2010 00:40  
Anonymous Mário Neiva said...

Sobre Frei Vitalino, Bispo de Beja

A minha referência à extinção dos dinossauros ocorre dentro de um determinado texto e contexto. O frei Vitalino fala em «civilizações ancestrais que desapareceram», em estar atentos à nossa «natureza biológica», em «acasalamento harmonioso» e no «acaso da evolução das espécies». Percebi, claramente, que o factor decisivo e conducente à extinção de civilizações é a mora, ou melhor, a falta dela. Daí a minha extrapolação irónica: a extinção dos dinossauros ter ocorrido por causa de um desvio generalizado do natural acasalamento.
Estranha mesmo, é esta a afirmação do frei Vitalino: «Nivelar por baixo ou por cima, tentando igualar o que é desigual, não só é injusto, mas fatal».
Não devia, mas fico deveras espantado que uma alta e culta figura da Igreja Católica, Doutor e Pastor, que proclama inequivocamente o primado do «espírito» sobre a «matéria», não defenda, com clareza, que se deve nivelar por cima e não por baixo!
No caso em apreço do casamento homossexual, o frei Vitalino nivela por baixo, esquecendo o superior conceito da «pessoa humana» e os direitos inalienáveis que lhe estão associados, os quais estão a ser, cada vez mais, traduzidos na letra da lei! A Carta Universal dos Direitos do Homem não se destina ao homem nivelado na sua "animalidade" mas na sua "humanidade". Ultrapassa-se a condição de nascimento que determina a raça, o sexo, cor da pele, o estatuto social e o lugar onde se nasce.
Não me restam dúvidas que o futuro, que já está em marcha, fará emergir o «homem espiritual». Por isso tudo o que se faça, sobretudo ao nível das leis, para «nivelar por cima», é um gesto de esperança.
A importância de traduzir em leis o «nivelamento por cima» está bem patente na questão da escravatura humana. O cristianismo conviveu perfeitamente com esta situação degradante, durante quase dois mil anos, apesar de proclamar a fraternidade, o amor e a igualdade dos filhos do mesmo Pai Celestial. Isto não vos faz reflectir?
A nossa referencia deve ser sempre a «pessoa humana» e não a condição de macho e fêmea. Estamos, não tenho dúvida, a desenhar um novo paradígma para a nossa Humanidade. Muitos assustam-se com a emergência do Homem Espiritual e reagem com raiva, porque, no fundo, era tão bom, para alguns, ficar tudo como está: uns na condição de senhores e outros na condição de lacaios reverentes diante de reis, de marqueses, de governantes e de bispos. E para que esta total falta de nivelamento se pudesse impor, doutrinava-se que «toda a autoridade vem de Deus». E o meu querido Paulo de Tarso, convicto da iminência do fim dos tempos e da vinda do Senhor Jesus Cristo, na sua boa-fé, pregava: «cada um permaneça na condição em que o Senhor o chamou».
Mas isto era o que se podia pensar há dois mil anos.
Nos tempos que correm pensa-se de maneira diferente a «ressurreição-transformação» do Homem. Na linha de Paulo de Tarso, pensamos que o homem evolui integralmente, quer dizer, transforma-se tanto no corpo como na alma, porque somos uma realidade indissociável. E esta transformação-ressurreição faz-se no sentido de uma "desmaterialização" crescente, que não fazemos ideia aonde nos vai conduzir. Será uma evolução em que o homem já não é um simples ser vivo que se adapta ao «meio» e desta forma evolui (evolução passiva), mas um homem que cria o seu próprio «meio». Numa linguagem poética poderíamos dizer que nós estamos a construir o caminho que pisamos.
Estaremos cada vez mais a «nivelar por cima».

14 janeiro, 2010 10:21  
Anonymous Mário Neiva said...

(continuação)

Esta minhas ideias são inteiramente inspiradas no cristianismo em que me criei.
Assemelham-se, mas não são o pensamento da New Age (Nova Era), porque me mantenho fiel ao sonho lindo de Paulo de Tarso.
(Miki, «leia» melhor S.Paulo. E não se esqueças que quase metada das "suas" cartas, são «pseu-paulistas» que desvirtuam a sua teologia. Os seus discipulos não tinham a sua genealidade).
Por tudo isto defendo que os nossos estatutos (!!!) dos aaacarmelitas sejam feitos a pensar no que somos hoje e não no que fomos há trinta ou quarenta anos, na Falperra ou no Sameiro. Evoluímos, todos, no corpo e no pensamento. Que o digam as rugas que me vão escavando a pele e esta liberdade para rebater o pensamento do meu ex-confrade, que sempre admirei pela inteligência, Frei Vitalino. Acontece que é bispo, mas como irmãos nos nivelamos.

14 janeiro, 2010 10:24  
Anonymous Mário Neiva said...

Corrija-se a gralha: «o facto decisivo e conducente à extinção de civilizações é a moral».

14 janeiro, 2010 10:29  
Blogger teresa silva said...

Então caríssimos estou a gostar imenso do que aqui se está a discutir...
Como disse anteriormente o sucesso do país está em cada um de nós e como cristãos que somos temos que dar exemplo disso. As pessoas têm que reconhecer que aqui está um cristão e é com a ajuda de Deus que isto se consegue, vendo nele o seu exemplo e trazendo isso a público, a cada local onde nos encontramos, em cada grupo onde interagimos.
Deus está em cada um de nós Ele habita em nós, por isso temos grandes razões para fazer mais e melhor. E é nos tempos mais difíceis que pomos em causa tudo e todos, dizendo coisas do género: Onde está Deus? Porque Ele me abandonou?
Não... Caríssimos amigos, é nos tempos mais difíceis que temos de reconhecer que Ele está connosco e enfrentar os problemas com calma e serenidade. Aí é que se vê um bom cristão. Sei que muitas vezes é difícil fazer isso, porque parecemos que estamos sózinhos numa sociedade cada vez mais individualista.
Se nos dizemos cristãos ou crentes temos que demonstrar isso mesmo. Eu sou pelo amor a Deus e ao próximo como a mim mesmo. Esta é a frase que nos deve servir de exemplo todos os dias da nossa vida. E que não estamos sós. Deus está sempre connosco, nos momentos bons e principalmente os menos bons.
Se Deus nos fez à sua imagem e semelhança, quer dizer que temos um ouco de Deus em cada um de nós, temos que trabalhar para que esse pouco vá crescendo cada dia que passa e aí temos pessoas felizes, famílias felizes, políticos felizes, no fundo país muito melhor com mais condições de vida.
E continuo a dizer com tantos problemas que o país enfrenta trazer o casamento homossexual a fim de ser aprovado no parlamento, sinceramente, não havia necessidade.

14 janeiro, 2010 17:56  
Blogger teresa silva said...

Concordo plenamente com o que o Sr. Domingos Coelho nos transmitiu atravé do bispo de Beja.
É mais ou menos aquilo que venho dizendo aqui, mas de um ponto de vista diferente.
Acho bem que a igreja também se manifeste nestes casos que geram polémica, porque vemos assim uma igreja activa e actual perante temas que geram discórdia. E também é importante que a igreja transmita a sua opinião, uma vez que vivemos num país maioritariamente católico.

14 janeiro, 2010 18:35  
Blogger teresa silva said...

Aqui fica um Hino à Vida...

Não sei quem é o autor deste poema, mas achei engraçado trazê-lo para este espaço:
Não espere.
Um poema que incentiva a agir e a acreditar.

Não espere!

"Não espere por um sorriso para ser gentil

Não espere ser amado para amar

Não espere ficar sózinho para reconhecer o valor de quem está ao seu lado

Não espere pela doença para reconhecer quão frágil é a Vida

Não espere pela dor para acreditar na Oração

Não espere ficar de luto para reconhecer quem hoje é importante para si

Não espere pelo melhor emprego para começar a trabalhar

Não espere pela separação para procurar a reconcilação

Não espere pela queda par se lembrar do conselho

Não espere elogios para acreditar em si mesmo

Não espere ter dinheiro aos montes para depois contribiuir

Não espere por pessoas perfeitas para depois se apaixonar

Não espere pela mágoa para depois pedir perdão

Não espere pelo dia da sua morte sem antes

ACREDITAR NA VIDA."

14 janeiro, 2010 20:35  
Anonymous Miki (1947) said...

O Mário Neiva recordou-me...


Recordo que há mais de trinta anos tomei conhecimento da obra de Nikoláos (Nikos) Kazantzakis († 1957) um escritor grego, natural de Heráklion, a capital da ilha de Creta. Dizem que o grande escritor se destaca não pela quantidade de seus livros, mas pela qualidade. Na verdade, Kazantzakis tem apenas cinco obras publicadas: “Odysséia” (1938), “Aléxis Zorba” (Zorba, o grego: 1946), “A última tentação” (1954) “O Cristo recrucificado” (1955) e “O pobrezinho de Deus” (1956).

Pragmático, irreverente e contestador, ele foi alvo de censuras por parte da Igreja Ortodoxa Grega, que atacou as suas obras. Em “O pobrezinho”, obra que conta a lenda de São Francisco de Assis, ele ataca a riqueza e o luxo das igrejas da Grécia. No enredo do “Cristo recrucificado” ele afirma que se Jesus voltasse à terra seria morto de novo. Na história, Cristo é morto, na Sexta-feira Santa, dentro da Igreja, apunhalado por um pope (padre). Mas a sua obra mais polémica foi “A última tentação”, levada às telas por Martim Scorsese em 1988, com o título de “A última tentação de Cristo”, onde Jesus desiste de morrer na cruz e vai viver com Madalena, com a qual tem filhos. Isso lhe valeu a exclusão (excomunhão) da Igreja Ortodoxa.

Contou-me um amigo que um dia viajou num cruzeiro e esteve em Creta e viu o túmulo de Kazantzakis, junto a uma das portas da muralha veneziana da bela Heráklion. Eu nem sabia que ele estava enterrado lá. Morreu na Alemanha e posteriormente seus ossos foram repatriados para sua terra natal. Na ilha de Creta há resquícios da cultura veneziana, que usava a cidade como local de parada técnica dos Cruzados e dos Cavaleiros Templários que iam à Terra Santa. A capital é toda ela cercada por uma alta e consistente muralha que a defendia dos ataques otomanos.

Na lápide, os amigos de Nikos colocaram, a pedido do escritor, uma frase que sintetizou a sua filosofia de fim de vida: “Den elpiso tipota; den foboumai tipota: eimai eleftéros”, o que em língua de “gente” quer dizer: “Não creio em nada; não espero nada; sou livre!”. Após suas zangas com a Igreja Ortodoxa, dizem que ele passou a se confessar ateu. A frase que apareceu na sua lápide é um contraponto ao Credo grego. A profissão de fé dos helénicos (que para nós é o Credo Niceno-Constantinopolitano) começa por dizer: “Creio em só um Deus, Pai Todo-poderoso, criador de todas as coisas visíveis e invisíveis”. Na sua discordância com a Igreja, Kazantzakis afirma “Não creio em nada!”. O mesmo Credo termina afirmando “... e espero a vida do mundo que há-de vir”, ao que o escritor contrapõe: “Não espero nada”. E conclui a dizer que, por não crer e por não esperar, é livre. Complicado.

O Meu amigo comprou, numa loja de suvenires, uma t-shirt preta que eu tive na mão , onde aparecia, em letras cirílicas a frase citada. Achei-a bonita. Eu adoro trazer t-shirts temáticas dos lugares por onde viajo. Olhei, manuseei, mas decidi não ficar com ela , agradeci ao amigo.
Afinal, por mais vistosa que fosse a “T-shirt” contrariava radicalmente as verdades que a minha fé professa. Não poderia vestir e tornar pública uma afirmação com a qual não concordo.

Miki (1947)

14 janeiro, 2010 22:18  
Anonymous Mário Neiva said...

Só lembrança, Miki, apenas isso.Uma coisa é propagandear o que não se pensa, outra coisa é desenvolver um pensamento a partir de uma determinada fonte. É o meu caso. Por isso me afasto das filosofias/teologias orientais,como o budismo, por exemplo.E olhe que são bem tentadoras, porque ao defender que cada um de nós, enquanto individuo, é incriado e parte do TODO-ETERNO, resolve o que no pensamento cristão e derivados é paradoxo insuperável: a morte de cada um de nós. Os crentes cristãos superam este verdadeiro buraco negro com a fé na «Ressurreição dos Mortos». E fazem-no com sucesso e proveito para a comunidade dos crentes, porque não é possivel uma comunidade inteira viver sem as «certezas» que lhe abrem o caminho da esperança, perante o beco sem saída que a morte representa.
Para a filosofia e para a ciência, a fé de uns e de outros é um verdadeiro salto no escuro.Mas, diga-se em abono da verdade, para quem precisar de viver com «certezas», nem a filosofia nem a ciência têm respostas. Quem não suportar esta ignorancia filosófico-científica de saber que pouco ou nada sabe acerca de nós e do nosso universo, pois que se agarre à tábua de salvação da fé. Desde que não mate aquele que não acredita no «seu deus» ou aquele que, simplesmente, não acredita...o que, infelizmente, não tem acontecido até aos nossos dias.
Subtilmente demolidor...e a exigir que me explicasse. Gostei, Miki.

14 janeiro, 2010 23:48  
Blogger jorge dias said...

Estatutos

Voltei às jornadas, voltei à palestra do Augusto. Eis os desafios:

Que a associação:

1. Divulgue a maneira como a Ordem do Carmo vê a realidade da vida humana de forma a criar envolvência cristã e adesão;

2. Localize os antigos alunos;

3. Cultive a solidariedade psicológica e espiritual entre todos os antigos alunos;

4. Edite um boletim ou jornal ou revista com novo visual;

5. Promova um encontro nacional de antigos alunos e confrades da Ordem do Carmo;

6. Proporcione a emergência no seio da Associação de grupos de reflexão;

7. Se torne efectiva e formalmente parte integrante da família Carmelita;

8. Divulgue a espiritualidade e obra da Família Carmelita pela Palavra, pela promoção de vida dos seus associados e por eventos que desencadeie.

Oram bem, caros amigos, eis os desafios sintetizados.

Já deixei escrito, mais acima, que considero os estatutos actuais quase perfeitos e mantenho. No que não forem, pois, mudem-se.

Única reserva de modernidade:
Manter expressa, na letra e forma dos Estatutos, a não confessionalidade religiosa. Porquê? Para estarmos abertos a toda a gente! Colide com algum dos desafios expressos pelo Augusto na sua palestra em Fátima e, acima, resumidos? Não. Colide com o nº7 - sermos parte efectiva da Ordem? Para mim, não colide, porque é isso o que uma parte de nós é efectivamente. Somos da Ordem de uma forma nova, diferente. Não se nota? Quem desejar mais que assuma!


Isto dito, permita-se-me um comentário:

Com um pouco de análise, verificarão, como eu verifiquei, que os desafios descritos em 1,3,6 e 8 são hoje já cumpridos pelo trabalho da Direcção, mormente nos encontros quer de reflexão quer de camaradagem, a festa de São Nuno de Santa Maria, e, excelente e brilhantemente, pela maravilha da Palavra escrita de que este Blog tem sido um excepcional suporte. Não me parece que seja necessário constar em letra de Estatuto os grupos de reflexão referidos no nº 6. Entendo, todavia que este Blog poderia ser mais temático. Não fora, aliás, alguma salutar agressividade dos comentaristas e neste espaço de revisão dos Estatutos não teríamos quase nada. Em minha opinião, o que está cá, é de excepcional qualidade e digno de leitura e reflexão em qualquer lugar do mundo. Todavia, não deixa de ser estranho que, na prática, não façamos divulgação do Blog e, por vezes, não haja mesmo comentaristas. Em resumo, julgo que já fazemos bem alguns desafios. O desafio nº 6, grupos de reflexão, e também o nº 8, divulgar a espiritualidade carmelita e eventos, seriam melhor cumpridos já, se, em permanência, à cabeça do Blog, existissem, pelo menos, dois temas de comentários permanentes. Obviamente que um almoço especial já foi.

No tocante aos desafios nº 2 – saber dos antigos alunos, tem sido feito de forma muito eficaz a propósito da celebração dos cinquentenários.

O desfio de um novo órgão, revista ou… constitui o desafio nº4. Em minha opinião o Vínculo chega e serve bem.

O desafio nº 5, encontros com confrades da Ordem, julgo ser de realização complicada por indisponibilidade óbvia dos freis e ou reverendos. Todavia, penso que devia ser estudado com a Ordem uma forma prática de, quem o desejasse, poder-se integrar, por um curto espaço de tempo na vida efectiva da Ordem, hoje! Integração prática na actividade de serviço comunitário e ou apostólico! Neste aspecto, esta relação com a Ordem era também perfeitamente equacionável com o exposto na parte final do desafio nº1: a adesão à Ordem.

Em resumo, caro Presidente e distinta Direcção,
Há um bom trabalho feito!
Penso mesmo que os desafios que lançais já são praticamente cumpridos agora, excepção do desafio nº5. Acredito que a proximidade, senão a ânsia de mais, às vezes, nos impedem de ver a qualidade do conjunto.
Penso que há aqui trabalho gratificante e de muita qualidade!.

Fareis o que entenderdes

Caros comentaristas, estais desafiados! Caros leitores, desafiados estais, passai a comentaristas!
A Palestra do Augusto encontra-se no início deste espaço!

15 janeiro, 2010 01:42  
Blogger teresa silva said...

A base de tudo o que gira à nossa volta e da nossa vida é o lema: "Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei" como disse Jesus.

15 janeiro, 2010 14:07  
Anonymous Domingos Coelho said...

Sim, Jorge DiasOs

valores que constroem.


Nem todos são doutores, ou engenheiros,
Nem todos são pedreiros, trolhas ou carpinteiros.
Pois, até o mais simples servente,
Contribui para que o prédio seja erguido por inteiro.


A nossa associação se não tiver a participação de todos os seus” membros”
Jamais atingirá os seus objectivos. Unidade na construção, que todos saibam o significado
De uma obra, de uma construção quando nela mirarem seus olhos.

D/C.

17 janeiro, 2010 19:49  
Anonymous Mário Neiva said...

Ver para além da física...
Do poeta António Gedeão

LÁGRIMA DE PRETA

Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.

Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

Nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.

18 janeiro, 2010 13:52  
Blogger teresa silva said...

Este domingo ouvi a leitura das bodas de Caná da Galileia, altura em que Jesus nosso Mestre iniciou os seus milagres. A transformação da água no vinho e há uma frase dita por Jesus, particularmente intrigante e interessante. A forma como trata a mãe quando ela diz-lhe que não há mais vinho na festa. E Jesus responde:" Mulher que tenho Eu com isso? Ainda não chegou a minha hora".
Dá a sensação que Jesus está a ser ríspido com a mãe, mas não. Analisando duma outra perspectiva, Jesus quer dizer que está sempre presente em qualquer altura boa ou menos boa e principalmente nos momentos difíceis sejam eles quais forem.
Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos. Temos várias provas disso na bíblia que Jesus está sempre presente, temos também que dar conta disso nas nossas vidas.
Ele é nosso amigo, confiemos. E mesmo nos momentos mais difíceis nunca duvidemos disso. É aí que se define um cristão, na fé em Jesus Cristo e na forma como encaramos os momentos difíceis. Não considero momentos difíceis mas desafios e temos que aprender com eles, crescer com eles e sermos mais.

18 janeiro, 2010 18:26  
Anonymous Mário Neiva said...

Muitos e ilustres biblistas aproximam esse evocativo «Mulher» do outro referido pelo mesmo Evangelho de S João, no momento da crucificação: «Mulher eis aí o teu filho». E segundo esses bilblistas Jesus não se está a dirigir à sua mãe carnal, mas à comunidade cristã (igreja cristã) nascente. No primeiro caso para advertir que tudo será feito a seu tempo e no segundo caso para entregar a sua jovem igreja aos cuidados dos seus discipulos mais chegados, ali representados pelo discipulo amado.
Coisas que a gente aprendia na exegese...Por aqui poderá ver, Teresa, como é dificil ler a Biblia. O melhor é mesmo ficar com a citação que fez mais acima, «amai-vos uns aos outros...»

18 janeiro, 2010 22:01  
Blogger jorge dias said...

Caríssima Direcção, tenho o meu problema de consciência resolvido!

Só voltarei mesmo aos Estatutos a pedido!

Mas relembro que deixei desafios para este blog, já!

Resolvendo um problema fiquei com outro, que era o de os comentaristas se ausentarem deste espaço! Saúdo pois a sua agressividade por terem voltado!

E deu para perceber que desejamos é espaços de partilha de opiniões e de Palavra, via moderna de catarse, afirmação, consolidação, crescimento no ser e, por via disso, a seu tempo, até no ter e até na fé ou não fé, porque uma ou outra também se tem ou não! Vale a pena ser provocador, vale a pena até ser actor sem querer, vale a pena ser com os outros, única via de nós próprios sermos, vale a pena sermos partilhados na nossa interioridade, afectos e desafios!
Vale a pena viver, ser desafiado e desafiar! Vale a pena resistir e assumir os valores e o futuro, assumir o futuro! Que desafio!

19 janeiro, 2010 00:51  
Anonymous LEBRE said...

A verdadeira lágrima



A verdadeira
lágrima
é
aquela
que
escorre
no
peito...
Queima,
e dilacera,
o coração...
Igual
ácido
e,
apaga
da alma
todos
os
sonhos...
Deixando
no peito
um Saara
de sonhos
e ilusões.


Lebre

19 janeiro, 2010 12:19  
Blogger jorge dias said...

Psiquismo, espiritualidade, racionalidade, de pedra!

Haiti


Dar de comer a quem tem fome e de beber a quem sede, mesmo que os alimentos,mesmo que a comida e bebida venham dos céus, lançadas por aviões, a pedido de Chavez, americanos!

Links:
- O tempo de um amor que é esquecido (amnésico)!
- O Temo perdido com um problema falso - o lobby gay.
- O tempo de uma provocação de "underground" exibida como necessária, e consagrada em lei como "verdade".O "underground", o subterrâneo, o esgoto, consagrado em lei como vector na transmissão de afectos!

Até onde fomos?!

Haiti! Qual Haiti? Notícia de jornal? Já se sabe! Notícia de jornal....


Tive a sorte de ter um mestre de psicofisilogia que nos alertava para o facto de que até as pedras tinham psiquismo! Algures, por aí, existem até as pedras parideiras de outras pedras!

Seguramente, como nós! Pedras de psiquismo lento! Aleluia.

19 janeiro, 2010 15:48  
Anonymous domingos coelho said...

HAITI

Parte I

Enviado por: Diocese1 - Segunda, 18 de Janeiro de 2010

O sismo do Haiti, que matou milhares de pessoas, fez desaparecer muitos debaixo de escombros e derrubou palácios e barracas, não poupando mesmo as igrejas.
Sabendo que se trata de um país pobre, o mais pobre da América, como ajudar os vivos e tratar os feridos, o mais rapidamente possível?
_______________________________
Estava eu a preparar a minha participação numas jornadas sobre as migrações e o tráfico de seres humanos para os mais diversos fins, desde o trabalho forçado à exploração sexual e ao comércio de órgãos, sem respeito pela dignidade humana nem por parte dos explorados nem dos exploradores, quando sou confrontado com a notícia do sismo do Haiti, que matou milhares de pessoas, fez desaparecer muitos debaixo de escombros e derrubou palácios e barracas, não poupando mesmo as igrejas.
Imediatamente um turbilhão de pensamentos passou pela minha cabeça. Sabendo que se tratava de um país pobre, o mais pobre da América, como pude constatar depois, densamente povoado, numa área semelhante à do Alentejo, quase com o número de habitantes de Portugal, como ajudar os vivos e tratar os feridos, o mais rapidamente possível? Quem coordena a ajuda e como se faz chegar junto das populações o auxílio necessário, se as redes viárias, marítimas e aéreas estão altamente danificadas? Quem assume a responsabilidade internamente, se a administração do país colapsou? As imagens de sofrimento e desespero que iam chegando até nós, ainda mais perplexos nos deixavam e continuam a deixar neste momento.
Constato que a globalização só funciona para a comunicação, as guerras e as finanças. Vivemos numa aldeia global, mas os serviços internacionais e mundiais não funcionam no terreno concreto, sejam eles Cruz Vermelha, Nações Unidas ou outros. Os mecanismos de acção em emergências precisam de ser revistos, para não deixar dias a fio pessoas mutiladas e soterradas a esvair-se em sangue sem ninguém que as possa socorrer. Estruturas poderosas, mas muito pesadas para se moverem e chegarem eficazmente ao terreno. Pergunto-me: afinal gastam-se fortunas em estruturas de emergência, mas quando seria necessário actuar no terreno, não são eficazes e a coordenação da ajuda falha. Bem razão tem o Papa Bento XVI quando no nº 67 da encíclica Caridade na Verdade escreve: Perante o crescimento incessante da interdependência mundial, sente-se imenso ... a urgência de uma reforma quer da Organização das Nações Unidas quer da arquitectura económica e financeira internacional, para que seja possível uma real concretização do conceito de família de nações. De igual modo sente-se a urgência de encontrar formas inovadoras para actuar o princípio da responsabilidade de proteger e para atribuir também às nações mais pobres uma voz eficaz nas decisões comuns. Isto revela-se necessário precisamente no âmbito de um ordenamento político, jurídico e económico que incremente e guie a colaboração internacional para o desenvolvimento solidário de todos os povos.

19 janeiro, 2010 21:45  
Anonymous domingos coelho said...

HAITI
Parte II
Entretanto a Caritas Nacional e Internacional contactaram com a sua congénere do Haiti e percebeu-se que a rede dos serviços sócio-caritativos da Igreja católica estava a funcionar, apesar de também atingidos pela catástrofe. Por aqui concluo que temos de incrementar os serviços de proximidade e as instituições internacionais devem articular-se com eles, sem preconceitos de Igrejas ou religiões. Sabemos que a maioria dos Haitianos são católicos e as Igrejas estão sempre no terreno e perto do povo. E ainda bem. Também a nossa Caritas Diocesana logo enviou por email e sms o número da conta de emergências e disponibilizou os recursos existentes à congénere do Haiti através da Caritas Nacional. Se algum dos nossos ouvintes e leitores puder ajudar, não hesite em fazê-lo também através destes serviços da Igreja. O importante é que a ajuda chegue ao terreno e quanto antes, embora vá ser preciso muito tempo para reconstruir as vidas, as habitações e a economia deste pobre país.
Quer a nossa Caritas diocesana de Beja quer a Caritas Nacional disponibilizaram contas bancárias com os respectivos NIB’s para aí depositarmos o nosso contributo solidário e aqui menciono: Caritas Ajuda Haiti, NIB 003506970063000753053 ou Caritas Diocesana de Beja: BPI NIB 0010 0000 19889390010 57.

19 janeiro, 2010 21:47  
Anonymous domingos coelho said...

HAITI

Parte III

Mas as perguntas inquietantes continuaram e atingem os fundamentos da minha própria razão e da minha fé, exprimindo-se nos momentos de oração com interrogações como esta: Porquê, Senhor, tocou a desgraça a país tão pobre, sem recursos para reconstruir as suas casas, aldeias e cidades? Porquê acrescentar mais sofrimento a quem já tem uma cruz tão pesada? Que mal fez esta gente para ser castigada de maneira tão cruel? Perguntas semelhantes ouvimos por vezes de críticos agnósticos para pôr em causa a fé em Deus. Ao tempo do terramoto de Lisboa, em 1755, pensadores como Voltaire, Rousseau, Kant, etc. lançaram essas questões e até escreveram tratados sobre o sentido do mundo e da vida, questionando a relação de Deus com o governo do mundo. As ideias iluministas e racionalistas do tempo, que acreditavam ingenuamente no poder da razão e da ciência para resolver todos os problemas, estavam postas em causa. Afinal pode ou não a razão humana entender todos estes fenómenos e superá-los com a evolução da ciência ou declara-se a falência da razão humana perante estas catástrofes naturais e deixa-se às forças do acaso evolucionista o regime do planeta e do cosmos?
No meio deste turbilhão de perguntas sou acordado com as imagens da realidade brutal mas também com as palavras da oração da Igreja do segundo domingo do tempo comum, neste fim-de-semana. Vejo Maria, a Mãe de Jesus, a sentir as necessidades de uns convivas num banquete nupcial, em Caná da Galileia: Filho, não têm vinho! E Jesus, apesar de ainda não ter chegado a hora de manifestar quem era, apressou a sua hora, sensível ao pedido da Mãe e às necessidades de quem os convidou. Maria, confiante no poder do seu filho, interpelou os responsáveis da festa e também a nós: Fazei o que Ele vos disser. Aqui descubro o meu e o nosso papel: fazer o que Ele nos disser. E a Mensagem de Jesus e o seu testemunho de vida, tornado presente na vida da Igreja, são claros, nesta e outras situações. Não podemos fechar os nossos corações e olhar, voltando-os só para os nossos interesses. O que fizermos a um dos mais pequeninos, é a Ele que o fazemos e será, ontem, hoje e sempre, o critério da pertença ao seu Reino.
A este propósito não resisto em terminar esta nota citando, uma vez mais, a encíclica Caridade na Verdade, nº 78: Sem Deus, o homem não sabe para onde ir e não consegue sequer compreender quem seja. Perante os enormes problemas do desenvolvimento dos povos que quase nos levam ao desânimo e à rendição, vem em nosso auxílio a palavra do Senhor Jesus Cristo que nos torna cientes deste dado fundamental: “Sem Mim, nada podeis fazer” (Jo 15, 5), e encoraja: “Eu estarei sempre convosco, até ao fim do mundo” (Mt 28, 20). Diante da vastidão do trabalho a realizar, somos apoiados pela fé na presença de Deus junto daqueles que se unem no seu nome e trabalham pela justiça. ... A disponibilidade para Deus abre à disponibilidade para os irmãos e para uma vida entendida como tarefa solidária e jubilosa.
Por hoje fico-me por aqui. Não nos esqueçamos de colaborar no alívio do sofrimento dos nossos irmãos do Haiti. Hoje são eles que precisam de nós, amanhã serão outros ou mesmo nós próprios. Assim se constrói a globalização da solidariedade e um novo tipo de sociedade, que Jesus anunciou e está sempre no seu começo.
Um bom dia e até para a semana, se Deus quiser.

† António Vitalino, Bispo de Beja

19 janeiro, 2010 21:49  
Anonymous Anónimo said...

Silenciosamente,
"Fazei o que ele vos disser"!

Porquê D António Vitalino?
Porque não fizemos!

19 janeiro, 2010 23:49  
Anonymous Mário Neiva said...

E porque não fizemos, meu caro anónimo? Por "fraqueza", por "maldade" ou porque não sabíamos direito o que fazer? Ou porque fomos mal instruídos? Pense, meu caro anónimo, no facto que pus à vossa consideração em comentário anterior: durante quase dois mil anos convivemos perfeitamente com a instituição da escravatura, respaldados no ensino do Apóstolo: «cada um permaneça na condição em que o Senhor o chamou». E o pior é que não foi só em relação à escravatura que esta doutrina de São Paulo funcionou.
É muito sugestiva, piedosa e comovente a frase «fazei tudo o que Ele vos disser». Eu próprio me emocionei tantas vezes, quando carmelita, com estas palavras misteriosas. Até será muito fácil e simples seguir este conselho se tomarmos como princípio orientador o «coração» do Evangelho, que é o AMOR. O problema todo é quando o cristão não sabe ou não quer ou não consegue traduzir este Evangelho nas leis que faz para viver em sociedade. E para isto contribuiu outra poderosíssima doutrinação: estamos neste mundo DE PASSAGEM e devemos preocupar-nos sobretudo ou exclusivamente na felicidade prometida e esperada para além da morte! Esta infeliz ideia serviu, na perfeição, para o cristão se abster de traduzir em «leis terrenas» o Evangelho do Amor. Deixou-se por conta da piedade de cada um o «programa» central do cristianismo que devia ser a tarefa primeira de toda a comunidade eclesial, mandatada no seu «sacerdócio» para estendê-la, como «fermento», a toda a Humanidade.
De tempos a tempos aparece um Francisco de Assis ou uma Madre Teresa a evidenciar à cristandade o seu falhanço...
O «sacerdócio da comunidade» ficou reduzido a um clero distante e alheado das «leis terrenas» e das «coisas terrenas». Como se a terra tivesse sido criada para extra-terrestres –nós-a-pensar-no-além – e não o «Jardim do Éden» para Adão e Eva. E não vale ao pregador-clerigo dizer que a Humanidade foi expulsa do Éden! Não vale, porque em «Cristo Jesus tudo foi reconstruído». Um Novo Adão para uma Nova Humanidade e numa Nova Terra. Apetece dizer que com o «Advento de Jesus Cristo» fomos re-introduzidos na Terra, para nela crescer o Homem Novo. Aqui, e não noutro planeta ou imaginário mundo. E, se tivermos de sair daqui para fora, levamos a Terra connosco, como está escriro no livro do Apocaplipse!
Foi assim que eu aprendi na teologia cristã católica da minha juventude.
E ficou-me para sempre esta perspectiva de esperança no futuro da Humanidade e a certeza de que esta vida terrena, em cada lei que fizermos, em cada acção que empreendermos, se orientadas no sentido da promoção da pessoa humana, vai-se transformar numa realidade que ainda nem podemos imaginar (também isto está escrito no livro do Apocalipse…).

A ilustrar a doutrinação espúria ao «coração» do Evangelho, temos o desastre do Haiti. Uns sacodem a água do capote, outros «passam culpas» e ainda outros ficam-se por piedosas considerações. A verdade é que um terramoto de igual magnitude, no Japão, apenas provoca susto, alguns feridos e umas fendas nas estradas. Ouviram como eu, nas televisões, que aquela Nação nasceu dos «rebanhos de escravos» transportados de Africa pelo «ocidente cristão». Porque não se traduziu em "leis terrenas" o Evangelho do Amor!!!
Apesar de tudo, e este é o meu pensamento, o «sal» e o «fermento» actuam silenciosamente, e há duzentos anos se acabou com a escravatura feita lei. Há pouco mais de cinquenta anos baniu-se o racismo. E todos os «racismos» passarão às prateleiras da História.
Infelizmente estes e outros «racismos» hão-de permanecer na memória de muitos, como pesadelos, e a tirar clarividência a quem pretende negar as etapas «pecadoras» da humana realidade.

20 janeiro, 2010 10:18  
Anonymous Anónimo said...

Que bonito ver ontem sair dos escombros de uma igreja uma sobrevivente dizer" GRAÇAS A DEUS".
Graças também ao esforço de todos aqueles que lutam no terreno para tirar dos escombros os que ainda lá estão.
Que exemplo para nós cidadãos do mundo que nos acomodamos no nosso "quentinho" deixamos que nos governem políticos sem ética e medricas...Se nos mobilizassemos viessemos para a rua exigir a efectivação dos Direitos Humanos ,talvez o mundo estivesse bem melhor.Apetece-me citar a canção do Sérgio Godinho"com a cabeça entre as orelhas".

20 janeiro, 2010 13:37  
Blogger jorge dias said...

Pelos vistos há uma pessoa à face da terra que acha que o problema é dos cristãos, da cristandade. Assim mesmo! Que jeito de se colocar de fora! Limito-me a verbalizar por escrito. Que costas largas têm estes cristãos! Eu cá não tenho nada a ver com isso! "Mãe, o gajo deu-me um pontapé no -- (rabo)! E tu não dizes nada!" (canção)...Imagino que a mãe lhe terá dito, ó filho pôe-te de fora ou mexe-te senão ainda levas outro pontapé, mas este é meu! Só faltava agora aos crentes serem os culpados das desgraças do mundo. Lembras-me o Hitler: os culpados eram os judeus, os ciganos e os homossexuais ( que aliás citaste há dias). Para ti agora são os cristãos. Bem bom que não és o Hitler. Então, nem, por hipótese, deixas em aberto que o desafio de Jesus é dirigido à humanidade?

Claro que foi a Igreja católica portuguesa que há dias votou no Parlamento o realíssimo, necessaríssimo, urgentíssimo casamento gay!? Mais especificamente, os cristãos católicos!

A humanidade, meu caro, a humanidade!

Como haveriam de ter vinho sem encher as talhas? Como haveriam as casas de ser anti-sísmicas se não as fizeram anti-sísmicas? Fazei tudo o que Ele vos disser é um desafio à humanidade inteira para que seja inteligente, operativa e se assuma! Concordo plenamente com o anónimo.

Tudo será melhor se formos, plenamente, no limite do que podemos ser. Acho, aliás, esta passagem,fazei tudo o que Ele vos disser, muito sugestiva. No Domingo passado, uma vez mais, lia da seguinte forma: desta vez tiveram vinho e puderam beber, mas jamais voltará a acontecer, a menos que cuidem das videiras ou façam vinho a martelo! De resto, o povo diz e bem! "Quem vai para o mar prepara-se em terra", ou, no mar, só se servirá de água salgada. Mas esta deshidrata mais rapidamente ainda que o sol!

Meu caro, isto é válido só para os cristãos com vocação universal, os católicos... (risos!)

Os homens da fé estão sempre tramados. Nunca, por nunca, ficam de fora! Mas ainda bem que eu gosto de desafios! Ai velho do Restelo, velho do Restelo, por onde andas tu a passear agora! Que caravelas vês tu a sairem a barra do Tejo! Que boas novas te trazem as gaivotas! Arriba, arriba gajeiro que está o vento de feição! Encham as talhas da vida.

Velho do restelo! Cuidado com os sapatos, não vás ficar sem chinelas...

21 janeiro, 2010 03:04  
Blogger jorge dias said...

Voltei a reler o meu comentário e o do Mário e reconheço que há um dado novo!

Sinto que aqui e ali, sobretudo em alguns casos que é usada a primeira pessoa do plural, há ali como que um assumir na vida este conhecimento (fé) dado pela educação e esclarecido pelo estudo! Não me enganei, pois não?! Também tiveram esse sentimento? Se assim for, estou esclarecido no que toca aos cristãos!

21 janeiro, 2010 03:22  
Anonymous Mário Neiva said...

Era mais simples reconheceres que tinhas lido mal. Muito mal. Acontece a todos.

21 janeiro, 2010 11:40  
Blogger jorge dias said...

... "Esta infeliz ideia serviu, na perfeição, para o cristão se abster de traduzir em «leis terrenas» o Evangelho do Amor." Li mal?

Mas não foram os cristãos que lideraram e lideram esta nova ordem que emerge de "fazei tudo o que ele vos disser?" Não li mal, li bem! O que acontece é que evidenciei o que entendo ser abusivo! Aliás já em outro comentário nos questionavas, a nós os crentes, se a Inquisição não nos dava que pensar? Claro que deu que pensar e por isso acabamos com ela! Do mesmo modo dá que pensar o problema do Haiti! E por isso, também te questionei por, em tempo oportuno, não te teres expresso solidariamente!

Mas haverá alguma religião que com suas escolas filosóficas e teológicas tenha provocado tanta emergência de leis a defender o cidadão e os povos, nos seus direitos e deveres, como a corrente judaico-cristã?

O que está feito de bem, feito está... É preciso mais? Obviamente! Mas convenhammos que hoje a cristandade se questiona sobre que humanidade esta humanidade quer ser amanhã face à onda de facilitismos e omissão de valores! Pessimismo? Nem pensar, porque, não obstante, o edifício jurídico é hoje manifesta e objectivamente, e de uma forma maioritária, evangélico! Os avanços são inevitáveis e só não vê quem nem sabe quais são os parâmetros das realidades de que estamos a falar!

Li bem, mas só à segunda leitura percebi que tinhas "nuances" de cristão no teu discurso! Por isso, voltei para trás para o dizer! Porquê? Porque te estimo e mereces!

21 janeiro, 2010 17:43  
Anonymous Mário Neiva said...

«Infelizmente estes e outros «racismos» hão-de permanecer na memória de muitos, COMO PESADELOS,E A TIRAR CLARIVIDENCIA A QUEM PRETENDE NEGAR AS ETAPAS "PECADORAS" DA HUMANA REALIDADE».
Apesar do Evangelho recebido, os cristãos não deixaram de ser uma «igreja pecadora». O Concilio Vaticano II deixou escrito para quem quiser ler. Fradinho atento, eu li bem e em tempo devido.
E não me consta que os cristãos tenham colocado de lado a sua fé, enquanto mandavam chicotear os escravos desobedientes, seja porque acasalaram sem pemrmissão do senhor cristão, seja porque simplesmente se tenham ausentado «de casa» sem licença!
Faltava traduzir em leis terrenas o Evangelho do Amor...

22 janeiro, 2010 08:39  
Blogger jorge dias said...

Ó meus caros amigos, este comentador amigo deleita-se com a malhação!

Para ele, reafirmo o que disse, já que ele pelo que li, e reli, voltou outra vez aos cristãos! Bem bom que agora não há leões nem arena! Mas foi por estas e por outras confusões que levaram os cristãos para o Coliseu de Roma.

A culpa sempre é dos outros!

Já agora o que fez o meu caro amigo, enquanto foi crente, para alterar este estado de coisas? Tenho uma ideia: deste-te conta que havia um problema! Mas, fazer! Uma coisita?

Andas com pesadelos! E vai daí só vês os pesadelos dos cristãos! Ou seja, o que os cristão fizeram a menos ou mal e esqueces o bem que fizeram. Mas, como tu, muitos outros, poucos e muitos, fizeram a menos ou mal. Sobre os pesadelos desses outros não dizes nada!

Meu caro, nós,os cristãos, somos vanguarda da humanidade na cultura dos direitos humanos e dos deveres! E por muitras voltas que dês em teu leito matrimonial ou cabecinha filosófica, não encontrarás nada que se lhes compare!

Mas não percebo a razão dessa bilis.

Que uma pesoa inculta confunda objectos ou o que se analisa, não é bom. Que uma pessoa culta e inteligente, meu caro fradinho atento, o faça, é de muito mau gosto. Por várias razões. Porque o fazes na qualidade de fradinho! O que me dá o direito de constatar a tua regressão ao passado conventual, em busca de defesa e de retoma do conhecimento mnésico! E esse é mesmo o teu problema, ignorância da realidade e análise em função de uma realidade passada. Outras mil uma razões tu descobrirás1

Manda-te à vida de acordo com a inteligência que possuis e o mundo que tens para conquistar e fazer mais feliz1 Não metas essa candeia debaixo do alqueire com medo da tua respiração! Os noivos já chegaram.

Venham para a vida com a inteligência que possuem, ponham-se ao serviço, façam o favor de ser arrebatadores!

Cresçam, por favor.

Encham as talhas e embebedem-se com os outros.

Metam mãos à vida, cuidem das videiras!

22 janeiro, 2010 21:48  
Anonymous Anónimo said...

isto mais parece uma palhaçada sem palhaços, deitem para fora o que é vosso, isso é que é importante.

24 janeiro, 2010 21:08  
Blogger jorge dias said...

Agora é que fico confuso! Então o que escrevi não é meu? Mas eu cá não me importo de ser palhaço! Disse mesmo mais acima que me fizera de palhaço tonto! Não leu? E o que o anónimo disse é de quem? Também parece palhaçada? Pois a mim não me parecee palhaçada nenhuma. Parece-me mais vontade de não se exprimir! O que é pena!

Já agora porque será que temos esse problema? Problema de expressão! Esse bloqueio que nos impede a expressão. Se fosse o Freud a responder diria que temos algum complexo, ou de Édipo ou de Electra por resolver! Ou talvez uma libido que não encontrou ainda a sua forma de escape em realização sexual!

Por mim, limito-me a constactar que podendo ser, não somos e, aqui e ali, também comigo, apenas emitimos sons inexpressivos.

Aproveito para solicitar a este mui digno anónimo que nos desafie, nem que seja com palhaçadas! Porque afinal o circo ainda existe e, nele, os palhaços!

Mas a sua imagem até é feliz porque a palhaçada é algo que se faz, em que o suporte, o argumento, é uma mensagem que se quer passar, como se não se passasse, criando boa disposição e adesão espontânea como se não se aderisse! Foi o seu caso?

Venham à ágora da palavra!

24 janeiro, 2010 23:14  
Anonymous Anónimo said...

Anónimo said...
Ensina o que sabes mesmo que não saibas nada, mas pelo menos dás o exemplo que te deram. Deram-te pouco? Não sabiam mais! mas tu repartistes por muitos.
Caminhamos lado a lado com o braço de DEUS no nosso ombro, sinal da sua protecção, para partilhamos mesmo que nada por quem precisa de muito "tudo", e ter a certeza de 10+10 são 20 e definitivamente a conta não está errada, porque só pela Obra da Criação foi testada.
Herói é todo aquele que não se envorganha de dar prova das manifestações divinas na sua vida e ter a certeza que mais e muitas virão porque a misericórdia de Deus é eterna.
LYNUZ
01 Julho, 2007 19:49

25 janeiro, 2010 21:40  
Blogger jorge dias said...

Meus caros, rendo-me à emoção deste texto e à maravilhosa concentração de tanta emoção e alegria de viver que jamais julguei poder ver condensada em tão poucas letras.

Meu caro Lynuz, ando arrebatado pela maravilha das alegrias e coisas da vida que nos últimos dias espalhei nos corações dos que me rodeiam e, forçosamente, vivi! Era fastidioso explicar-te, mas se me fosse permitido diria que os lindos noivos provocavam inveja e se sentiram embalados e desafiados em melodias de fé e amor que lhes cantaamos, que a boa da matriarca, pelo bem que fez, os caminhos que aplainou e o Deus nos irmãos que ajudou a construir, e em mim também, entrou arrebatada no reino dos céus ao som dos nossos cânticos, que até o destemido do São Sebastião que duplamente se fez à morte em afirmação da sua fé em Jesus me brindou com laranjas da laranjeira junto à qual foi martirizado, obviamente por mão humana face à maravilha dos cânticos do grupo em que me integrava, e , finalmente, a boa senhora Maria, outra matriarca que Deus, levou, e finalmente, por mãos de meu filho, ao piano, tocando Litz, "a benção de Deus", comovido, imaginei o turbilhão das suas entradas nos reino dos céus, em jantar de amigos que celebrávamos a amizade e as vidas feitas em desafio aos mais novos! Emoção a rodos... e depois este teu texto.

Se me fosse permitido um título, eu chamar-lhe "a loucura de ser desafiado para o desafio que já vivo".

Meu caro amigo, o teu texto é apocalipticamente divinal! Voltarei a ele. Compreenderás que o meu tam bém é quase... mas foi demasiada emoção num espaço de tempo tão curto.

Muitas e pequenas nuances nas vidas de nós todos. Por hoje só esta pequena referência ao teu texto: "não se dá quem quer! mas só quem os outros aceitam como dado!"

Voltarei porque emoção estes dias foi no limite da força humana!

26 janeiro, 2010 02:39  
Anonymous Anónimo said...

«Bem-aventurados os pobres de espirito, porque o reino dos céus é para eles». (S.Mateus 5,3)
Amen

26 janeiro, 2010 10:36  
Anonymous Miki (1947) said...

Ensina-me


Ensinaram-me a juntar as mãos e ajoelhar
e disseram-me que estava rezar
Ensinaram-me a abrir os olhos
e disseram-me que estava enxergar
Ensinaram-me a contornar os traços
e disseram-me que estava a desenhar
Ensinaram-me a repetir os sons
e disseram-me que estava falar

Mas,

Quem me ensinará a sofrer,
sem sentir dor?
Quem me ensinará a chorar,
sem derramar lágrimas?
Quem me ensinará a perder,
sem sentir culpa?
Quem me ensinará a partir,
sem sentir saudades?

Ensinaram-me tantas coisas boas,
pouparam-me das coisas ruins ...
Ensina-me !... Por favor, ensina-me pois;
antes que o mundo me devore!...

Miki (1947)

26 janeiro, 2010 11:43  
Anonymous domingos coelho said...

A Unidade dos cristãos e o espirito ecuménico

por D.António Vitalino Bispo de Beja

em : www.diocese-beja.pt

26 janeiro, 2010 14:14  
Blogger jorge dias said...

Aberrante evidencia disléxica Lizt, não Litz. Para os amantes de sua música o prazer infinito de ouvir "Bénédiction de Dieu dans la Solitude". Uma delícia divinal!

26 janeiro, 2010 22:26  
Blogger jorge dias said...

"Ensina o que sabes mesmo que não saibas nada, mas pelo menos dás o exemplo que te deram. Deram-te pouco? Não sabiam mais! mas tu repartistes por muitos."


"Ensina o que sabes mesmo que não saibas nada"

Todos sabemos sempre qualquer coisa! E no limite dos limites saberá a sede do nosso ser, que mais não seja no seu genótipo, no seu código genético, no seu adn. Sempre sabemos e ninguém é que não saiba nada! Mas entendo a afirmação na lógica da humildade que deve envolver as nossas manifestações, mas obviamente, sempre sabemos mesmo qualquer coisa e, por estranho que pareça, sempre sabemos muito mais que aquilo que os outros nos deixam evidenciar! Na frase, as limitações auto-impostas não têm cabimento! Sempre temos muito mais que nada, em saber, em amizades, em vida, em realização, em saberes úteis cultural e espiritualmente para os outros.
Dar o exemplo que me deram!
Entendamo-nos, eu não quero dar exemplo nem ser modelo de nada. Simplesmente sou o que sou por obra de muitos como todos os humanos são. A mim ninguém me deu pouco! A mim todos os que me deram, deram-me "loucuras" de muito e a todos agradeço. E todos me deram o que sabiam e era muito e eu agradeço. A minha obrigação vocacional é partilhar e resistir afirmativa e pro-activamente e, podes crer, caro amigo, assim espero que faças também, senão não somos maifestação do que nos foi dado! E que esta partilha seja por muitos, muito mais, todos os possíveis.


"Caminhamos lado a lado com o braço de DEUS no nosso ombro, sinal da sua protecção, para partilhamos mesmo que nada por quem precisa de muito "tudo", e ter a certeza de 10+10 são 20 e definitivamente a conta não está errada, porque só pela Obra da Criação foi testada."

Meu caro, por muito que te custe, quem põe o braço no meu ombro são os familiares, os amigos, os caminhneiros conjuntos da vida! E como eu os sinto! Sabes porquê? Porque ao abraçá-los sinto me abraçado por Deus!

"partilhamos mesmo que nada por quem precisa de muito "tudo"".

Nada não se partilha... mas obviamente partilhamos valores espirituais como quem não partilha nada, partilhamos olhares cheios de ódio ou de amor, e que podem parecer nada mas fazem toda a diferença. E tenho chegado à conclusão que estas partilhas de coisas que parecem nada são para a generalidade das pessoas o suficiente para o muito, o tudo que precisavam para porem as suas potencialidades em marcha!

"e ter a certeza de 10+10 são 20 e definitivamente a conta não está errada, porque só pela Obra da Criação foi testada."

Mas 10+10 não são vinte a menos que o processo cognoscitivo da abstracção tenha revertido em unidades abstractas os objectos sumáveis. Obviamente, no oposto, a conta só pode mesmo estar errada! Afecta a obra da criação? Como assim?! Na criação tudo está sempre certo...nós é que podemos não chegar lá! A criação testa somas ou somos nós que passo a passo nos embrenhamos nos mistérios da criação?!

26 janeiro, 2010 23:11  
Blogger jorge dias said...

"Herói é todo aquele que não se envorganha de dar prova das manifestações divinas na sua vida e ter a certeza que mais e muitas virão porque a misericórdia de Deus é eterna."

Não vou esticar muito esta questão! Habituei-me a confirmar a heroicidade pela regularidade e constância, persistência de usos e costumes na vida do dia a dia em relação a nós próprios, primeiro,e em relação aos outros, em segundo lugar. A grande manifestação divina é, por isso, o meu olhar interior que me escolhe e me vê como manifestação e parte deste cosmos revelador de saberes, ordem, disciplina e lógicas sem fim. A grande manifestação divina é, concomitantemente, todos os outros humanos, e todo o ser, que tal como eu, somos manifestação cósmica de Deus. Divina por ser de Deus!? E isso adita alguma coisa? E Heroi! Ou apenas a normalidade da criação em marcha! Divino e heroi, uma redundância necessária, verbo de encher, para humanos!

Muitos mais virão... virão seguramente muitos mais falar das maravilhas da nossas vidas e destes seres do nosso cosmos à medida que que se forem embrenhando na interioridade da nossa humanidade e da cosmicidade do universo! Seguramente serão incontáveis, repito incontáveis, porque tudo o que é ser grita e canta no seu ser a maravilha de serem e estarem universalmente em (des)ordem.

Claro que a misericórdia de Deus é eterna e foi dado em definitivo e para sempre à criação. Se foi dada foi dada e jamais será dada mais! Já a temos por inteiro! As nossas manifestações dessa misericórdia, entendamo-nos de vez, a misericórdia na nova aliança tem o mome de amor, é com as manifestações da nossa vida que temos que a revelar e não com anátemas ou falsos desafios.

Faz-me alguma confusão que sendo este espaço da aaacarmelitas, um espaço da manifestação, quer de crentes, quer não crentes, aqueles, os crentes, vivam encolhidos à espera de manifestações que só a eles cabe fazer!

E tu, meu caro Linuz, foste bem apocalíptico quando podias e devias ser muito mais directo!

O que é que te assusta!? De que tens medo? És pecador? E sabes o que é isso!? Ou tu és mas é mesmo um encolhido e com medo do Deus que se revela primeiro no irmão que está a teu lado! Terrível cultura esta de sermos manifestação de Deus e vai daí dá-nos para insistir no pecador e não no homem liberto e salvo! Depois queixamo-nos... de tudo! Um capitão fraco, faz fracas as fortes gentes!

26 janeiro, 2010 23:46  
Blogger jorge dias said...

Assumi a opção de separar os temas,mas obriga-me a cortesia que seja reforço para outros comentaristas. Por isso aqui estou novamente e primeiro com as Bem aventuranças do anónimo.

Bem aventurados os pobres de espírito!Pobres de espírito! Pobres de espírito são os que sendo fortes e ricos de espirito não se colocam na perspectiva do ter coisas, mas serem para si e para os outros fonte de inspiração, referência, provocação de outras formas de viver em partilha e solidariedade. Bem aventurados e bem aventuranças, a segunda versão, a versão em leitura de amor, de boa nova, em versão da nova aliança da velha constituição da antiga aliança, os dez mandamentos!

Bem aventurados os pobres de espírito, isto é, bem aventuradois os fortes de espírito, os que sabem para onde vão, que são capazes de sobrepor o ser ao ter! Nada de confusões e miserabilismos! Os pobres de espírito são, afinal, os fortes de espírito, os que são capazes de viver no ser, na dádiva, na partilha, mesmo quando tudo indica e sugere as preocupações com o ter (o dinheirinho), o enclausuramento, o crescimento da conta bancária e a obesidade!

Ao Miki!
O professor!
Tenho por aí um livro que me diz que sempre encontrarei o professor se quiser aprender. Habituei-me a procurar o professor em casa, nos amigos, na rua, nos media, no blog! É uma cultura, procurar o professor e manifestar disponibilidade para... Vais mesmo ser devorado, porque sendo adulto, tu é que tens que te mexer para aprender. Pois, então, mexe-te que eu faço o mesmo!

Para aprender, como método, estou sempre disponível para as dicas que recolho! E sigo-as...

Meu caro Mário, volta que somos mesmo os palhaços deste espaço! Alegra-te homem, tu és o palahaço rico! Pobre mim? O tanas, rico de mim que sou o palhaço tonto! Ao menos, digo tudo o que quero! Meu rico amigo, vem daí! Por mim, seja eu sapateiro, velho do Restelo, o demo ou o diabo que o carregue, caga nerdeira e rabugem que lhe dê, mas viva a maravilha deste espaço da aaacarmeliats! E tem mais, festa é festa, e nem no céu, ou em qualquer outro lugar, há coisa mais linda que dois humanos, palhaços! Nem no céu! Ficaste doente! Alinda-nos provocatoriamente e logo verás...

27 janeiro, 2010 00:26  
Anonymous Anónimo said...

«Se um desses individuos que ladram contra a filosofia vier repetir-me o seu refrão costumeiro: «Porque é que és mais corajoso nas palavras do que na vida? [...]»
Agora vou responder-te: «Não sou um sábio e [...] não o serei nunca. Exige, pois, de mim não que seja igual aos melhores, mas que seja superior aos maus; é bastante para mim diminuir todos os dias um pouco dos meus defeitos e repreender os meus erros. Não alcancei a cura e nunca serei capaz de o fazer; [...] mas, na verdade, se comparo as minhas pernas com as vossas, ainda que débil, sou um corredor.»

Séneca

27 janeiro, 2010 10:37  
Anonymous Anónimo said...

Esta é fabulosa! Mas é mesmo do Séneca?

Exigir? Mas é preciso se até és corredor!
Uma delícia!

Mas quem é que corre mais? Correm mesmo ou limitam-se ao movimento da caravana?

Quem assim escolhe frases, textos, ou os escreve pode não ser sábio, mas pelo menos é vizinho dela!

27 janeiro, 2010 13:02  
Anonymous Miki (1947) said...

Carríssimo Jorge

É Mesmo ...

Como pensamentos tão simples e antigos podem mudar a nossa maneira de ver a vida tão profundamente? Primeiro passeei com Epicuro em A Arte de Viver e ele confidenciou-me o segredo da felicidade. Agora Séneca ...

" Não julgues que alguém viveu muito por causa das suas rugas e cabelos brancos: ele não viveu muito, apenas existiu por muito tempo."

(pag.43 em Sobre a Brevidade da Vida)

Miki (1947)

27 janeiro, 2010 22:14  
Anonymous Anónimo said...

Então amigos, já cresceram para votar quatro lérias aqui no blog? Ou isto é mesmo só para os grandes intelectuais, que se intitulam de palhaços?

28 janeiro, 2010 23:46  
Blogger jorge dias said...

Que solidão de "quatro lérias", não obstante o número, e que riso sem riso, na agressidade evidenciada contra os que sendo, o são, mesmo sendo palhaços, mas não só, porque há felizmente alguns mais!
Que falta de humor senão mesmo de civismo! Uma manifestação bem portuguesa!
Pois seja benvinda essa manifestação de vida que sempre é mais positiva que o silêncio!

As melhoras!

29 janeiro, 2010 01:04  
Anonymous Mário Neiva said...

Os Palhaços


A vida pode, na verdade, ser comparada a um circo, onde há palhaços, camelos, cães e até burros. Todos desempenham, bem ou mal, o seu papel. O palhaço, quando aparece, e faz uma actuação a preceito, evidencia no traje, na máscara e no gesto, o desalinhado, quase grotesco, das vidas alegres ou sofridas que vivemos e também as tristes figuras que fazemos. Somos isso tudo, mas só o palhaço, escondido atrás da máscara, ganha coragem para o dizer em público. Por isso gosto dos palhaços. E agradeço-lhes fazerem-me olhar para dentro de mim.
Os palhaços estão como ninguém, simultaneamente, no palco da vida e na plateia, a avaliar o seu próprio desempenho. São actores e espectadores da própria vida. Brincando sempre, por pudor e ternura para connosco, dizem as verdades mais incómodas sem nos ofender.
Tantas vezes fico com a impressão de que só as crianças compreendem a mensagem encriptada da sua actuação, das suas roupas, das suas máscaras.
Será pura intuição de uma alma virgem, a da criança, no seu encontro com um coração adulto que se manifesta na verdade do que é e na ternura que o fez palhaço.
29 Janeiro, 2010 08:37

29 janeiro, 2010 08:47  
Anonymous Anónimo said...

Estás doente? Cura-te, porque dos fracos não reza a história. Podes continuar a ser palhaço,mas sem a mania de pretenderes ser o maestro do blog. Vai crescendo a ver se chegas ao nível do Mário.

29 janeiro, 2010 20:52  
Anonymous Miki (1947) said...

O palhaço !...

Quanto mais se globaliza o Mundo, mas se interioriza no lar as emoções que dantes eram procuradas nas praças. É o medo não percebido por alguns, das diversas situações que o tempo presente apresenta em cada poste, já não é em cada esquina. E não é o assaltante ou a violência do trânsito apenas, é o pedinte que já não pede, mas que te obriga a ter a esmola que muitas das vezes não temos. É o vendedor de bugigangas, coisas inúteis em casa, que nos assedia de forma chata, perturbadora. São as propagandas irritantes em panfletos, placas e carros de som. Enfim, é a cara feia dos que circulam, tão sisuda como a nossa.
Por tantas razões hoje quase tudo se faz dentro de casa, até viajar pelo mundo se faz agora a partir de um computador provido de Internet. As pipocas já não mando buscá-la naquele simpático velhinho que perguntava sorridente e voz tranquila, “com manteiga ou sem manteiga?” Ele morreu, no seu lugar outro pipoqueiro que assim se expressa: “Fala menino”. Se bem que sou menino homem, mas o tratamento já não é poético.
Corri o risco fui à praça com as crianças, que bom, havia um palhaço de rua de nariz vermelho, roupa toda colorida, um apito na boca, contava piadas. Enfim teria encontrado um pouco de poesia na praça moderna? Aproximei-me com as crianças e ficamos a prestar atenção no que dizia, afinal a grande graça dos palhaços está no seu falar desligado, e nas perguntas e respostas estapafúrdias. A praça chocou-me novamente, as piadas que o palhaço contava, eram obscenas das que eu ouvia nas cervejarias/ bar, sem a presença das crianças.
Essa falta de bom-senso, das pessoas, dos ambulantes, e até dos palhaços, que já não são puros como era o “Batatinha” e como ainda é o “Companhia”. Até os palhaços do circo já não são os mesmos. Querem o riso da platéia à custa de piadas obscenas e gestos não condizentes com a plateia infantil. E depois fazem campanhas; “não deixe o circo morrer”. O que está a matar o circo é a má qualidade do espetáculo!
E, por esta razão, sempre com um largo sorriso, a minha netinha tem a rotina de me pedir; “avô faz uma palhaçada para eu rir”. Declino da posição de reformado, de homem sério, vistos roupas velhas largas, pinto o nariz com batom vermelho, calço aqueles velhos sapatos furados, e com voz nasal de palhaço apresento o espetáculo; “senhooooras e senhooores, chegou o Grande-circo...”, e o coro doméstico acompanha, “E o avô o que é? É o palhaço do lar... E o avô o que é? É o palhaço do lar...”

Miki (1947)

29 janeiro, 2010 22:03  
Blogger teresa silva said...

Então caríssimos muito se discute aqui neste blog...
Primeira questão: o terramoto do Haiti. Pura e simplesmente fenomenal. Fenomenal no sentido de percebermos que não somos nada de um momento para o outro. Estamos vivos agora, como daqui a um único segundo poderemos ir fazer companhia a Deus.
A natureza prega-nos cada partida. Aconteceu ao país mais pobre da América como poderia ter acontecido em qualquer outra parte do mundo. Porquê ao país mais pobre? Para ver o que os países considerados ricos são capazes de fazer e se têm organização para isso.
Claro que perante tamanha destruição as coisas levam tempo a necessitarem de organização, pois falta tudo, foi tudo arrasado. E como pessoas, começa a vir ao de cima o homem animal que está em cada um de nós quando se vê ameaçado... O instinto de sobrevivência, em que cada bocado de pão é uma pedra preciosa.
Cabe a cada um de nós arranjar uma forma de ajudar aquelas pessoas, sejam elas quais forem. Descubram. Todos nó podemos ser heróis nesta nossa vida que se formos pensar não vale nada, pois estamos aqui de passagem, então levemos o amor o mais longe possível.
Descobrir o que Deus quer de nós deverá ser um objectivo diário. Com nós próprios , com os outros nos diversos locais em casa, no trabalho, nos grupos onde nos inserimos. Deus está sempre presente quer queiramos quer não.
Ele manifesta-se sempre, basta estarmos atentos aos pequenos sinais que a vida nos dá. Estejamos atentos.
Volto novamente ao amor e à boa-nova de Jesus: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.
Uma frase tão simples e ao mesmo tempo desafiante perante a sociedade em que estamos inseridos, cada vez mais ligada ao individualismo, ao interesse, ao dinheiro, ao stress. Como podemos transpor esta frase para as nossas vidas?
Tornando a nossa vida simples, bela, apreciando os gestos mais simples como fazem as crianças. Daí talvez a associação de palhaços como dizem acima. Os palhaços riem , brincam , divertem-se e dizem as coisas sérias a brincar. Brincam com as suas formas de vida e como a vida lhes proporcionam as coisas. Neste caso somos todos palhaços neste circo da vida.

29 janeiro, 2010 23:07  
Blogger teresa silva said...

A sociedade em que vivemos hoje em dia parece-me perdida...
Falta alma, falta alegria, faltam valores de referência,faltam políticos capazes de fazerem melhor em vez de estarem sempre a criticar.
Dizem que estamos mergulhados numa crise económica, financeira, de emprego, mas o que falta mesmo a este país são valores, são marcos de referência. O país está triste.
Precisava de um novo 25 de Abril. Uma revolução para termos novamente alegria de viver, de estar em sociedade. Hoje em dia toda a gente critica mas fazer alguma coisa ninguém faz porque dá muito trabalho e ninguém quer responsabilidades.
O que falta mesmo são as pessoas descobrirem-se a si próprias, que são capazes de fazerem mais e melhor, que são capazes de tornarem este país diferente. E não só verem dinheiro à sua frente. O dinheiro nunca trouxe felicidade a ninguém, claro que ajuda na vida, mas as pessoas que o têm muitas vezes não se sentem felizes, parece que falta algo para preencher.
Falta o trabalho interior, o trabalho do Eu. O que posso fazer, o que posso ser. E a partir daí com uma ajudinha de Jesus somos mais felizes, mais ricos espiritualmente.
Quem quiser tome a sua cruz e siga-me. Como ele disse. Nunca fomos forçados a nada. Está em nós a escolha.
Com este trabalho interior, quanto mais nos descobrirmos, melhor nos conhecemos e podemos transformar o mundo, a começar pelo nosso próprio mundo. O Eu.
Neste momento temos uma sociedade voltada unica e exclusivamente para o material , para as aparências, para o individualismo, para o consumismo.
Tivemos a liberdade mas não a soubemos aproveitar. Criamos discriminações, criamos desemprego, criamos injustiças sociais, criamos insegurança.
Saibamos descobrir a volta a dar a estas situações.

29 janeiro, 2010 23:52  
Anonymous Anónimo said...

É tudo muito bonito, mas lá dizia o outro ; " Olhem para o que eu digo e não olhem para o que eu faço ". Certamente só mandam bitaites, mas na prática fazem zero. Assim fazem os nossos falhados políticos e outros pregadores de causas perdidas, que se prendem ao passado. Enfim, o que é preciso é haver palhaços.

30 janeiro, 2010 01:18  
Anonymous Anónimo said...

E o meu caro o que faz?

30 janeiro, 2010 01:39  
Blogger jorge dias said...

Maravilha I

Em textos de tanta maravilha e desafio, para que mais sejamos, todos, verbalizei ocasionalmente o papel de provocador, que me pareceu estar a desempenhar, com a designação de palhaço, palhaço pobre, palhaço tonto, dado que o papel de rico me parecia que tinha dono.

Por incrível que pareça, só alguém que no dia a dia não saiba o que é a escuridão total, face à palavra e à ausência de inspiração, poderá julgar que aqui se escreve em perspectiva de um qualquer estatuto, no caso é referido o de maestro, ou até mesmo o estatuto de compita com quer que seja ou buscando louros quaisquer que sejam. O acto criador da palavra é também e sempre um profundo acto de solidão, mas de enorme crescimento como pessoas e humanos, como, aliás, o é, o papel criador de palhaço.

Por norma quando escrevo preocupo-me por escrever sobre matérias:
- que sejam um reflexo da minha pessoa e do que vivo;
- que sejam parte da vida de muitas pessoas ou possam vir a sê-lo;
- que me deixem uma razoável expectativa de que ou por adesão ou provocação, as palavras escritas desencadearão reacção conducente a mais palavra e, sempre, a um maior entendimento entre os homens e, para todos , provocantes de um melhor futuro.
- que se dirigem também a um grupo muito específico de pessoas. Com efeito, nos últimos tempos, dado haver um grupo de pessoas de uma roda relativamente restrita de amizades, que me fizeram saber o seu apreço por este espaço, tenho acrescentado aos meus cuidados, também esta variável!

30 janeiro, 2010 01:41  
Blogger jorge dias said...

Maravilha II

Confesso que, hoje, ao olhar para este espaço, e ao ver a maravilha de conteúdos que por aqui se têm espraiado, me sinto profundamente gratificado, senão mesmo feliz, por, com muitas outros comentaristas de elevada craveira, o ter ajudado a construir e assim continuarei, obviamente, enquanto me parecer oportuno. Provocador, palhaço tonto, palhaço pobre mas rico de felicidade, isso será o menos. O que importa, o que importa mesmo, é que haja valores, palavra, procura, inquietação, construção de uma humanidade mais feliz num cosmos integrado!

Mas o meu caro anónimo, pode ter a certeza que anónimo já é bom! Mas com o nomezinho da cédula é mais bonito e mais de gente sempre que nos dirigimos a um outro ou pomos na escrita o nome de outro! Meu caro, no tocante ao nosso querido Mário, se alguém o elogiou neste espaço, eu sou um deles! Mas não o voltarei a fazer porque um punhado de pessoas me fez ver que não o devia fazer neste espaço! E sei que algumas vezes o fiz. Assim limitar-me-ei a emitir opinião sobre os conteúdos e não sobre o autor dos conteúdos. Aliás, se fosse nessa linha, hoje teria que fazer vários elogios pessoais, face à maravilha dos comentários sobre palhaços (dois) e sobre a vida cristã (dois).

Espero mesmo continuar a crescer, mas ao meu ritmo, não quero ser como ninguém, nem crescer tanto como alguém nem quero sequer ser parecido com ninguém, nem tão pouco chegar aos calcanhares seja de quem for! Quero apenas crescer, crescer sempre, ser cidadão com os outros e para os outros e, lado a lado, dando o que sou e aceitando o que me dão, e na mescla resultante ser o futuro!

30 janeiro, 2010 01:45  
Anonymous Mário Neiva said...

Ao fazer o «copy» dos meus documentos para o blog, trunquei, sem querer, a última frase do texto. Primeiro achei que podia aficar assim mesmo, agora, relendo, acho que o texto ficava mais pobre. O texto do Miki, a fazer-se avô palhaço para os netinhos, obrigou-me colmatar a falha. Então, era assim:
«Será pura intuição de uma alma virgem, a da criança, no seu encontro com um coração adulto que se manifesta na verdade do que é e na ternura que o fez palhaço para os pequeninos».


«Limitar-me-ei a emitir opinião sobre os conteúdos e não sobre o autor dos conteúdos». Diz o Jorge.

Assim está bem. E faço um apelo a que todos sigam este caminho. Se houver persistência no ataque aos autores em vez do ataque frontal, mas honesto e fundamentado, às ideias do autor, deixarei definitivamente este blog. Critiquem-se ou elogiem-se as ideias. A crítica pode ser um momento de aprofundamento da verdade que todos procuramos. E o elogio de uma bela ideia funciona como estímulo para irmos sempre mais longe.
Eu tive a sorte, sim, tive a sorte de um dia «cair do cavalo» (lembram-se da história da minha avó Ana Rosa em Um Almoço Muito Especial«?) e encontrar-me cara-a-cara com a mais bela de todas as nossas verdades. Senti e entendi que, tomar consciência da minha «ignorância», é encontrar o caminho seguro da Sabedoria.
Mas não te apresses a chamar-me burro ou camelo (eu até preferia camelo) porque eu sei que tu sabes que eu sei que também não sabes.
Talvez não o queiras admitir ou tenhas uma necessidade, quase fisiológica, de te agarrares a uma biblioteca de conhecimentos ou a uma pilha de tradições ancestrais, como o naufrago se agarra, desesperado, a uma jangada em águas profundas, turvas e revoltas.
Não serei eu, podes acreditar, que destruirei as jangadas frágeis, imaginariamente sólidas, a que nos agarramos todos, quando a vida "aperta".
Apenas vou alertando que sobrevivemos em jangadas flutuantes e instáveis e que temos de empenhar-nos na construção de uma mais sólida embarcação, que nos possa levar a porto seguro.
Isso pode significar, quase sempre, acrescentar novos livros à biblioteca e fazer crescer a pilha milenar de tradições sobrepostas.
Em linguagem corrente e prosaica falamos em «inovar».
É isso! Não tenhamos medo. E, sobretudo, façamo-lo com elevação. E de mãos dadas.

30 janeiro, 2010 12:43  
Anonymous Anónimo said...

Ora essa, não te enerves e vai coçando a micose, enquanto te inspiras com temas inovadoras, para seres o protagonista deste interessante bailado de chinelos, como em tempos quizeste apelidar alguém e que por certo não é fingido, nem hipócrita, mas escreve o que sente e sobretudo enxerga, neste mundo cão.

30 janeiro, 2010 14:07  
Anonymous Miki (1947) said...

O Andarilho - 1

O sol estava quente. Do asfalto saia um cheiro de pneu queimado. A miragem refletida como vapor de chaleira, cobria os olhos do andarilho e fazia-o enxergar adiante como de dentro de um aquário. A sua roupa suja clamava por uma troca urgente no primeiro lugar que parasse. O jeans esgarçado na bainha da calça, a camisa amarelada por detrás do cinto e a bolsa furada que carregava nas costas era quase tudo o que tinha. Dentro dela, um bocado de tralhas: um casaco desbotado, uma medalha da sorte, um prato de alumínio e entre tantos outros objectos curiosos, — muitos deles recolhidos ao longo da sua infinita jornada — o seu estranho livro de orações.

“Não me levantei em vão. Não caminhei por nada. A cada passo que dou, aumento a minha jornada”.

Era o que repetia todos os dias, mesmo antes de abrir os olhos. Já não era preciso orar com o livro aberto, mas ele fazia-o. Talvez por hábito ou superstição. Não que para ele isso importasse — e não importava mesmo — mas mesmo assim fazia-o, como tomar uma boa xícara de água quente e lamber um punhado de sal.

Já havia passado algum tempo desde o momento em que deixara a cidade para trás. Os dias vinham quentes há quase uma semana, e a chuva forte não tardaria em chegar. A sola disforme das velhas botas de couro — um antigo presente de Três Marias — deixava marcas no asfalto quente por troca de cascalhos presos no calcanhar.

— Como seria bom parar um pouco para descansar... — Ele pensa. Logo em seguida retira do bolso apertado da calça, um pequeno saco de couro, abre-o e catando com a ponta dos dedos, ergue até a língua um novo punhado de sal.

“O pó que alimenta a alma, engana o corpo e o faz caminhar”.

A tarde chegava de surpresa. O sol escaldante, escondido nas trevas carregadas de chuva, observava o crepúsculo desbotado com seus pequenos olhos de raios que escapavam por entre as nuvens. Uma trovoada estala ao longe. O vento cansado trás um cheiro de terra molhada. Um pingo gelado desperta o andarilho. Finalmente a chuva encontra-o.

A Caminhar encostado, recebe os pingos de chuva junto com as lufadas de vento, que agora molhado, parece estar recuperado, e efectivamente mais forte.

Com a chegada da noite e a escuridão total, apesar da chuva forte, ele podia perceber melhor o lugar. Ouvir os barulhos. E apesar da constante sensação de ter o mau sempre à espreita, caminhava mais tranquilo agora do que antes. Apenas uma coisa começava-o a incomodar: o estômago. Caminhara durante todo o dia, e apesar do sal lhe alimentar a alma, ela precisava do corpo para seguir em frente. E por mais que a carne fosse burra, não era possível a enganar por muito tempo. Ele sabia que a mentira tinha pernas curtas. Curtas e cansadas.

Depois de caminhar firme por mais duas ou três horas, seus pés — ensopados — movimentavam-se automaticamente um após o outro. Conduziam o jeans, a camisa desbotada, a mochila pesada e uma carcaça vazia. Sua alma? Não o abandonara, apenas tinha sido deixada de lado para que as mentiras curtas e cansadas pudessem continuar a arrastar aquele fardo. Quando o corpo finalmente caiu de joelhos sobre o asfalto, e a alma de súbito fora despertada, uma luz esbranquiçada surgiu à sua frente. Um vulto gigante atravessou o feixe de luz e deslocando-se pela estrada, parou diante do andarilho. Ainda caído sobre a pista molhada, ele ergueu a sua mão esquerda, e como todas as noites pronunciou aquelas palavras estranhas, que mais do que nunca haviam encontrado um real significado:

“Com o corpo ainda de pé, me retiro da estrada. Não me leves contigo esta noite, pois é longa a minha jornada... ”.

O barulho forte do ar invadindo os pulmões, o seu corpo finalmente desaba. Como um vampiro alucinado, o vulto aproxima-se da carcaça cansada e a envolve como um manto sombrio na noite. A luz apaga-se e o andarilho finalmente descansa.

(continua)

30 janeiro, 2010 16:06  
Blogger jorge dias said...

Não sei por onde vou, meu caro anónimo, mas sei que não vou por aí! Obviamente e por muitas razões. Até por causa do anonimato! Olhe que não lhe fica bem, uma vez mais por serem comentários envolvendo pessoas! Repito, não lhe fica bem, está-se a referir a pessoas, neste caso, a uma pessoa!

Mas perante tanta coisa bonita, fica desafiado a pegar alguma dessas maravilhas e a verbalizar aquela que diga mais consigo, com a sua vida, com a sua praxis! Não posso crer que veja em tudo bailados de chinelos ou velhadas do Restelo (que omitiu!) ou que entenda que uns escrevem o que sentem e outros não! Todos temos pequenas coisas mais ou menos felizes! A questãoque se coloca é quando omitimos as felizes por dizerem respeito aos outros, e, no oposto, temos um sádico prazer em reafirmar as coisitas menos elegantes!

"Não te enerves e vai coçando a micose"?

Mas o que é isto? Neste espaço!? Não acha, meu caro anónimo, que está mesmo muito para além dos limites da decência e do tolerável num espaço público, cada vez mais frequentado e lido? E garanto-lhe, por muito mais gente que o que julga e até como espaço cultural, até de meditação cristã, e até de referência, aprendizagem para a vida! Tenha bom senso!

Sei que não vou por aí. Mas não pense que abandono o espaço por uma provocação menos integrada! Não abandonarei o espaço enquanto entender que a palavra, até a menos adequada, sempre será geradora de mais vida e mais felicidade, que mais não seja como catarse! Mas tenho mesmo dificuldade em perceber que este tipo de verbalizações da sub-sultura portuguesa sejam possíveis aqui e agora e sob a forma de anonimato. Acredite, caro anónimo, tenho mesmo dificuldade! Mas, por outro lado, volte, se quiser na mesma linguagem, mas, por favor, não sejam tão telegráfico para que melhor faça sua catarse "bílica" e o entendamos! É uma oportunidade única de crescimento e gratuita!

30 janeiro, 2010 16:30  
Blogger jorge dias said...

Entretanto apareceu mais um comentário de que só agora me dei conta, mas logo voltarei. “Não me levantei em vão. Não caminhei por nada. A cada passo que dou, aumento a minha jornada”. Como aprecio e me inspira esta frase e aquela outra de que "andar faz caminho".
Entretanto gostaria de saudar a re-emergência do Mário e saudá-lo como a parte mais provocante da minha inspiração e provocação!

Bomito este nosso espaço....

30 janeiro, 2010 16:36  
Anonymous Anónimo said...

Pareces ferido na tua sensibilidade, hein!...
Tens de estar preparado para tudo e não precisas de fugir batendo com os calcantes no fraco.
Quem semeia ventos, colhe tempestades.
Lembra-te que os menos letrados também te podem ensinar a respeitar os outros, mesmo que tenham ideias diferentes das tuas e usem solipas, tamancos, ou mesmo descalços.

30 janeiro, 2010 17:12  
Anonymous Miki (1947) said...

Caríssimo Jorge Dias


É bom quando constatamos que os anos
que passaram pelo nosso corpo,
não atingiram o nosso espírito...

A ANÓNIMA que escreve no "Blog", não passou
pela Falperra, nem Sameiro.

Um Abraço

Miki (1947)

30 janeiro, 2010 20:24  
Blogger teresa silva said...

Comparo muitas vezes a minha vida ao mar.Por vezes calmo, resplandescente, reflectindo o azul do céu num dia descoberto e brilhante. E outras vezes revolto,cinzento, estado de espírito quando por vezes sinto-me insatisfeita com o que se passa à minha volta.
Talvez por viver numa ilha faça esta comparação relativamente ao mar.
Como a definição de ilha diz: pedaço de terra rodeado de mar por todos os lados.
A minha ilha é muito bonita e gosto imenso dela. É muito verde, tem lagoas espectaculares,tem trilhos pedestres fenomenais.
Muitas vezes quando preciso de pôr os pensamentos em dia vou até ao mar e fico ali olhando para ele como se estivessemos num diálogo permanente e profundo. Até pode-se dizer que ali estou a conversar com Deus, pedindo-lhe orientação para os momentos bons e outros que não sejam tão bons, mas ao mesmo tempo desafiantes.
O diálogo entre o consciente e o inconsciente é assim que o chamo. O EU social e o EU interior.
Lutas e incertezas, pensamentos, emoções,alegrias e tristezas, tudo faz parte de nós simples humanos. E continuamos a viver porque é caminhando que se faz o nosso percurso de vida.
Neste diálogo encontro várias coisas entre elas paz e inquietação, por ser melhor, por fazer melhor. Contraditório? Sim. A jornada não tem que ser pesada. Só será se eu quiser que seja. E se for,seguro na mão de Deus e deixo-me levar.

30 janeiro, 2010 23:58  
Blogger jorge dias said...

Colisão em postagem, mas valeu a pena "seguro na mão de Deus e deixo-me levar" Bonito, bonito mesmo! O meu comentário colidiu ao ser postado com a entrada em simultâneo do comentário anterior. Por isso não me refiro a este último, à excepção da frase supra

Meditação I.

Claro que a anónima não passou pela Falperra, mas seguramente foi ao âmago da festa do amor que consagra definitivamente Jesus como o passado, o presente, o futuro da boa nova: amai-vos... E se isto provoca e inquieta quando a tentação de não amar o que está ao lado ou aquele que nos interpela!... Penso mesmo caro Miki (1947) que os anos consolidam-nos profundamente no carácter que a infância nos começou a gerar, e nele fazem vida, em espaço especialíssimo, a fé, o amor cristão e a vida com valores que continuadamente nos esforçamos, por força desse carácter, por manter, transmitir, vivificando outras vidas e a sociedade por forma a dar mais consistência a um viver colectivo que se aproxime do desiderato de um genotipo (fenotipo), próprio de toda a criação e que em si porta este dinamismo de mais e mais caminho, de mais e mais perfeição...que só a criação no seu todo conseguirá realizar e nunca cada uma das suas parcelas face à sua incrível finitude. Mas nas entranhas dessa "cosmicidade sem fim" seremos pela eternidade física do nosso corpo e pela eternidade da nossa espiritualidade, e das suas manifestações, um zénite, um ómega, para onde caminhamos em procura de acolhimento amoroso. Obrigado pela provocação meditativa...

31 janeiro, 2010 00:28  
Blogger jorge dias said...

Este comentário foi removido pelo autor.

31 janeiro, 2010 00:55  
Blogger jorge dias said...

Por pequenas disfunções retirei o comentário.Aqui vai corrigido! Desculpas pedem-se...

Meditação II

Mas que espaço de inspiração e provocação me dás! Meditação, claro! Obrigado.

Verifico que o nosso caro anónimo voltou! Vejamos, pode ser outro! Talvez se revezem... sei lá...

Vem com ar paternalista! Boa!

E então os desafios que lhe foram feitos? Mesmo nada! Quando é que tira a Burka? Que pena! Os diagnósticos das doenças nervosas e micóticas não saiem?

Verifico que acha que semeei ventos! Mas onde estão? Quais foram? Tenho direito a defesa ou a sua democracia é a sua afirmação?

Caro anónimo quem anda na luta do dia a dia para crescer está sempre ferido! Sempre meu caro. No dia em que estiver preparado para tudo, esse dia é o da morte. Felizmente, porque gosto de viver e até saboreio cada inspiração que faço, nunca fujo de nada! Acredite, não fujo de nada, o que não acontece consigo porque ainda me não respondeu a nenhuma interrogaçãozita!

Imagino que se considera menos letrado! Por mim não percebo porquê! Se a grande mestra é a vida não deve ter muito menos letras que eu. Fico a magicar que é mais uma questão de convicções pessoais. Aí é com cada um...

Mas ensine, isto é escreva, opine, ponha palavra, mais palavra neste nosso lindo blog!
Deixe a alma soltar-se, entre de cabeça tronco e membros que o vento vai de feição e no mar há bonança. Venha dai que o vento de través é bom para a bolina! E se é bom bolinar! O vento largo é calmo, mas para a adrenalina não há nada como o vento a entrar pela amura e a borda do lado oposto a beijar a linha de água! E quando o vento crescer e o mar entrar, a casca plástica do garrafão faz de bomba de água, o céu vira fonte de raios e coriscos, o mastro parte e você sente a finitude da vida, no vómito de Jonas nas praias rochosas drá graças a Deus por mais um tempo de valores para os seus filhos! Nem todos podem experimentar, mas creia que não há micose que resista, urina que se contenha ou diarreia que não passe, nem homem que não mude! Venha mudar que nós todos gostamos de aprender! Quero lá saber das solipas, dos tamancos ou dos pés, o que eu quero mesmo é ouvir dos valores que lhe enchem a alma! Venha homem ou mulher de cara tapaca, deixe essas crises de desamores por uma vez! Venha, venha mesmo para a festa da vida! Venha que nós estamos nela, na festa, e vamos continuar e quem perde mesmo é você! Venha amigo venha ver o mar das tormentas e da boa esperança!

Venha mesmo, despita essa manta que o tapa!

Obrigado pela meditação.

31 janeiro, 2010 01:18  
Blogger teresa silva said...

Não há nada a temer na vida. Por vezes somos fracos e temos medo. Medo de nós, medo dos outros,medo da opinião que os outros têm de nós. Medo dos colegas de trabalho, medo de dar a nossa opinião.
Aparências vãs... Pensamentos de bruma...
Nada melhor e reconfortante do que não temais. Eu estou convosco. Tende fé...
Felizes daqueles que não viram mas acreditam. Há algo superior a nós quer acreditamos quer não.
São os nossos pensamentos que nos traduzem aquilo que devemos ser. O constante dilema porque somos humanos. Mas tendo a certeza que caminhamos ao lado de um amigo sabe sempre melhor, é mais calmo e reconfortante, mais alegre e temos outra disposição em ajudar o próximo. Em fortalecer relações e mesmo em melhorá-las se for caso disso.
O conjunto de nós forma a sociedade e cada um é um indivíduo com pensamentos, atitudes, vontades, experiências. Mas com vontade de fazer sempre melhor, sempre mais, ser mais.
Parar é morrer como diz o ditado.
Caminhemos por mar alto, passando ao largo do Bojador, por entre tempestades e tormentas em busca do amor eterno nas relações que entre nós se estabelece. Mas nunca temendo o que daí possa advir, pois o amor verdadeiro tudo desculpa, tudo perdoa.

31 janeiro, 2010 01:54  
Anonymous Anónimo said...

Como diz o Fernando Mendes " Já FOSTE ".
Vai pregando no deserto, até que os gafanhotos te limpem o sebo...

31 janeiro, 2010 16:50  
Anonymous Miki (1947) said...

O Andarilho - 2

Ele sentiu que havia despertado. Percebeu um leve cheiro de couro no ar. Mesmo ainda com os olhos fechados, sentia o ambiente girar e uma pressão forte na nuca.

“Não me levantei em vão. Não caminhei por nada. A cada passo que...”

Antes de terminar a oração, o seu corpo fora fortemente sacudido. A sua cabeça acertou em algo duro e metálico, obrigando-o a abrir os olhos e interromper o rito momentaneamente. Pegou numa pequena faca presa ao calcanhar, e encostou a ponta ao pescoço do motorista que conduzia a camioneta, onde antes estava deitado no banco detrás.

— Pare essa máquina infeliz! Pare essa maldita máquina se queres seguir em frente com a tua vida.

Depois de ter parado à pressa, furado um pneu e explicado ao andarilho, que o havia encontrado na estrada, na noite passada, quase desmaiando e a falar coisas sem sentido, eles estabeleceram uma breve amizade ao cair da tarde.

— Eu nunca pensei que essas coisas existissem de verdade. Apesar de vê-las cruzarem as estradas, sempre achei que fossem delírios, frutos da minha imaginação — Disse o andarilho.

— Então nunca tinha visto nenhum desses?

— Não.

— É uma coisa difícil de se acreditar. — Disse o velho ajeitando a lona que cobria a traseira da camioneta.

— Onde posso arrajarr água quente e um punhado de sal?

— A água eu posso até desenrascar, pois o radiador ainda deve estar quase cheio. Mas sal? De onde eu venho não sobrou nada. Nem mesmo pra mim. Quem sabe um pouco mais adiante, se a cidade ainda estiver por lá.

— Radiador?

— É... Fica dentro da máquina. Geralmente eu uso essa água para fazer café durante as viagens. Mas pra quê água quente?

— Não é da sua conta. Mas se me puder dar um pouco desse radiador, o desculparia por me ter tirado da estrada.

— Tudo bem.

Ficou em silêncio. Acompanhou com os olhos cada movimento daquele velho homem. Alguma coisa nele não lhe cheirava bem. Depois de muito esforço, eis a água quente. O velho serviu-a numa generosa caneca de barro.

— O que carrega aí atrás? — Pergunta o andarilho.

— Não é da tua conta.

— Claro. — Ele ergue a caneca em sinal de respeito e derrama a água quente de uma única vez pela garganta.

Parados , eles ajeitam-se para seguirem em frente. Não dizem mais uma palavra. Mochila arrumada, pneu trocado. Eles despedem-se apenas com um olhar. Nele, a desconfiança, o medo, e a certeza de que ainda se vão reencontrar.

Ele liga a camioneta e acelera para testar o motor. Engata a marcha da força, e ao sair do acostamento, trepida a carroceria de madeira, fazendo cair sobre uma ponta do asfalto, algo muito familiar ao andarilho: um grande punhado de sal. Ele apanha-o desesperado e enche o seu pequeno saco de couro. Risca uma cruz sobre o local da queda e com sua faca ainda em punho grita para a escuridão: — Mercenário. Ladrão de almas. A tua sorte é que eu não caminho à noite. Mas o dia não tarda em chegar, e agora há mais um motivo para eu continuar. Vou te encontrar como encontrei os outros. Então, devolverás o sal que não te pertence.

“Com o corpo ainda de pé, retiro-me da estrada. Não me leves contigo esta noite, pois longa é a minha jornada... ”.

(Continua)

31 janeiro, 2010 18:08  
Anonymous Miki (1947) said...

Por onde vou


Sou transeunte
Nesse caminho
Nessa vereda do destino.
E se me curvo
Colhido pelo vento
Vergo minhas plumas
Ilusórias brumas
De uma tépida saudade.
E se me detenho
Na vastidão contumaz
De minha solitude
Sou como a serra
Sempre sóbria e silente
E cerro o cenho de meus temores


para todos que acreditam
que o caminho é "Carmelita"

Miki (1947)

31 janeiro, 2010 19:17  
Blogger jorge dias said...

Só se é povo em desafios! e aqueles que por obras valorosa se vão da lei da morte libertando!

Do desafio primeiro para chegar a Jerusalém e à demanda do templo salomónico, por trás, isto é por caminhos não muçulmanos, e que acabou virando caminho das Índias e rota comercial, foi o povo, cuja alma ainda somos, um povo ímpar, e por algum tempo centro primeiro da ciência no mundo.

"As armas e os barões assinalados
que, da ocidental praia Lusitana,
por mares nunca de antes navegados
passaram ainda além da Taprobana,
em perigos e guerras esforçados,
mais do que prometia a força humana,
e entre gente remota edificaram
novo reino, que tanto sublimaram;"


Do comentário anterior socorro-me na minha meditação de uma parte que me tocou profundamente, obviamente, na impossibilidade de citar outras partes deste e outros comentários, embora lhes agradecendo o afecto solidário.

"Risca uma cruz sobre o local da queda e com sua faca ainda em punho grita para a escuridão:

Mercenário. Ladrão de almas.

A tua sorte é que eu não caminho à noite. Mas o dia não tarda em chegar, e agora há mais um motivo para eu continuar. Vou te encontrar como encontrei os outros. Então, devolverás o sal que não te pertence”.

“Com o corpo ainda de pé, retiro-me da estrada.

Não me levas contigo esta noite, pois longa é a minha jornada... ”.

"E também as memórias gloriosas
daqueles reis que foram dilatando
a Fé, o Império, e as terras viciosas
de África e de Ásia andaram devastando,
e aqueles que por obras valerosas
se vão da lei da morte libertando,
cantando espalharei por toda a parte
se a tanto me ajudar o engenho e arte."


Por isso, deles reza a história.

para todos que acreditam
que o caminho implica amar...

31 janeiro, 2010 23:45  
Blogger jorge dias said...

Este comentário foi removido pelo autor.

31 janeiro, 2010 23:46  
Anonymous Anónimo said...

Um povo "ímpar", que piada.
Já viste algum lavrador, dizer mal dos seus bois?
O que dizemos nós,dizem os outros povos do mundo.
Se dissesses cambada de salteadores, que arruinaram o país em poucos anos para vivermos das esmolas da CEE, era capaz de concordar.
Já se assaltam as bombas da Gasolina e não é crime.
Mais adiante serão as nossas casas e não é crime, porque é para matarem a fome.
Quem está bem instalado agora, é melhor não se rir muito, pois o pior está para vir, embora a gente tenha fé que não, mas duvido.
Quando acabarem os subsídios da CEE, vamos ser ímpares na miséria, disse...

01 fevereiro, 2010 09:02  
Anonymous Miki (1947) said...

A PACIÊNCIA DO ZÉ ...


Canta o poeta: “Bateram no Zé. Não houve nada. Tornaram a bater. Não houve nada. O ZÉ se cansou de tanta pancada. Deu-se o estouro da peixarada.”

Onde e quando terminará a paciência do povo, espoliado na sua boa-fé, na sua esperança de dias melhores para a família Portuguesa?

Onde está o sentimento de Pátria, nascido no ser humano? Urge rever os valores morais que sustentam a ordem social. Estamos num verdadeiro desvio de conceitos.

Os conceitos de honestidade, de valor, de amizade, de fidelidade, de irmandade, entre outros, não passam de palavras despidas do seu real conteúdo.

A humanidade tem que se sustentar neles, pois estão destinados a reger a conduta do ser humano.

Esse desvio reflete-se na grande desorientação reinante em vários sectores da vida.

A família é evocada, mas ninguém se preocupa em preservar os valores que a sustentam.

Pede-se para se acreditar nas soluções apontados pelos governantes e observa-se os desmandos das autoridades constituídas.

O que terminará primeiro, os desatinos dos homens ou a tolerância da Deus?

Não queiramos esperar para ver.

Miki (1947)

01 fevereiro, 2010 18:40  
Anonymous domingos coelho said...

A voz do povo

“ Se a voz do povo
É a voz de Deus
Porque, então,
“eles” cruxificaram
JESUS e não Barrabás?..”

01 fevereiro, 2010 20:11  
Anonymous Miki (1947) said...

O Andarilho - 3


Era realmente uma pena deixar tudo aquilo para traz. Apesar de saber que não duraria muito. Que quando a noite caísse, o sal escorreria como água para trás das moitas. Pois apesar de não poder vê-los durante o dia, o andarilho sabia que eles seguiam-no todo o caminho.

A mochila pesada era um bom fardo agora. E em muitos dias, aquela era a primeira vez que ele esboçava o que talvez um dia viesse a tornar um sorriso.

“Sal para quase uma vida” Pensava com a certeza de que estava blasfemar contra o destino. Ninguém, que não carregasse nas costas um enorme peso em sal, como fazia, desejaria uma vida tão curta. Era o início de uma sombra. A sombra da ganância.

O vento ajudou, mas não o suficiente para esconder as pegadas do velho sobre o sal espalhado na pista. Pela distancia já caminhada, de onde tinha dormido, até onde havia encontrado a camioneta capotada na estrada, dava para imaginar a hora do acidente.

— adormeceu agarrado ao volante.

“A ganância pelo pó é a desgraça destes mercenários”.

Olhou para a ampulheta-das-horas que trazia pendurada ao cinto, e com a ajuda do sol, conseguiu calcular quanto tempo demoraria para que a noite chegasse.

— E... Pelo visto a cidade desapareceu mesmo. Não me devia ter desfeito dos mapas. Mas precisava do sal — Balbuciou entre os dentes.

Ele tinha amarrado o casaco à cintura, pendurado a medalha da sorte no pescoço e livrou-se não só dos mapas, mas de quase tudo o que tinha. Do prato que lhe ajudara a encher a mochila de sal, da ampulheta-dos-dias que havia recebido de Carlos, um menino ferido nas mãos que havia conhecido em Lagares, um dos lugarejos no qual tinha passado, e até mesmo do “ Melo “, um boneco de madeira com qual costumava conversar durante as jornadas.

A cabeça ás vezes girava. O chão parecia subir, enquanto os lados da pista se moviam para dentro, afinando a estrada e estendendo o horizonte. A sede era implacável.

— Essa recta nunca mais acaba . Adoraria poder parar num lugar qualquer . Encontrar uma curva. Qualquer que fosse. Mas...

“Meio caminho não sou eu que o faço. Apenas sigo em frente, cumprindo a sina que me foi dada. Não olho para traz, não volto jamais. Não crio raízes nunca mais”.

Caminhou durante um bom tempo, mas o dia parecia não querer ter fim. O sol já se tinha posto, mas a luz permanecia no céu.

— Que lugar é este qual o caminho? Até mesmo o sol já se foi, mas essa luz não me deixa descansar. — As pernas já não aguentavam ir mais adiante. A boca seca mostrava-lhe o que a falta de equilíbrio era capaz de fazer. Ele precisava de água. Não adiantava carregar aquela salina nas costas se não podia sequer levar um punhado até à boca seca.

Retirou a mochila das costas e enfiou a mão no monte de sal. Revirou o pó esbranquiçado e encontrou no fundo o seu pequeno livro de orações. Ele sabia que deveria continuar. Enquanto aquela luz não o deixasse, ele deveria seguir em frente. Seguir o seu destino. Mas apesar da certeza da sua obrigação, ele sentia que iria desabar. E com a mão ainda enfiada no sal, agarrou o seu livro negro e caiu.

A luz no céu apagou-se e a sua mochila foi arrastada para trás de uma moita, sendo atirada para longe segundos depois, completamente vazia.

Não sobrou força dentro do corpo ressequidodo, nem mesmo para pedirr socorro àquela hora da noite. Tinha que confiar apenas no Destino e na sua medalha da sorte.

“Quando a fartura chegar, não te deixes enganar. Pois enquanto caminhares sobre as sobras da ganância, teu caminho iram iluminar. Pois é das sombras e do sal

que essas criaturas vivem anos no caminho dos justos”.

01 fevereiro, 2010 20:22  
Anonymous Anónimo said...

Certo, deitaram a moeda ao ar e calhou a JESUS.
Que povo malandro.Já lá têem o pago.

01 fevereiro, 2010 21:17  
Anonymous miki (1947 said...

Condenados a pensar


Jean-Paul Sartre († 1980) afirmou que somos “condenados à liberdade”. Muitos pensadores vêem a liberdade humana como uma arma perigosa colocada nas mãos de uma criança, inflectindo a idéia de que o ser humano, na sua grande parte, não está apto a desenvolver tal capacidade, pois essa concessão resulta sempre em risco. Mas isto nada tem a ver com o assunto que quero abordar aqui. Pretendo falar naquilo que é a “arte de pensar”, desenvolvida pelos intelectuais, aqueles que no dizer do poeta estão “condenados a pensar”. O povo espera que o intelectual pense por ele, para logo de seguida, mesmo sem compreender coisa nenhuma, dizer: “eu não concordo... ele quer é aparecer...saber mais que os outros”. Quando Winston Churchill, fez o seu discurso de estréia na Câmara dos Comuns, perguntou a um parlamentar amigo, o que tinha achado da sua retórica, o velho pôs a mão no ombro de Churchill e disse, em tom paternal: “Meu jovem, você cometeu um grande erro. Foi muito brilhante neste seu primeiro discurso na Camara. Isso é imperdoável. Devia ter começado mais na sombra, gaguejando um pouco. Com a inteligência demonstrada, você conquistou, no mínimo, uns trinta inimigos. O talento assusta". Isto atesta que os medíocres têm um indisfarçável medo da Inteligência. Qual o intelectual que não foi já repudiado, no trabalho, na escola, na igreja, na sociedade? Há uma famosa trova : “Há tantos burros mandando em homens de inteligência, que, às vezes, fico pensando que a burrice é uma Ciência”. Os medíocres, obstinados na conquista de posições, ocupam os espaços deixados pelos talentosos displicentes que não revelam o apetite do poder. Mas é preciso considerar que esses medíocres ladinos, oportunistas e ambiciosos, têm o hábito de salvaguardar as suas posições conquistadas com verdadeiras muralhas de granito por onde talentosos não conseguem passar. É o boicote dos macambúzios. Em todas as áreas encontramos dessas fortalezas estabelecidas, as panelinhas do arrivismo, inexpugnáveis às legiões dos lúcidos. Dentro desse raciocínio, que poderia ser uma extensão do "Elogio da Loucura", somos forçados a admitir que uma pessoa precisa fingir-se de burra se quiser vencer na vida. É pecado fazer sombra a alguém até numa conversa social, política ou mesmo eclesial. Ninguém admite que você saiba mais que ele... Assim como um grupo de senhoras burguesas boicota, automaticamente, a entrada de uma jovem mulher bonita no seu círculo de convivência, com medo de perder os maridos, também os encastelados medíocres se fecham como ostras à simples aparição de um mais talentoso que os possa ameaçar. Eles conhecem bem as suas limitações; sabem como lhes custa desempenhar tarefas que os mais dotados realizam com uma perna às costas. Na medida em que admiram a facilidade com que os mais lúcidos resolvem problemas, os medíocres os repudiam para se defender. É um paradoxo angustiante. Infelizmente, temos que viver sob essas regras absurdas que transformam a inteligência numa espécie de desvantagem perante a vida. Sábio é o conselho de um antigo professor: “Não reveles que és inteligente! Finge-te de idiota, e terás o céu e a terra. A massa odeia os sábios”. Tenho uma amiga, uma filósofa d`Anadia, economista aposentada, que costuma dizer que, mais que a beleza e o dinheiro, as pessoas invejam a sabedoria. Beleza, é dependente da apresentação , adquire-se, desta ou daquela forma. Dinheiro, então, nem se fala. Sabedoria, no entanto, não se compra. Ela diz que “as pessoas odeiam os inteligentes, boicotam quem pensa, e caluniam quem sabe mais que elas”. Por isto, todo aquele que tem uma cabeça acima da média, está condenado a pensar, pois vai ser sempre alvo da inveja dos macambúzios.

- Para a Teresa Silva um beijinho
- Jorge, Mário e Lynuz um abraço

Miki (1947)

01 fevereiro, 2010 22:51  
Anonymous Mário Neiva said...

E quem será este Miki (1947) que tão bem discorre? Não vou tomar espaço, avançando, para que todos possam parar e reflectir no que acabas de dizer.
Sei que não estiveste na Falperra e no Sameiro porque o disseste. Mas bem podias ter estado em Braga, em S.Victor, donde sairam as primitivas fornadas de «marianos».
Agradeço e retribuo o teu abraço
Mário

02 fevereiro, 2010 10:14  
Anonymous Miki (1947) said...

Amigo Mário

Eu disse que A Anónima não esteve na Falperra ou no Sameiro.

O Miki (1947) Esteve na Falperra.No Passado recente recebeu no Sameiro um GRANDE abraço do Mário Neiva. E Esta?...

Miki (1947)

02 fevereiro, 2010 10:45  
Anonymous Mário Neiva said...

...E com esta me lixaste, que dei e recebi tantos abraços e nem cuidei de ver o nome da rosto que se encostava ao meu (não era bem assim, pois mal chegava ao peito de alguns que os anos agigantaram).
Ficou aí para trás um assunto meio pendurado e que tinha a ver com as camisolas que se vestem, de ideias que não se assumem. Agora que te sinto mais perto de mim, vais ter a paciência de me escutar. Não sei o teu nome, mas o que escolheste para vir ao blog fez-me recuar à infância. Por motivos pouco lisonjeiros para ti, aliás, porque MiKI (acento tónico na última sílaba)era nome de cachorro em casa dos meus pais. Pequenino, preto e peludo. E caçador eximio, para alegria do meu pai.
Deixa lá, que só vou pensar no MIKI a caçar-me a amizade. Prometo que não vou pôr-me a fugir como os coelhos. Não quero fatigar esse coração de avô, para que continue, por muitos e bons anos, a fazer de palhaço para encanto de netos e bisnetos.

02 fevereiro, 2010 17:39  
Blogger jorge dias said...

Ímpar porque por algum tempo, pelos seus feitos e conhecimentos não houve no orbe povo para fazer par com ele. Simples! Por um tempo fomos vanguarda da ciência e da cultura no mundo! É histórico. Está nos livros. Problemático? Nem por isso! Ainda por uma boa causa. Fico orgulhoso com os que mais se orgulham porque nestas coisas sempre gostei de muitos!

"Pois é das sombras e do sal que essas criaturas vivem anos no caminho dos justos”.

"...os medíocres têm um indisfarçável medo da Inteligência"

Que o zé se tenha cansado de tanta pancada e se tenha dado o estouro da "peixarada".

As armas e os varões assinalados... E elas! As mulheres, estrelas, às vezes, outras nem tantas, mas com certeza compamheiras! Mas que pena que o grito de Camões não tenha sido mais abrangente!

Por aqui as Estrelas, São Miguel - Ponta Delgada, Senhora das Estrelas e fim das festas natalícias! Por aí Senhora das Candeias!
Por aqui povo na rua a cantar e a celebrar a "Senhora e Mãe", as companheiras, as mulheres. Os seus afectos diferentes, a sua intuição, a sua envolvência nos valores e intimismo, a família e sociedade. Este ano, como sempre, na rua a cantar a amizade e a alma de grandeza cósmica que possuímos!

02 fevereiro, 2010 23:38  
Blogger jorge dias said...

Com a devida vénia, de um comentário de Miki 1947 sobre a amiga e filósofa d`Anadia,.."mais que a beleza e o dinheiro, as pessoas invejam a sabedoria. Beleza, é dependente da apresentação , adquire-se, desta ou daquela forma. Dinheiro, então, nem se fala. Sabedoria, no entanto, não se compra. Ela diz que “as pessoas odeiam os inteligentes, boicotam quem pensa, e caluniam quem sabe mais que elas”. Por isto, todo aquele que tem uma cabeça acima da média, está condenado a pensar, pois vai ser sempre alvo da inveja dos macambúzios.

Aplaudo e como gostaria de ver esta provocação mais vezes neste espaço!

Pessoalmente tenho verificado que, ocasionalmente, a opressão da não inteligência vai ainda mais longe no delírio praxístico de"os encastelados medíocres". Dei-me ontem a rir com um desses medíocres que, de imediato reduzi ao seu estado natural, e que, à frente de um grupo de cantares se preocupava com a formatura do grupo, quase em pelotão, e não com o que cantava.

Quanto a este blog, e à sua excelentíssima qualidade de palavra, bem sabemos o que estamos reflectindo, meditando, contemplando (ser carmelita). Coisas sem nome? Mas que importa se sempre houive e haverá? Como haveríamos de já ter descoberto tudo?! Ou será que apenas constactamos? Sei lá! Pois alevá... e como está grande este espaço! Elevado como se impunha!

03 fevereiro, 2010 00:31  
Anonymous Anónimo said...

Grande? Dois ou três intervenientes a clamar no deserto, chamas a isto grande? Haja paciência e paz na terra aos homens de boa vontade, porque as mulheres já tiraram um lindo retrato com o comandante. Certo deve estar a mudar. Oxalá que sim, para BEM DA NAÇÃO.

03 fevereiro, 2010 09:41  
Anonymous Miki (1947) said...

Grande e importante espaço !...


Não esqueço o trabalho do AUGUSTO CASTRO


É Com grande satisfação que me incluo entre os que escolheram esta linda ideia: “blog de AAACARMELITAS, onde as pessoas param um pouco, pensam e raciocinam; pesquisam no seu interior e, buscam no coração e no espírito, os motivos que os tornarão autores dos desejos e satisfações que lhes são inerentes aos gestos e costumes, reflectidos nos seus trabalhos. É muito boa uma oportunidade como essa para filtrarmos as nossas preferências, no que tange a satisfação de servir e o dever a ser cumprido, segundo as criaturas que somos, criados à semelhança do nosso criador. Espero poder exprimir - me em cada escrito, como uma missão de amor, de paz e de verdades, para cada pessoa que me leia.
Até logo

Miki (1947)

03 fevereiro, 2010 12:37  
Anonymous Anónimo said...

O meu amigo pensa bem, só que isto ficou de tal forma de patas para o ar e retorcido, que só um milagre divino, vai dar esperança a milhares de desempregados e desafortunados, para quem estas palavras é letra morta, porque falta infelizmente aquilo que a gente tem e ainda não conseguimos repartir.

03 fevereiro, 2010 12:47  
Blogger teresa silva said...

Como já disse aí para trás gosto imenso de ler o que aqui se escreve e também de dar a minha opinião.
Pois é pensando e escrevendo que também medito na minha vida e procuro formas de a tornar melhor.
Obrigada Miki pelo beijinho. Outro para ti também.
Por vezes sentimos uma espécie de revolta por vermos a nossa sociedade virada de pernas para o ar, mas só conseguimos alguma coisa se começarmos por organizar ideias dentro das nossas próprias cabeças, e assim poder partir para a sociedade.
Daí este espaço ser de grande interesse e importância.
O anónimo diz que ainda não conseguimos repartir, então comece. Cada um tem que dar o exemplo.
Jesus pode ter sido considerado como louco naquele tempo por muitas pessoas mas deu o exemplo.Então nós que fomos feitos à sua imagem e semelhança temos medo de quê?
Avancemos que se faz tarde.
Reflectir, emitir opiniões e principalmente agir de acordo com aquilo que consideramos mais correcto.
Partir em busca de um mundo melhor.

03 fevereiro, 2010 13:46  
Anonymous Miki (1947) said...

Porque me tratou por Amigo!

Já é muito bom ler que o anónimo acredita no "milagre Divino". Será que os desempregados Querem trabalho? Será que os trabalhos têm que estarem adaptados ao trabalhador ou o trabalhador adaptar-se ao trabalho? Eu durante a minha vida profissional despedi 3 patrões, de 15 que tive durante toda a carreira profissional. O Bom profissional tem "quse" sempre trabalho.
Não esqueça que num regime de estado patrão, dá exactamente nas situações de que se lamenta.
Comece por um lado: 1º Fé, 2º Esperança , 3º competência e isso resolve-se.
Um Abraço

Miki (1947)

03 fevereiro, 2010 13:54  
Blogger teresa silva said...

A vida é um grande desafio. E se estamos cá foi porque Deus nos escolheu e porque tinha um objectivo para nós. Resta-nos descobrir qual.
Não nos podemos esquecer que ele está sempre connosco em toda a nossa vida. Ao nosso lado, à nossa frente e quando estamos tristes serve-nos de amparo, de companhia, de amigo. É um fiel amigo que nos ama incondicionalmente, independentemente das decisões que tomemos, dos gestos que façamos, ele pura e simplesmente está sempre connosco.
Como podemos retribuir este amor? Amando-nos uns aos outros. Simples e complexo. Difícil, mas não impossível.
Como diz o povo é preciso engolir muitos sapos e como já se disse aí para trás às vezes é preciso passar por burro, porque a sabedoria é a maior das virtudes. Claro que não é dizer sempre que sim a tudo, mas chamar à responsabilidade nos momentos em que for necessário.

03 fevereiro, 2010 14:04  
Anonymous Anónimo said...

E quem disse que o amigo era o Senhor?
Tão boa alma e se sente com uma cordialidade!... É bem certo " olha para o que eu digo e não olhes para o que eu faço ".
Quanto à Senhora D. tem razão e é o que tenho feito a vida toda, mas não sou milagreiro.

03 fevereiro, 2010 16:42  
Anonymous LYNUZ said...

para todos os meus amigos.

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“Os vossos nomes estão gravados no céu”
Mesmo daqueles que em memória boa ou má
Corriqueiram as nossas ruas e praças em busto ou véu,
São esses mesmos que atravessam o mundo e andam por cá.

Perguntei teu nome. Tua mudez balbuciou qualquer coisa,
Não compreendi, mas pensei em ti.
Debaixo do teu véu está um céu onde a paz poisa,
Em tuas mãos as rosas secas que eu vi,

Por baixo do braço um vazo carregavas, em loisa
E ajoelhada, tuas palavras mudas que não compreendi
Mas uma certeza me resta o teu nome está gravado no céu.

Sorriste para mim, e em tua felicidade reflecti,
Tuas mãos postas, erguias como um troféu
Sentis-te o espírito santo pousar em ti.

Mas quem és tu afinal?
Não sei nem interessa,
Só em ti vejo qualquer coisa divinal
E tuas lágrimas me entristecem.

Queria confortar-te
Não consigo
Queria abraçar-te
Estar contigo.

Será preciso?
Com certeza não.
ELE dá-te o riso
Transporta-te na mão.

Só Ele te basta
É o teu tudo
Teu caminho devasta
Nunca está sisudo.

Não é compaixão!
É a minha empatia
Pois tua razão
Me transporta este dia.

Naquele sacrário
Está a verdade
Nas mãos o rosário
Para a eternidade.


LYNUZ

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NOTA-isto é uma história verdadeira de uma muda.

03 fevereiro, 2010 19:31  
Anonymous miki (1947) said...

Luz e alma

A boa luz é a
que nos mostra
a consistência das
sombras, não apenas
sua própria existência.

A melhor luz é a
que conseguimos
manter acesa, não a que
ofusca e cega.

Acender nosso farol
ao meio-dia não
nos bastará.

Sua luz, por mais forte
que seja, nunca nos
revelará novos caminhos.

É preciso que fortes luzes
apontem para os lados
escuros de nossas
inconsciências.

Quem é a luz de uma
alma na escuridão?

Miki (1947)

(um abraço LYNUZ)

03 fevereiro, 2010 20:38  
Anonymous Miki (1947) said...

O Andarilho - 4

— Eu preciso salvar o menino... Ele não fez nada. Ele não fez... Eu preciso salvar... — Foi tudo o que o andarilho conseguiu cuspir pela boca seca e cortada. E olha que a tarde já havia caído. Mas a tremedeira e a temperatura elevada do corpo aprisionavam a consciência num lugar escuro. Bem longe dali.

A mulher que o encontrou desmaiado sobre um encosto providencial. Marco, seu filho menor, encontrara a mochila vazia e com aquelas queimaduras pretas com formatos de garra. Ele sabia quem a tinha esvaziado.

— Se havia uma bagagem cheia por aqui, havia um burro para carrega-la. — Disse o garoto caminhando mais à frente, encontrando o burro logo a seguir. Correu para casa e avisou sua mãe sobre o homem caído na estrada.

— Preferi trazer a bolsa, pois achei que era mais útil. E pelo que vi no rosto do coitado, mesmo que eu conseguisse arrasta-lo de lá de cima até aqui, não sei se resistiria mais do que ela. — Disse o garoto atirando a mochila sobre a cama sem perceber o peso extra que carregava num dos bolsos.

Tentou catar uma pitada de sal de um pote de barro sobre a mesa, quando levou um bofetada na mão.

— Deixa isso para Eles à noite, ou queres acabar como teu pai?

— Ele não teve culpa, só não queria alimentar esses miseráveis como você faz. Ele fez aquilo para tentar salvar a gente...

— Cale a boca Marco, e leva-me até onde encontrastes o tal homem. Pode ser que ele carregue algum sal no bolso. Com o que já temos... Vamos poder dormir em paz por mais alguns dias. Não seria bom, ser acordado por aquele acotevelar nos ombros.

O garoto baixou levemente a camisa e observou as grandes queimaduras em formatos circulares sobre o ombro. A palidez tomou conta de seu rosto. As lágrimas boiaram nos seus olhos, e antes de deixar que sua mãe as vissem escorrer, ele tirou uma lasca da broa de palha e caminhou novamente até a saída.

— Ele está encostado ali mais acima. Se quiser traze-lo pra cá, é melhor andar depressa, pois a tarde não demorará a cair.

Depois de o haverem trazido e lhe terem empurrado goela abaixo, uns pedaços de broa e pequenos goles dágua, ele tinha dito coisas estranhas, sem sentido. Ao menos para eles, não pareciam ter àquela hora. Cobriram-no com um pano de juta, e quando a noite começou a cair, levaram a vasilha de barro para fora do buraco onde passavam os dias e viraram-na em frente à porta grossa de madeira, espalhando o sal por quase toda a entrada.

— Dou-lhes o pó que alimenta a alma, em troca do descanso dos nossos corpos. Não nos acordem mais uma noite, pois amanhã nos encontraremos outra vez. —

Ela riscou uma cruz sobre o sal e um círculo na entrada da porta. Trancou-a rapidamente e afastou-se a tempo de ouvir o bater forte e o arranhar na madeira, enquanto os vultos avermelhados dançavam por baixo da porta.

De repente, o silêncio. Ela sabia que Eles os deixariam dormir em paz pelo menos aquela noite. Então, abriu a porta rapidamente enquanto Marco lhe passava uma caneca de água a ferver. Atirou a água sobre onde antes tinha espalhado o sal e agradeceu ao ver a fumaça amarelada subir do chão e empestar a casa com aquele cheiro de fósforo queimado. Naquele instante, o corpo do andarilho voltou a tremer. Uma força brutal empurrou a porta, atirando a mulher de encontro ao chão. Marco observava assustado uma grande sombra que atravessava a porta e queimava o chão.

— Não! O meu ombro... Senhor está a queima-me! — Gritou o andarilho ao ser despertado.

O fogo que fervia a água apagou-se, e a noite implacável entrou finalmente .


Continua...

03 fevereiro, 2010 20:54  
Blogger jorge dias said...

"O que nos distingue é a forma de estar no mundo e de pensar"

Que satisfação esta! Que gratificação!
Aleluia! Aleluias! Finalmente, aqui, a palavra, tal como a dança e a concertina nas desfolhadas,veio a terreiro! Estou em crer que com um tão bom número de tocadores, teremos material bastante de provocação e dança! E com elas mais crescimento, caminho feito, novos amores, mais danças e futuros! A palavra, que revela a inteligência, sempre é criadora e "fazedora" de melhor futuro!

Claro que o copo está mesmo meio cheio!... mas ainda vai encher mais e vai transbordar.
A seguir encheremos outro, depois mais outro, a seguir mais outro ainda e outro e outro...

Como em tudo na vida. "Começa por um: mudando pessoas muda as organizações" ... Efeito dominó:
"Você começa por mudar as pessoas, um a um, e muda as organizações. Muda as organizações e mudará as instituições. Muda as instituições e mudará os países" (Hal Gregersen).

Agir para podermos teorizar o agir, a palavra para podermos teorizar os conteúdos da palavra! Agir, agir diferente, agir seja o que for no respeito dos outros, agir primeiro para pensar inovando, para pensar outro, melhor se possível e, naturalmente, diferente! Ninguém pensa diferente a partir do nada! Agir nem que o agir seja a combinação associada de observações, perguntas,experimentações e convívios em rede com gente muito diversa (por forma a reduzirmos o sectarismo e os fundamentalismos). Conviver...

Ir em frente, inovar, ser irreverente, perguntar, perguntar, imaginar, escrever, escrever palavra, palavras e mais palavras, originais, se possível diferentes, e senão, que sejam iguais, mas que sejam muitas e sempre... A palavra sempre educa, sempre forma, sempre liberta, sempre cura, sempre faz crescer! Só a palavra faz felicidade, paz, amor, futuro...

04 fevereiro, 2010 00:46  
Anonymous Mário Neiva said...

Citação de uma citação, trazida a este blog pelo Jorge: Eu não podia estar mais de acordo!

"Você começa por mudar as pessoas, um a um, e muda as organizações. Muda as organizações e mudará as instituições. Muda as instituições e mudará os países" (Hal Gregersen).

Retenham para o futuro, para quando surgirem mais propostas de leis e de ideias fracturantes, como aquela que temos em cima da mesa e que belisca uma das mais «sagradas» instituições: o casamento. A mudança é de filosofia e de estatuto legal. De filosofia, porque se passa do acasalamento animal e natural entre macho e fêmea com vista à propagação da espécie, constituindo-se, desta forma, a célula-base da sociedade, para o casamento entre pessoas, numa relação desligada da procriação, com vista à partilha da vida ou de um ideal. Neste último caso a sociedade aceitou, perfeitamente e sem conflito, a familia baseada na fé, como acontece nas ordens religiosas constituidas em familias, em que partilham tudo o que diz respeito ao corpo e ao espirito -menos o sexo! Vá~se lá saber porquê. (Costuma-se dizer que é, simplesmente, porque se transformou sexo em tabu, o que não acontece com qualquer outra das nossa funções vitais, como beber, comer, ouvir, ver...). Mudança também de estatuto, consagrando-se em lei algo de totalmente novo na organização da sociedade.
E porque se tem referido a história com orgulho do passado que nós fomos, quem sabe da história humana algo mais que a poética narrativa do livro do Génesis, sabe de ciência certa que a instituição casamento evoluiu como qualquer outra instituição e ainda hoje persistem diferentes formas de casamento, em sociedades actuais. A poligamia legal é uma delas. Poderemos considerá-la um atraso civilizacional? Sem dúvida, porque já não se justifica que o macho dominante tenha para si as fêmeas todas. Aliás, neste nosso tempo já só falamos de «pessoas» e não de machos e fêmeas entre os humanos. E as «pessoas» não são conquista nem propriedade de ninguém. Nem marido e mulher são propriedade um do outro. Mas ainda há quem pense que é assim e se acha no direito de maltratar e até matar quem se «possui».
Estou a ser desmancha-prazeres voltando a um tema tão arreliador? É possivel. Mas não podia perder a oportunidade oferecida pela citação do Jorge.
Também concordo que a palavra é mobilizadora: quando apela à tradução em estatutos, da espantosa singularidade da Pessoa Humana, revelada na consciência da sua dignidade.
Seguramente, essa dignidade não reside na diferenciação sexual. Está num patamar bem mais elevado.
Repito: não fora o tabu ancestral à volta do sexualidade e todos tinham visto na «familia religiosa» (carmelita, por exemplo) a prefiguração da familia do futuro.
Por causa daquele tabu andamos aqui às turras uns aos outros. E acautelem-se comogo, que nesta luta levo vantagem, sendo touro de signo! Como tal, é pressuposto ostentar um par de poderosos chifres.

04 fevereiro, 2010 09:23  
Anonymous Anónimo said...

Certamente todos temos, menos eu!...
Já nem sei de nada, melhor dizendo. " Só sei que nada sei "
Este mundo é dos espertos e não adianta bradarem aos céus, porque os SANTOS , já não são o que eram.

04 fevereiro, 2010 11:46  

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