Solenidade de Nossa Senhora do Carmo
Aqui fica a carta-circular que o Rev. P.Frei Agostinho Castro nos fez chegar e que reputamos de muito interessante.
Solenidade de Nossa Senhora do Carmo
Carta do Comissario Geral
Caríssimos irmãos e irmãs no Carmelo
Nesta quadra festiva em que celebramos solenemente
Nossa Senhora do Carmo, endereço-vos a todos uma saudação fraterna e amiga,
pedindo a Deus que, por intercessão da Sua Mãe Santíssima, derrame sobre nós a
sua bênção e a sua graça!
Nestes dias, em muitas terras de Portugal e do
mundo, Nossa Senhora do Carmo é honrada com especial solenidade! A
espiritualidade carmelita, marcadamente mariana, vê na Mãe de Deus, o modelo do
discípulo de Jesus que, na Fé e na entrega total de si, faz a vontade de Deus
em todos os momentos da sua vida. Ela é a mulher fiel que se deixa guiar pela
Palavra de Deus
Estamos a viver o Ano da Fé. Qualquer que seja o
nosso estado de vida, todos nós que pertencemos à Família Carmelita, somos
convidados a renovar o compromisso de viver em “obséquio de Jesus”! Procuremos,
mais com gestos e com atitudes do que só com palavras, mostrar a Fé que nos
move, a Esperança que nos anima e a Caridade que nos transforma e transforma a
realidade.
Neste ano de 2013, num contexto de crise humana,
social e financeira, olhemos para Maria e, tal como ela, não deixemos que as
dificuldades nos façam desanimar! Cada Carmelita é sinal dum mundo renovado,
fundado no amor de Deus derramado em nossos corações. As nossas comunidades
devem dar frutos de boas obras, em especial, obras a favor da união, da solidariedade
e da partilha.
A espiritualidade carmelita é fecunda. Faz a
pessoas crescerem na união com Deus e com os irmãos. Nesse sentido, deixo
algumas perguntas para reflexão: Será que as nossas comunidades são espaços de
espiritualidade aonde as pessoas fazem, na Fé, a experiência do encontro com
Jesus Cristo morto e ressuscitado? De que é que nos precisamos de purificar
para mostrarmos o verdadeiro rosto de Jesus Cristo? A vida das nossas
comunidades (celebrações, regra, orações, devoções, novenas, tríduos, reuniões
etc.) faz-nos crescer na Fé, Esperança e Caridade? O hábito que trazemos e o
escapulário que recebemos fazem-nos ter consciência de que somos testemunhas
vivas do Evangelho de Jesus?
Neste sentido e na recente Carta Encíclica Lumen Fidei, O Papa Francisco ensina que:
“Devido precisamente à sua ligação com o
amor (cf. Gl 5, 6), a luz da fé
coloca-se ao serviço concreto da justiça, do direito e da paz. A fé nasce do
encontro com o amor gerador de Deus que mostra o sentido e a bondade da nossa
vida; esta é iluminada na medida em que entra no dinamismo aberto por este
amor, isto é, enquanto se torna caminho e exercício para a plenitude do amor… A
fé não afasta do mundo, nem é alheia ao esforço concreto dos nossos
contemporâneos” (n.51).
Em Setembro do corrente ano, a Ordem do Carmo
estará reunida em Capítulo Geral. O tema é “Uma palavra de esperança e de salvação”(Const. 24):
viver o carisma e a missão do Carmelo; hoje”. O Carmelita é alguém que traz esperança e sentido à realidade. Peço
a todos que rezem pelo bom sucesso deste Capítulo.
Ao celebrar a solenidade de Nossa Senhora do Carmo,
enchamo-nos de Esperança e Alegria. Que a Flor do Carmelo nos acompanhe e faça
brotar na Igreja, em especial nos Carmelitas, a beleza do Amor e do Bem que
nasce no coração daqueles e daquelas que se entregam totalmente à vontade de
Deus, a exemplo de Maria!
Fátima, 10 de Julho de 2013
.
Pe Fr. Agostinho Castro, O Carm.
(Comissario-Geral)
2 Comments:
De Outra Perspectiva...
Nesta data solene do dia 16 de Julho escrevi a um antigo confrade na Ordem do Carmo. Reza assim, fazendo apenas reserva da identidade do destinatário:
"Fiquei cheio de alegria ao receber o seu email. Tinha acabado de chegar de Viseu, porque agora é um vai-e-vem neste mês de mudança de casa. Até a escrita fica um pouco para trás.
Hoje é dia da festa da "Mãe dos Carmelitas" e daqueles que guardam como preciosidades essas vivências do passado. Para mim não são mais que agradáveis lembranças de um passado vivido em sinceridade e empenhado. No presente, tenho apenas as pessoas, tanto as que ainda cultivam a "espiritualidade carmelitana", como as que evoluiram para outras formas de espiritualidade. E só posso lamentar que ambas não possam dialogar harmoniosamente, tal como um historiador dialoga apaixonadamente com o passado...
Quanto a mim, não me posso queixar. Aqui estou eu a conversar, frutuosamente, com a "espiritualidade carmelitana" do meu ex-confrade (...)
Na recente festa anual do Sameiro, fiquei no meio dos frades...Do frei João, do frei Monteiro e do Frei Agostinho Castro. Foi muito interessante, a conversa. E fiquei convencido que estava diante dos "últimos carmelitas". Verdadeiras relíquias. Só não vê quem não quer. O mundo não pára. E acelerou, como nunca antes, a sua marcha. O que é preciso é não "descolar" do passado, percebendo o continuum da História, da vida, do Universo. Só deste modo poderemos amar o passado como parte integrante do nosso presente, e amar o futuro como garante do que hoje somos e continuaremos a ser. Os "actos litúrgicos" , sejam quais forem, valerão como memória do nosso passado e não como planos e vivências de futuro. Estas, teremos de as criar, como os nossos antepassados criaram as suas. Mas isto tarda a ser compreendido pelas "igrejas". Quando começará a ser ensinado a todos os homens, de todas as religiões, que a "Palavra de Deus" não é senão a palavra dos homens acerca do Mistério da Vida e do Universo? Quando será dito, sem ambiguidades, que a única forma de amor, justiça, compaixão é aquela que se vai criando e revelando no Homem? "Quem diz que ama a Deus que não vê e não ama o irmão que vê, é mentiroso"...
Tão simples e verdadeiro, que não é para levar a sério!
Ter diante de nós o Mistério da Vida e do Universo impede-nos de cair em qualquer espécie de relativismo. Mais justiça, mais amor, mais compaixão, mais conhecimento, mais solidariedade, mais beleza, mais vida...
Na semana passada, numa das palestras para os idosos de Balugães (e não só, qua a sala estava cheia) disse, e ninguém se escandalizou, que a Senhora Aparecida, Jesus e os santos não precisavam do nosso amor, do nosso dinheiro, do nosso carinho, porque têm tudo isso em abundância. Quem precisa urgentemente do nosso afecto, do nosso ouro e do nosso trabalho são os que nos rodeiam. "Mas é muito mais fácil e cómodo dar a Nossa Senhora -que não precisa- o que negamos ao nosso marido, à nossa mulher, aos nossos filhos, irmãos e vizinhos..."
O equívoco continuará enquanto se proclamar a "Palavra de Deus", como se o Mistério da Vida tivesse outro rosto e outro coração que não o rosto e o coração dos homens...Também o "rosto" do mar e das estrelas!
Espero que viva com emoção este dia 16 de Julho de tantas lembranças queridas e antigas. E não se esqueça de que eu também faço parte delas. Com todo o gosto.
Nesse passado e neste presente nos abraçamos ternamente
Mário
"...Marta, Marta, solicita es..."
"...PATER DILIGIT VOS..."D.Francisco Maria da Silva na peregrinação da Senhora do Sameiro anos 60.
Antigamente, todos nós nos lembramos que os grandes sermões" por um orador sacro" começavam por uma frase em latim, e depois "o pregador" desenvolvia aquele tema.Ora, precisamente porque o Evangelho deste domingo apresentava precisamente a visita de Jesus às irmãs de Betânia(curiosamente o mesmo da festa litúrgica em honra de Sta Marta) e porque desde há muitos anos sempre nutri um especial "carinho" por esta passagem não tanto pelas palavras em si, mas especialmente pelos comentários antagónicos que esta leitura mais atenta encerra e, sobretudo por muitas interrogações a ela subjacentes.Qual das duas irmãs estava mais" certa" ou "errada", ou as duas complementam-se?(estão as duas certas?)Jesus não condenou(não corrigiu )nenhuma?
Plenamente de acordo com o Mário Neiva: Os santos não precisam do nosso dinheiro(das missas, das esmolas) etc.)mas sim o(s) nosso(s) próximo(s), esses é a quem devemos os nossos afectos, carinhos, a nossa solidariedade.
A este propósito, lembremo-nos mais uma passagem do Evangelho que diz mais ou menos isto."... Se estiveres no templo a rezar e te lembrares que tens algum problema com o teu irmão, vai primeiro resolver o problema com teu irmão e depois regressa ao templo para orares..." O povo tem um provérbio:"...primeiro a obrigação e depois a devoção(sabedoria popular).Também gosto deste adágio.
(Entre parêntesis:Aqui há dias, em conversa /confessionário
com um sacerdote " já na reforma"=já não no activo= eu referi que não considerava "falta grave" o facto de não cumprir escrupulosamente a "obrigatoriedade de ir à missa todos os domingos e festas de guarda" porque considerava que "
a quantidade não queria dizer QUALIDADE" porque uma Eucaristia(MISSA)bem CONCELEBRADA (por todos os PARTICIPANTES) tem um VALOR INFINITO TANTO MAIOR quanto MILHENTAS CELEBRADAS pelo mundo inteiro celebradas sabe Deus como, à pressa e com aquela lenga, lenga das intenções.O sacerdote que conversava comigo foi quase"obrigado" a concordar porque compreendeu aquilo que eu acabava de lhe expôr ( se calhar poucas vezes terá ouvido em confissão/conversa tamanha explicação para as faltas de "ouvir missa inteira......"
Nessa altura eu disse-lhe que, na minha actividade de repórter, quando fazia as fotos dos momentos principais da celebração da Missa, tentava "intrometer-me" no acto litúrgico que estava a fotografar e fazia-me co-actor do momento do sacrifício,ou seja, estava a representar colocando-me no lugar do celebrante e no lugar de participante do acto).Também os dias de festa(de santos Carmelitas ou outros) são "vividos" com esta mesma disposição, porque há sempre uma razão para a comemoração e proclamação das maravilhas que vivemos no nosso dia-a-dia em contraponto com as vicissitudes que nos queiram impor...
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