Nome:
Localização: aaacarmelitas@gmail.com, Portugal

14 de outubro de 2011



NOVO ESPAÇO DE DIÁLOGO


Foi criado um novo espaço dedicado exclusivamente ao diálogo entre antigos alunos carmelitas e não só.
Para os que desejarem optar por este novo espaço para desenvolver o seu pensamento e dialogar com outras pessoas, aqui vai o seu endereço:


Felicidades para todos os
visitantes


112 Comments:

Blogger Anonimus said...

Eu rendo-me,destino insistente!
Entrego a minha vida de sonhos
Ao teu caminhar persistente.

Curvo-me à tua cruel valentia,
Que minou as minhas forças,
Noite após noite, dia após dia.

Seguirei os traços da tua escrita
Por mais que meus olhos rejeitem
Ou perturbem minh'alma aflita.

Eu entrego-me,desígnio malvado!
Se prometeres ser complacente
Prometo deixar os desejos de lado.

Mas se o remorso bater à tua porta,
Quero o meu livre arbítrio de volta,
Mesmo que tarde, pouco me importa.

Um pouco da vida ainda vai me restar
Para amar, sentir, ouvir e sonhar.

15 outubro, 2011 09:36  
Blogger Anonimus said...

Este comentário foi removido pelo autor.

15 outubro, 2011 09:36  
Anonymous Mário Neiva said...

Penso que "encaixa" um pouco com o livre arbitrio e o sonho do Sr Perfeição. E então aqui fica a postagem que acabo de deixar no meu blog Laje Negra.

"Um ponto de vista resulta, necessariamente, de uma análise, nem que seja de uma primeirissima análise, a que vulgarmente chamamos "primeira impressão". Não cavemos, pois, entre ambos um sulco divisório.
Quando dizes que "o ponto de vista sugere uma alternativa", estás muito certo. Acontece é que, quando falamos de realidades tão fundamentais como a nossa própria existência, a vida ou a morte, a alternativa ao "nosso humano ponto de vista" é uma ilusão, uma "jogo de palavras", caindo, como diz Luc Ferry, "pesadamente na metafísica".
Retomando a ideia subjacente ao post anterior, julgar que é verdadeiro um ponto de vista alternativo ao limitado ponto de vista da nossa humana condição, é ter a ilusão que se derruba a muralha onde permanece encerrada a nossa existência.
A lucidez da mente consciente, tanto quando aceita a limitação do seu ponto de vista, que é todo o conhecimento humano acumulado, como quando aceita a realidade inelutável da morte, faz-lhe compreender que tem apenas uma forma de romper o cerco: criar o futuro das suas capacidades, as que já tem e as que vier a desenvolver, consciente de que, se não pode alterar o passado do seu "nascimento" (um certo e incerto desígnio), pode escolher o definitivo que será o seu, tanto como indivíduo como espécie.
Habitualmente chamaríamos a isto "contrariar o destino". Chamar-lhe-ei "contrariar o desígnio".
Apetece-me dizer, de uma forma grandiloquente: nunca o homem esteve tão ciente da sua limitação e da sua liberdade.
Paradoxal? É como somos.

E bastou-lhe, para tanto, a humildade e o realismo de contentar-se com o seu ponto de vista. "Imanente", dirá o filósofo.

A única abertura à transcendência é o olhar sobre o futuro por construir. E nunca esquecer que este "olhar sobre o futuro" é, para o individuo, não mais que o horizonte de uma vida. Já para a espécie, até pode ser a eternidade...
Quem quiser fazer drama sobre a sua individualidade tão curta, faça. Arranque os cabelos, esgadanhe-se todo ou fuja para um convento. Fique sabendo, porém, que perdeu a oportunidade de construir um desígnio para si e um desígnio para a sua espécie, limitando-se a ser "a vontade e o desígnio dos deuses"...

15 outubro, 2011 10:20  
Anonymous FO said...

Cabelos soltos ao vento,
Percorri a praia inteira,
Sem ouvir nenhum lamento,
Descansei á tua beira.

Corria a brisa bem quente,
Enquanto eu descansava,
Sentindo murmúrio da gente,
Que por perto ali passava.

De repente eu lembrei,
Dos tempos de antigamente
Que muitos anos sonhei,
Sempre assim, mui paciente.

Aqui deixo o meu abraço,
Aos companheiros antigos,
Pois só deste modo o faço,
Meus caros e bons amigos.

15 outubro, 2011 12:59  
Anonymous Anónimo said...

Este género de comments é que deveria ir para o novo blog que tem como fim o diálogo permanente entre os participantes. O novo espaço de diálogo de que se fala é o novo blog e não este post... Mas façam como desejem..... a.m.c.

15 outubro, 2011 15:18  
Anonymous Anónimo said...

Comentário, no meu blog Laje Negra, a um amigo budista.

"Exactamente como concluis, embora em forma de pergunta: "Há aqui um desprendimento que não é total...será a justa medida?".
E o "caminho do meio", acrescentaria eu.
O desapego "total" corresponderia ao aniquilamento. E o Luc Ferry que acabei de ler, filósofo compatriota do teu Matthieu Ricard, afirma, neste sentido, que nenhum "buda" atingiu o "ideal" do desapego.
Equivale a dizer que nenhum se "suicidou". Naturalmente, como assinalei no comentário anterior, foi "assassinado" na desconstrução irremediável da estrutura "corpo-cérebro".
Irremediável velhice e morte. Infelicidade suprema e primeiro motivo de sofrimento, tão profundamente intuido pelo budismo. Nesse sentido diriamos que o budismo, com a sua ascese de desapego, é uma sublime luta contra a "decompsição" fatal do "eu". Como quem murmura para si próprio: "quando me apanhares, desgraçada morte, eu já cá não estarei".
Mas "está", porque o "desprendimento não é total", como concluis. E eu acrescento que está inteiramente, enquanto lucidamente consciente no corpo-cérebro que o produz e sustenta.
E foi precisamente esta lucidez sobre um "eu" que teimosamente persiste no incompleto desapego, que gerou uma nova forma e defintiva forma de apego no budismo que foi fazendo história: o convencimento da imortalidade do "eu", agora diluido na universalidade do TODO.
Tal como o cristianismo (pela ressurreição) sonhou com a imortalidade divina.A diferença é que o cristianismo preserva o integralidade do "eu", acreditando na loucura da reconstrução/transformaçâo prodigiosa do "corpo-cérebro" a que chama "ressurreição da carne". Prodigio divino, evidentemente, obra do mesmo Deus autor da "primeirissima" existencia.
Claro que eu preferiria mil vezes poder apertar-te os ossos na eternidade, a ser um eu-gota-inerte colada a ti num infinito oceano (impessoal).
Quer-se dizer, o problema começa e acaba na mente"

17 outubro, 2011 09:16  
Anonymous Mário Neiva said...

saiu anónimo em vez de Mário Neiva

17 outubro, 2011 09:17  
Blogger Anonimus said...

Depois de ler Jorge Dias, lembrei-me que há sempre uma melhor forma de executar as nossas tarefas diárias; no trabalho, na escola, no clube, na convivência com os amigos e parentes que são a humanidade com a qual temos contactos todos os dias.
O pensamento de fazer melhor é uma forma de sair da rotina e aperfeiçoar a pessoa que somos. Não se trata de procurar ser ou fazer melhor que os outros, senão aperfeiçoar a nossa própria pessoa, começando por aperfeiçoar aquilo que fazemos repetidamente para que a vida não se torne monótona e cansativa.
Fazer tudo sempre da mesma maneira, sem nenhuma variação ou renovação, faz fracassar a capacidade de iniciativa da inteligência submergindo a pessoa no marasmo do tédio e na desconfortável sensação de inutilidade.
Ao agir mecanicamente, rotineiramente, não se pensa no que se faz; vive-se distraída e esquecidamente. É necessário criar o hábito de pensar, ou seja, aperfeiçoar tudo o que se faz e colocar novas actividades e novos estímulos na vida.
Não sejamos como Sísifo, o trágico herói mitológico condenado a realizar por toda a eternidade um trabalho inútil e sem esperança.
Ao procurar fazer melhor, vamos aprendendo a gostar do que fazemos que, de certa forma, é uma das maneiras de viver bem e ser feliz.

20 outubro, 2011 21:40  
Blogger Evaristo said...

Evaristo Domingues publicou uma foto no Mural de Carmelitas Santo Elias.
D. Nuno Álvares Pereira foi canonizado como São Nuno de Santa Maria pelo papa Bento XVI às 9h 33min (hora de Portugal) de 26 de Abril de 2009. É o Padroeiro dos Escuteiros Católicos de Portugal (Corpo Nacional de Escutas).
A Conferência Episcopal Portuguesa, em nota pastoral sobre a canonização de Nuno de Santa Maria, declarou: "(…) o testemunho de vida de D. Nuno constituirá uma força de mudança em favor da justiça e da fraternidade, da promoção de estilos de vida mais sóbrios e solidários e de iniciativas de partilha de bens. Será também apelo a uma cidadania exemplarmente vivida e um forte convite à dignificação da vida política como expressão de melhor humanismo ao serviço do bem comum.
Os Bispos de Portugal propõem, portanto, aos homens e mulheres de hoje o exemplo da vida de Nuno Álvares Pereira, pautada pelos valores evangélicos, orientada pelo maior bem de todos, disponível para lutar pelos superiores interesses da Pátria, solícita por servir os mais desprotegidos e pobres. Assim seremos parte activa na construção de uma sociedade mais justa e fraterna que todos desejamos. Dia 6 de Novembro a igreja celebra o dia se S. Nuno o Santo Carmelita de Portugal.

07 novembro, 2011 07:08  
Anonymous Anónimo said...

Eu sabia que isto ia acontecer, mais dia menos dia. As tiradas ofensivas de alguns "intrusos", a falta de categoria de alguns escribas que por aqui apareceram,a elevação deste sítio, muitas vezes, a oratório público,a insistência em "postagens" filosóficas e/ou teológicas; em suma, a discussão do sexo dos anjos, etc, etc,consumiu a paciência de outros que viam neste meio uma forma de aproximação a ex-colegas e uma maneira sadia de reviver tempos antigos no Seminário Carmelita.
Sina dos tempos: a crise também chegou aqui.
Cumprimentos

12 janeiro, 2012 23:07  
Blogger Evaristo Domingues said...

Isto é o que se chama o profeta da desgraça, igual a si mesmo e pior que muitos dos que acaba de classificar, porque não se identifica. Tens vergonha? Esta coletividade não tem sarna, criticas construtivas são bem vindas.
E porquê?
Não salvou ninguém, temos as tiradas ofensivas de alguns intrusos, serão os anónimos? A falta de categoria de alguns escribas. O oratório público,as postagens filosóficas e teológicas.
Tudo bem meu caro colega com esta razia ninguém se safa, e como ninguém se safa apresenta o teu modelo, sei humildemente que também me incluis pois também por aqui passo, sei se que não tenho categoria como tu dizes, para meu azar este governo já não deixa me ir para as " velhas oportunidades".

Enfim as tuas intervenções são bem vindas, fico triste estar aqui a falar para o boneco,pois o contributo para falência deste blog é de muitos como tu que mandam as farpas sem darem a cara. A quem é que retribuímos os cumprimentos ... Deus te ajude . rsrsrsrsrs

13 janeiro, 2012 14:54  
Anonymous Mário Neiva said...

Já agora, mesmo sem lhe pedir e muito menos exigir que deixe o anonimato, quais foram, colega anónimo, as suas contribuições para que o blog não fosse apenas composto pelos temas e "entradas" que referiu?
Mesmo os que "ofenderam", marcaram presença e só quem nâo aparece de jeito nenhum é que está morto. O blog continua a ser bem visitado e continuará a ter a presença dos que se sentem irmanados e querem manifestá-lo desta forma lendo ou escrevendo.
Só tenho pena que este formato não seja o desejável, havendo colegas que se vêem às aranhas para saber onde calham os comentários. Não sei se o Augusto ainda pode dar um jeito nisto.

13 janeiro, 2012 17:10  
Anonymous António Costa said...

Não vamos atirar culpas para todos os lados da pouca afluência de "comentários, desabafos" e outros que tais, porque todos temos responsabilidades da "pobreza" do blog, mas vendo bem as coisas até nem está tão pobre assim, porque como muito bem referiu o Mário Neiva, as presenças são reais, o que podem é ser silenciosas, mas essas também valem.

Vocês não me digam que durante esta quadra natalícia não houve assim nada que se tivesse passado que originasse uma boca, ou uma tirada mais "humorística" etc. De certeza que o Emídio, lá de cima de Mirandela deve ter alguma anedota para contar. Ó Emídio conta aí uma daquelas com "pimenta ou piripiri".
Para todos um BOM ANO!!!

13 janeiro, 2012 22:05  
Anonymous Anónimo said...

Eu bem digo: isto não ata nem desata. Como diz o ditado: "muita parra e pouca uva".
Cá para mim penso que esgotaram todas as reservas de comunicação com dignidade...

18 janeiro, 2012 18:58  
Anonymous Mário Neiva said...

Pois então, meu caro colega anónimo, enquanto nem ata nem desata, vai tentando desatar o nó cego com que o Pe Anselmo Borges, teólogo e filósofo, atou o trunfalismo moral fácil de imensos crentes:

"É necessario reconhcer que a religião foi muitas vezes, para muita gente, causa de desgraça, de infelicidade, tortura física e interior: pense-se no envenenamento da vida causado pelo pânico do inferno, pense-se nas múltiplas formas inquisitoriais, nas guerras do tipo religioso, na queima das bruxas, nos traumas sexuais...E são frequentemente os ateus que mostram ao crente que o deus em nome do qual se humilhou, se torturou e escravizou,não é Deus. É apenas um ídolo que os seres humanos criam para satisfazer as suas loucuras, afugentar os seus medos e legitimar a sua ânsia de dominação. Uma religião que conduz à menoridade mental, que escraviza, que faz andar de rastos, das duas uma: ou é uma religião falsa ou é uma religião que os crentes interpretam mal. A razão é simples: Deus tem de ser, pelo menos, melhor do que nós, seres humanos. Ora um ser humano sadio não pode querer a menoridade de ninguém, não pode tolerar a humilhação, a injustiça, a escravatura, a indignidade...Se o crente, pelo facto de o ser, não se sente mais humano, mais livre, mais digno, mais fraterno, com uma obrigação acerscentada de lutar por mais humanidade, por mais dignidade, por mais liberdade, por mais fraternidade, por mais alegria, só tem uma coisa a fazer, e o mais depressa possivel: DEIXE DE ACREDITAR. (sublinhado meu)
Precisamente nisto, os ateus vêem mais claro que os próprios crentes". (in "Deus e o Sentido da Existência", edições Gradiva)

Este sacerdote ainda acaba excomungado!

19 janeiro, 2012 09:50  
Anonymous Mário Neiva said...

Em complemeto

A falta de consideração, para dizer o mínimo, pela dignidade do ser humano, está a ser vertida, constantemente, nas instituições ditas democráticas. Jé nem falo das ditaduras. No entando, nós assistimos, por parte daqueles que têm constantemente na boca a defesa da dignidade humana, ao silencio medonho perante a imposição da lei do mais forte, do mais apto, do mais capaz, do mais esperto. Os falsos moralistas,transformados em execráveis pregadores da dignidade humana, não querem saber da profundissima distorção das oportunidades que nos pode acontecer ao nascer ou resultar da socialização ou falta dela, no meio em que calhou vermos a luz do dia. Pretendem nivelar todos pela bitola da sua moral, que quase sempre é a da condiçâo privilegiada que lhes calhou em genética e meio social.
A solidariedade é esquecida por quem se julga que "é mais" que os outros. Esquece que o seu maior talento e aptidão nâo sâo mérito seu. São sorte de nascimento. A solidariedade humana obrigaria a uma ética em que o que mais produz, por ser mais capaz e mais apto, não recebesse nem mais um "talento" em remuneraçâo, que o seu irmâo de trabalho que com todo o esforço nem dele se consegue aproximar em rentabilidade.

Eu sei que isto é tão louco como Paulo de Tarso pregar a ressurreição dos mortos, no Areópago de Atenas, aos sábios gregos. Estes mandaram-no pregar para outra freguesia. Podem fazer-me outro tanto. Mas eu não vou.

Disto os moralistas e os "democratas" não querem saber.
E depois ficamos todos indignados porque Cristiano Ronaldo ou Messi ganham mais num minuto que um idoso pensionista recebe num ano inteiro. Depois mostramos uma falsa indignação porque um qualquer catroga milionriamente reformado ainda vai ganhar uma fortuna anual para não fazer outra coisa que exercer algumas influencias a favor de quem o fez chafurdar em em dinheiro...

O discurso do Pe Anselmo Borges é para estas situações práticas e não para entreter as mentes com considerações fúteis. Pena que o mesmo Pe Anselmo não fale das "instituições" carregadas de desumanidade em que tropeça cada vez que abre os olhos. É que, assim, ninguém percebe onde ele quer chegar.
Tem receio de ser ridicularizado como foi Paulo de Tarso em Atenas?

19 janeiro, 2012 10:43  
Anonymous Emídio Januário said...

Muito bem, Mário!
Só há uma coisa que não percebi: Que é que o Paulo de Tarso foi fazer a Atenas numa altura destas?
Então ele não sabia que anda por lá tudo à sarrabulhada por causa da Troika?
Um abraço.
EJ

19 janeiro, 2012 11:52  
Anonymous Mário Neiva said...

Meu caro Emidio, companheiro de hoje e lembrança saudosa da nossa Falperra; só mesmo tu para me fazer soltar uma sonora gargalhada pela associação brincalhona de tempos tâo distantes.
Se conseguir chegar lá acima, sem escadote, retribuo-te o abraço, no próximo encontro anual da AAAcarmelitas.

19 janeiro, 2012 14:00  
Anonymous António Costa said...

"...Ora um ser humano sadio não pode querer a menoridade de ninguém, não pode tolerar a humilhação,a injustiça, a escravatura, a indignidade... Se o crente, pelo facto de o ser, não se sente mais humano, mais livre, mais digno, mais fraterno, com uma obrigação acrescida de lutar por mais humanidade, mais dignidade... só tem uma coisa a fazer:deixe de acreditar.Precisamente nisto os ateus vêem mais claro que os próprios crentes"(Por outras palavras, dito por outros moralistas, estes são os mais espertos).
Palavras sábias proferidas por este grande filósofo e teólogo; mas esse dito ser humano SADIO(agora o sublinhado é meu) estará "sadio" enquanto continuar a adorar o seu deus, espezinhando, colocando a guilhotina sobre as cabeças dos escravos, fazendo "inferno"..., mas eu, como sou um pouco()não tanto como o amigo Mário) optimista, e acredito noutro paradigma, a história há-de escrever-se ao contrário: os vencedores de hoje, serão os vencidos de amanhã...

Quanto a solidariedade...tenho cá as minhas reservas.A não ser que que haja uma grande revolução também na nossa maneira de ser e de agir, uma das origens desta situação crítica.Antes de alguém ser solidário, tem que ser justo e... onde pára a justiça? Alguém a cumpre? Como disse o bispo português mais novo"Tem que haver uma conversão permanente".
Parafraseando o Emídio, o Paulo de Tarso com esta sarrabulhada toda na Grécia, Portugal e outras províncias do reinado de Sarkomerk, não sei se teria PODER para os=nos RESSUSCITAR=(RECONVERTER!!!)

19 janeiro, 2012 23:02  
Anonymous Emídio Januário said...

1ª parte
Olá, minha gente.
Não tem sido grande o tempo de que disponho para entrar em contacto convosco. É que, além de ter andado perdido a pôr comentários no “magusto”, também chegou o tempo da azeitona, que, felizmente, já passou. E andar um dia inteiro agarrado a uma vara ou às lonas, com os pés molhados e o frio a gelar as mãos e as orelhas, não é nada agradável, pelo que, quando chegava a casa, o que mais queria era aquecer-me à lareira (recuperador) que tenho em casa, jantar e enfiar-me na cama para no dia a seguir retomar a mesma rotina. Felizmente havia a merenda e nessa, garanto-vos, todos nós dávamos o nosso máximo esforço.
Ajudamo-nos uns aos outros e lá nos vamos sacrificando até termos o serviço todo feito, quer o meu quer o dos meus colegas. Felizmente que o nosso Presidente da Câmara se lembrou de fazer a feira uma vez por semana, e assim, às quintas feiras, suspendemos o trabalho e lá vamos nós à feira, nem que seja só para comermos o rancho todos juntos. Mas não é só o rancho: temos que descortinar um motivo para às 9H00 já estarmos a matar o bicho. E, ou é o nosso neto(a) que faz ou fez anos, ou o nosso tio, ou a nossa mulher, irmão, sobrinho, etc. Se formos nós a fazer anos e calhar fora do dia de feira, então é feriado. Mas também comemoramos o dia em que o nosso(a) avô(ó), se fosse vivo, faria 120 ou 130 anos! Tudo serve, assim como a data do nascimento do sogro ou da sogra.
Mas a que propósito vem isto? É para vos dizer que não tenho acompanhado o Blog. Ontem , contudo, arranjei um pouco de tempo e vim ver o que se está a passar, e de facto notei que, tal como eu, muitos de vós, escribas, também tendes tido muito trabalho e também não arranjastes tempo para mostrardes a vossa “falta de categoria”, parafraseando o nosso mui ilustre e digníssimo anónimo, excepção, claro, para o Evaristo, Neiva, Costa, e Sr. Perfeição.
Pois só ontem vi o comentário do dia 13 de Janeiro do Costa. E decidi que hoje escreveria qualquer coisa. Quando fui para fazer tal, estava eu ao computador do Núcleo de Mirandela da Liga dos Combatentes, dei com o comentário do Neiva, pelo que, como não podia deixar de ser, o li atentamente, dei a minha opinião e coloquei-lhe a minha dúvida! Por isso só agora estou em condições de responder ao nosso amigo Costa.
E começo por dizer que me sinto mais como humorista do que como contador de anedotas. Para mim, a anedota é como uma “jaculatória”: rápida, directa, com efeitos imediatos, mas de pouco valor tal como a jaculatória, que dá só um ou dois dias de indulgência. Já o humor contado, escrito e prolongado, dá mais que pensar e saboreia-se mais intensamente. Vive-se a acção em cada frase e momento. No final a piada é muito mais fina e normalmente apreciada, já que às vezes dá para corrigir qualquer defeito ou situação burlesca a que se refira. Pode equiparar-se a uma oração prefabricada e decorada, de palavras muito bonitas, que, depois de pronunciada com os lábios, mesmo que não se perceba, dá muitos mais dias de indulgência.
Por isso gosto mais do humor em contos do que na simples anedota.
Como infelizmente não tenho nada para contar, vou apenas recordar mais um episódio com piada que se passou na Falperra: “A independência da Falperra”. Quem se lembra ainda deste episódio? Estou convencido que o Costa se lembra.

19 janeiro, 2012 23:07  
Anonymous Emídio Januário said...

2ª parte

Ele aqui vai, para ser recordado por quem o viveu, e para conhecimento daqueles que não assistiram nem dele tiveram conhecimento.
Então foi assim:
Houve necessidade de remodelar a cozinha do Seminário. Lembro-me que era um ou dois degraus inferior ao corredor que, passando ao lado da sala de estudo, ligava a cozinha ao refeitório. Por isso os nossos superiores mandaram vir uma camioneta ou duas de pedras. Não aquelas pedras normais que há nos campos ou pedreiras, mas sim aquelas pedras arredondadas e lisas que se tiram das margens dos rios, e a que aqui na nossa zona de Trás-os-Montes chamamos de “jógas”.
Pois ali estava, amontoado lá fora em frente à cozinha, aquele montão de pedras reboludas. E toda a gente (se é que éramos gente), se questionava e indagava para que seria aquilo! Ninguém sabia. Mas eu, como não podia deixar de ser, puxei da imaginação e disse, alto e bom som, mais ou menos o seguinte:
-“ É que vamos tornar a Falperra independente e aquilo são as munições que vamos utilizar!”. E nunca mais falei no assunto.
Palavras que não fossem ditas: a coisa pegou e espalhou-se entre todos. E já só se ouvia: “Vamos tornar a Falperra independente”.
Azaradamente naquele dia era 4ª ou 5ª, não sei bem qual, dia em que tínhamos o recreio grande e saímos lá fora para passeio até à Stª Marta, não sei se dos leões se das cortiças. E lá ía o pessoal mais pequeno com a lenga-lenga de que íamos tornar a Falperra independente, mesmo na presença de pessoal estranho ao Seminário.
Resultado: Ao jantar, o Padre Reitor, todo chateado, lá nos pregou um valente sermão por causa disto.
E fez muito bem, pois, se tínhamos tornado a Falperra independente, hoje estávamos a braços com a crise e a aturar a Troika, e quem sabe qual de nós seria hoje o Primeiro Ministro para, com este problema, dormir ainda menos do que dormíamos naquele tempo em que às 6 menos um quarto já estávamos a saltar da cama para fora!
Um abraço.
Emídio Januário

19 janeiro, 2012 23:09  
Anonymous Mário Neiva said...

Não me lembro, Emidio, dessa história da independencia, mas ainda bem que a coisa não foi avante, pois podia dar-se o caso de um qualquer Zé do Telhado vir a ser alçado a Presidente da novíssima República Ibérica ou seu PM...

E por estarmos para aqui a falar nestas coisas, em face da crescente miséria ética e intelectual dos eleitos para a Presidência da República lusa, estou em vias de me tornar um monárquico de alma e coração. Duarte Pio não prima pela inteligência, mas eu confiava-lhe a minha carteira como se confia em Deus.
A restauraçâo da monarquia significa o rencontrro com as nossa raizes. Mas, sobretudo, representava uma bofetada nestes republicanos pretensamente solidários com a "plebe" e que têm sido o desmentido vivo e pungente de uma irmanação com o povo.
Estamos a acumular a um canto dourado desta triste e mentirosa república uma mão-cheia de presidentes com regalias principescas, que fariam dar voltas ao estômago dos humildes, quase-pobres, primeiros e idealistas persidentes da república.
Já quase toda a "plebe" percebeu que uma Casa Real com oitocentos anos de História nos representaria muito melhor e muito mais em conta, que esta verdadeira nova casta de presidentes e ex-presidentes. Porque está hoje patente perante todos os portugueses que eles apenas se representama si próprios, não se coibindo de mentir despudoradamente. E se este último que está no activo mente sem vergonha, aquele que eu em tempos apoiei incondicionalmente, Ramalho Eanes, foi o presidenre da Comissão de Hora da sua recente candidatura para o segundo mandato. Portanto, iso está tudo ligado.
Para mim, no futuro e para sempre: viva El-Rei de Portugal.

23 janeiro, 2012 09:43  
Anonymous Antonio Costa said...

Já que falámos noutros tempos algo longínquos, hoje quero aqui mesmo apresentar mais uma pequena achega relacionada com o meu regresso às origens, que tem a ver com algumas "minúsculas descobertas" que vou tentando fazer, agora que tenho mais algum tempo... para ir "registando" ...
É que há cerca de 3 meses, ou mais concretamente nos fins do mes de Outubro, nas minhas deambulações por estas viagens virtuais, dei com uma descoberta de uma cruz "gravada numa rocha"(com alguma profundidade-não é uma gravura rupestre,não,)
- já existe há pelo menos cerca de 500 anos(um autêntico monumento nacional) perto da Ponte da Lagoncinha, em Lousado-Famalicão.
Não ´é que eu fiquei com a pulga atrás da orelha (e naquela noite
quase não preguei olho, só de ansiedade, porque na minha infância e início de adolescência aquela cruz e a respectiva rocha
estavam associadas a uma lenda, referindo que naquela local aparecia uma "sereia" ou uma moira(ou moura)./Ó Bessa, essa é que estava em primeiro lugar da lista do Top...ten.../
Mas a principal razão da minha "ansiedade" prendia-se sobretudo porquê a Cruz das Marcas(assim se chamava aquele monumento) fez-me retroceder não aos meus cinco,seis...ou doze anos em que vezes sem conta brincava ao esconde-esconde ou a jogar o pião no largo adjacente a esse pequeno monumento, mas sim à origem daquele local que há mais de quinhentos anos era o centro de uma paróquia que teve o nome de São Bartolomeu de Ervosa.(Aqui faço um parêntesis precisamente para também vos lembrar que quando eu na Falperra referia que era natural de Ervosa(Freguesia de Trofa), logo alguns transmontanos-já não sei precisar quem- dizia:olha, olha, tu és de Ervosa, ou de Ervedosa?; eu retorquia com grande orgulho que era de Ervosa). Como ia dizendo: quando na manhã seguinte cheguei ao local das Cruzes,fiquei surpreendido, por tantas vezes lá ter passado(de carro) ao longo da minha vida e nunca ter reparado no pequeno-grande monumento que alí permanece há centenas de anos, sem qualquer corrosão. Há realmente pequenas estórias que juntas fazem autêntica história.E tem sido para mim um grato prazer o facto de diáriamente dar passos para tentar fazer alguma história nesta grande História da Humanidade.
Mas há mais algumas "estórias", porque a vida continua a surpreender-nos...

24 janeiro, 2012 00:52  
Anonymous Mário Neiva said...

Ó Costa, não investigaste o porquê daquela cruz e naquele lugar? Morreu lá alguém importante, talvez a combater os mouros? Faço estas perguntas porque na minha aldeia de Balugães cada cruz gravada na pedra tinha uma explicação. Havia lá uma, que levou sumiço, quando reconstruiram o muro onde estava encaixada a pedra gravada; e a estória que contavam era a de um soldado francês do exército de Napoleão ter sido ali apanhado e morto. Claro que aquele lugar, situado no caminho da Muliana, começou a ser considerado lugar de de "assombrações" e era preciso tê-los no sítio para arriscar uma passagem a altas horas da noite.
Posso-te garantir que eu, em miúdo, nem com um terço ao pescoço, mais outro em cada mão, aceitaria correr o risco.
Os contos de aparições ou simplesmente de vozes misteriosas vindas do além passavam de boca em boca, nas familias reunidas à lareira nas noites longas e escuras do inverno chuvoso e frio. A trémula e mortiça luz das velas ou das candeias projectava no châp e nas paredes sombras estranhas que mais adensavam um amiente já carregado de mistério.
Cresci entre cruzes e os mistérios que elas sinalizavam. A esta distancia no tempo, a saudade até me faz gostar desses medos e desejar que me aconteça uma assombração, para poder contar aos meus netos...

24 janeiro, 2012 09:44  
Anonymous Antonio Costa said...

Claro que a partir daquele dia tenho procurado saber mais algo sobre a dita cruz, e dentro de dias espero conversar com um historiador que escreveu um livro sobre estas terras de Santo Tirso e que certamente me dará explicações preciosas sobre tão curioso monumento.

24 janeiro, 2012 10:50  
Anonymous Anónimo said...

Pelo que o Evaristo escreveu há dias, o comentário que considerou atingi-lo também terá a minha pessoa na mira, pois não sou muito assíduo na intervenção.
No entanto, para que conste, há já algum tempo que decidi que, em qualquer circunstância, perderei o meu tempo a ler ou comentar directamente trabalhos ou artigos de opinião que não estejam devidamente assinados, salvo raras excepções.
Gosto de contrapor pensamento a conduta e isso apenas será possível conhecendo ambos.
Mesmo que não passe de verborreia sem sentido, acredito que todos têm o direito de se exprimir. Mas, como há muito aprendi, aos direitos contrapõem-se deveres. Dever de respeito da pessoa e do espaço em que se inserem.
Liberdade para todos, mas com responsabilidade. E um comentário anónimo, nos meus parâmetros, fere quer a liberdade, quer a responsabilidade. Porque não assumida a paternidade insere-se na paternidade incógnita, escondida, do "morde e fuge" como se diz na minha terra.
Vamos lá a ser cidadãos de corpo inteiro!
Vem isto a propósito das denúncias anónimas que muitos cidadãos fazem às autoridades, normalmente ou, pelo menos, em muitos casos, de gente que tem inveja dos vizinhos e procuram assim criar-lhe dificuldades.
Recebi muitas ao longo da vida e o destino normal, quando não identificadas, era o arquivo cesto, a menos que estivessem em causa grandes valores e presumisse que era legítimo aos seus autores escudarem-se no anonimato com medo de represálias.
Muitos dos que, pessoalmente, me quiseram denunciar qualquer situação, quando lhes contrapunha que a denúncia apenas teria seguimento se assinasse um termo de identificação, recusavam.
É que, se se concluísse que a denúncia não tinha fundamento, o denunciado podia e pode accionar judicialmente o denunciante.
Também estes fugiam à responsabilidade de assinar o que diziam. Sinais dos tempos…

Américo Lino Vinhais

24 janeiro, 2012 23:56  
Anonymous Antonio Costa said...

SERÁ PRECISO A L G U É M CAIR ABAIXO DO CAVALO PARA SE MUDAR O MUNDO???

Termina hoje a já há muito programada Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos.
Estes dias , em Lisboa, José Luis Fontes, um dos responsáveis pelo Encontro Ecuménico, referiu..." Não podemos anunciar o Mandamento Novo como alicerce da vida quando nós cristãos não somos fiéis a esse Mandamento..."

Esta semana de oração é dedicada em 2012 ao tema"Todos seremos transformados pela vitória de Nosso Senhor Jesus Cristo(tirado de uma frase da carta de Paulo aos Coríntios.Quando convém,(Que lindo sermão)vai-se buscar ali à Bíblia o apóstolo Paulo, o dos gentios, porque gentios...são os Outros.

Será bom lembrar que a questão ecuménica esteve presente logo na intenção de convocar o Concílio Vaticano II por João XXIII,E tambem se deve referir que foi este mesmo papa-teve que ser ele e mais ninguém com coração aberto ao mundo-que criou o Secretariado para a Unidade dos Cristãos em 15.06.1960.Já lá vão mais de cinquenta anos!
E de então para cá? o que fizeram os seus sucessores? Um encontro em Assis, e ...pouco mais.
Em 2012, o que fez Bento XVI?
Sabemos, mais uma vez( para os media ver e anunciar) que juntou alguns representantes de igrejas e comunidades cristãs da capital italiana, para rezar por alguns minutos pela unidade de todos os cristãos.Mas,...só rezar?E no terreno ,que actos concretos,ou que passos e gestos tem havido?
Quantos minutos, horas, dias tem um ano?
Porque se continua a organizar com toda a pompa e circunstância eventos para " cristãos e não cristãos VER"?Será porque se é a UNICA detentora da VERDADE? Porque ..".nós cristãos não somos fieís a esse mandamento", logo não somos verdadeiros cristãos, nem tão pouco somos dignos que nos chamem cristãos, seguidores de Cristo...porque não" seremos transformados pela vitória de N.S.Jesus Cristo..."

25 janeiro, 2012 22:54  
Anonymous Mário Neiva said...

"Transformados"? Que é isso?

Meu caro Costa, o que S.Paulo afirmou e o que anunciava nessas palavras que citas da Carta aos Corintios, é a ressurreição/transformação da Humanidade, não de um grupo em particular, judeus, romanos ou gregos. Contudo, as suas palavras foram re-interpretadas e passaram a significar "transformação dos espiritos". De malígnos, para benígnos.
E nunca mais ninguém se lembrou que a Humanidade é matéria e espirito, ambos de igual modo prometidos à ressurreiçâo/transformação.
Por simples economia ou de prata ou de esforço, alguém decidiu que S.Paulo prometia de mais e começou-se a fazer uma pregação pela metade: transforme-se/ressuscite-se apenas o espirito, que quanto à "carne" depois se verá, quando vier o fim do mundo...
Está um pouco caricaturado, mas foi o que se passou, desde S.Paulo até Bento XVI.

Agora pensa nisto, meu caro Costa: a busca do aperfeiçoamento do espirito, mediante a prática do amor, deve ser encetada na vida presente, começando, nesse aspecto, o cristão a trasformoar-se/ressusciar já nesta vida presente. Tudo bem. E a "carne"? E o corpo? Fica para o dia do Juizo Final? E é possivel separar em dois tempos a ressurreição/transformação da Humanidade?
É aqui que começam os problemas do ser "bom cristão" ou "cristão fiel ao Evangelho".Enquanto não esclarecerem de vez porque se abandonou o Evangelho da Ressurreição para a Humanidade, vai-se perder tempo a falar em ecumenismo e a rezar uns minutos pela unidade dos cristãos, como se judeus, mulçulmanos, budistas e todos os outros não fossem também aquela Humanidade para quem o Evangelho foi anunciado.
Pergunta aí, Costa, como transformar o corpo e o espirito dos Homens?
Mas olha que sermões para a transformação do espirito até já chateia.
Os teólogos e os pregadores vão deixar a exclusividade de tratar do corpo, à ciência e à medicina em particalar? Seria como entregar o espirito a psicólogos e psiquiatras.
Não é tempo de anunciar que a ressurreição começa no bendito "pão" de cada dia? E que nos podemos transformar a nós e ressuscitar os outros que mais precisem?
Quem se lembra de estabelecer a ligaçâo necessaria entre "ressurreição da carne" e providenciar um cada vez melhor "pão" de cada dia à Humanidade?
Não há dúvida que fazer umas rezas, por alguns minutos ou alguns dias, é bem mais fácil. O Dia do Juizo fará o resto.
Será que fará mesmo?

26 janeiro, 2012 16:32  
Anonymous Antonio Costa said...

Mário Neiva:"...Não é tempo de anunciar que a ressurreição começa no bendito"pão" de cada dia?..."
Que bela "ligação" eu estabeleço entre estas tuas palavras e aquelas ditas pelo Pe Lino Maia(o chefe das IPSS)..."Costumo dizer que a Igreja está muito mais no seu espaço QUANDO(o sublinhado maiúsculo é meu) SERVE AS PESSOAS do que quando FAZ LITURGIA.
Quantos (superiores hierárquicos desta mesma Igreja) cumprem este sublime desiderato...?

26 janeiro, 2012 23:09  
Anonymous Emídio Januário said...

Olá, Costa.

Para que se criou o poder político, que até é laico (excepto nos países maometanos), senão para SERVIR AS PESSOAS?

A Igreja faz esse serviço porque o Estado, que é o poder político, o não faz.

Estou certo ou estou errado?

Um abraço

Emídio Januário

29 janeiro, 2012 13:35  
Anonymous Mário said...

Apontaste à mouche, Emidio. É preciso esclarecer o papel de cada instituição. Por mim, penso que o Estado, vai fazendo o seu, mais aldrabice menos aldrabice. Quanto à Igreja Católica, qual é mesmo o seu papel?
A questâo é esta. Voltem aqui.

29 janeiro, 2012 18:28  
Anonymous António Costa said...

Ok,tendes carradas de razão.Só que está visto:Se estamos à espera do Estado, e parece que este Estado não
quer cidadãos neste Estado,poderemos ficar à espera sentados, como diz o povo.Também não concordo muito com o sistema da "caridadezinha.Aqui os pastores terão que tratar das suas ovelhas.Cristo,a certa altura quando reparou que era tarde e que eram já milhares os que o seguiam, resolveu assumir a sua parte de pastor atento que "olha pelas suas ovelhas"(de corpo inteiro,não é verdade?).
Eu bem quereria afastar-me da política, mas não consegui...Por uma vez, deixei de ser um "repórter e analista jornalista".
E já agora, porque este fim-de-semana foi bastante fértil em reflexões, mais uma vez a propósito de análises e propostas sobre alguns temas que temos aqui versado, deleitei-me ao ler mais um artigo de Fr.Bento Domingues que levanta um pequeno véu sobre um ou dois livros que Anselmo Borges acaba de publicar.São eles( estou ansioso por lê-los):Deus e o sentido da Existência e a reedição de Corpos e Transcendência.
O autor deste artigo(Bento
Domingues) pôe em título:" O horizonte e o método de Anselmo Borges foram sempre guiados mais pelas interrogações do que pelas respostas"
B.Domingues diz a dado passo que "Poder-se-á objectar que o cristianismo resulta de uma proposta de salvação- revelada e exercida por "Cristo, com Cristo e em Cristo"-que só pode ser acolhida pela fé, também ela, um dom de Deus.Não se pode esquecer, porém, que se trata de um acontecimento na nossa história e no dinamismo vivido de forma pessoal e comunitária....O ser humano que interroga é também interrogado pela palavra que vem de Deus..."
Entretanto mais à frente diz que "...Se a prática da Teologia, antes do Vaticano II foi muito reprimida, durante o período conciliar, algumas figuras que mais tinham sofrido de suspeiçao e repressão tornaram-se os teólogos mais escutados, dentro e fora dessa magna assembleia do Episcop.Católico.oi sol de pouca dura. Mas , sobretudo, a partir dos anos 80, começou um eclipse da liberdade teológica que está a levar demasiado tempo a passar.às interrogações sucedeu o clima das certezas cegas a propor e a defender.." E depois vêm a " fè e cultura" e " razão e fé"..."tende-se a privilegiar um positivismo bíblico-patrístico com pinceladas literárias e espiritualistas, a que falta o fogo da razão e os dinamismos do Espírito."
e quase a terminar, o articulista faz também uma pergunta:Não será tudo, ao fim e ao cabo, e apesar de todas as maravilhas da modernidade, uma paixão inútil, sem nada de absolutamente Transcendente? Neste mundo, o que resulta é glória nossa e não temos ninguém a quem atribuir os nossos fracassos. Do outro lado do abismo não haverá nenhuma voz que chame por nós?
Esta recente publicação (de Anselmo Borges) ao darem muito que pensar, evitam as respostas apressadas e abrem para o Mistério de Deus como "futuro absoluto" da esperança e do amor".

Apenas uma pequena nota, depois deste magnífico texto de B.Domingues:
Se estes grandes pensadores, após longos estudos destas coisas, estão cheios de perguntas e parece obterem poucas respostas(no campo da fé)teremos todos muito que estudar para podermos aprofundar a grande ciência que é o conhecimento "possível de Deus "(a expressão é minha).
Não foi a Madre Teresa de Calcutá que chegou a "duvidar de Deus"?
Quantas vezes em diversas situações, eu pergunto:Onde estás, Deus? Se existes, não vês o que me(nos)está a acontecer?...

31 janeiro, 2012 01:44  
Anonymous Mário said...

Já aqui citei esse livrinho do Pe Anselomo Borges. Estou na ponta final da leitura. Compra que vale a pena e até só custa doze euros.
Que nós temos mais perguntas que respostas, fartei-me eu de escrever neste bolog e isso até me valeu umas ripeiradas do Jorge Dias, que anda desaparecido; deve ser da crise; a energia está cara e desligou o computador.

31 janeiro, 2012 10:04  
Anonymous Emídio Januário said...

Pois é, Costa. Estou de acordo contigo.
Já lá vão 50 anos sobre o Vaticano II.
E não vejo que a Igreja tenha rectrogredido. Antes pelo contrário.
Se comparardes aquilo que era a n/ Igreja (sim que e sou Católico) antes e o que é hoje, temos que concordar que se evoluiu muito. E a Igreja Católica já não é hoje aquele obscurantismo e repressão que era antigamente...

E, eu muito me engano, ou no aspecto da libertação do homem, a Igreja Católica está à frente da sociedade civil, já que esta nada mais fez que explorar os trabalhadores a favor das multinacionais, enquanto que a igreja já se mostra adversa a estas, coisa que o Estado, que devia estar ao lado da população, não o está a fazer. Quem manda na economia? O Estado? Não. As multinacionais.
É para elas que vai todo o dinheiro!!!

Mudando de assunto: Diz o meu caro e grande amigo Mário Neiva, que o meu caro e grande amigo Jorge Dias , anda desaparecido.
Então lanço um repto aos dois, a quem muito estimo:
- "Não quereis vir os dois a Mirandela, numa Quinta Feira, dia de feira, vir almoçar comigo e com a minha camaradagem?

Fico à vossa espera. Se mais alguém quiser vir, e só avisar.

Um abraço.
Emídio Januário

31 janeiro, 2012 22:44  
Anonymous Anónimo said...

Estou muito satisfeito e agradecido.
Já que para mais não sirvo, ao menos servi para espevitar as hostes...
As minhas desculpas pelo atrevimento.

01 fevereiro, 2012 11:08  
Anonymous Machado said...

"As medidas da troika são duras mas não me deixam surpreso, mas depois descubro que os nossos governantes vão além dos sacrifícios impostos pela troika e fico atónito".


D. Januário Torgal Ferreira, bispo das Forças Armadas

01 fevereiro, 2012 14:22  
Anonymous Anónimo said...

Ó anónimo. Fico satisfeito pelo teu pedido de desculpas!

Quando te encontrar hei-de dar-te um abraço por isso.

E tu se me vires a mim antes, podes fazer o mesmo.

02 fevereiro, 2012 08:13  
Anonymous Anónimo said...

Alegro-me com vocês, meus caros anónimos. Mesmo nada sabendo uns dos outros, nem o triste nome, nâo falhemos o abraço. Anónimo,o abraço, que ninguém dá por nada. Até nós.

02 fevereiro, 2012 10:03  
Anonymous Mário Neiva said...

Meu caro Emidio, vais ter de esperar por Fátima ou pelo Sameiro, os locais sagrados e consagrados dos nosssos encontros, que eu não com vontade nenhuma de me aventurar pelas cercanias geladas de Trás-os-Montes...
Além disso, O Jorge Dias parece ter emudecido de vez (estará doente?)e a gente sem saber a razão, seria aventura a somar a aventura.
De modo que fica assim; os lugares da boa vontade são os mesmos de sempre e os que querem e podem vão continuar a reunir-se, a partilhar os abraços, a mesa, os cânticos e até a alegria da dança, sempre que aparecer um tocador entusiasta como o Arturzinho dos Arcos de Valdevez, ressurreição do nosso Charlot da Falperra.

03 fevereiro, 2012 15:53  
Blogger Augusto said...

Nada como ser anónimo... escreve-se o que vier à cabeça e daí nada resulta... porque o destinatário ou destinatários... simplesmente... nem atenção lhe deram... e, vai daí, quando chegar à beira de São Pedro, não sendo reconhecido, volta pra trás... e, como é anónimo, já não pode voltar porque ninguém sabe quem é... e é que nem pro inferno pode ir, pois o mafarrico só quer gente bem identificada... não vá o diabo tecê-las.....

04 fevereiro, 2012 22:46  
Anonymous Mário Neiva said...

Boa malha, Augusto! Desconhecia essa tua veia humoristica. Por ninha parte, vou-me identificando sempre, para me justificar perante o S.Pedro e desenganar o diabo, que daqui não leva nada,apesar de já não usar o santo escapulário ao pescoço. Enconteri outros caminhos, igualmente estreitos, para rumar ao paraíso...

05 fevereiro, 2012 18:00  
Anonymous Anónimo said...

Pois é, mas se não fossem os anónimos, os "escriturários" do costume estavam a demonstrar terem as teclas do computador enferrujadas...
Até sempre.

05 fevereiro, 2012 18:46  
Anonymous Anónimo said...

Ó anónimo, tu que és esperto e inteligente. Já te mandei um abraço
pela tua atitude. Mas já agora: 2Tu és escriturário de 1ª Classe, ou de 2ª?

Abraço

05 fevereiro, 2012 22:12  
Anonymous Mário said...

Neste tempo de crise económica e financeira generalizada, ninguém pode ficar indiferente ao sofrimento que esta situação acarreta e começar a reflectir nas justiças ou injustiças dos sistemas económicos implementados. E se a maioria nada percebe de economia e se também é verdade que os economistas percebem tudo da economia que lhes covém e aos seus apaniguados, pelo menos não somos nem cegos, nem metecaptos.
O Pe Anselmo Borges, filósofo e teólogo que não é cego nem mentecapto e também não é economista, traz-nos esta informação na qual devemos meditar. Transcrevo do seu livro "Deus e o Sentido da Exisência , pags 86/87 1 edição (Gradiva):
"...aumentam assim, as possibilidades dos investidores e especuladores. O lema é: "demolição do Estado social e desregulação".
" O abismo entre ricos e pobres é cada vez mais fundo no mundo e nos países. Mais de 2,5 mil milhões de pessoas tém de viver com menos de dois dólares por dia, mas há mil milhões em pobreza extrema, pois têm de sobreviver com menos de um dólar.Mais de metade da riqueza mundial está nas mãos de dois por cento da Humanidade. O teólogo José Ignáncio Gonzalez-Faus fez notar recentemente que. enquanto esxistiu ameaça comunista, o sistema capitalista disfarçou e aceitou reformas bastante radicais, como a dos impostos progressivos. No tempo de Nixon, as grandes fortunas norte-americanas chegavam a pagar 70 por centto de impostos; nos anos da queda do Leste comunista e da ascensão de Reagan, chegaram abaixar para uns 28 (!!!) por cento. Hoje, é o que se sabe, concretamente com investimentos em engenharias financeiras mais rentáveis e incontroláveis".

Algumas das maiores fortunas já vieram, eles próprios, dizer que é uma indecência. Mas a rasquice dos políticos que temos escolhido para nos governar é tão miserável que não mexem um dedo para inverter a loucura. E sabem que vamos continuar a votar neles, porque não arranjamos alternativa.
Até quando? Eu digo: enquanto andarmos com a bandeirinha do partido na mão, de comicio em comicio, a dar-lhes a força toda para brincar com as privações dos mais desprotegidos da sociedade.
Uma sociedade não é um club de futebol.

06 fevereiro, 2012 14:46  
Blogger Manuel Bessa said...

Olá AACs. Sou o Manuel Bessa e, neste momento, estou na aula de informática. Isto que estou a escrever é apenas para vos saudar. Estou ansioso por poder participar activamente neste blogue. Prometo nunca o fazer como anónimo, pois sou contra isso. Um abraço a todos.

09 fevereiro, 2012 11:20  
Anonymous Mário Neiva said...

Sê bem-vindo, meu caro Bessa. Vim aqui colocar um tema da minha Laje Negra e deparo com esta agradabilissima surpresa.
Um abraço grande.
E agora, se tiveres pachorra, lê o que trouxe aqui.


A Fábula de Higino e Dawin


Vou citar, do livro do Pe Anselmo Borges (Deus e o Sentido da Existência):

"Numa obra essencial da filosofia do século XX, "Ser e o Tempo", o seu autor, Martin Heidegger retoma a famosa fábula sobre o Cuidado, de Higino, um escravo culto (64 a.c. -16 d.c.)

"Uma vez, ao atravessar um rio, Cuidado viu terra argilosa. Pensativo, tomou um pedaço de barro e começou a moldá-lo.Enquanto contemplava o que tinha feito, apareceu Júpiter. Cuidado pediu-lhe que insuflasse espírito nele, o que Júpiter fez de bom grado. Mas, quando Cuidado quis dar o próprio nome à criatura que havia formado, Júpiter proibiu-lho, exigindo que lhe fosse dado o seu. Enquanto Cuidado e Júpiter discutiam surgiu também a Terra (Tellus) e também ela quis conferir o seu nome à criatura, pois fora ela a dar-lhe um pedaço do seu corpo. Os contendentes invocaram Saturno por juiz. Este tomou a seguinte decisão, que pareceu justa: "Tu, Júpiter, deste-lhe o espírito; por isso receberás de volta o seu espírito por ocasião da sua morte. Tu, Terra, deste-lhe o corpo; por isso, receberás de volta o seu corpo. Mas, como foi Cuidado a ter a ideia de moldar a criatura, ficará ela na sua posse enquanto viver. E, uma vez que há entre vós discussão sobre o nome, chamar-se-á "homo" (Homem), já que foi feita a partir do húmus (Terra)".

Heidegger vê nesta famosa fábula exactamente aquilo que ela pretende transmitir, que é a necessidade, desde a "nascença, de todos os "cuidados" que o homem precisa para sobreviver. O Pe Anselmo chama a atenção para o nome do artesão, "Cuidado", em latim, "cura", e todos os derivados para a nossa língua, que abrangem todo a gama de cuidados e "curativos", que vão da medicina ao afecto, à compaixão, ao amor. Em suma, somos essencialmente "obra do Cuidado".

Ao retomar esta fábula, pretendo focar o contraste com o tema da postagem anterior sobre Darwin, sob dois aspectos.
Primeiro, o pensamento ancestral do criacionismo, presente em todas as narrativas acerca da origem do homem e de todas as outras criaturas, inclusive deuses e deusas. Como sabemos, esta ideia subsiste entre largos extractos da população actual, sendo mesmo a mais aceite.
Segundo, em conexão íntima com esta narrativa do criacionismo surgiu a ideia da dualidade espírito-corpo, com natureza e destinos separados.

O pensamento da "dupla origem" do ser humano determinou o seu destino diferenciado. Estava tudo posto em sossego nesta fé da criação, quando estourou a revolução do evolucionismo, que provocou o tremendo escândalo que se conhece, por contrariar os filósofos e teólogos mais geniais, que vinham sustentando e apontando como a realidade mais nobre da condição humana: o espírito, os seus atributos imortais e as suas sublimes realizações (nestas alturas esquecem-se, quase sempre, as diabólicas maquinações do espírito!).

O debate continua aceso e basta uma atenção mais "cuidada" para perceber que nem a filosofia nem a teologia cederam à evolução, mesmo quando fazem juras em sentido contrário.
Dizem estes filósofos e teólogos (os que aderiram ao evolucionismo) que a diferença entre o homem e os outros seres vivos é "qualitativa" e não uma questão de "grau" na evolução.
Que a diferença é qualitativa, não tenho dúvidas. Mas que essa "qualidade" tem uma origem alheia ao processo evolutivo, já não me parece. E é precisamente neste ponto que se ergue a fronteira entre a ideia do homem como um ser uno e integral e a ideia da dupla substancia, subjacente à fábula de Higino.

É caso para dizer: um pensamento
milenar não desaparece em dois séculos.
Publicada por Mario Neiva em 10:48

09 fevereiro, 2012 12:26  
Anonymous Mário Neiva said...

A um apergunta do Lima Barbosa, nosso antigo condiscipulo, sobre o "cerne" da ressurreição de S.Paulo, respondi deste modo, na Laje Negra:

Depois de tudo o que tenho escrito sobre S.Paulo, mesmo aqui no blog, não vai ser difícil esclarecer-te sobre o cerne da ressurreição de S.Paulo.
Em primeiríssimo lugar convém que tenhas presente que o ateísmo é uma "ideologia" que surgiu com a revolução científica dos séculos XVII e XVIII. Até então, a existência de Deus e sua intervenção directa na História era incontestável e uma evidência. Todos os gigantes do pensamento faziam desembocar o sua sabedoria na transcendência divina. "A Verdade é prerrogativa exclusiva dos deuses", proclamavam os sábios gregos.
Paulo de Tarso "viu" duas intervenções de Deus fundamentais na história humana. A primeira na Criação do Génesis e a segunda na Ressurreição de Jesus Cristo, a cabeça da Humanidade re-criada, ressuscitada ou transformada. Por Jesus Cristo, em Jesus Cristo e com Jesus Cristo, a Primeira Criação, sujeita à corrupção até à ressurreição do mesmo Jesus Cristo, ficará destinada à transformação numa realidade incorruptível.
O facto de S.Paulo ter ficado agarrado à antropologia dos seus antepassados, que não admitia a divisão do homem em espírito e corpo, fez com que a corrupção a ser transformada em incorruptibilidade fosse do homem total e, logicamente, também dos Céus e da Terra que, deste modo, continuavam a ser a natural e condigna morada do homem, tornado incorruptível.
Os evangelhos são um hino a esta ressurreição paulina. Eles anunciam o fim da corrupção da carne, patente em toda a espécie de enfermidades, sendo cada cura milagrosa um sinal da chegada da ressurreição, a nova vida, o novo reino; e um hino ao fim da corrupção do espírito, pelo amor a Deus e ao próximo.

Claro que nada disto se cumpriu como S.Paulo incansável e apaixonadamente anunciara e, então, deram uma grande volta ao Evangelho, da forma que tu e todos conhecemos.
O que afastou dramaticamente os cristãos do evangelho de S.Paulo foi ter-se começado a pregar a ressurreição do espírito, separada da ressurreição da carne. E agora temos isto: pelo amor ao próximo e a Deus vamos ressuscitando o espírito (passando da morte do pecado à vida da graça)e quanto à ressurreição do corpo, isso fica para o "dia do juízo final".

Como podes ver, perdeu-se pelo caminho meio homem, não mais cuidando de vencer as enfermidades da carne com vista a realizar a sua ressurreição, como se foi fazendo em relação ao espírito. Felizmente, nem tudo se perdeu porque, na verdade, o espírito muito se transformou em dois mil anos.
Para os cristãos, para os teólogos e para os filósofos cristãos era muito "normal" que se transformasse o espírito e muito "normal" que se deixasse o "animal do corpo" à sua incurável corrupção!
Mas não foi isto que S.Paulo anunciou. A sua Boa-Nova era tanto a vitória sobre os males do espírito como sobre as enfermidades do corpo, porque o "homem de S.Paulo" é uma realidade indissociável, tanto em vida como na morte.

Tudo isto até é fácil de perceber nas Cartas (autentica) de S.Paulo. Mas se ele fosse levado a sério nos nossos dias, esquecendo o facto do desfasamento no tempo e do modo da "transformação", imagina a revolução que ia acontecer na pastoral cristã, com os pastores e os fiéis a prestarem tanto cuidado à saúde do corpo como à saúde da espírito; considerar cada avanço na medicina um progresso na ressurreição da carne...

Alegarás que os cristãos já fazem a caridade. Pois fazem, mas é com a intenção de salvar a alma. A própria e a dos sem-abrigo. Não dá para disfarçar, meu caro Lima: apenas por ignorância, os cristãos não pensam em ressuscitar a carne dos seus irmãos e a sua, porque isso é tarefa divina e para o dia do Juízo Final.

09 fevereiro, 2012 23:39  
Anonymous Mário Neiva said...

Acreditar e esperar que seja Deus a realizar a obra da "ressurreição da carne" no Dia do Juizo Final, é a forma encapotada de negar, na prática, a fé nessa ressurreição e, consequentemente, negar a realidade da morte do homem. Aliás, a devoção às "alminhas" assenta no pressuposto de que o homem não morre, apenas transita desta vida para a "vida desincarnada" dos espiritos. Na hora de "entregar a alma a Deus" o corpo não conta. O corpo não é o homem-cadáver mas tão sómente o cadáver, pois o homem "propriamente dito" está noutra vida.
O cristianismo evoluiu neste sentido, quando confrontado com a ausência da ressurreição/trasformaçâo anunciada intensamente, sobretudo pela evangelizaçâo de S.Paulo.
Não interessa avaliar se foi bom ou mau este caminho. É uma perda de tempo, porque a História é o que é. Mas convém ter a História sempre presente e respeitá-la tal como ela foi vivida. Não vale adulterar os factos para os harmonizar com o nosso pensamento actual. E digo isto pensando na "ressurreição da carne" dos evangelhos. Ela foi pregada no convencimento da sua iminente concretização, pela força infinita do poder divino, o mesmo poder que estivera presente na Criação do Génesis. Pretender que S.Paulo não pregou aquilo que pregou e que suas palavras tinham um outro sentido, que eram uma metáfora, etc etc, é uma atitude dos teólogos e dos exegetas biblicos que tem de ser fortemente criticada, em prol da verdade e do ressurgimento de uma nova esperança, sustentada numa nova fé.
Foi o que S.Paulo fez em relação à sua fé judaica e é outro tanto que eu estou a fazer em relação à minha fé católica. E é por este motivo que eu tomei S.Paulo como o meu exemplo a seguir. Não sei o que mais admirar nele: se a sua visão genial de um novo messianismo divino para toda a Humanidade, se a coragem para enfrentar tudo e todos, com este evangelho de "escândalo para os judeus e loucura para os gentios".

A minha pergunta é esta: como deveremos viver para transformar a humanidade que somos, sujeita a todas as espécies de morte, numa Humanidade Incorruptivel tanto no corpo como no espírito?

Não foi como S.Paulo sonhou, pensou, acreditou e esperou. Então como será? É sobre isto que temos de reflectir aqui e agora e não refugiar-nos numa pretensa vida desincarnada, que nem Paulo nem os evangelistas pregaram.
Compreendamos de uma vez por todas que o inimigo verdadeiro e derradeiro de S.Paulo era a morte, entendida, sem subterfúgios, como corrupção do corpo e corrupção do espírito."Onde está ó morte a tua vitória", exclama em desafio, seguro da sua fé.
O diabo é que pode bem se considerado uma figura de estilo ou simples eco de crenças antigas, para explicar os tormentos da vida.

Em conclusão eu diria: se queremos a transformação individual do nosso copro e do nosso espirito e a ressurreição da Humanidade, temos de as construir.
Era bem mais fácil, cómodo e "barato" ter o paraíso prontinho, novinho em folha à nossa espera. E a mim apetece-me recordar o ditado popular: "Fia-te na Virgem e não corras

13 fevereiro, 2012 12:15  
Anonymous Mário Neiva said...

(continuação)

Como quem diz: não trates de dar vida ao teu corpo e ao teu espírito e acabarás numa existência cheia de nada. Tua e a dos outros.

13 fevereiro, 2012 12:21  
Anonymous Anto said...

"Viver bem é morrer mal?" ou "Como viveres, assim morrerás?"
ou"... a morte será só uma falência biológica, é a consolação de um destino...?
Porque será que ninguem(a não ser os médicos-e nem todos-) gosta de informar que determinada pessoa faleceu? ou então por meias palavras "...não houve mais nada a fazer..."
Quantas vezes fomos informados destas noticias, e a frase que dizemos é"Não pode ser".Porque é que teve que acontecer isto comigo"
Há médicos que consideram a morte dos pacientes como um fracasso pessoal, pois a divisa deles é (deve ser-infelizmente não são todo-)fazer tudo para que vivam.
(Não sei se é esta a divisa dos nossos responsaveis actuais da saúde.
Voltarei a este tema.

13 fevereiro, 2012 13:53  
Anonymous Mário Neiva said...

E também há quem diga: "Viver é aprender a morrer" .
Eu contraponho, do res-do-chão da minha pouca sabedoria: viver é mesmo aprender a viver. E aprender até ao fim.
O que aconteceu antes e vai acontecer depois, fica por conta do mistério que sempre nos acariciou a mente e nos fez sentir o gosto da liberdade. Fosse tudo tão evidente como a soma de dois mais dois, nada sobrava para o sonho, a magia, a criação, a esperança. E mesmo a fé.
Assim está lindo. Mas se não estivesse, nada poderíamos fazer, porque o começo da jornada não nos pertence.

13 fevereiro, 2012 16:15  
Anonymous Mário said...

Não duvido nada que a retoma do Evangelho da Ressurreição , tal como S.Paulo o anunciou, surja aos olhos dos cristãos de hoje tão louco e escandaloso, como quando Paulo de Tarso o anunciou, tanto aos apóstolos íntimos de Jesus de Nazaré, em Jerusalém , como aos judeus da diáspora e aos "gentios". Este anúncio revolucionário foi interpretado, mais tarde, pelos evangelistas, como a chegada do “Espírito Santo”, que abriu os olhos dos apóstolos a uma nova compreensão do messianismo judaico a que continuavam agarrados, como a todas as tradições e prescrições baseadas na Lei, a Tora.

Como há dois mil anos, voltaria a ouvir-se o espanto, o escândalo e a incredulidade de Nicodemos: "Pode alguém renascer depois de velho"?
Mas porque é que durante dois mil anos esta pergunta de Nicodemos não significou escândalo e incredulidade verdadeiros? Porque os pregadores e os exegetas bíblicos tiveram o cuidado de explicar que a pergunta dizia respeito ao renascimento do espírito e não à ressurreição do homem integral.
Quem quiser persistir no desvio colossal destes dois mil anos de cristianismo, dê um jeito a este "nascer de novo", veja aí a mera conversão do espírito e esqueça, ainda e sempre, o renascimento do corpo.
Ficará de bem com "Roma" e com a "razoabilidade".

Se preferirem a loucura e o escândalo, esqueçam as liturgias de expiação dos pecados e das súplicas; esqueçam o gigantesco embrulho canónico das "leis divinas", a receita de dois mil anos de cristianismo sem corpo. E entrem "de cabeça" na construção em curso da ressurreição do corpo e do espírito. Considerem, nesta perspectiva, a fé de Paulo de Tarso como o pedagogo que, durante dois mil anos, tão silenciosamente como o fermento que leveda a massa, ajudou a renascer a Humanidade. Esclarecidos por uma fé semelhante à de Paulo de Tarso, os cristãos poderiam dar uma "forcinha" extra, desde que compreendessem e aceitassem que a transformação/ressurreição está a realizar-se ao ritmo da História Humana.
É esta a minha postura face à fé católica em que me criei. Tão longe e tão perto do Evangelho de Paulo de Tarso. O meu sonho é o mesmo de Paulo e só a perspectiva é diferente. Com toda a sinceridade afirmo a minha fé na ressurreição da humanidade em corpo e alma, uma tarefa que é nossa, que é a “nossa cruz”, ao mesmo tempo dolorosa e gloriosa, até podermos dizer com Paulo de Tarso que “completamos em nós o que falta à Paixão de Cristo”. E isto não tem nada a ver com pieguices de sacristia, mas com a construção de uma sociedade sã no corpo e no espírito. E, já agora, para todos e não só para os bafejados pela fortuna.

17 fevereiro, 2012 21:12  
Anonymous Mário said...

Poder-se-á objectar que "isto não é ressurreição nenhuma" porque acabamos por morrer do "mesmo modo". Mas tal não é verdade, porque viver em função da transformaçâo do corpo e do espirito vai-nos tornando em pessoas muito diferentes e em sociedades muito diferentes. Apesar da falta de profissão de fé generalizada, nesta ressurreição, nós podemos testemunhar que a humanidade de hoje evoluiu imenso, considerando a sua história multimilenar. Em parto dificil, sem dúvida, traumatizante mesmo, mas sem desfalecimentos. O sucesso de uma geração mede-se pelo sucesso de todas as outras e a satisfação e felicidade pessoal é encontrada quando cada um pode dizer para si mesmo, como Paulo de tarso: "Combati o bom combate".
Na linguagem dos nossos dias costumamos dizer: "sinto-me realizado".
Para além deste empenho da Humanidade pela vida, persiste o enigma maior da própria existência em si mesma. Mas isso não podemos contornar,seja com fé ou sem fé nenhuma.
Mas não há dúvida de que aquilo que temos e somos tem chegado para continuar a viagem.

17 fevereiro, 2012 22:24  
Anonymous Mário Neiva said...

SAIDOS DO CONGELADOR

O novíssimo cardeal D. Manuel Monteiro de Castro considera que o grande problema de Portugal passa pelo “pouco apoio que o Estado dá à família”.

O Governo deveria apoiar mais as famílias, para que a mulher pudesse ficar em casa e “aplicar-se naquilo em que a sua função é essencial, a educação dos filhos”.

Ao Jornal de Notícias, defende “o valor da família e da mulher em casa”. “Um país depende muito, muito das mães, pois é ela que forma os filhos. Não há melhor educadora que a mãe”, considera.

“A mulher deve poder ficar em casa, ou, se trabalhar fora, num horário reduzido, de maneira que possa aplicar-se naquilo em que a sua função é essencial, que é a educação dos filhos”, disse ainda ao Correio da Manhã, declarações semelhantes às do Jornal de Notícias: “Se a mãe tem de trabalhar pela manhã e pela noite e depois chega a casa e o marido quer falar com ela e não tem com quem falar…”

Não disse, mas parece sugerir: “não tem com quem falar, então vai para a tasca ou para as meretrizes”. Na mente do cardeaol instalou-se a ideia de que nós, os homens casados, somos umas cavalgaduras. Amor e educação é só de mãe!!!
Alguém comentou que este cardeal esteve mais de meio século no congelador. Foi congelado no tempo em que nas universidades só havia rapazes (ou quase) e a mulher estava tão confinada ao círculo restrito do lar, que nem direito de voto tinha, quando se tratasse de escolher os governantes dos seus filhos; num tempo em que as mulheres do povo eram “domésticas” e domesticadas e as da classe alta eram dondocas que entregavam os filhos a uma ama-criada até terem idade para serem entregues à educação dos colégios de padres e de freiras.
Estes “pormenores” passaram despercebidos ao atento cardeal.

Claro que também não lhe passou pela cabeça perguntar às mulheres de hoje se era mesmo isso que elas pensavam e queriam (ficar em casa) porque, no tempo em que foi congelado, quem pensava e decidia era o “cabeça de casal”.

São assim quase todos os “Príncipes da Igreja” (vulgo, cardeais): Descongelados do passado.



Sem gosto nenhum por escrever este comentário. Mas tem de ser.

19 fevereiro, 2012 17:51  
Anonymous Anónimo said...

Tens razão. O topo eclesiástico sofre de um conservadorismo atroz. Não se compreende que homens com tantos anos de vida, tanto estudo feito, tantas opiniões ouvidas e discutidas na praça pública, ainda tenham a "coragem" de "botar" cá para fora, disparates desta natureza. Haja pachorra... e duquem-se os cardeais...
Até à próxima.

19 fevereiro, 2012 19:22  
Anonymous Anónimo said...

...esclarecendo: haja pachorra e eduquem-se os cardeais...

19 fevereiro, 2012 19:24  
Anonymous Antonio Costa said...

Transmissão de pensamento, amigos Mário Neiva e outros que estais "voando pelas estradas da nova comunicação"...Mas o contrário não é o mesmo o que este "Alto dignitário" anda "por aqui"( esta nossa terra) a fazer, porque de facto deve estar ainda na "arca frigorífica".Aliás não é por acaso que este cardeal é "responsável" pelo dicastério referente à :::Penitencia..." Terá sido ele que (obedecendo ao seu chefe hierárquico) terá ordenado a "ressurreição dos confessionários"????É que após o termo do Concílio Vaticano II, as novas igrejas que se construiram "não tinham lugar" para os ditos confessionários e poucas eram as igrejas antigas que ostentavam aqueles "museus"(Quase sem se dar por isso, os mesmos talvez tivessem sido retirados..(?).)
Ontem, por coincidência , ou não, Bento XVI exortou os seus "novos pupilos" a não pensarem(?) no poder,blá, blá, blá. Então não serão estes 22 e mais uma centena e tal,que "escolherão"(?) o próximo papa????(Vocês não sonhem no poder, oK?, porque o mesmo é só para um,ok?)
(Mas não é o Espírito Santo que vai soprar sobre os "principes da Igreja e escolher de entre eles o mais Santo= Perfeito para depois se chamar Santo Padre?)

Em sentido contrário, alguns(muito poucos)novos "purpurados" vão lançando alfinetadas a ver se conseguem "meter lanças em África" mas tenho pouca esperança porque o "campo está demasiado minado".

20 fevereiro, 2012 00:17  
Anonymous Anónimo said...

Estava a ver que não dava com o ninho de vespões, para apreciar as alfinetadas que são aplicadas a esses asnos que pararam no tempo, como se ainda estivessemos no tempo das batinas e das preces fingidas, enquanto o próximo ia esticando o pernil, mas caladinhos! Agora pode-se falar, mas estica-se o pernil na mesma!...Vá o diabo entender essa passagem terrena, cada vez mais degradante e tortuosa.
Obrigado Neiva, pois estava a ver que não dava com os vossos escritos.

22 fevereiro, 2012 15:44  
Anonymous Mário Neiva said...

A propósito do que "sobra de nós" depois da morte, em diálogo com o meu amigo Luis, na Laje Negra:


Carl Sagan, a morte e a ressurreição

Sagan foi um dos homens que ajudou como poucos a desmistificar o mundo de "anjos e demónios", as histórias dos contactos extra-terrestres, a falácia dos poderes extra-sensoriais. Começou por levar tudo muito a sério para depois demolir os falsos fundamentos. Com a "honestidade intelectual" de que falas. E sem raivas. Tomei-o como um modelo inspirador. Custou-me vê-lo partir tão cedo.
O "resto" que dele sobrou, irredutível à sua matéria, está em nós, que o lemos e amamos, e corporalizado na obra que nos legou. Mas a subjectividade para a continuada intercomunicação e crescimento desapareceu com a desintegração do “edifício biológico”, o corpo-cérebro.
Consciente desta realidade inelutável, a minha aposta vai na preservação deste "edifício biológico" e na optimização das suas potencialidades. Eu substituo a palavra de S. Paulo "ressurreição" por transformação; e a intervenção divina directa e prodigiosa pelo humaníssimo milagre das ciências, da criatividade e do amor humanos, alicerçando aí a minha esperança. E depois é só reparar no esforço gigantesco da humanidade a fazer exactamente esse caminho, socorrendo-se de todas as formas de fé e de esperança para conseguir viver mais, viver melhor e mais feliz.
Adivinho aquele convencimento e consolo íntimo: mais um dia, mais um pouco de felicidade, um novo conhecimento, uma nova descoberta, um sentimento profundo. Sentindo e rezando como escreveu o poeta: "tudo vale a pena, se alma não é pequena".

Quem acha pouco, é porque deve estar a deixar passar a vida ao lado, por atrofiamento físico ou espiritual. Ou os dois ao mesmo tempo. E o atrofiamento total e irreversível é a morte que, definida deste jeito, nos deixa entrever um horizonte de "ressurreição". Que importa que seja ainda apenas um sonho de fé e de esperança, quando são elas que nos vão enchendo a alma!

23 fevereiro, 2012 10:08  
Anonymous Anónimo said...

Esta raça maldita dos anónimos que andam no mundo para tolher as almas, deveriam de ser extintos, mas sabe-se lá por onde começar!
Cá no meu parco entender só pedir ajuda ao PC e impor-lhes mais medidas de austeridade, até esticarem os presunhos...ou baterem a caçoleta, rsrs, disse.

25 fevereiro, 2012 23:44  
Anonymous Antonio Costa said...

Faleceu,na semana passada, o antigo aluno(não me lembro de que ano)da Falperra, o TOMÉ. Sei que era transmontano(Macedo de Cavaleiros?).Era casado,estava a morar em Braga.Os meus sinceros sentimentos à esposa e restantes familiares.

27 fevereiro, 2012 22:33  
Anonymous Mário Neiva said...

Recordo-me muito bem do Tomé e penso que era conterrâneo do Mário e do Acúrcio, de Mogadouro.
Diante da morte de um condiscípulo ficamos sem palavras. Todas parecem inúteis. Para o Tomé, agora, de certeza. Se, mesmo assim, falamos, tudo o que dizemos é para nós próprios.
Como nunca mais vi o Tomé desde os seus breves anos da Falperra, para mim continua a ser o rosto do menino que então conheci. Como se o tempo, para nós o dois, tivesse parado há cinquenta anos.
A morte interrompe sempre alguma coisa. Por exemplo, um possivel reencontro.
E deixa atrás de si um rasto indelével de silêncios impenetráveis. Mesmo à fé; por isso é fé.

28 fevereiro, 2012 00:14  
Anonymous Emídio Januário said...

Olá.
O Tomé (José Manuel Tomé), era natural de Grijó, concelho de Macedo de Cavaleiros, terra de onde também é natural o Prof.Dr. Adriano Moreira.
Passo muitas vezes na aldeia dele e de início tentei contactá-lo, havendo inclusive perguntado por ele na aldeia. Já não me lembro bem do que me disseram, mas a realidade é que nunca o encontrei, o que deveras tive pena. Uma vez levaram-me à casa que se presumia ser dele, mas afinal era um primo com o nome parecido. Numa vez disseram-me que ele teria emigrado, noutra que estaria casado em Macedo de Cavaleiros,onde residiria, mas nada de concreto. Por isso nunca mais o vi, desde o dia em que saí do seminário e em que fizémos, como sempre, a viagem juntos.
Paz à sua alma.

Emídio Januário

28 fevereiro, 2012 08:23  
Anonymous Mário Neiva said...

A CARNE, O PECADO, A MORTE
Versus
A INCARNAçÃO, RESSURREIçÃO DE CRISTO

Possivelmente não vou colocar num só comentário o desenvolvimento deste tema.
Trata-se do coração do Evangelho de S.Paulo e, naturalmente, dos fundamentos da sua teologia cristológica.
Antes de trazer até vós o resultado das minhas reflexões, fui reler pela enésima vez, as CARTAS de S.Paulo e fi-lo guiado pela mão sábia de quem dedicou uma vida inteira à investigação científica dos textos da Biblia Cristã, o Pe Carreira das Neves. Sou devedor do seu trabalho, da sua inteligência, da sua dedicação apaixonada. Só me resta manifestar-lhe a minha profunda gratidão.
É certo que li muitos outros autores para chegar às minhas conclusões mas, para esta abordagem específica, segui de perto a sua obra “São Paulo Dois Mil Anos Depois” da Editorial Presença, edição Março 2011.

As citações, devidamente assinaladas (entre “ “), são desta obra.

“Sabemos que Paulo foi o primeiro a escrever sobre Jesus, uns vinte anos depois da sua morte”, diz C.N. (Carreira das Neves).
Poderia ter acrescentado que se refere apenas aos textos canónicos que sobreviveram até nós, em cópias manuscritas de cópias, de cópias de outras cópias, numa sucessão interminável até à invenção da escrita impressa. Não conhecemos um único original. E chamo a atenção para este facto, porque os cientistas-exegetas dos textos bíblicos têm detectado cortes e acrescentos feitos pelos milhares de copistas, seja por mero descuido, seja por ignorância (muitos copistas eram analfabetos, mas sabiam desenhar as palavras) seja deliberadamente, para ajustar os textos às suas próprias convicções. Sobre este último caso, há relatos de autores romanos datando do segundo século II D.C. a denunciar vigorosamente este inaceitável procedimento de alteração dos livros da fé, que descredibilizavam tanto os pregadores como a fé que transmitiam.

Se Paulo foi o “primeiro a escrever” e muito perto dos acontecimentos que determinaram sua fé expressa nas suas CARTAS, nunca poderemos esquecer este dado fundamental, quando fizermos a leitura dos restantes textos do NT (Novo Testamento). Eu já disse aqui neste blog, num anterior comentário, que os quatro evangelhos “são um hino ao Evangelho da Ressurreição de Paulo de Tarso”. E agora acrescento que toda a teologia cristológica de S.Paulo surge como que incrustada nos textos dos chamados “evangelistas”. E é minha convicção pessoal que a unidade fundamental que releva de todo o NT resulta precisamente deste facto extraordinário de a teologia paulina ter sido integralmente vertida, no que lhe é essencial, nos textos do NT escritos, todos eles, “depois de Paulo”.

Considerando aquele facto das “falhas” na transmissão da fé, o que me deixa verdadeiramente estupefacto, mas compreendo, hoje, melhor que nunca, que assim tenha acontecido, é a fidelidade milenar das igrejas cristãs, sobretudo da católica romana, ao Evangelho de Paulo de Tarso e, consequentemente, à doutrina fundamental do conjunto dos livros do NT. Por mim, estou convencido que foi a poderosa teologia cristológica de Paulo que fez o cristianismo resistir dois mil anos, conservando o “sal” e o “fermento” iniciais. Por isso não sei do que estão à espera os seguidores do Evangelho da Ressurreição para se unirem numa só comunidade, naquele desígnio divino do qual Paulo diz “que se revelou em mim” , estando com isto a afirmar que tal desígnio se revela ou está presente em cada ser humano, apesar de os homens desconhecerem esta graça, nem terem consciência de quão valiosos são, nem imaginarem sequer o que Deus Pai tem reservado para todos “DESDE O PRINCIPIO”. Daí a urgência de Paulo de Tarso em levar a Boa Nova aos quatro cantos do império romano, que era o “mundo todo” , naquele tempo preciso do apogeu do império, como assinala o Pe C.N.

(continua)

07 março, 2012 13:54  
Anonymous Mário Neiva said...

(Continuação)

Tenho que deixar, aqui e agora, uma nota importante acerca desta fé de Paulo e que explica a urgência que sentia no seu anúncio a “todos os povos”.
Paulo entendia a fé, como os católicos entendem os sacramentos. A teologia e a catequese católicas (onde me criei) ensinam que a fé “actua” como um sacramento e a fé será mesmo o sacramento dos sacramentos, porquanto é o fundamento de todos eles.
Acredito que muitos dos que me estão a ler terão alguma dificuldade em compreender o que acabo de afirmar e, no entanto, foi isso mesmo que aprenderam nos bancos da catequese da infância, onde o senhor abade ensinava que um ”sacramento realiza aquilo que significa”. Traduzido para a linguagem comum, isto quer dizer que o sacramento, quando ministrado, transforma o sacramentado, como que lhe dando uma nova natureza (nova vida). Hoje talvez disséssemos “uma nova dimensão”. E o realismo desta “nova dimensão” foi afirmado e interpretado pelos seguidores de Paulo de uma forma tão radical, que só a morte o pode destruir. Assim, com o sacramento da ordem, por exemplo, um padre ou um bispo sê-lo-hão para todo o sempre, mesmo que reneguem a sua “nova dimensão”. Fica também explicada a “teimosia” da igreja católica na questão do “casamento indissolúvel”. Afinal, não é teimosia, é, isso sim, em última análise, fidelidade ao Evangelho da Ressurreição. E não vale a pena começarem já a chamarem-me “reacionário” , antes de ouvirem tudo o que tenho para dizer. E, sobretudo, entendam que eu estou aqui a escrever para vos dar conta do Evangelho da Ressurreição de Paulo de Tarso e não do “meu evangelho”.
(Continua)

07 março, 2012 14:00  
Anonymous Mário Neiva said...

Voltando, então, à fé de S. Paulo, e uma vez que já ficou claro que a fé actua como um sacramento, criando ou gerando uma “nova dimensão” no crente, que Paulo designa por “vida segundo o espírito”, admito que estamos aptos a compreender as palavras que agora já não serão tão enigmáticas, como aquelas de Paulo a dizer “já não sou eu que vivo; é Cristo que vive em mim”.
Concluindo esta nota acerca dos “efeitos da fé”, atrevo-me a dizer que Paulo tinha a noção de que a “sua pregação”, a “sua palavra” , o “seu evangelho” ao ser escutada actuava com o realismo e a força de um sacramento, à semelhança do “Logos Criador” de Deus Pai. E esse “Logos” era Cristo-Humanado-Ressuscistado. E foi precisamente com este Logos que o evangelho mais elaborado e talvez o que melhor traduz a teologia cristológica Paulina, que “S.João” abriu a narrativa sobre Jesus Cristo: “No princípio era o Verbo”. Em linguagem mais corrente: No princípio era a Palavra.
Jesus Cristo é a Palavra (pronunciada e gerada como sacramento por Deus Pai) que cria na humanidade a “nova dimensão” mas sem retirar ou negar absolutamente nada ao que antes a humanidade era “desde o principio, em Adão”. Este facto é importantíssimo, porque aqui está uma das chaves para interpretar a teologia de Paulo e porque é que este imenso apóstolo e teólogo se “atreveu” a dizer que Deus ENTREGOU o seu filho dilecto à carne do pecado igual à nossa!!!

07 março, 2012 14:15  
Anonymous Mário Neiva said...

Desgraçadamente, muitíssimos entenderam a metáfora do cordeiro imolado da fé antiga dos judeus, que Paulo retoma apenas para “explicar” a nova fé como a realidade factual, fazendo de Deus Pai o carrasco do seu filho mais querido, quando o incrível Apóstolos dos Gentios, evoluindo do pensamento dos seus avós, está a falar de um acto de total amor de Deus Pai, que ENTREGOU o seu Filho Jesus Cristo, sim!, mas foi à nossa HUMANA CONDIçÃO: da carne, do pecado e da morte.
Em S.Paulo, a CRUZ só como metáfora é um “sacrifício de expiação pelos nossos pecados”, para aplacar a “ira de Deus”. Porque Paulo sabe bem que o seu Deus de amor não se zanga como o Deus dos gentios, nem a condição humana é, em si mesma, uma ofensa a Deus Pai.
A CRUZ, em S.Paulo, é o assumir da condição humana com todas as suas consequências: ser carne, ser pecado, ser morte. De tal forma este era o pensamento expresso de Paulo que os que o ouviram fizeram-lhe forte contestação e ele foi obrigado a defender-se de acusações do género: “ se é assim como pregas, então Deus criou o pecado e o mal”. (leiam a carta aos Romanos). Bem encostado à parede, Paulo não se rende e atira aos seus escandalizados contestatários: “onde abundou o pecado (inerente à natural condição humana) superabundou a graça”. Este discurso teológico de Paulo de Tarso ecoa maravilhosamente nos evangelistas que o leram e assimilaram religiosamente, quando os judeus confrontaram Jesus com as doenças patenteadas nos enfermos: que pecou, ele ou os seus pais para que tenha nascido assim? Na resposta de Jesus ecoa ainda a teologia de Paulo: para que neles se manifestasse a glória de Deus. “Superabundou a graça” disse Paulo.
Para S.Paulo, a história da salvação nunca foi um caso de “crime e castigo” mas uma revelação inacreditável do amor de um Pai. Isto é tudo o que nunca fora pregado. Por isso lhe chama apropriadamente Boa-Nova e tão mal compreendido tem sido.
Paulo conhecia muito bem o drama que se desenrolava consigo próprio: infeliz de mim; faço mal que não quero e não faço o bem que desejo fazer. E ainda : quem me livrará deste corpo de morte, como quem diz, desta vida na carne, no pecado e no sofrimento até à morte?
As más interpretações da teologia Paulina sucederam-se ao longo dos séculos, mas a sua teologia manteve-se sempre como o fundamento do cristianismo. E já estou a repetir-me, mas é que me lembrei de um facto interessantíssimo que a Igreja Católica Romana criou para a sua catequese e vivência. É o chamado “dogma da Assunção”. Deixando de lado, por um momento, o lindo e ternurento folclure da “Assunção de Nossa Senhora”, descubram como aí se professa a antiquíssima fé na ressurreição paulina do carne e do espírito, proclamado na “assunção ao céu em corpo e alma” da mãe de Jesus Cristo. Pena que a festividade tenha evidenciado tanto a assunção da mãe de Cristo que acabou por quase marginalizar a assunção dos restantes membros do “Corpo de Cristo”, que são, nem mais nem menos, os homens de todos os tempos, os vivos, os mortos e os que hão-de nascer…
Na verdade, e S.Paulo afirma-o com todas as letras, “Deus não faz acepção de pessoas” e, portanto, a” assunção ao céu em corpo” não é, de forma alguma, um exclusivo, nem da própria mãe de Cristo.

07 março, 2012 14:18  
Anonymous Mário Neiva said...

Desculpem as gralhas:
Deve ler-se:
"Quem pecou..."
"Folclore"
"assunção ao céu em corpo e alma"

07 março, 2012 14:39  
Anonymous Mário neiva said...

E mais esta, tão pequena como uma vírgula, mas que altera a verdade do texto:
Leia-se "Desgraçadamente, muitíssimos entenderam a metáfora do cordeiro imolado da fé antiga dos judeus, que Paulo retoma apenas para “explicar” a nova fé, como a realidade factual, fazendo de Deus Pai o carrasco do seu filho mais querido".

07 março, 2012 14:47  
Blogger Lima said...

Confesso a minha insuficiência neste tema tão apreciado pelo Mário. Mas é clara a sua vontade de remexer certas ideias preconcebidas ou falsamente ortodoxas.
O sua colaboração neste blogue merece um comentário, uma palavra que seja, de apoio ou de rejeito, dos leitores que por aqui passam, capazes de o fazer. Tenho a certeza que os há.

07 março, 2012 17:59  
Anonymous Antonio Costa said...

Ó Amigo Mário Neiva!
" A Fé actua como os sacramentos..."
Cada vez mais me pergunto: Se porventura não acredito nas palavras dos homens, em quem hei-de acreditar????

Estamos na Quaresma.Mais uma vez eu vou para a rua, para as manifestaçoes religiosas(não sei se de crentes ou se de fiéis de plateia)e vou tentar ser um desses fiéis e "tentar penetrar na sua intimidade" a ver se aprendo a "ter mais fé" e interiorizar-me de que sou feliz hoje no meio dos homens ou daqui a vários anos, nem que seja com outra apresentação.
Não tenho dúvidas que os meus próximos são meus irmãos com os mesmos direitos de ser igualmente felizes...

Será esta a minha Ressurreição que me é proposta?/Transfiguração?/Transformação?

08 março, 2012 00:47  
Anonymous Mário Neiva said...

Não! meu caro Costa, não é essa a ressurreição que te é proposta por Paulo de Tarso. Ou melhor, é essa e muito mais. Essa é apenas metade da Boa Nova, ou seja, a parte que diz respeito à ressurreição/transformação do espirito ou da alma (como lhe queiras chamar). Falta a parte que diz respeito ao corpo, à ressurreição/transformação do corpo. Porque o evangelho da ressurreição paulina e cristã diz respeito ao homem todo, completo, integral. Cristo morreu integralmente na "cruz" da nossa humana condição e "Deus o ressuscitou" integralmente, em corpo e alma para o fazer "sentar à sua direita".
Quando apareceu aos apóstolos pescadores no meio da tempestade que acalmou; quando os mandou lançar de novo as redes para uma pescaria abundante; quando os deixou aterrorizados com a sua presença, pois os pobres pescadores pensavam que estavm a ver um fantasma; Cristo Ressuscitado, para os tranquilizar e provar que era de carne e osso e espirito resuscitados/transformados, mandou que lhe assassem nas brasas, dos peixes pescados e pôs-se a comer à frente deles.
Tenho-me cansado de repetir que os textos do NT escritos todos "depois de Paulo" (C.N.)são um hino ao evangelho da ressurreição de Paulo. Aqui fica mais um exemplo, tão radical quanto esclarecedor.
Portanto, meu caro Costa, não separes o que a ressurreiçâo de Paulo uniu: a matéria e o espirito, o corpo e a alma. Não penses que o corpo se desfaz na podridão e o espirito se "fica a rir". Não é assim em Paulo. Os dois se afundam no abismo da morte, pois esta é a condição recebida do "primeiro Adão".
E a Boa Nova -agora sim, é mesmo uma noticia inacreditável- é que o Novo Adão, Jesus Cristo, foi ressuscitado e com Cristo toda a Humanidade.
Como vai ser, quando vai ser, onde vai ser "nem os anjos sabem", só o Pai. Nem, logicamente, o pobre Paulo de Tarso, que teve de viver e morrer na fé e na esperança de que esta "loucura" acontecesse.

Assim é duro, não é Costa? Comer "este corpo" e "beber este sangue" ressuscitados em sacramento de fé, não será tarefa fácil para a nossa limitada inteligência e razão.
Este é um Evangelho para ser recebido com o coração.

Mas se quiseres ganhar algum alento, no meio das tuas inevitáveis interrogações e dúvidas, pensa no quanto se transformou a nossa Humanidade ao fim de dois mil anos desde o Jesus Cristo Ressuscitado de Paulo de Tarso. Diz para ti mesmo que a meta está longe, mas vais correndo sem desfalecimentos. E quanto ao mistério do "como, quando e onde" aceita-o humildemente assim como ele é.
Dito isto, se és da fé de Paulo, nâo deixes o corpo para trás. Pensa no episódio dos apóstolos pescadores e do seu Mestre ressuscitado e tira de vez esta conclusão: se comemos peixes nesta vida, não deixamos de os comer enquanto ressuscitados/ transformados.
Esquece os "peixes" e fica com a força do ensinamento que é o coração do cristianismo em que nos criamos.
Se esperamos um mundo novo e uma nova humanidade terá de ser a partir desta carne e deste espirito transformados da doença e da morte, tanto quanto das "maldades" do espirito.

O crsitianismo da ressurreiçâo paulina é semente da mais linda esperança para a Humanidade. Eu nunca li, nem vi, nem ouvi nada igual.

08 março, 2012 10:05  
Anonymous Anónimo said...

O Jorge, perdeu a pedalada, ou invernou para sempre?
Volta amigo,porque o Neiva precisa de levar umas ensaboadelas, e só tu, pelo que tenho visto,tens estaleca, para o espicaçar.
Espero que não estejas doente,já que eras um ferrinho neste blogue e desapareceste, sem deixar justificação,muito embora não tenhas de te justificar a quer quer que seja.
Volta amigo que todos fazemos falta, para animar a malta...

09 março, 2012 20:50  
Anonymous Machado said...

Quem quer comentar?

"Noutros tempos já se teriam levantado súplicas ao céu a implorar a graça da chuva", mas "parece que os crentes não se fazem ouvir e a maioria da população não acredita na providência divina, mas somente na previdência de Bruxelas", refere António Vitalino Dantas, na sua nota semanal enviada hoje à Agência Lusa.

Segundo o bispo, "há muitas semanas que a terra não recebe umas pingas de chuva", os campos "estão secos" e o gado "tem de ser alimentado com rações", o que "torna a produção agrícola difícil para a maioria dos agricultores".

Por isso, "já se ouvem pedidos de subsídios da política agrícola europeia" e a ministra da Agricultura "já formulou o pedido" de ajuda à Comissão Europeia, "segundo alguns um pouco tarde", refere António Vitalino Dantas, desejando que "a seca não seja tão prolongada e calcinante como em 2005".

No entanto, lamenta, "as recomendações de Jesus no evangelho e de Nossa Senhora aos pastorinhos de Fátima, pedindo oração e sacrifícios pela conversão dos pecadores e pela paz no mundo, não encontram eco nos nossos ouvidos".

"Os europeus não querem Deus, e muito menos o Deus revelado em Jesus Cristo, nem na Constituição europeia nem nos seus hábitos e comportamentos", lamenta, questionando: "Tudo dependerá apenas da natureza e do acaso ou haverá a possibilidade de alguma intervenção divina no percurso da nossa história?".

12 março, 2012 22:52  
Anonymous Anónimo said...

Será que Cristo estará ainda a pensar na pequenina mas doutrinária admoestação:" Que tenho eu a ver com isto, Senhora.?Ainda não chegou a minha hora..."

13 março, 2012 01:17  
Anonymous Machado said...

E Cristo terá alguma coisa a ver com isto?
:
"Na Madeira, há famílias a passar fome, idosos cada vez mais abandonados à sua solidão e famílias inteiras no desemprego, alerta o padre José Luís Rodrigues, em declarações à Renascença.

O pároco de São Roque e São José, uma das paróquias mais pobres do Funchal, teme um agravamento da situação com as novas medidas de austeridade, como aumento do IVA nos bens de primeira necessidade.

A resposta à crise "terá de passar por medidas de apoio as famílias", defende. O orçamento regional "tem de olhar para a situação dos mais pobres", em vez de "gastos com festas como aconteceu no passado", apela o padre José Luís Rodrigues.

“Tendo em conta que temos uma população com cerca de 20 mil desempregados, o orçamento regional devia ter medidas bem concretas de apoio às famílias. Depois, deveria também reduzir em tudo o que são actividades lúdicas, tipo festas e ramboiadas, que até agora os orçamentos regionais privilegiavam - acabar com tudo isso, ainda mais para dar o exemplo, e gastar o dinheiro naquilo que é estritamente necessário.”

Para este sacerdote madeirense, o Governo de Alberto João Jardim não tem autoridade para aplicar este orçamento.

“Como é que pode ter agora o desplante de pedir sacrifícios e apresentar-se como o salvador da pátria? Primeiro, não têm autoridade, porque sempre nadaram em dinheiro, esbanjaram tudo quanto puderam, levaram isto tudo ao descalabro de dívidas”, acusa o padre José Luís Rodrigues.

O sacerdote diz que o povo está “muito descontente” e “desencantado com estes políticos que nos enganaram profundamente”.

“Há uma certa traição. As pessoas sentem-se traídas por gente que se apresentava com a melhor das morais, mas, afinal, não passava disso”, conclui o pároco de São Roque e São José, no Funchal, uma das paróquias mais pobres da Madeira."

13 março, 2012 08:38  
Anonymous Anónimo said...

Mas o nosso povo é burro!...continua apesar de tudo a votar sempre na mesma cambada de corruptos!...verdade seja dita também não aparece melhor, para governar o país , porque está provado que só vai para a política gente sem escrúpulos, mafios, gatunos e bandidos que olham para o próximo, como se fosse uma caca.
Deixem de votar nesses ladrões e chamem outro SALAZAR, ou até o REI,para tirar este nosso Portugal
da penúria, terceiro mundista...

13 março, 2012 09:27  
Blogger Lima said...

Diz-se acima, em conclusão: “Tudo dependerá apenas da natureza e do acaso ou haverá a possibilidade de alguma intervenção divina no percurso da nossa história?”.
Por mim responderia: Nem intervenção divina, nem acaso; tudo dependerá da Natureza e da natureza dos homens. (Do povo e dos que nos governam).

13 março, 2012 10:13  
Blogger Lima said...

Para o nosso amigo Anónimo, que vocifera contra os políticos, (e não está aqui em causa discutir se com razão ou não), seria bem lembrar que é de senso comum numa democracia considerar a classe política como um espelho do povo pelo qual foi eleita.

13 março, 2012 10:25  
Anonymous Anónimo said...

Dizes bem , amigo Lima, só que esse espelho, passou a ser metade da populaça que vive de certa forma à sombra das novas oportunidades, compadrios e enganados como carneiros mal amanhados, à espera de melhores dias. A outra classe crente e temente a Deus e por ama o próximo,já nem lá vai. Já nem perde seu tempo com bandeiras atrás dessa corja de larápios, desistiram de votar. Os que se revêm nesse espelho de democracia falida, ainda aguardam por um milagre de Jesus de Nazaré, mas cadê ELE, como dizem os irmãos brasileiros. A outra metade que já nem vota, nem crê, nestes malandros governantes, aguarda ansiosamente que surja um líder credível e que faça da justiça e da solidariedade, uma bandeira, para empunharmos e se possível salvar o pouco (nada) que ainda resta em Portugal falido.
Queria muito ser otimista, mas devo confessar que não é com esta gentalha, viciada em corrupção que vamos sair da agonia que em nome da democarcia, de assaltos, pilhagens, crimes de toda a ordem que a comunicação social nos mete pelas casas dentro que nem ao diabo lembra...
Onde estão os valores da nossa igreja? Fechados nas quatro paredes, onde só lá vão escutar, as epístlos e os evangelhos, os mais velhotes!...
Saiam os pastores dos seus casulos dourados e pregam contra os vendilhões do templo, neste caso, ladrões de Portugal.
Façam-se ouvir, gente da igreja porque não basta , um padre da Madeira, dos Açores, ou do Continente a pregar a verdade, justiça e fraternidade, mas sim todos, os que comodamente, preferem viver à grande e à francesa, como se nada tivesse a ver com eles...

13 março, 2012 11:13  
Anonymous António Costa said...

Fui informado há minutos que faleceu o Sr. João Baptista, pai da Candidinha( e sogro do Bessa,antigo alino). O funeral realizar-seã às 15,30 horas, com missa de corpo presente na Igreja(Mosteiro de Santo Tirso).

13 março, 2012 13:38  
Anonymous António Costa said...

Corrijo: O funeral realizar-se-á amanhã às 15,30 horas.

13 março, 2012 13:54  
Blogger Lima said...

-----Um abraço ao Bessa! -----
------------------------------
Caro amigo Anónimo.
O teu desabafo talvez não tenha grande influência no estado actual da nossa sociedade, mas uma coisa é certa: ele já favoreceu a descompressão emocional do seu autor. Ė o primeiro passo que devemos dar para aceder a uma reflexão inteligente. A natureza humana tem o seu primeiro “pecado” na sua própria essência: é humana. Seria diferente, muito diferente, se fosse “divina”. Mas não é. E nunca o será. Ė uma realidade que nos é imposta, e contra a qual, podemos demonstrar o nosso descontentamento, mas não mudar a sua natureza.
Já te ouço perguntar: Ė então caso perdido? Resta-nos apenas... aguentar?!
Não! Duas vezes não! Primeiro, porque isso seria abandonar o direito à nossa parte de responsabilidade, na sociedade, que nos é devida; segundo, porque isso iria dar razão àqueles que, precisamente, procuramos combater; terceiro, porque, é-nos, muitas vezes, fácil de concordar, após reflexão, que a nossa visão dos factos, não engloba em si toda a realidade, e que, afinal, mesmo aquilo que temos como verdade indiscutível, não passa de interpretações de outros, sujeitos, como nós, a erros de apreciação.

A vida seria tão simples, se não fossemos nós a complicá-la!!!

13 março, 2012 14:01  
Anonymous Anónimo said...

Tens razão e quem sou eu, para julgar quem quer que seja.
Por vezes tenho a sensação que outrora tinhamos tão pouco, mas o pouco que tinhamos ainda chegava para repartir. Agora roubam-nos o pouco que temos, para ser repartido pelos gananciosos que podres de dinheiro vão carrega-lo para o inferno, ou para a PQP...

13 março, 2012 22:28  
Anonymous Mário Neiva said...

"Os europeus não querem Deus, e muito menos o Deus revelado em Jesus Cristo, nem na Constituição europeia nem nos seus hábitos e comportamentos". É uma afirmaçâo de D.Vitalino, o "nosso" bispo carmelita, numa nota enviada à Lusa.
A minha pergunta é esta: se "os europeus não querem Deus" de forma alguma, eu gostava de saber de outros povos e de outros continentes que "querem Deus". Estará a pensar nos povos islâmicos das repúblicas islâmicas que de tal modo colocaram Deus nas leis e costumes, que as suas leis humanas se confundiram com as suas leis divinas?
Infelizmente nós sabemos bem de mais, que Deus eles colocaram nas suas leis, nos seus costumes e nas suas vidas.

Não posso deixar de recordar o aviso solene, ainda mais actual hoje que há dois mil anos: "esta gente honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe..."

Afinal, que Deus não querem os europeus na sua constituição e nos seus hábtitos?
Esta é a pergunta fundamental que D. Vitalino deve colocar e nós com ele.
A ver se a gente se entende.

13 março, 2012 22:51  
Anonymous Machado said...

Chove fé sobre a seca


«Do meu lado esquerdo, Assunção Cristas, ministra da Agricultura, do meu lado direito, António Vitalino Dantas, bispo de Beja. Ambos combatem pela chuva. Na minha opinião, Cristas melhor. Não que a ministra consiga trazer mais chuva. Aí, está como o bispo: não pingará nem uma gota com o que uma e outro façam (digo eu, que organizei o combate e estabeleci as regras, e a primeira delas é: nem ministros nem bispos fazem chover). Quando digo que a ministra faz melhor do que o bispo refiro-me a combater. Em combates destes, que nos escapam, há que saber dar a volta à coisa. A ministra da Agricultura sabe que é julgada pelo que se passa no seu pelouro. Com a persistência da seca, ela anunciou a sua medida: "Sou uma pessoa de fé, esperarei que chova." Isto é, sacudiu a não água do capote. Quando nada há a fazer, repito, é o mais avisado. Se por acaso chover, o povo vai pensar que ela se relaciona bem alto... Já o bispo de Beja, sobre a chuva, lamentou a falta de orações: "A maioria da população não acredita na providência divina, mas somente na previdência de Bruxelas." Perigosa tática, a do senhor bispo. É que de Bruxelas sempre é capaz de pingar qualquer coisinha. E se depois vier uma carga de água, vamos jurar que não houve intervenção de São Pedro, pois não teria havido, segundo o próprio bispo, orações. Em tempos antigos, para falar ao povo, não havia nada como a Igreja. Agora, os políticos são manifestamente mais hábeis.» [DN]

Autor:


Ferreira Fernandes

14 março, 2012 10:13  
Anonymous Machado said...

E não é que "tinh'rrazão"?


«O bispo de Beja apelou aos crentes para que se juntem à ministra Cristas e rezem para que chova, advertindo no entanto que "não basta repetir as palavras das orações", pois o truque está em "rezá-las com frequência e intensamente".

A crer no bom homem, "há muitas semanas que a terra não recebe umas pingas de chuva" porque os crentes "não se fazem ouvir e a maioria da população não acredita na providência divina, mas somente na previdência de Bruxelas". "Noutros tempos - observa melancolicamente - já se teriam levantado súplicas ao Céu a implorar a graça da chuva". Agora, "algumas pessoas ainda falam da ajuda de S. Pedro, mas com pouca convicção"...

Está seguro o bispo que, algures no processo de evaporação/transpiração-condensação-precipitação do ciclo da água, há um momento em que S. Pedro intervém despachando favoravelmente os requerimentos dos crentes para que chova. Ora se os crentes preferem dirigir-se ao comissário da Agricultura e Desenvolvimento Rural, é natural que o santo, desautorizado, reaja mal: "Ai é? Então Dacián Ciolos que faça chover..."

E não é que, como diria Alexandre O'Neill, o bispo "tinh'rrazão"? Os crentes corresponderam tão rapidamente ao seu apelo que o Instituto de Meteorologia já anunciou o regresso da chuva para quinta-feira. Só que a coisa não terá sido feita com "frequência" e "intensidade" q.b. e, por isso, apenas se esperam uns aguaceiros, e só durante dois dias.» [JN]


Autor:


Manuel António Pina.

14 março, 2012 10:20  
Anonymous Anónimo said...

Voçês brincam com coisas sérias, mas o caso não está para brincadeiras!
A Cristas tem o nariz empinado, mas não me parece que seja mulher para dar uma regadela assim às boas. No entanto, nunca se sabe, se ela fez um pacto com S. Pedro, porque disse e muito bem, tem fé e segundo dizem, " fé é que nos salva ". Será que é a todos, ou só aqueles que pugnam por isso?

14 março, 2012 19:02  
Anonymous Anónimo said...

Sem o Jorge Dias, isto "já não é o que era"...
Há quem queira dizer "tátá", mas falta bagagem para ir mais longe!
Paciência; só espero que tudo esteja bem com o amigo Jorge.
Ah, e a Tersa? Lembram-se?
Que falta que fazem os que por aqui já andaram...

16 março, 2012 12:54  
Anonymous Mário Neiva said...

Deus revelado em Jesus Cristo

"Os europeus não querem Deus, e muito menos o Deus revelado em Jesus Cristo” (D.Vitalino)

Apesar de o “nosso” bispo Vitalino explicitar que o Deus a que se refere é o “Deus revelado em Jesus Cristo”, quem lê continua assaltado pelas dúvidas , pois Jesus Cristo também “serve” para tudo, na boca e nas mãos de quem o invoca. Serviu para as “cruzadas”, para as numerosas mortandades levadas a cabo contra hereges e até a “cruz de Cristo” era dada a beijar aos que ardiam nas fogueiras da “santa inquisição”.

De modo que, nova pergunta volta a impor-se:
Que “ Deus foi revelado em Jesus Cristo”?
Que Deus de Jesus Cristo os europeus não querem colocar nem na sua constituição, nem nas suas vidas?

Não podemos esquecer que são os mesmos europeus que se disseminaram pelas américas, pelas áfricas e pelo mundo austral, ostentando a “Cruz de Cristo” e em seu nome cometeram crimes hediondos.
Talvez seja este Deus revelado em Jesus Cristo que, olhando a sua história, os europeus não queiram na sua Constituição. Talvez estes europeus não queiram voltar a ouvir a reprimenda terrivel de há dois mil anos, adaptada às circunstancias actuais: este povo honra-me na sua Constituição!

Aquelas palavras de S.Paulo citadas por D.Vitalino recordam-me outras de S.Paulo aos Gálatas (I, 15-16) : “Mas, quando aprouve a Deus …revelar o seu Filho em mim…” Registe-se a sequência claramente sugerida para o caminho e a prática da fé: Deus revelado em Jesus Cristo e Jesus Cristo revelado em Paulo de Tarso. Por isso já não se estranha aquela que seria uma afirmação insólita de Paulo: “Sede meus imitadores”. Esperar-se-ia que apelasse aos crentes para “serem imitadores de Cristo”. Mas o Apóstolo surpreendeu, raiando o escândalo. Porque terá falado assim? Paulo sabe, por experiência da sua fé, que nem Cristo nem Deus se revelam diretamente aos homens. Se não tivesse sido objecto da “revelação” singular com que foi contemplado, nem Cristo se revelaria em si mesmo, nem Deus se revelaria em Cristo. Foi este facto que Paulo intuiu e a partir daqui interiorizou e escreveu o seu Evangelho. Não admira que encontremos nos evangelistas um eco profundo desta fé de Paulo, que ele pode muito bem ter formulado deste modo: quem me vê, vê o Senhor Jesus Cristo, como eu em Jesus Cristo vejo o Pai.

18 março, 2012 00:27  
Anonymous Mário Neiva said...

(Continuação)

Deus revelado em Jesus Cristo

“Filipe lhe diz: Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta! Há tanto tempo que estou convosco e tu não me conheces, Filipe? Quem me vê, vê o Pai”. (João 14, 8-9)

Segundo os especialistas, este texto do NT terá sido escrito uns trinta anos depois da pregação e da morte de S. Paulo e, na minha opinião, traduz fielmente a fé do Apóstolo. Assim como aquele outro texto conhecidíssimo do Juízo Final, desarmante para crentes e não crentes, que se apresentavam a juízo:

“tudo o que fizeste ou deixaste de fazer ao mais pequeno dos homens foi a mim que o fizeste”.

É tão claro que até dói ver como os crentes são capazes de entronizar, incensar, debruar a ouro e prata a cruz, beijar o ferro ou a madeira da imagem de Cristo, enquanto o ser humano, a revelação verdadeira de Cristo e do Pai, agoniza na solidão e na fome, na borda da vida do crente.

Paulo sabe que é pelo seu testemunho de fé e de vida que Jesus Cristo se revela aos homens e não com sermões, rituais ou leitura de livros sagrados.
Quanto ao Templo e seu culto, afinal havia outro: “não sabeis que sois o templo do Espirito Santo?”

Eu pergunto: quantos pregadores de Jesus Cristo e fazedores de infindáveis rotinas de rituais religiosos poderiam apelar aos crentes como fez Paulo de Tarso, desafiando-os: “ sede meus imitadores?
Não o fazem e em vez disso apelam a que imitem um Jesus Cristo que ninguém vê, nem verá até ao dia do Juízo Final, quando já for tarde de mais para rectificar o caminho. Paulo, sabendo disto, oferecia a sua vida como exemplo da revelação de Jesus Cristo e de Deus. E os evangelistas ecoam esta postura de Paulo, muitas vezes e de muitos modos:

“se não amais o irmão que vedes, como afirmais amar a Deus que não conheceis?”

Paulo não conheceu Jesus, nunca o ouviu pregar e não dá a mínima impressão de estar preocupado com esse facto. Afinal, era no mais íntimo de si que se revelavam os mistérios insondáveis de Jesus Cristo e Deus Pai: criado em “corpo de morte” era-lhe revelada a futura ressurreição num “corpo de vida”. Nesta fé e nesta esperança queria ser imitado, enquanto exemplo vivo e presente.
Quanto ao resto, todo o resto, era secundário, até mesmo o facto de não ter conhecido “Jesus na carne”, o Jesus histórico e os seus ensinamentos, que nem sequer cita ou refere, deixando perplexos e confundidos os discípulos mais íntimos de Jesus .

E também a mim

Em vez disso, tempos o Pai e Jesus Cristo revelados nos homens!

Como pode D.Vitalino dizer que os europeus “não querem Deus” se cada ser humano é, tal como Paulo de Tarso, revelação de Jesus Cristo? Mesmo que diga que nunca O viu ou ouviu falar d’Ele?

Muito menos declarado na Constituição!

18 março, 2012 00:37  
Anonymous Mário Neiva said...

Leia-se: "Em vez disso, temos o Pai e Jesus Cristo revelados na Humanidade".

18 março, 2012 00:46  
Anonymous Anónimo said...

Ohhhhhhh Tátá, quem és tutu?
Penso que sejas o mesmo que também queres dizer tátá,mas não sabes por onde começar,sem deixares de ser o mesmo tótó...

18 março, 2012 01:09  
Anonymous Antonio Costa said...

"...Se não amais o irmão que vedes, como afirmais amar a Deus que não conheceis?..."
É aqui que reside a grande questão e do nosso testemunho de vida em sociedade. Não precisamos de ouvir muitas homilias domingueiras, com palavras mais ou menos bonitas, se passados minutos já nem sequer nos lembramos do que ouvimos.
Pena é que as ditas sociedades auto-designadas"desenvolvidas" perderam a noção de que viver em sociedade não é a mesma coisa que " viver na selva" onde não conhecemos o outro,nem queremos conhecer,(portanto também não o amamos nem queremos saber disso) só conhecemos o "eu"...

20 março, 2012 13:52  
Anonymous Mário Neiva said...

“É aqui que reside a grande questão", diz o Costa. Nem mais! Trata-se, realmente, de o crente reconhecer Deus no seu irmão. E não só! Reconhecer Deus em cada pedacinho do universo, porque o homem e o seu universo são a única e autentica revelação que temos de Deus. Não há outra. "Mostra-nos o Pai!", pede Filipe a Jesus. "Quem me vê, vê o Pai", é resposta. E o diálogo podia ser repetido com um discípulo de S. Paulo:
-Mostra-nos Jesus Cristo, solicita o Costa.
-Quem me vê, vê Jesus Cristo, responde Paulo.
E Paulo podia recriminar o Costa desta maneira:
-Há dois mil anos que ando a dizer isto e ainda não percebeste nada?
Retomando o assunto que nos trouxe até aqui, o que importa é que a Constituição Europeia e as outras todas tenham no centro o valor e o direito da pessoa humana, porque é assim que Paulo, Jesus Cristo e Deus se revelam aos homens pela PALAVRA. E quanto aos ACTOS, esses compete a cada “europeu” fazer cumprimento da Palavra Constitucional.

Preocupados, dirão os "sacerdotes": mas falta uma referencia ao Infinito que é Deus: Bondade Infinita, Justiça Infinita, Amor Infinito, Sabedoria Infinita, Misericórdia Infinita!
Pis, senhores sacerdotes de todas as crenças, não falta coisa nenhuma. Olhem à vossa volta e digam se as pessoas estão satisfeitas com a sua bondade, a sua justiça, a sua sabedoria, a sua misericórdia, o seu amor...Sejam honestos intelectualmente, senhores sacerdotes, e reconheçam que os homens rezam e desde sempre rezaram, no mais íntimo de si mesmos, pelo desejo incontido de mais sabedoria, mais justiça, mais amor! Podem nunca ter ouvido falar de Deus, nem sequer querer pronunciar essa palavra gasta, que tanto pôde servir e serve para actos de extrema bondade, como actos de crueldade inominável. Mas esses mesmos que se negam a pronuniciar, sequer, a palavra Deus, são os mesmos que rezam como o bispo de Hipona, Santo Agostinho, na sua intimidade: somos feitos para a sabedoria, a bondade, a justiça, a misericórdia, a amizade, o amor…e o nosso coração não tem repouso enquanto não entra nesse paraíso almejado e sonhado.
É só olhar a História da Humanidade: o desencanto e o sonho entrelaçados na vida humana e, como referência, nada mais nada menos que o Infinito em todas as direcções.
Mas uma boa parte dos “sacerdotes” parece que não vêem isto! Reavivo-lhes a memória e o aviso, quejulgam ser para os “outros”, de há dois mil anos atrás: “Cegos, guias de cegos”.

21 março, 2012 08:55  
Anonymous Anónimo said...

E esta afonso!O tátá, não diz nada?

21 março, 2012 19:37  
Anonymous Mário Neiva said...

Fátima 2012-03-25

O Sacramento do Encontro

Não pude estar presente devido a um pequeno percalço na saúde familiar. E logo me ocorreu dizer aos amigos da AAAcarmelitas que “ estarei presente em espirito”, como é costume fazer-se nestas situações. O modo de “presença em espírito” é um paupérrimo substituto da presença sacramental que, tal como nos sacramentos da catequese católica, exige a materialidade de uma efectiva presença física. Como aprendemos desde crianças, não há comunhão sem as “espécies do pão e do vinho” e sem a presença das pessoas que as vão comungar em sacramento.
Não estou em Fátima convosco e não vou partilhar do vosso encontro-sacramento. As “espécies” sacramentais do vosso encontro são a materialidade dos abraços, dos beijos, das palavras trocadas, dos olhares amigos e comovidos da saudade, da comida e da bebida à mesma mesa, do mesmo chão que pisam, da mesma oração dita ou cantada. E das lembranças do passado comum.

Quando vos estou a dizer estas coisas e desta forma, tenho perfeita consciência de que estou a insistir, mais uma vez, na realidade maravilhosa da antropologia em que se fundamenta a teologia paulina e que aparece incrustada em praticamente todos os textos canónicos do NT, escritos depois da morte do Apóstolo. No centro dessa teologia está a “nova vida”, o “novo mundo” , a “nova humanidade” pela ressurreição. Podemos chamar-lhe também sacramento à ressurreição e, nesse caso, as “espécies” sacramentais e materiais serão este corpo de humanidade e este universo de estrelas que realizam e revelam exactamente aquilo que significam, expresso em palavras de poesia: “os céus e a terra proclamam a glória de Deus”.

Considerando que a Humanidade e o Universo são o sacramento de Deus, Paulo intuiu, naturalmente, que estão destinados à ressurreição.
Daí o apego de Paulo à materialidade que deve ser ressuscitada e que se tornou na marca inconfundível do seu Evangelho.
O que é mais espantoso, é o facto de o cristianismo, sobretudo o cristianismo católico, ter-se mantido fiel, apesar de tudo, a esta materialidade do sacramento da vida entre Deus e a Humanidade e imortalizando-a na sua teologia dos sacramentos.
Na verdade, sem materialidade não existe sacramento algum, nem nesta vida nem na vida que há-de vir. Por isso Paulo proclama: tal como tudo morre, tudo vai ressuscitar.

A ressurreição de Paulo não é, apenas, uma “ascese espiritual” , em que se transita da morte do pecado para a vida do amor. A ressurreição de Paulo, como tudo na sua teologia cristológica, é o sacramento que não dispensa a materialidade do corpo para a sua concretização.

Como a "Encarnaçâo" foi indispensável para a concretização do sacramento do amor do Pai.


Em suma: ninguém ressuscita em “espirito” , do mesmo modo que eu não posso estar no encontro de Fátima, “em espirito”. Poder, até posso; em imaginação, em pensamento ou em desejo intenso. Mas só os que lá se deslocam realizam o sacramento.

25 março, 2012 10:45  
Anonymous Machado said...

Notícia do Correio da Manhã:

«Um padre de Tomar foi há duas semanas agredido por um marido, cego de ciúmes, que acabara de apanhar a sua mulher a ter relações sexuais com o pároco nas traseiras da casa do casal. O padre não apresentou uma queixa formal na GNR, mas o caso, cuja veracidade foi confirmada pelo CM, é já conhecido na cidade. E anteontem o sacerdote viu-se forçado a dar uma justificação durante a homilia – embora não tenha reconhecido a relação sexual com uma mulher casada.» [CM]

Não havia necessidade! Deixem casar os padres, harmonizando na mesma pessoa o santos sacramentos do matrimónio e da ordem.

Talvez se evitassem estas "pinadelas" à socapa da foice em seara alheia.

26 março, 2012 08:26  
Anonymous Anónimo said...

Em sempre disse que deveriam ser capados! Porém , antes que me tocasse a mim, fugi a sete léguas!...lá da Falperra.

26 março, 2012 11:08  
Blogger Lima said...

Quando o Machado diz esfola, o Anónimo diz mata. Aí está uma amostra muito significativa do que resta dos belos ideais que um dia habitaram a Falperra.
Onde estão as centenas de jovens que juravam fidelidade e amor à causa que tinham abraçado num elã de doação total? Uma resposta, entre outras talvez mais obscuras, me parece evidente: a adesão ao ideal não era mais do que uma impulsão ingénua, própria da tenra idade, que a realidade da condição humana, à qual o ser humano impiedosamente está sujeito, depressa destruí.

Quando, à cerca de um ano, retomei contacto com alguns antigos companheiros da Falperra, depois de quarenta anos de total isolamento, tive uma sensação estranha, um sentimento de desolação, ao ver que afinal, não só os colegas com evidentes dotes para prosseguir caminho no ideal, mas também os próprios mestres, tinham repudiado, uns atrás dos outros, a mais querida das aspirações que um dia acalentaram. E a instituição que a uma dada altura parecia prometida a um futuro certo, generoso e grande, tornara-se, no tempo, num desolador vazio, onde somente o livro das lembranças tem lugar. Sinais dos tempos? Mitos que não resistem à prova do conhecimento? Ou simplesmente a contingência esmagadora da natureza humana?

Em todo o caso, um tema de reflexão para corajosos, mas que nos poderá elucidar sobre certas questões que continuam a nos interpelar, como esta do Pe de Tomar ou da “fuga a sete léguas” da Falperra.

26 março, 2012 14:42  
Anonymous Anónimo said...

Oh Lima, isto é tudo brincadeira, para ver se saímos do marasmo , em que está votado o nosso querido Blogue.
Claro que não tocava a todos, mas alguns afiavam por lá goiva com a holandesa e não só...Não penses que era só rezar. Também havia por lá pecados bravos. Belos tempos!...

26 março, 2012 23:13  
Anonymous Mário Neiva said...

Celebitao, Sexualidade, Humanidade

O celibato dos padres não é um tema que me seduza, mas as razões que o fizeram lei é outra questão. Qualquer sociedade estruturada estabelece as regras para os seus membros. Quem não estiver de acordo, sai da sociedade. Porém, se nela quer permanecer, só tem dois caminhos: seguir as regras ou lutar pela alteração das mesmas, com frontalidade.
Isto é fácil de dizer. Depois, na prática, as coisas não são "preto e branco", "oito ou oitenta", como em tudo na vida. Há o "mais ou menos" que encerra muitas infidelidades às regras que se aceitam como princípio. E desculpa-se este "mais ou menos" no cumprimento das regras, evangelicamente, nas próprias sagradas escrituras: "o espirito está pronto mas a carne é fraca".

E se os padres quebram as regras de um celibato que escolheram à partida, que dizer das constantes escapadelas dos maridos para as amantes ou para as meretrizes?

Mas eu gostaria muito mais de falar da raiz da moralidade ou imoralidade sexual. Gostaria que se caminhasse mais depressa para a "humanização" da sexualidade, como temos feito, brilhantemente, para a humanização das nossas outras sensibilidades: a paixão pelas cores e pelas formas que produziu as maravilhas da pintura e da arquitetura; a paixão pelos sabores e pelos perfumes que inventou verdadeiras obras de arte gastronómicas e apuramento de fragrâncias insuspeitadas; o fascínio dos sons, do ritmo e da harmonia que produziu as sinfonias...

Porque haveríamos de diabolizar a fantástica sensibilidade que nos é proporcionada pela nossa sexualidade? Porque é "proibido" exaltá-la tanto como todas as sublimações dos outros sentidos?
Apenas porque a inevitável "fraqueza da carne" nos acompanha para todo o lado?

A dificuldade em encontrar o equilíbrio para a humaníssima pulsão da sexualidade deve constituir um desafio para encontrar o equilíbrio e não para esconjurar uma das nossas mais belas sensibilidades.

Estranhamente, iniciamos as crianças nas artes ligadas a todas as sensibilidades e esconjuramos a sensibilidade sexual como uma realidade perversa. Ficamos encantados ver uma criança ensaiar os primeiros gestos do canto, da dança, do desenho e ficamos perturbados e assustados quando a criança começa a descobrir a sua sexualidade. Atarantados, os pais nem sabem como reagir. Claro que nas escolas, esses mesmos pais, agora como professores, continuam sem saber como lidar com esta sensibilidade humana.
E todos assistimos, indiferentes ou reactivos negativamente, ao abandalhamento desta preciosidade, chamando-lhe, ora liberdade , ora libertinagem sexual.

Fundamentalmente, trata-se apenas de uma questão de educação, no verdadeiro sentido desta antiquíssima palavra: encaminhar.

Até aqui, no que respeita à sexualidade, o que temos feito é "desencaminhar".

E porquê? Talvez por causa de uma moral cega e preconceituosa, indigna da mesma civilização que soube enobrecer o sentido das formas, das cores, dos sabores, dos sons e da suavidade extrema dos tecidos com que nos cobrimos.

É chegada a hora de humanizar a nossa sexualidade, apaixonando-nos, sem falsos pudores, pela sensibilidade sexual, como nos apaixonamos pela música ou pela pintura, indo além da animalidade que também somos, reconhecida pelos nossos avós quando dizem: "o espirito está pronto, mas a carne é fraca".

27 março, 2012 10:35  
Blogger Lima said...

E também “Ele” disse, Mário: "o que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do espírito é espírito", mas o problema é que os dois na realidade são um. Ou, dito de outra maneira, são como o Roque e a amiga: não podem viver separados. E quem sou eu para te explicar isso?!

27 março, 2012 18:16  
Anonymous Anónimo said...

A carne é fraca, mas não falta quem a coma, ou pelo menos, tenha vontade de a comer...

27 março, 2012 23:50  
Anonymous Mário Neiva said...

Agora fizeste-me lembrar, Lima, que S. Paulo emprega quase sempre esta palavra "carne", não para designar a parte material ou corporal do homem, mas, sobretudo, para designar a condição humana herdada de Adão. Portanto, quando fala em carne, refere-se ao homem integral, que nós agora dizemos "corpo e alma". De facto, segundo S. Paulo, espirito e carne são tão "Roque e a amiga" que nascem e morrem juntos "em Adão" e ressuscitam juntinhos em Jesus Cristo, o "Novo Adão".

Mas então perguntarás tu: se formam uma unidade inseparável, como podem desentender-se tanto, dando ideia de cada um a puxar para o seu lado? E Paulo vivia intensamente este drama da luta interior consigo mesmo: "Sim, eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita coisa boa; pois o querer está ao meu alcance, mas realizar o bem, isso não" (Rom 7,18). O Pe Carreira das Neves (na obra citada) diz que , nesta passagem, " Paulo exprime o seu rasgão humano e existencial - o seu eu dividido (…) rasgado: está com Deus, pelo Espirito e pela graça, e está sujeito à carne, ao pecado e à lei".
Mas isto não é o entendimento do homem como duas realidades separadas porque, como afirma Carreira das Neves, "para Paulo tudo se joga na antropologia do velho Adão (judeus) e do novo Adão (cristãos)". E cita a este propósito o texto de I Cor.15, 35-55: "Assim está escrito: o primeiro homem, Adão, foi feito um ser vivente e o último Adão, um espírito que vivifica. Mas o primeiro não foi o espiritual, mas o terrestre; o espiritual vem depois. O primeiro homem, tirado da terra, é terrestre; o segundo vem do céu..."
Atente-se que é o homem que “ vem” na sua total integridade e não um corpo ou um espirito.
Este “recuo” de Paulo até ao Genesis que ele conhecia muito bem é a chave para a interpretação da teologia paulinha e da sua ideia de um duplo Adão e, consequentemente, de uma dupla realidade: a vida na carne "em Adão" e a vida ressuscitada "em Cristo". Porém, no tempo presente, aquela vida “em Cristo” é experienciada apenas como antecipação de fé e de esperança. E é este compasso de espera que provoca o "rasgão" interior, o "eu dividido" de que nos fala Carreira das Neves e angustia o Apóstolo: "Que homem miserável sou eu! Quem me há-de libertar deste corpo de morte?"
O “corpo de morte” é a vida em Adão ou “na carne”‘, ou seja, a nossa actual condição humana.
O drama para o cristianismo é que as coisas não aconteceram conforme o tempo que o Apóstolo previra e anunciara. Passados dois mil anos, os mortos continuam mortos e os vivos continuam a viver um “corpo de morte” herdado do Primeiro Adão, e sujeitos às fraquezas dessa carne.

Mantenha-se intacto este evangelho de Paulo de Tarso e faça-se um esforço gigantesco como o dele para continuar a esperança da Humanidade. É certo que ele foi gigante; mas nós, sendo pequenos, beneficiamos da sua sabedoria e de todo o saber acumulado. Tenhamos coragem de reinventar a esperança, sem perder um “cabelo” que seja da esperança dos que nos precederam.

28 março, 2012 09:30  
Anonymous Machado said...

A prova de que estamos "no bom caminho, como diz a troika:


«O presidente do Colégio de Oncologia da Ordem dos Médicos, Jorge Espírito Santo, diz, em declarações ao PÚBLICO, que lhe têm chegado "informações, sem carácter oficial, de que há doentes com cancro a faltar a consultas e a tratamentos de rádio e de quimioterapia, devido a dificuldades económicas".» [Público]

02 abril, 2012 09:19  
Anonymous Mário Neiva said...

D.José Policarpo, este domindo: "os jovens devem ter coragem de olhar o mistério de Jesus".

Então como é, D.J Policarpo, os jovens devem olhar e entender o "evangelho=Boa Nova" que é Jesus ou serem convocados a contemplar um "mistério" que, por definição, permanece a verdade por revelar? Jesus é revelaçâo ou enigma?
Dizer que é as duas coisas é um apelo a deixar tudo como está, em abstencionismo paralizante.
Como vamos ressuscitar e transformar-nos, se somos confrontados com um mistério e não com a revelação desse mistério, mesmo que parcial mas suficiente em cada momento da História?
No mínimo, a "homilia" não está clara. Nem motiva nem mobiliza.

02 abril, 2012 13:35  
Blogger Lima said...

empos de Páscoa... tempos de reflexão...
(Transcrito do meu blogue Egos e Ecos)

Em França, onde existe uma comunidade Islâmica de mais de seis milhões de muçulmanos, a progressão de um Islame radical representa um verdadeiro problema de sociedade.
O texto que se segue chegou-me por email e é atribuído a Maître Colard, um dos advogados mais conhecidos. Encaixa-se na turbulência consecutiva ao caso, que todos devem conhecer, do atirador de Toulouse, Mohamed Merah.

É o advogado que escreve:

“ Como mostram as linhas que se seguem, fui obrigado a tomar consciência da extrema dificuldade em definir o que é um infiel. Escolher entre Allah e Cristo, sabendo que o Islame é de longe a religião com maior progressão no nosso país. (França)
O mês passado, participei num estagio anual de actualização, necessário para a renovação da
minha habilitação de segurança nas prisões.
Neste curso estavam previstos quatro intervenientes, representantes das religiões Católica, Protestante, Judaica e Muçulmana, com o fim de expor as bases fundamentais das respectivas religiões. Eu esperava com um interesse muito particular a apresentação do representante do Islame. Esta foi notável e terminou com uma projecção vídeo.

Terminadas as apresentações de todos os intervenientes, chegou o momento das perguntas/respostas, e, quando chegou a minha vez, perguntei: - Faça o favor de me corrigir se eu me engano, mas segundo compreendi a maioria dos Imames e as autoridades religiosas decretaram o Jihad (guerra santa), contra os infiéis do mundo inteiro, e que, matando um infiel, (o que é considera uma obrigação para todo o muçulmano), este ganha o direito ao paraíso. Neste contexto, agradecia que me definisse o que é um infiel.

Sem objecção à minha interpretação e sem hesitação o Imame respondeu: - Um não muçulmano.

Continuei: - Permita-me então de me assegurar que compreendi perfeitamente: Todo o adorador de Allah deve obedecer ao mandamento de matar aquele que não pertence à sua religião, para ganhar um lugar na paraíso, é isso?

O meu interlocutor, que até então apresentava uma expressão segura e autoritária, deu repentinamente a impressão de alguém que foi apanhado com a mão no saco.

- É exacto - retorqui num murmúrio.

Continuei: - Pois bem! Tenho dificuldade em imaginar o Pape Benedito XVI exortando todos os Católicos a massacrar os vossos correlegionários ou o Pastor Stanley a fazer o mesmo para garantir aos Protestantes um lugar no paraíso.

O Imame calou-se.

Continuei: - Sinto igualmente dificuldade em me considerar vosso amigo, visto que vós e vossos irmãos incitais os fieis da vossa religião a me cortar a cabeça! Apenas uma última pergunta: Quem escolhereis para seguir? Allah, que vos ordena de me matar, afim de conquistar o paraíso ou Jesus Cristo que me comanda de vos amar para que eu também tenha um lugar no paraíso, porque ele quer que eu esteja aí em vossa companhia?

Na sala, suspensa por um momento, podia-se ouvir o débil voo das moscas, enquanto o Imame continuava mudo e confundido.

Inútil é de precisar que os organizadores e promotores do seminário de formação à diversificação não apreciaram esta maneira de tratar o ministro do culto Islâmico e de expor certas verdades a propósito dos dogmas desta religião.”

03 abril, 2012 11:20  
Anonymous Antonio Costa said...

TEMPOS DE SEMANA SANTA/PASCOA

"Como evangelizar a Semana Santa?"
"Os jovens devem ter coragem de olhar o misterio de Jesus"

"Arranjaram um Deus que mete medo"

Mais logo vou ter que trocar algumas reflexoes, pois ha muito "material disponivel..."

03 abril, 2012 14:38  
Anonymous Antonio Costa said...

"COMO EVANGELIZAR A SEMANA SANTA?"

Este titulo da cr´onica de frei Bento Domingues, no Publico de Domingo de Ramos passado, serve de base para algumas reflexoes que tenho que fazer. A determinada altura o teologo começa por fazer a seguinte questao:"Em contexto de Nova Evangelizaçao, a pergunta inevitavel: como evangelizar a Semana Santa Que fazer para que se torne um intenso retiro consagrado a revisao e transformaçao da vida? O seguimento de Cristo nao e um ritual nem sequer o ritual da Semana Santa.Os fanaticos das rubricas nas cerimonias religiosas ficam satisfeitos ao cumprir um regulamento.Chamam aquilo a Liturgia da Igreja, embora sejam os seus coveiros paramentados..."

Realmente tambem penso que nao se deve esperar pela dita Semana Maior(outro termo de que nada simpatizo) para ser um seguidor de Cristo, porque, segundo os evangelhos, as ultimas horas da vida de Cristo-homem parecem nao terem sentido nenhum se nao se compreenderem os tres anos de grande catequese anteriores.
Disse Cristo quase no fim da sua missao:"Eu estarei convosco ate a consumaçao dos seculos"

Bento Domingues nao desarma e volta a carga:"...Quais sao os gestos, as palavras, as atitudes, os acontecimentos,os estilos de vida que nos dizem hoje que Cristo e nosso contemporaneo?" "
Claro que nesta semana ha diversas leituras da Paixao de Cristo(todas diferentes:qual tera sido aquela que se aproxima da verdadeira????)
e a celebre ADORAÇAO DA CRUZ( que no nosso tempo era cantado:Ecce lignum Cruccis). Mas, continua o frade teologo"...Quem ve de fora pode julgar que e para alimentar um cristianismo sacrificial, mil vezes denunciado.Mas quem nele participa tambem se sente interrogado.Jesus sofreu muito, mas pode-se ficar com a ideia de que Ele ja sabia o desenlace feliz "ao terceiro dia".Por outro lado, se tinha de passar por aquilo para fazer a vontade de Deus, que Deus ou que Pai era aquele?"
(No Jardim das Oliveiras,"ao suar sangue "Cristo tera pensado em recuar perante o que iria sofrer? Tera pensado que o Pai o iria abandonar- ja que os discipulos iriam deixa-lo so-quando disse "Pai, se e possivel, afasta de mim este calice".Sao palavras duras, e outras:"O espirito esta pronto, mas a carne e fraca")
"Jesus aparece na cruz perdido no sofrimento, num sofrimento sem qualquer sentido:Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?"

Mais adiante B.Domingues volta a ser incisivo:"Adorar a cruz? Jesus alguma vez a adorou? Afinal a cruz foi-lhe imposta pelos judeus, pelos romamos, ou por Deus? Antes de mais os textos do Novo testamento nasceram para superar o absurdo de um Messias crucificado.O que que realmente se passou com Jesus para chegar aquele ponto?Foi apanhado de surpresa?E Deus, porque o deixou passar por aquela tragedia?(E DEUS, PORQUE O DEIXOU PASSAR POR AQUELA TRAGEDIA)A repetiçao e minha, porque e demasiado forte para um humano pensar, sequer, que um Deus, todo poderoso, omipotente e repleto de amor deixe o seu filho predilecto sofrer o suplicio da cruz; a nao ser aqueles que acompanham a tese de que ...DEUS METE MEDO, e outros com teses semelhantes.
Entretanto, quase a terminar as suas consideraçoes,Bento Domingues apresenta a seguinte conclusao:"Uma coisa e amar o sofrimento e outra, muito diferente, e ser capaz de dar a vida por amor"

04 abril, 2012 00:44  
Anonymous Mário Neiva said...

Meu caro Costa, se damos a única vida que temos, ficamos sem nenhuma, tal como um herói quando dá a vida pela sua pátria. Perde a vida que vivia com os seus amores, amigos ou simples cidadãos e ganha a...imortalidade pela fama que imortalizou os seus feitos heroicos. E nós conhecemos esses “imortais” da História: Alexandre Magno ou Júlio César, Platão ou Cícero, Cabral, Colombo ou Galileu e uma miríade de outros mais.

O sonho humano esgota-se nesta imortalidade? Paulo de Tarso diz que não e radicaliza: sem a esperança da ressurreição que recupera a vida na sua totalidade, a vida humana é a mais infeliz das existências.

Parece-me que o artigo do frei Bento integra-se muito bem numa pastoral que tem como finalidade a ascese espiritual tradicional (transformação do "homem mau" no "homem bom", porque só no amor a vida tem sentido e sobretudo naquela prova máxima de amor que é "dar a vida por amor". Tudo muito certinho e no seguimento dos "três anos de grande catequese anteriores". Eu diria dos vinte séculos da catequese anterior.

Mas falta explicar como se recupera a vida dada por quem se ama ou pela "cidade"; por Deus ou pelos homens.

O amor por si só não resolve o problema da nossa vida, nem o problema da vida por quem damos a nossa. Tem de haver esperança de recuperar uma e outra. Falando claro: o sacrifício da cruz da vida não faz sentido se não acontecer a ressurreição dos amantes.

Não pode sobrar nada para morte. “Onde está, ó morte, a tua vitória?”

E a ressurreição é do homem todo e não apenas do espirito. Mais claro ainda: a transformação é do corpo e da alma -o homem todo- e não apenas do espirito, pela ascese.

Que diz sobre esta ressurreição/transformação o frei Bento? Zero.

S. Paulo é muito difícil de "roer". Imaginem o frei Bento preocupado em cuidar com tanto carinho do seu corpo como da sua alma! E, no entanto, ele afirma que acredita na "ressurreição da carne"…”transformação do corpo”…

Muitas vezes penso comigo mesmo quando me ponho a meditar nestas coisas: caraças, ainda se eu estivesse a dizer algo de novo, ainda vá que não vá; mas eu limito-me a repescar S. Paulo de há dois mil anos e um credo repetido todos os dias pelos cristãos!

O grande equívoco da pregação do frei Bento e todos outros que pregam no mesmo sentido é tomarem por realidade concretizada uma ressurreição que em S. Paulo foi vivida como "fé e esperança de ressurreição" e não como facto consumado…até aos nossos dias!

Mas como ninguém sabe como é possível recuperar a vida integral do homem crucificado e morto nas andanças desta vida, recorre-se à escapatória do "homem=espirito" que não se desintegra com "capa" que é o corpo.

Como se nós não fossemos testemunhas da desagregação moral do espirito e da tragédia da demência humana.

04 abril, 2012 11:51  
Anonymous Mário Neiva said...

Solicito à direcçâo do blog que apague o comentário em duplicado

04 abril, 2012 12:11  

Enviar um comentário

<< Home