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Localização: aaacarmelitas@gmail.com, Portugal

11 de março de 2013

LUGAR  DA  PALAVRA
   
 VIII

Espaço disponibilizado para a continuação da troca de ideias, informações, comunicações, testemunhos, etc., que qualquer um possa ter para partilhar com os outros visitantes desta comunidade, nomeadamente Antigos Alunos do Seminário Missionário Carmelita, da Ordem do Carmo em Portugal. 
Aconselha-se a deixar o LUGAR DA PALAVRA VII e a passar para este espaço - O LUGAR DA PALAVRA VIII - pois, o anterior está a atingir o limite da capacidade de comentários.
 


198 Comments:

Anonymous Sebastião said...




“(...)O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada, os carácteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências. Diz-se por toda a parte: o país está perdido!Neste salve-se quem puder a burguesia proprietária de casas explora o aluguel. A agiotagem explora o juro…(…)”

Queiroz, Eça, Uma Campanha Alegre (1890)

11 março, 2013 18:54  
Anonymous Anónimo said...

Concordo quase em absoluto com o comentarista anterior.
Viremos, no entanto,um pouco a agulha e verifiquemos que no campo em que se prega a moralidade, a honestidade, a solidariedade, etc., etc., se encontram tantos pontos negros, tanta opolência, tanta riqueza disfarçada, tanta cerimónia pagã, tanta tentativa de divinisar o que é pura invenção humana, que ficamos a pensar se não seeria benéfico o "retorno" de CRISTO a este mundo para colocar em ordem os que em seu nome querem "moralizar" o mundo...

12 março, 2013 14:43  
Anonymous Anónimo said...

Só uma pequena provocação, até porque nunca fui salazarista, nem nada terminado em ista...
Mas já repararam que há quem goste de criticar o "reinado" de Salazar e se "esquece", sistematicamente, de criticar os "reinados" de Otelo, Vasco Gonçalves, Sócrates, P.Coelho, e de tantos autarcas - antênticos ditadores e corruptos - sem esquecer o famigerado conselho da revolução onde abundavam os Vascos,Os Martins, os Diniz, os Almeidas, etc., etc.,... que, esses sim, colocaram e colocam o país na miséria?
Haja seriedade nos comentários e honestidade nos raciocínios para que não deixemos de criticar quem merece sem martirizar quem merece mas não é o único...

12 março, 2013 14:56  
Blogger Lima said...

Amigos! Amigos! O que aí vai de pessimismo!
A realidade é mesmo essa que vós pintais? Não acredito.
O povo português já enfrentou outros desafios talvez maiores e com o tempo e o esforço de cada um tudo se arranjou.
Com fatalismos é que não se ganha nada.
E os políticos, meu Deus, que carga de porrada eles levam... serão assim tão maus?

12 março, 2013 16:21  
Anonymous Anónimo said...

Lima, por eles não levarem carga de porrada que merecem é que se riem do povo e c.... de alto, para as dificuldades da maioria.Vivem com uma alta segurança, ou agora nem saem para a rua. Infelizmente vai ser preciso porrada e da grossa, mas tem de ser antes de eles fugirem para Paris , como sumiu o outro FDP. Vive à grande e à francesa e estes vão fazer o mesmo, não tardará muito.
Quanto aos garotos que têm passado por estes governos em Portugal, são os lacaios dos poderosos, ou dos partidos oportunistas que lutam pelo poder e ganância de conseguirem fortunas, a curto prazo.
Por tudo isso, dou toda a razão, ao anónimo que clama por Salazar, para ver se ainda ficamos com os dedos, porque o ouro já voou.

12 março, 2013 18:07  
Anonymous Mário Neiva said...



"...ficamos a pensar se não seria benéfico o "retorno" de CRISTO a este mundo para colocar em ordem os que em seu nome querem "moralizar" o mundo..."

Esta ideia do "retorno de CRISTO" dá muito que pensar. E vale a pena parar sobre ela. Como assinalei em comentário anterior, Jesus de Nazaré veio há dois mil anos e a História Humana prosseguiu o seu curso normal de vida, destruição e morte. Tanto a "mãe natureza" como a "mão do homem" foram e são, à vez, destruição e morte. É legítimo perguntar se Jesus faria hoje o que não pôde fazer no tempo da sua vida, contra estas duas forças fatais. Por que haveria alguém de pensar que moralizaria o mundo de hoje se não moralizou o do seu tempo?
Aparentemente, a resposta é simples: ninguém fará o trabalho que compete a cada um de nós. Ou seja, a responsabilidade pelo curso da História Humana e pelo curso da vida de cada um está nas mãos de todos e de cada ser humano. Responsabilidade repartida com a "mãe natureza", que nunca deixou de ser isso mesmo: mãe.

Tantas vezes madrasta e "pecadora", quando nos afoga num tsunami ou queima num raio fulminante.


Fica a lição que vamos aprendendo cada vez mais à nossa custa: nenhum Messias (Cristo, em grego) veio ou retornará para fazer o trabalho que nos compete. Porém, fazê-lo com esperança dá outro alento. E talvez seja essa esperança de mais e melhor vida a mensagem de fundo da fé e do pensamento religioso que desde sempre acompanhou o homem.

12 março, 2013 18:17  
Anonymous Mário Neiva said...



"Amigos! Amigos! O que aí vai de pessimismo!
A realidade é mesmo essa que vós pintais?"

Eça de Queiroz sabia e escrevia sobre o seu tempo. Nós avaliamos o que vamos vendo e ouvindo.

Lima, conheces bem Vila Nova de Anha e o lugar de Chafé. A notícia veio horrorosa e negra: o senhor Anacleto, 43 anos, canalizador sem trabalho, mulher desempregada, três filhos, seis meses de renda de casa em atraso...atirou-se a um poço com o pequenino Tiago, dois anos, morrendo afogados, pai e filho.
Hoje, vem a notícia nos jornais, que se esfumam diariamente 525 empregos. Mais de 500 mil desempregados já perderam o direito ao subsídio de desemprego. Milhares de estudantes universitários abandonam a universidade porque os pais não têm dinheiro. Doentes não aviam os medicamentos ou faltam às consultas por indigência completa.
Isto é apenas uma ligeira amostra do sofrimento por que os portugueses estão a passar.
Entretanto, a gente ouve nas televisões os que se passeiam sobre este mar de dor, sentados sobre remunerações mensais de 60 mil euros, como o banqueiro Ulrich, atirar sem piedade: "ai aguenta, aguenta!". O Anaceto não aguentou. Centenas de milhar não aguentam. Vão morrendo de muitas formas.Ou agonizam.
Ontem mesmo, o sr Martin Shultz, presidente do Eurogrupo causou calafrios a muita gentes quando afirmou: "Salvamos os bancos mas destruimos uma geração jovem nos países em dificuldade".
Ficava-lhe bem, para deixar em sobressalto os dirigentes europeus, apresentar a demissão do cargo, como protesto contra tanta indignidade e cobardia política. O que se passa nesta velha europa tornou-se um caso de imoraliadde, quase a consubstanciar-se em crime contra a Humanidade.

São crimes de colarinho alvíssimo em que os especuladores financeiros, os economistas aliados e os políticos avençados acabarão por suportar o peso do juizo da História.

12 março, 2013 19:19  
Anonymous Sebastião said...

TEXTO SOBRE O ULRICH.

Por ALICE BRITO, cronista e escritora:

"Sei que a raiva não é boa conselheira. Paciência. Aí vai.

Havia dantes no coração das cidades e das vilas umas colunas de pedra
que tinham o nome de picotas ou pelourinhos. Aí eram expostos os
sentenciados que a seguir eram punidos com vergastadas proporcionais à
gravidade do seu crime. Essa exposição tinha também por fim o escárnio
popular.

Era aí que eu te punha, meu glutão.

Atadinho com umas cordas para que não fugisses. Não te dava
vergastadas. Vá lá, uns caldos de vez em quando. Mas exibia-te para
que fosses visto pelas pessoas que ficaram sem casa e a entregaram ao
teu banco. Terias de suportar o seu olhar, sendo que o chicote dos
olhos é bem mais possante que a vergasta.

Terias, pois, de suportar o olhar daqueles a quem prometeste o paraíso
a prestações e a quem depois serviste o inferno a pronto pagamento.

Daqueles que hoje vivem na rua.

Daqueles que, para não viverem na rua, vivem hoje aboletados em casa
dos pais, dos avós, dos irmãos, assim a eito, atravancados nos móveis
que deixaram vazias as casas que o teu banco, com a sofreguidão e a
gulodice de todos os bancos, lhes papou sem um pingo de remorso.

Dizes com a maior lata que vivemos acima das nossas possibilidades.
Mas não falas dos juros que cobraste. Não dizes, nessas ladainhas que
andas sempre a vomitar, que quando não se pagava uma prestação, os
juros do incumprimento inchavam de gordos, e era nesse inchaço que
começava a desenhar-se a via-sacra do incumprimento definitivo.

Olha, meu estupor, sabes o que acontece às casas que as pessoas te
entregam? Sabes, pois. São vendidas por tuta e meia, o que quer dizer
que na maior parte dos casos, o pessoal apesar de te ter dado a casa
fica também com a dívida. Não vale a pena falar-te do sofrimento, da
vergonha, do vexame que integra a penhora de uma casa, porque tu não
tens alma, banqueiro que és.

Tal como não vale a pena referir-te que os teus lucros vêm de crimes
sucessivos. Furtos. Roubos. Gamanços. Comissões de manutenção. Juros
moratórios. Juros compensatórios, arredondamentos, spreads, e mais
juros de todas as cores. Cartões de crédito, de débito, telefonemas de
financeiras a oferecerem empréstimos clausulados em letrinhas
microscópicas, cobranças directas feitas por lumpen, vale tudo, meu
tratante. Mesmo assim tiveste de ser resgatado para não ires ao fundo,
tal foi a desbunda. E, é claro, quem pagou o resgate foram aqueles
contra quem falas todo o santo dia.

13 março, 2013 09:50  
Anonymous Sebastião said...

(Continuação)


Este país viveu décadas sucessivas a trabalhar para os bancos. Os
portugueses levantavam-se de manhã e ainda de olhos fechados iam
bulir, para pagar ao banco a prestação da casa. Vidas inteiras nisto.
A grande aliança entre a banca e a construção civil tornavam
inevitável, aí sim, verdadeiramente inevitável, a compra de uma casa
para morar. Depois os juros aumentavam ou diminuíam conforme era
decidido por criaturas que a gente não conhece. A seguir veio a farra.
Os bancos eram só facilidades. Concediam empréstimos a toda a gente.
Um carnaval completo, obsessivo, até davam prendas, pagavam viagens,
ofereciam móveis. Sabiam bem o que faziam.

Na possante dramaturgia desta crise entram todos, a banca completa e
enlouquecida, sendo que todos são um só. Depois veio a crise. A banca
guinchou e ganiu de desamparo. Lançou-se mais uma vez nos braços do
estado que a abraçou, mimou e a protegeu da queda.

Vens de uma família que se manteve gloriosamente ricalhaça à custa de
alianças com outros da mesma laia. Viveram sempre patrocinados pelo
estado, fosse ele ditadura ou democracia. Na ditadura tinham a pide a
amparar-vos. Uma pide deferente auxiliava-vos no caminho. Depois veio
a democracia. Passado o susto inicial, meu deus, que aflição, o povo
na rua, a banca nacionalizada, viraram democratas convictos. E com
razão. O estado, aquela coisa que tu dizes que não deve intervir na
economia, têm-vos dado a mão todos os dias. Todos os dias, façam vocês
o que fizerem.

Por isso falas que nem um bronco, com voz grossa, na ingente
necessidade de cortes nos salários e pensões. Quanto é que tu ganhas,
pá?

Peroras infindavelmente sobre a desejável liberalização dos despedimentos.

Discursas sem pejo sobre a crise de que a cambada a que pertences é a
principal responsável.

Como tu, há muitos que falam. Aliás, já ninguém os ouve. Mas tu tinhas
que sobressair. Depois do "ai aguenta, aguenta", vens agora com aquela
dos sem-abrigo. Se os sem-abrigo sobrevivem, o resto do povo
sobreviverá igualmente.

Também houve sobreviventes em Auschwitz, meu nazi de merda!

É isso que tu queres? Transformar este país num gigantesco campo de
concentração?

Depois, pões a hipótese de também tu poderes vir a ser um sem-abrigo.
Dizes isto no dia em que anuncias 249 milhões de lucros para o teu
banco. É o que se chama um verdadeiro achincalhamento.

Por tudo isto te punha no pelourinho. Só para seres visto pelos
milhares que ficaram sem casa. Sem vergastadas. Só um caldo de vez em
quando. Podes dizer-me que é uma crueldade. Pois é. Por uma vez terás
razão. Nada porém que se compare à infinita crueldade da rapina, da
usura que tu defendes e exercitas.

És hoje um dos czares da finança. Vives na maior, cercado pelos
sebosos Rasputines governamentais. Lembra-te porém do que aconteceu a
uns e ao outro."

13 março, 2013 09:51  
Anonymous Anónimo said...

Parabéns!!! Haja alguém que não venha só para aqui, falar de ai Jesus, Nossa Senhora e que agora está tudo bem, só antigamente é que era mau.
Só não concordo com a vergastadas, ou caldo de couves, para esses bandidos, mas sim uma corda ao pescoço ao raiar do primeiro dia que fossem colocados no pelourinho.

13 março, 2013 16:57  
Anonymous Sebastião said...




Habemus Papam!

13 março, 2013 18:31  
Anonymous Sebastião said...




Habemus Papam!

13 março, 2013 18:31  
Blogger Anonimus said...

Este comentário foi removido pelo autor.

13 março, 2013 18:36  
Blogger Anonimus said...

Este comentário foi removido pelo autor.

13 março, 2013 18:36  
Anonymous Américo Lino Vinhais said...

Fátima 2013
Recordo que a assembleia-geral e o encontro de Fátima se realizam amanhã e depois e que a Casa São Nuno ainda tem disponibilidade de alojamento.
Aparece!

15 março, 2013 11:32  
Anonymous Mário Neiva said...

E eu nâo vou estar, como era meu propósito e desejo. Vários factores de ordem pessoal se conjugaram para inviabilizarem a minha presença. O mais decisivo, sem dúvida, a recuperaçãp lenta da minha mulher, após uma cirurgia que habitualmente é simples e se complicou inesperadamente. À cautela, os médicos aconselham repouso e dieta apertada. Mas está a evoluir bem.
Havia um motivo acrescido para eu ir a Fárima, que é a presença do Augusto, quase heróica, devido ao seu estado debilitado. Deixo-lhe aqui o meu abraço e a promessa de o ir visitar, quando em Maio viajar de vez para Balugães.
Que todos aproveitem bem as horas de convívio, estreitando a amizade e sonhando, uma vez mais, um amanhã sempre melhor.

15 março, 2013 15:20  
Anonymous Sebastião said...

No jornal CM

«Sorri e tenta animá-la. Falta idade ao menino para entender que a mãe não come há vários dias para ele o poder fazer. "Não chora, mamã", pede Rafael, incapaz de entender a tristeza de Ana, numa casa, em Olhão, onde não há comida, eletricidade, gás nem televisão.

O frigorífico está praticamente vazio. As prateleiras guardam nada. Estão assim desde que o marido de Ana perdeu o emprego, na construção civil, há dois meses. "Tenho metade de um pacote de leite, um resto de papa, uma alface e um bocadinho de carne, que vou preparar para o meu filho comer. Amanhã [hoje] não sei o que lhe dar", desabafou a mulher.

Tal como o marido, Ana está desempregada. "Logo que engravidei, mandaram-me embora de uma pastelaria. E, como não tinha contrato, não recebi nada", diz. O marido, sem qualquer apoio social, faz uns "biscates". Foi recentemente trabalhar numas "pinturas" em Braga, mas ainda não recebeu remuneração. "Chega a fazer dias de trabalho sem ter o que comer, para não levar o pouco que há no frigorífico", explica Ana.» [CM]

16 março, 2013 19:57  
Anonymous Sebastião said...

Complementando o relato anterior: de 2011 para 2012 duplicou o número de casais desempregados (ele e ela). Ultrapassa a dezenas e milhar e o número exacto continua por revelar. O governo deve ter vergonha de o revelar.
Não diria tanto, mas alguns exaltados afirmam que o desastre nos países periféricos é consequência da política neo-nazi da UE e do seu BCE, uma e outro capachos de uma alemanha a caminho da loucura.

16 março, 2013 20:08  
Anonymous Anónimo said...

Temos o Papa dos pobres, veremos se isto melhora alguma coisa, pois a padralhada, está quase toda, bem encostada ao capitalismo selvagem...
Obviamente contrariando os ensinamentos de Cristo, se é que essas lengas , lengas que rezam , são verdadeiras.
Essa gente (padres) , deviam ter vergonha de comparecerem nesses convites oficiais do governo que rouba e escraviza o povo.

16 março, 2013 23:58  
Anonymous Sebastião said...


"A recente decisão do Eurogrupo de assaltar as contas bancárias de cidadãos comuns é o último descarado atrevimento desta liderança europeia que assiste, impávida, ao recrudescimento da extrema direita um pouco por todo o lado como o demonstra a recente manifestação de antigos SS na Letónia.


Quanto ao crédito desta elite política que (des)governa a Europa e afunda Portugal, nada preciso acrescentar. As eleições que vão por aí ocorrendo, as recentes sondagens, entre muitos outros sinais, evidenciam o crescente descrédito, não só da chamada “classe política”– que abrange todos partidos, é bom não esquecer - como das perspectivas de qualquer solução para os problemas europeus no atual quadro institucional. O espetro da revolução ou da guerra está cada vez mais presente.


Mas no meio de tudo isto o que mais me enfurece – eu que procuro a todo o custo manter a calma – é a comunicação que nos servem. É uma comunicação controlada por manipuladores profissionais que usa as mais avançadas técnicas das Relações Públicas para atingir os seus fins. A objetividade (jornalística) é apenas uma simulação. Toda a comunicação é veiculada em doses e alinhamento que leva as grandes massas a acreditar em ideias feitas contrárias aos seus interesses. A grande mestria desta comunicação consiste em substituir-se à opinião das próprias pessoas. É uma espécie de doença autoimune: A capacidade analítica das pessoas é pervertida de tal forma que ela própria se encarrega de liquidar, quase à nascença, o mais leve assomo se autonomia crítica.


(...) Tudo em nome da isenção, da objetividade, do contraditório. (...) Tudo parece bem-intencionado, objetivo, científico; mas a única coisa realmente científica que tem esta comunicação é a sua estrutura intencionalmente manipuladora. O dr. Goebels ao pé dos seus colegas atuais não passaria dum principiante “naïf". (In blogosfera)

18 março, 2013 09:28  
Anonymous Mário Neiva said...


O Papa Francisco

Este era o Papa que a Igreja precisava, urgentemente, enquanto instituição religiosa. Será o papa da pacificação no interior da Igreja Católica, que corria o risco de profundas convulsões decorrentes ora dos contínuos escândalos relacionados com a sexualidade dos clérigos e com as finanças do Vaticano, ora dos avanços profundos e corajosos, por parte dos teólogos e biblistas, cada vez mais rigorosos na abordagem critico-histórica dos textos canónicos do NT, avanços esses que têm lançado uma nova luz sobre o nascimento do cristianismo. Nova e potenciadora de perturbação.
A verdade é que nem os escândalos nem a ousadia dos exegetas são suficientes para abalar a tranquilidade da cristandade, desde que o Papa e todo o corpo episcopal da Igreja preservem e insistam na linguagem tradicional, conservando os símbolos da fé mais sagrados e queridos do catolicismo: o amor de Deus Pai, da Virgem Mãe e do amigo indefectivel, companheiro da viagem terrena e dolorosa, Jesus Cristo.

Os escândalos são factos normais de uma Igreja que sempre se afirmou pecadora e as teologias rebuscadas são preciosismos académicos para intelectuais. A Igreja Católica faz a sua caminhada histórica, apesar deles, se forem salvaguardados os símbolos fundamentais da fé que referi.

Retive algumas frases pronunciadas pelo Papa Francisco, indicativas da pastoral a ser prosseguida e que me parece ir ao encontro da fé simples e sincera da maioria esmagadora dos católicos.

- Desejo uma Igreja pobre e para os pobres.
- Se não abraçarmos a nossa cruz, tornamo-nos mundanos.
- Deus está sempre pronto a perdoar; nós é que não procuramos o seu perdão.

Uma Igreja pobre e com os pobres. Este é um pensamento muitíssimo apelativo para uma multidão cada vez mais consciente da sua extrema pobreza ou em riscos de cair nela, uma multidão que se sente subjugada e impotente, perante um poder sem nome, sem rosto, sem nacionalidade. Um poder insidioso e abrangente, verdadeira força bruta da natureza, que nem sequer reivindica uma ideologia: tanto lá cabe um homem da Opus Dei como um mafioso materialista da pior espécie. A ganância do poder desmesurado amassou-os numa fraternidade impiedosa e desumana.

Perante esta avalanche imparável e aterrorizadora, o Papa Francisco deixa no baú das ideias lindas e utópicas as palavras sábias de um seu antecessor: "a justiça é o nome novo da paz". Penso que o Papa Francisco está consciente da sua própria impotência para atacar de frente o “monstro” e opta por ficar junto dos pobres, em solidariedade cristã. Será a novidade do seu pontificado.
Ele sabe e nós sabemos que a grande multidão dos fiéis não compreende estas subtilezas da linguagem e muito menos o seu sentido profundo: a justiça é o nome novo da paz. Qual justiça? A “justiça de Deus” ou justiça dos tribunais e das leis das nações? O que é a “justiça de Deus”? Quem está cá para a administrar? Sim, porque uma qualquer justiça não serve para nada, se não houver quem a administre!

Assim, os fiéis, sem terem uma noção do que seja realmente aquela “justiça que é novo nome da paz”, acabam por resignar-se a viver com muita paz e pouca ou nenhuma justiça.
Século após século vão rezando esperançadamente: a justiça de Deus tarda mas não falha.
Deus os ouça, que a justiça dos homens está pelas ruas da amargura. E se tiverem a seu lado o Papa a rezar com eles a oração dos pobres e dos injustiçados, tão impotente como eles diante da força bruta do monstro da injustiça, será um grande conforto.
Por outro lado, o Papa está a dizer claramente ao mundo que a tarefa de atacar e vencer o “monstro” da pobreza e da injustiça é de todos. Nem ele nem Jesus Cristo farão o que compete a cada ser humano consciente e responsável. Cristo não o fez há dois mil anos e nem será o “seu representante na terra” que o fará como se tal tarefa fosse uma magia de “converter pedras em pão”.

20 março, 2013 09:18  
Anonymous Mário Neiva said...


Vínculo 62 (Março 2013)

Nota de Rodapé

Era minha intenção deixar passar, sem comentar, as barbaridades "bíblicas" que o Jorge Dias decidiu plantar no "Vínculo". Depois, lembrei-me das "obras de misericórdia", que são catorze, e que a gente aprendeu na catequese da infância. E lá está aquela que recomenda: "corrigir os que erram".

De modo que, o que me aqui me traz, hoje, é precisamente fazer uma obra de misericórdia para com o Jorge Dias.
Foi há tantos anos que estudou teologia que acabou por esquecer até o mais elementar, o básico, o primário. De facto, confundir o continente com o conteúdo, ou seja, confundir a garrafa com o vinho que está dentro dela, ou seja, confundir o Evangelho, com os 27 livros do Novo Testamento, é de um primarismo que até dói, num ex-estudante de teologia. E como se essa demonstração de ignorância crassa fosse coisa pouca, o Jorge Dias chega ao extremo de agitar o papão da heresia, por eu falar em "Evangelho de Paulo", como se eu estivesse a afirmar ou a sugerir que Paulo tem um Evangelho e os evangelistas têm outro. À cautela, e porque a expressão "Evangelho de Paulo de Tarso" tinha um sentido específico, o editor teve o cuidado de colocar aspas e utilizar o itálico, que é a forma habitual para indicar que se alterou o sentido comum das palavras.
As aspas e o itálico são o recurso habitual dos biblistas, como por exemplo faz o Pe Carreira das Neves, precisamente para falar do conteúdo das cartas de S. Paulo, que é o Evangelho de Jesus Cristo, sem o confundir com o continente, que são as "Cartas". Estas são a forma utilizada por Paulo de Tarso para anunciar o Evangelho, o mesmo Evangelho anunciado em relatos escritos, cerca de vinte e trinta anos depois, por autores como Marcos, Mateus, Lucas e João e designados por "evangelhos".

Para se ter uma ideia de como é apropriado falar em "Evangelho de Paulo", no sentido em que os exegetas o fazem (e eu fiz no Vínculo 61), basta recordar que, das setenta e seis vezes que a palavra Evangelho aparece nos 27 livros do Novo Testamento, sessenta vezes pertencem às Cartas de Paulo e apenas dezasseis aos restantes escritores do NT!

Os leitores do “Vínculo” 62 não mereciam aquele atropelo. Espero que algum tenha ficado intrigado e começado a fazer perguntas sobre o que é o Evangelho e o que são os evangelhos. Nem tudo se perderia. Quanto à carga de heresia que o Jorge Dias me colocou às costas, essa, posso eu bem com ela. Sorte a minha que vivo nestes anos do século XXI, porque se essa acusação viesse uns duzentos anos atrás, o Jorge Dias tinha-me aprontado a fogueira ou a forca.

21 março, 2013 10:00  
Anonymous Anónimo said...

"....IDE POR TODO O MUNDO ANUNCIAI A BOA NOVA..«EVANGELHO»."
REGRESSO ÀS RAIZES?
Para os crentes, esta é a principal tarefa que Jesus deu aos seus discípulos, e, através deles, aos seus seguidores.Só que esta MISSAO tem sido muitas vezes distorcida e, tantas outras vezes adulterada e até contrariada na prática por muitos dos que se dizem detentores do poder"dito" espiritual.

Neste intervalo(quanto a mim estratégicamente preparado) da "sede vacante"em que muita tinta se gastou tentando préadivinhar o futuro da Igreja Católica,coincidente com esta Quaresma, que deve ser tempo de reflexão, de conversão(ao verdadeiro Evangelho), conforme se reza na Quarta-feira de Cinzas,quero crer que os "príncipes da Igreja" tenham meditado o quanto será necessário conversão e emenda para uma verdadeira reconciliação entre os homens de boa-vontade.
O novo leader entretanto eleito já deu alguns sinais de querer mudar de agulha, tentando corrigir a direcção seguida até aqui nestes quase quarenta anos.Depois de um Carnaval algo caricato e de uma Quaresma de expiação,( e da necessidade de alguma limpeza), desejo e espero uma Páscoa redentora para o povo de Deus...

21 março, 2013 16:11  
Blogger Anonimus said...

Um Amigo meu, falava num grupo...dizia ele:

"...Conheci um homem que tirava férias da família; ia de viajem sem a mulher e os filhos, pois dizia que férias deviam ser integrais, e que férias com a família não tinha graça. Outra senhora tirava férias da casa; não cozinhava, não limpava nada, nem administrava a casa... Muita gente também tira férias de Deus. Talvez porque durante o ano viva a espiritualidade como uma carga e não uma forma de vida..."

Anotei...!

21 março, 2013 21:53  
Anonymous Américo Lino Vinhais said...

Em Julho de 2012 falou-se aqui bastante acerca de uma eventual ida a Vila Real para cantar uma missa, desiderato que saiu furado.
Mas as pessoas continuam a gostar de cantar como se viu agora em Fátima.
Para não esmorecer a chama há agora a possibilidade de, no dia 21 de Julho, em princípio, o grupo coral deslocar-se ao Convento da Sagrada Família em Torre de Moncorvo para ali cantar a missa festiva de Nª Srª do Carmo, informando que, quem eventualmente não saiba, se trata de um convento de religiosas de clausura que pertencem e integram a família Carmelita.
Vamos estudar o tipo de deslocação e o roteiro. O que dizem a isto? O Pe Lourenço apadrinhou a ideia e até já se disponibilizou para alterar a hora da missa que é habitualmente às 9 h, mas nesse dia, se formos, será às 10 ou 11, para podermos chegar com tempo e até fazer um ensaio.
Pensem nisso e atirem ideias!

22 março, 2013 22:13  
Anonymous Mário Neiva said...


Sobre a liturgia da Semana Maior

Andrés Torres Queiruga é um filósofo e teólogo católico espanhol da Universidade de Santiago de Compostela. Escreveu um capitulo sobre a Ressurreição, numa publicação coordenada pelo nosso Pe Anselmo Borges "Quem foi, quem é Jesus Cristo". O texto é interessantíssimo e muito arrojado. Mas, neste momento, vou somente referir uma nota inicial do autor muito reveladora. Escreve o teólogo Queiruga, logo no início do seu capítulo: "Basta pensar que, entre nós, a cristologia pré-conciliar (Vaticano II) da "Sacrae Theologiae Summa", em três volumes (BAC Madrid 1956), das suas 326 páginas dedicava menos de uma à ressurreição: os tratados actuais tendem a transformá-la no/num capítulo principal".

Sublinhei, na minha leitura, esta passagem e escrevi uma nota na margem da página: para quê falar da ressurreição, se, na verdade, as pessoas não morriam? Pessoa=a alma, assinalei.

Isso mesmo. Fixou-se a crença generalizada da imortalidade da alma, bebida na filosofia grega clássica da antiguidade pre-cristã, e o homem começou a ser identificado com o seu "espirito imortal" (a alma). A "materialidade" do corpo perde-se na inutilidade da física, da química e da própria biologia! Em consequência disso, o "Evangelho da Ressurreição" (O Jorge Dias viria logo, aqui, despachadinho, demonstrar cientifica, canónica e ortodoxamente que tal Evangelho da Ressurreição nunca existiu!), em consequência, dizia eu, a ressurreição deixou de fazer sentido, caindo, naturalmente, no quase esquecimento dos teólogos e da cristandade, bem mais preocupados com o destino das almas, essas, sim, bem vivas no além, a precisar de mais cuidados do que nunca, na hora de prestar contas a Deus e de ver o seu destino traçado para o inferno, o purgatório ou o paraíso.
Não vale a pena fingir que não, porque esta crença permanece enraizada na cristandade de hoje, apesar dos caminhos novos da teologia mais recente ter-se recentrado na ressurreição, conscientes, os teólogos, de que foi a esperança da ressurreição do primeiro século do cristianismo que o fez explodir para dois mil anos de História.

Estes teólogos criaram a convicção de que, sem a "Ressureição", Jesus, o Nazareno, nunca teria passado de mais um messias judaico, um pregador renomado e carismático do "Reino de Deus", à maneira dos profetas hebreus e de João Baptista.

Ora, um Cristo (=Messias) Ressuscitado, primogénito de uma humanidade destinada à ressurreição, foi um estrondo tão grande que ficou a ecoar até aos nossos dias e teve a força de criar um novo calendário e uma nova era.

Em que consiste, então, essa "esperança da ressurreição" que foi capaz de dar origem a uma nova era? Este é o magno desafio que se põe à teologia destes primeiros anos do século XXI.

E cada um pergunte a si próprio, quer acredite na ressurreição, quer acredite no "espirito imortal do homem" se o nosso corpo, isto é, a nossa física, a nossa química e a biologia são uma inutilidade efémera ou fazem parte, para sempre, do nosso destino, integrados nos nossos sonhos e realizações de vida, de beleza, de harmonia.
Não tenham medo de fazer as perguntas todas e vão acabar vivendo numa doce esperança. Porque esta é mesmo a última a morrer, venha pela fé, pela filosofia ou pela ciência. Também pode vir pelas três em conjunto.

24 março, 2013 08:59  
Anonymous Sebastião said...

Por Domingos Ferreira, hoje, no jornal Público:

‘Por muito que os líderes políticos insistam na mentira, a política económica europeia é um colossal falhanço. De acordo com um paper apresentado na American Economy Association, dois economistas, Olivier Blanchard e Daniel Leigh, demonstram não só os efeitos recessivos da austeridade, mas também os efeitos adversos nas economias mais fracas, os quais são muito maiores do que aquilo que se acreditava. Estes investigadores concluem, ainda, que "uma prematura viragem para a austeridade é um erro terrível". Ora, estranhamente, Blanchard é nada mais nada menos que o economista-chefe do FMI, por isso tudo indica tratar-se do reconhecimento do colossal falhanço por parte desta instituição.

Dito isto, vale a pena saber então o que correu mal? Lamentavelmente, a resposta tem a ver com a ignorância e o "triunfo dos porcos". A ciência económica oferece boas medidas para fazer face à actual crise. Contudo, os líderes políticos escolheram ignorar tudo o que aprenderam ou deveriam ter aprendido. A história é simples. A crise financeira conduziu a uma queda das vendas no consumo privado, dado que os consumidores, assustados, gastam cada vez menos e poupam mais. Porém, a economia de um país não é como a economia familiar. Uma família pode decidir gastar menos e tentar ganhar mais. Mas, na economia como um todo, gastar e ganhar estão correlacionados, dado que o que eu gasto é o que tu ganhas e o que tu gastas é o que eu ganho. Por conseguinte, se toda a gente decidir cortar nos gastos ao mesmo tempo não há receita, a economia pára e o desemprego aumenta.’

E os nossos brilhantes economistas nunca ouviram falar deste "a e i o u" da economia? Sabiam, pois. Mas os Estado Social é o cobertor dos parasitas da sociedade. Há que exterminá-los, queimando o cobertor. Se houver danos colaterais, de inocentes, aos milhares ou milhões..."é a vida!

25 março, 2013 13:45  
Anonymous Mário Neiva said...


O SINAL


Neste momento, tal como muitos milhões de homens e mulheres, espanto-me com o SINAL que vem de Roma, do Vaticano.

No meio de tanta turbulência provocada pelos escândalos relacionados com a sexualidade dos clérigos (penso que o problema não se restringe, nem de longe, à pedofilia) é natural que os católicos ansiassem por sinais claros de ataque imediato a estes flagelos.

Acontece que o Papa Francisco dá mostras de estar muito mais preocupado com o distanciamento efectivo que se criou entre o Papa e os seus irmãos na fé. Lemos, ontem, a notícia de que não quer deixar o seu quartinho da casa Santa Marta, para ocupar o palácio “onde cabem mais de 300 pessoas”, como exclamou escandalizado.

Ele deve estar a pensar que o Evangelho está por demais anunciado. Que as palavras já foram todas ditas, os sermões pregados, as meditações feitas, as exegeses completadas e as teologias declinadas.
Deve estar a pensar que falta ainda cumprir-se o amor fraterno na Igreja e na Humanidade, que transforme os humanos na imagem e semelhança da Perfeição do Amor, o tal Evangelho já profusamente anunciado e repetido até à exaustão pelos seus antecessores, que viveram quase sequestrados num palácio dourado.
Deve ter pensado que chegou a hora de sinalizar uma nova era para a Igreja Católica, em que o gesto evangélico se há-de sobrepor a uma pregação sem corpo. Em que o amor tem de ser mesmo corporizado no abraço, no beijo, no pão, na cultura, na esperança e na busca de justiça sem limites: "sede perfeitos como o vosso Pai Celestial é perfeito".

Quase podia jurar, pelas reacções que vêm um pouco de todo o lado, que é exactamente isto que os católicos esperam. E não seria também esta a esperança da esmagadora maioria dos cardeais do conclave?

Se for como penso, este papado vai ser muito mais de gestos que palavras. Talvez, em sincronia com esta época da afirmação do homem integral, este papado seja o arranque definitivo para a conciliação e harmonização dos dons do corpo com os dons do espírito.

A Palavra estava aí; faltava o Gesto.

O Espirito estava no ar, na rua, em todo o lado; o Corpo, o dos Papas, estava enclausurado no palácio dourado e, nas ruas da desgraça, o corpo da imensidão dos homens e mulheres.

A Mensagem tinha de soar a falso. Toda a gente percebia o óbvio. E agora todos são apanhados de surpresa, como se já tivessem perdido a esperança de que as coisas podiam, algum dia, com algum Papa, mudar.


27 março, 2013 10:24  
Blogger ACOSTA said...

" O RERESSO ÀS RAIZES"- FINALMENTE?

Bastou mês e meio (precisamente o tempo da Quaresma, em que " o grão de trigo deve apodrecer" para se transformar em nova planta) para que, quase em uníssono, hierarquia e cristãos "de pé rapado" quase que boqui-abertos assistam ao rasgar de gestos de "opulência" e de frieza e até quase de "papalatria" com que nos quiseram brindar nestes últimos mil anos(excepção feita com o saudoso Papa Bom e do Papa do Sorriso.Este papa"franciscano-jesuita", de que ninguem falava, lentamente vai mexer nos interesses instalados, e, tal como aqueles dois papas por mim referidos, ainda não jogou os trunfos maiores que tem no" baralho".Reino de justiça, de amor e de verdade, creio que será
a grande cartilha deste homem "que veio dos confins do mundo".

Por estes dias (de Grande Semana Santa) os cristãos ouvirão a frase atribuida a Jesus Cristo na sua Paixão:"...O MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO..."
Pode ser que aqueles que diziam à boca cheia que "o Concílio Vaticano II não valeu" agora se rendam e voltem ao trilho que tão duramente foi traçado pelo Papa gordo e velho...
(Nota de roda-pé: Nem por acaso.Ontem mesmo vi excertos -a preto e granco- da cerimónia de entronização de João XXIII, e como ele irrompia por entre aquelas centenas de guardas-suiços, seguranças,clérigos-purpurados ou não-de passo firme e sem pompa, como que a dizer aos presentes:tenho pressa, preciso de trabalhar...

27 março, 2013 14:55  
Anonymous Mário Neiva said...


Se não estiver muito enganado quanto aos propósitos verdadeiros do Papa Francisco, não vamos ter um novo concilio tão depressa. Ou então, o concilio já começou, sem data marcada, sem peritos em todas as teologias e sem as despesas adicionais avultadissimas de uma reunião magna.
Será concilio realizado todos os dias. De porta em porta. De abraço em abraço. As palavras estão todas ditas. E viajaram por todo o planeta à velocidade da "luz e do som". E depois, os actos em imagem são as palvras que valem por mil.

"Dêem-me um ponto de apoio e eu levantarei o mundo".

O que um simples homem não poderá fazer!

27 março, 2013 19:26  
Anonymous Sebastião said...


Por João Pinto e Castro:


Quando os bancos gregos, irlandeses e portugueses enfrentaram dificuldades era preciso protegê-los porque deviam muito dinheiro a bancos alemães, franceses e austríacos.

Idem, pelas mesmíssimas razões, quando a crise ameaçou de insolvência alguns bancos italianos e espanhóis.

Quando os bancos alemães, franceses e austríacos reduziram significativamente a sua exposição à Grécia, avançou-se para um perdão de cerca de metade da dívida soberana grega, porque isso já não os afectaria.

No mesmíssimo dia em que isso foi decidido, a banca cipriota, muito exposta à dívida grega, ficou automaticamente insolvente apesar de, curiosamente, ter passado todos os stress tests anteriormente realizados.

O pedido de resgate de Chipres esperou quase 9 meses por uma resposta da UE.

Quando finalmente chegou, o bail-out passara a bail-in: em vez de uma penalização dos devedores, propunha-se uma penalização dos credores.

Alguns ingénuos saudaram esta inovação como uma mudança de política no sentido certo. Afinal, não é justo que o custo do reajustamento recaia inteiramente sobre os devedores, quando os credores são tão ou mais responsáveis.

Há aqui um completo equívoco, pois, na verdade, não ocorreu nenhuma mudança de política.

A política permanece inalterável, e pode ser assim caracterizada: quando a situação ameaça directamente os bancos do centro, os devedores são penalizados; quando a situação não ameaça directamente os bancos do centro, os credores são penalizados, pois assim os países do centro não terão que garantir o financiamento de emergência e o BCE não assumirá encargos adicionais.

Entendido?

02 abril, 2013 09:06  
Anonymous Mário Neiva said...

A propósito do artigo anterior, penso que a europa não vai enveredar, talvez nunca mais, pela via das armas para dirimir situações conflituosas. Uma guerra na Europa, com a utilização do armamento quase de destruição maciça, só de loucos varridos. Como já ouvi de muita gente avisada, a guerra entre "países civilizados" faz-se, agora, pela via económica.
Pode não ser sinal de nada, mas a verdade é que vários países europeus estão a entrar em colapso e começam a ser aos milhões as famílias arruinadas. É uma guerra sem tanques e bombas,mas de autêntica destruição maciça. Quem sabe, um dia, quando acabar esta loucura desumana, e as vítimas incontáveis provocarem alarme nas consciências, os actuais dirigentes europeus, precisamente aqueles que têm a "faca e o queijo na mão", e todos sabemos quem são, acabarão julgados por crimes contra a Humanidade.
Tal como aconteceu no holocausto nazi, a "nação", o "grande público" , continua a sua vida como se nada se passasse.
Morre-se silenciosamente no desespero, perante a indiferença das consciências que encontram mil argumentos para se desculparem e calarem.

03 abril, 2013 20:29  
Anonymous Mário Neiva said...


SINAIS CONTRADITÓRIOS

1 -O gesto divino de Deus que se ajoelha, lava e beija os pés de jovens delinquentes, na liturgia do Lava-Pés.

2 -O gesto humano do Papa Francisco prostrado em adoração perante a Divindade .

O primeiro gesto, o divino, o do Evangelho, constitui-se como afronta e escândalo à religiosidade humana desde a idade mais primitiva.
O segundo gesto é uma flagrante cedência a essa idade primitiva.

O que se pode perceber naquela prostração do Papa Francisco perante Deus é a reprodução do mais primitivo e genuíno sentimento religioso do Homem, desde que este foi tomando consciência da realidade omnipotente e misteriosa que o rodeava. Consciente da sua fragilidade perante forças que literalmente o esmagavam, reverenciou e endeusou essas forças, prostrou-se diante delas, submeteu-se incondicionalmente, chegando mesmo a oferecer a sua vida e a dos seus filhos para aplacar a sua ira, que via patenteada nos ataques mortíferos que vinham do mar, da floresta, das montanhas e dos céus: raios, tempestades, terramotos, vulcões, pestes, secas e dilúvios.

O Evangelho trouxe aquilo que o primeiro gesto do Papa simboliza e realiza: a Divindade prostrada diante do Homem, para o servir de uma maneira que só um Deus sabe fazer: amar totalmente. Amar como um pai ama o seu filho, dando-lhe da sua própria vida e não uma benesse qualquer, como a que o “Senhor” concede ao seu súbdito, serviçal ou escravo. Não é, sequer, um gesto do Criador para com a sua Criatura, o Evangelho do amor do Pai para com a sua filha dilecta, a Humanidade em Jesus Cristo.

Esse é que é, no cristianismo, o verdadeiro mistério da Semana Santa.

Ao longo dos séculos, a teologia cristã foi esclarecendo que Deus era a “Absoluta Perfeição” e, como tal, não carece de ser glorificada, engrandecida e, muito menos, resgatada da indigência ou da imperfeição. Quem necessita desse resgate, com absoluta urgência, é a Humanidade. Os homens é que necessitam que lhes lavem os pés e alma; que os libertem da humilhação e da injustiça; do sofrimento atroz do corpo e do espírito.

Nas liturgias religiosas tudo se passa como se o carenciado fosse o próprio Deus, como se fosse Ele o injustiçado, o injuriado, o ofendido, o desprezado, o humilhado, o escravizado. Pede-se-lhe perdão, a Deus, que nunca ninguém viu, muito menos pôde ofender, em vez de pedir perdão a quem, efectivamente, se caluniou, torturou ou, de qualquer forma, fez sofrer.

"Cuidar de Deus" como se a Plenitude carecesse de cuidados!

Era de supor que o Evangelho cristão e a sua teologia promovessem uma resposta de amor por parte do Homem e afastasse a Humanidade da prostração perante as divindades que os homens foram imaginando para reverenciar, temer, incensar e submeter-se a elas inteiramente.

Pelos vistos, parece que esta teologia cristã não é para levar a sério e os cristãos não sabem, ao certo, se hão-de prostrar-se diante do Deus dos Deuses, se hão-de crer no “meu Pai e vosso Pai” do Evangelho de Jesus Cristo.

Aquele gesto de prostração do Papa Francisco perante Deus não ajuda nada a esclarecer as mentes e a fé cristã, embora ensine muito sobre todas as religiões do passado e do presente.

Porém, a liturgia e ensinamento do Lava-Pés é o anúncio claríssimo da Boa Nova que a Humanidade tanto precisa de ouvir e ver implementada no terreno…


04 abril, 2013 18:44  
Blogger ACOSTA said...

"Ecos de Roma": "...Como eu queria uma Igreja pobre..." SINAIS DOS TEMPOS?

Passadas três semanas em que o Bispo de Roma fez a sua entronização, parece haver sinais de que a mensagem do homem "que veio de longe" está a chegar... lentamente(?) às igrejas domésticas mundiais.É motivo de regozijo.Com efeito o nosso AAC e bispo D.António Vitalino, segundo refere a Lusa, expressou a esperança que os cortes(da maldita austeridade)"sejam equitativos" e que não incidam sobre aqueles que têm salários baixos, Nesse caso, sustentou"estamos a criar um estado que náo só não é social, como é contra a dignidade humana, que é preciso respeitar" e "então aí a Igreja Católica ´não se pode calar" O prelado está esperançado que "os políticos tenham o bom senso de ir buscar aquilo que é preciso para satisfazer os compromissos"de Portugal com a Troica." Mas (o Governo) não vá buscar onde realmente não há nada para tirar.", explicandoque a Igreja Católica, não sendo formada por políticos, tem a missão de "fazer de porta-voz das pessoas que sofrem injustiças", assumindo o papel de "defensores dos mais pobres".

Será esta Páscoa/2013 o início de uma grande primavera de valores?(do Evangelho-JUSTIÇA e AMOR)

10 abril, 2013 17:25  
Anonymous Anónimo said...

Mas há quanto tempo eu critico a riqueza visível da Igreja, em tantas, tantas situações. E não só a riquesa em "metais", mas o espavento das vestes litúrgicas - do põe cartola, tira cartola, p.ex. - das cerimónias "ateatradas", da monotonia das orações, das missas com homilias sem qualquer "sumo", das procissões pelas ruas das cidades e aldeias, que dão azo mkais a escárnio do que a recolhimento espiritual, etc., etc.
Mas insistem nestas tradições sem nexo, o que se há-de fazer?
Alguém que mes responda, se souber...

10 abril, 2013 19:18  
Anonymous Anónimo said...

Ninguém responde , porque embora se saiba que é tudo um fantochada, ninguém se quer meter com essa pandilha de parasitas que se vão encostando aos capitalistas e mandam o povo rezar, para que lhes seja perdoado os pecados, etc. etc.
Vamos ver se este Papa, os manda para o terreno, converter os pecadores e dar o exemplo de Cristo e seus ensinamentos ... Eu não acredito e vós outros???

15 abril, 2013 22:30  
Anonymous Anónimo said...

Este Papa vai pelo caminho dos outros. Basta olhar para os cerimoniais que nos chegam de Roma, semana a semana.Beijinhos nas crianças e passeios de papamovel por entre aclamações. Que desilusão para quem esperava alguma mudança.Basta reparar na felicidade de cardeais e bispos por esse mundo fora, certos de que não vai haver mexidas de monta.

16 abril, 2013 09:14  
Anonymous Anónimo said...

Tudo como dantes; quartel general em Abrantes.

16 abril, 2013 19:30  
Anonymous Anónimo said...

Tanto se esperava, mas pelos visto foi apenas T.... de mijo. Que pena!!!

16 abril, 2013 21:56  
Anonymous Mário Neiva said...


Da carta a um amigo...

A propósito da morte

As palavras escritas ou pronunciadas só fazem pleno sentido se forem recebidas, sentidas e correspondidas. A isso chamamos diálogo. Se juntarmos a esse diálogo o humaníssimo afecto, desvanece-se a solidão. Se além das palavras e dos afectos juntarmos os gestos, realizamos o amor em plenitude, que é o "logos" e o "corpo" que nós somos, em sintonia e sinfonia de vida.

Procurei isto no casamento. Creio que nem sabia bem o que procurava. Nada aconteceu de repente. Foi, de facto, uma "história" construída.

E também compreendi o que me faltara na Ordem Carmelita e na fé que me era servida: essa sinfonia do "logos" e do "corpo". Se preferir, do "logos incarnado". Mas, entenda-se: incarnar não é um espírito a morar num corpo, como vinho dentro de uma garrafa; bem pelo contrário, é a interacção essencial entre a materialidade e a espiritualidade. A arte é um exemplo perfeito dessa interacção: não existe arte sem a materialidade das formas, como expressão da espiritualidade do génio humano.

Por isso a morte é uma realidade tão estranha, tão enigmática e dramática, por nos parecer que estamos a testemunhar a nossa própria diluição, mas sentindo como se tivéssemos chegado antes de toda a nossa "história" e continuado depois do fim dessa "história".

Como compreender e explicar o aparente fim da solidariedade total entre a nossa física e a biologia e a nossa evidente espiritualidade? Não aceitando, eu, a descontinuidade do SER, postulada pela dupla "substancia" da física e da metafísica, penso que haverá uma forma, numa qualquer dimensão ainda não descoberta pela ciência, que sustente a identidade que construímos, para além do colapso daquilo a que chamamos "morte".

A propósito daquela sinfonia do corpo e do espirito e da noção de que, tal como na arte, a amizade e o amor não existem sem as formas e gestos que lhe dão corpo, penso que a carência fundamental da "vida religiosa" é a ausência e até desprezo da metade essencial do homem: o seu corpo. E ainda estamos nisto, apesar de bem distantes da Idade Média. Porém, entendo essa fase da História Humana como o esforço que homem foi fazendo para "levantar os olhos do chão". Isto é, perceber que era bem mais que materialidade. Era um esforço necessário, mas o homem acabou exagerando na dose, passando do oito ao oitenta. Subiu-lhe a espiritualidade à cabeça e esqueceu-se da sua materialidade. Está na hora de fazer a síntese. Mas o enigma continua bem profundo. Também, se assim não fosse, "isto" não tinha graça nenhuma...Já pensou se soubéssemos tudo? Se já tivessem sido escritas e tocadas todas as sinfonias imagináveis?

17 abril, 2013 13:35  
Anonymous Sebastião said...


Quem nos acode?!!!

The New York Times, O remédio amargo da Europa (editorial de 14 de Abril)

«Desde que Portugal pediu um resgate financeiro, exactamente há dois anos atrás, o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho tem sido um dos mais acérrimos europeus defensores da fé em que a austeridade vai gerar crescimento - e de forma relativamente rápida. Depois de ganhar as eleições, em Junho de 2011, disse que um "rigoroso programa de austeridade e de reformas estruturais" se traduziria em "dois anos terríveis", de profunda recessão e desemprego, mas que poriam o país a crescer e a recuperar a confiança dos investidores internacionais. A sua previsão de dois anos de sofrimento foi absolutamente certeira. Mas em vez da prometida recuperação, os portugueses confrontam-se hoje com uma recessão muito mais profunda e prolongada do que aquela que o governo e os credores internacionais tinham previsto. O doloroso Programa de Ajustamento português nem sequer permitiu atingir o objectivo da consolidação orçamental, que Passos Coelho estabeleceu como pré-condição para o "crescimento sustentável, a competitividade e a criação de emprego". O défice orçamental passou de 4,4% do PIB em 2011 para 6,4% no ano passado.»

19 abril, 2013 18:35  
Anonymous F. Machado said...



O espectaculo degradante.Cá dentro e lá fora


"Não é bonito de observar um ministro das Finanças a apresentar junto dos nossos credores, em dois continentes, em vez de argumentos fortes para obter melhores condições para o seu país, nada mais que as suas credenciais de obediência, para que o premeiem flexibilizando-lhe as metas do défice e concedendo-lhe prazos mais alargados para o pagamento da dívida. Se não incomodar muito. Ah, e por favor, deixem-no regressar aos mercados. Por favor. Ele queria tanto! E que se mostra eternamente agradecido quando o consegue, apesar de levar atrás de si uma obra desastrosa. É triste, é humilhante e fá-lo passar por burro. Faz lembrar um aluno a quem recomendaram que estudasse 5 horas por dia e tivesse decidido, para demonstrar diligência e aplicação, estudar 10, tendo com isso emagrecido, apanhado um esgotamento e ficado na iminência de chumbar. Nem vos digo nem vos conto de que maneira se olha para uma pessoa destas. E para o país que representa". (Penélope)

22 abril, 2013 08:51  
Anonymous F Machado said...


E agora este cúmulo de seriedade política: Luis Filipe Menezes

"Passos Coelho é o primeiro ministro mais sério desde o 25 de Abril".

22 abril, 2013 09:01  
Anonymous Sebastião said...




Mau, Maria...

Declarações do escritor e dissidente soviético, Vladimir Bukovsky, sobre o Tratado de Lisboa



"É surpreendente que, após ter enterrado um monstro, a URSS, se tenha construído outro semelhante: a União Europeia (UE).

O que é, exactamente a União Europeia? Talvez fiquemos a sabe-lo examinando a sua versão soviética.

A URSS era governada por quinze pessoas não eleitas que se cooptavam mutuamente e não tinham que responder perante ninguém. A UE é governada por duas dúzias de pessoas que se reúnem à porta fechada e, também não têm que responder perante ninguém, sendo politicamente impunes.

Poderá dizer-se que a UE tem um Parlamento. A URSS também tinha uma espécie de Parlamento, o Soviete Supremo. Nós, (na URSS) aprovámos, sem discussão, as decisões do Politburo, como na prática acontece no Parlamento Europeu, em que o uso da palavra concedido a cada grupo está limitado, frequentemente, a um minuto por cada interveniente.

Na UE há centenas de milhares de eurocratas com vencimentos muito elevados, com prémios e privilégios enormes e, com imunidade judicial vitalícia, sendo apenas transferidos de um posto para outro, façam bem ou façam mal. Não é a URSS escarrada?

A URSS foi criada sob coacção, muitas vezes pela via da ocupação militar. No caso da Europa está a criar-se uma UE, não sob a força das armas, mas pelo constrangimento e pelo terror económicos.
Para poder continuar a existir, a URSS expandiu-se de forma crescente. Desde que deixou de crescer, começou a desabar. Suspeito que venha a acontecer o mesmo com a UE. Proclamou-se que o objectivo da URSS era criar uma nova entidade histórica: o Povo Soviético. Era necessário esquecer as nacionalidades, as tradições e os costumes. O mesmo acontece com a UE parece. A UE não quer que sejais ingleses ou franceses, pretende dar-vos uma nova identidade: ser «europeus», reprimindo os vosso sentimentos nacionais e, forçar-vos a viver numa comunidade multinacional. Setenta e três anos deste sistema na URSS acabaram em mais conflitos étnicos, como não aconteceu em nenhuma outra parte do mundo.

Um dos objectivos «grandiosos» da URSS era destruir os estados-nação. É exactamente isso que vemos na Europa, hoje. Bruxelas tem a intenção de fagocitar os estados-nação para que deixem de existir.

O sistema soviético era corrupto de alto a baixo. Acontece a mesma coisa na UE. Os procedimentos antidemocráticos que víamos na URSS florescem na UE. Os que se lhe opõem ou os denunciam são amordaçados ou punidos. Nada mudou. Na URSS tínhamos o «goulag». Creio que ele também existe na UE. Um goulag intelectual, designado por «politicamente correcto». Experimentai dizer o que pensais sobre questões como a raça e a sexualidade. Se as vossas opiniões não forem «boas», «politicamente correctas», sereis ostracizados. É o começo do «goulag». É o princípio da perda da vossa liberdade. Na URSS pensava-se que só um estado federal evitaria a guerra. Dizem-nos exactamente a mesma coisa na UE. Em resumo, é a mesma ideologia em ambos os sistemas. A UE é o velho modelo soviético vestido à moda ocidental. Mas, como a URSS, a UE traz consigo os germes da sua própria destruição. Desgraçadamente, quando ela desabar, porque irá desabar, deixará atrás de si um imenso descalabro e enormes problemas económicos e étnicos. O antigo sistema soviético era irreformável. Do mesmo modo, a UE também o é. (...)

23 abril, 2013 13:57  
Anonymous Anónimo said...

Mas, então, o que deve ser o sistema político de um país ou de um grupo de países, como a UE?
Não serão as pessoas e não os sistemas que estão mal?
Não será a ganância de uns tantos a decapitar o ideal dos sistemas?
Se nada serve, o que nos resta?
E pense-se com sinceridade: Todos nós somos culpados por as pessoas que encabeçam os sistemas, serem corruptas, incompetentes, comvencidas e, pior ainda, edquecidas dos mais desfavorecidos... em toda a linha.


23 abril, 2013 23:24  
Anonymous Mário Neiva said...


Acompanho este anónimo, quando diz que somos responsáveis (não direi culpados)por ter introduzido a "raposa" na "capoeira". As democracias que criamos parecem em regressão, pois cada vez mais é o poderio económico que "elege" os governantes e dita as leis. As democracias menos estruturadas desmoronam-se como castelos de cartas. Qualquer "analfabeto" ou "macaco de fazer contas" serve para governante da nação porque, ao fim e ao cabo, quem manda é quem paga e produz o marketing eleiçoeiro.
Claro que esta fase danada há-de passar. Talvez depois de muitos milhões de cadáveres, aqui na europa, que se julgava ter enveredado por uma democracia vigorosa e crescente. Neste momento, as vidas destruídas pela crise são, não aos milhares, mas aos milhões. Os países vão caindo, um a um, como na Segunda Guerra Mundial. Agora é tudo muito mais sofisticado: em vez de prédios e bens, liquidam-se apenas as pessoas. A eito. Com uma única e terrível arma de destruição maciça: juros arrasadores. Ironicamente, foram os juros baixos e o crédito fácil o canto da sereia que arruinou as defesas das nações. As pessoas sabem perfeitamente que se "deixaram levar". Por isso aceitam passivamente os factos e as culpas. Os que ainda têm força anímica tentam a emigração e os mais frágeis ou agarrados ao seu "espaço" sucumbem suicidando-se ou deixando-se morrer aos bocados.
Como vivemos em democracia, não temos a quem culpar pelos nossos desaires. Isto explica muito do desespero actual. Desengane-se quem espera ver surgir revoluções à "25 de Abril". Agora não existe a desculpa das ditaduras para pegar em armas. Os europeus, filhos da democracia, perceberam que quem falhou foram eles próprios. Lutaram pelas liberdades e pelo voto livre e depois acomodaram-se, como se estivesse tudo feito. Não estava. Faltava cumprir-se, de facto, a democracia, a qual, como já todos perceberam, não existia "pronta a ser servida".

A europa está em decomposição. As raposas estão dentro das capoeiras.
As "dores de parto" para uma nova sociedade são quase insuportáveis.
É preciso ter esperança.

24 abril, 2013 10:20  
Anonymous Mário Neiva said...


E Por Último...(1)

A morte é o fim de uma história verdadeira.
Numa obra de ficção (um romance, por exemplo)os personagens nunca viveram e nunca morreram, não sendo mais que a expressão do génio do seu autor. Do mesmo modo, as mitologias, todas as mitologias, são produto da imaginação, da emoção, do sentimento e do pensamento humano. Os mitos são a expressão de uma história, essa, sim, verdadeira, que é a história humana.

Mas tantas vezes se esquece que os mitos são realidades ficcionadas e que a história verdadeira é a da nossa vida construída. E, por ser verdadeira, está limitada ao seu espaço e tempo até o fim.

A este "fim" nós chamamos, muito indevidamente, morte. De facto, só uma história ficcionada, no romance ou no mito, morre mesmo. Aliás, nunca chegou a viver, ou seja, a ser história de verdade. Foi sempre uma existência faz-de-conta, e, como tal, podendo ser ressuscitada ou representada as vezes que alguém quiser.

Ao contrário, uma história verdadeira é única e irrepetível, vivida uma só vez, construída, laboriosamente, segundo após segundo, até que seja interrompida, de uma ou de outra forma.
A história verdadeira de qualquer um de nós poderá ser contada e recontada; poderá ser evocada na memória da saudade e da ternura pelos que nos amaram. E, mesmo assim, como simples evocação, nunca será integralmente evocada porque nós, uns mais e outros menos, levaremos connosco as nossas mais profundas emoções, sentimentos e pensamentos: aqueles que nem às paredes confessamos, como canta o fado da nossa Amália Rodrigues.

O "fim", a que agora já não designarei por "morte", vai preservar para sempre a realidade inviolável que sempre fomos e construímos em vida.

27 abril, 2013 20:27  
Anonymous Mário Neiva said...


E Por Último…(2)

Se não há morte para uma história verdadeira, também, logicamente, não há ressurreição.
E preenchi eu tantas páginas a escrever sobre a ressurreição…

Não vou agora voltar ao assunto, mas deixo uma última nota sobre o tema: a ressurreição segundo S. Paulo não foi exemplificada pelas narrativas de Lázaro ou do filho da Viúva de Naim, mas pela narrativa fabulosa da Transfiguração, no monte Tabor, que ensina o verdadeiro “fim” da história de Jesus de Nazaré, de Elias e de Moisés. Aqui, não se trata de cadáveres putrefactos que são revivificados para morrer novamente (!), mas de histórias verdadeiras de vida, definitivamente fixadas (eternizadas).

O fascínio pelo cristianismo e o seu enorme sucesso dentro da História da Humanidade, a ponto de estar na origem de uma nova era, aconteceu, a meu ver, por se fundamentar numa história verdadeira, a do homem Jesus de Nazaré.
Para os crentes cristãos, Jesus tornou-se a expressão viva do enigma humano e do próprio universo, ultrapassando as ficções das meras crenças religiosas e dos mitos. Claro que os cristãos não ficaram imunizados contra crenças e mitos e acabaram por cobrir a figura história e verdadeira de Jesus com todo o peso das roupagens próprias das crenças e dos mitos. Mas a “história verdadeira” lá permaneceu, tão enigmática como qualquer história de qualquer ser humano.
Em Jesus de Nazaré,porém, os cristãos quiseram entender o seu próprio enigma. Para eles, em Jesus de Nazaré o finito e o infinito se encontram, se conjugam, se irmanam e os cristãos pensaram e acreditaram que o seu destino era igual. E é precisamente neste sentido que evolui a teologia actual. Quem acompanha os grandes teólogos e exegetas dos nossos dias dá-se conta de que eles querem encontrar a verdadeira história de Jesus para além dos floreados mitológicos, convencidos de que a sua história humana verdadeira é o exacto enigma da vida humana e do universo. É como se os teólogos e exegetas tivessem chegado ao entendimento a que chegou o bispo de Hipona, Santo Agostinho, que deste modo definia o inefável: “interior intimo meo et superior supremo meo”. Numa tradução muito livre ficaria assim: tudo o que possa imaginar, sentir e descobrir de mais profundo em mim e tudo o que puder conceber de mais sábio, belo e harmonioso, ainda assim não “chego lá”.
Os teólogos e filósofos cristãos referem-se à consciência desta realidade enigmática como o confronto entre a incompletude e a plenitude.

27 abril, 2013 20:59  
Anonymous Sebastião said...





Já imaginaram um ninistro português fazer uma coisa destas?
Perceber o sentido da injustiça estrutural é o princípio para uma viragem que se torna urgente.

"O ministro do Trabalho e Pensões britânico, Iain Smith, considerou este domingo, em entrevista ao Sunday Telegraph, que os beneficiários de pensões mais elevadas que não precisem de ajudas económicas do Estado deveriam «devolver» voluntariamente os montantes recebidos".

28 abril, 2013 18:28  
Anonymous Mário Neiva said...


E Por Último…(3)

Tudo isto é lindo, mas o que sabemos do “fim” da história de cada um de nós é muito pouco, quase nada, para além de constatarmos o próprio “fim”.

A lógica diz-nos que o SER não pode reverter ao NADA. Infere-se, pois, que uma história vivida e construída jamais poderá ser “apagada” do seu tempo e do seu espaço no SER. Ora, se é assim, por que não se manifesta aos que continuam a construir a sua própria história? Por que é que o passado não se manifesta “vivo”? E será que não se manifesta mesmo?

À ideia cartesiana da dupla e tripla substancia contraponho o pensamento da REALIDADE concebida como um “continuum”. E é no “interior” deste “continuum” que vivemos e construímos a nossa história pessoal única e irrepetível. Mas não entendo, minimamente, como essa história possa subsistir após o “fim” , após a dissolução biológica.

O assunto não preocupa apenas teólogos e filósofos. A estes se juntaram os homens da ciência. Os astrofísicos admitem a existência de outras dimensões para além das que conhecemos, onde, por ventura, esteja reproduzida a nossa existência, de uma forma que nem sequer podemos, sequer, imaginar. E a verdade é que, sendo a desagregação física e biológica o manifesto fim da nossa história pessoal, só a revelação dos segredos que se escondem na física podem trazer alguma luz sobre as nossas histórias construídas e irreversíveis, todas elas histórias verdadeiras num determinado tempo e espaço.

Já sabemos, pela ciência da física nuclear, que a designada matéria é muitíssimo mais do que aquilo que parece e aparece na nossa dimensão, precisamente na dimensão em que construímos a nossa história. Que surpresas nos estarão reservadas dentro da "física" que não é simplesmente “matéria”?

28 abril, 2013 19:48  
Anonymous Mário Neiva said...



E Por Último…(4)


Vou trazer aqui uma história verdadeira, que aconteceu e acontece com uma pessoa das minhas relações desde há muitos anos. Recebi o relato como um murro no peito, de tão insólita que era a narrativa, a qual, vinda de quem vinha, era digna do meu crédito. Só a grande confiança que essa pessoa deposita em mim e pensando, justamente, que eu seria a última pessoa a emitir um juízo apressado, a levou a fazer-me a revelação. Ainda hoje estou atónito e sinto que hei-de passar o resto da minha vida a tentar perceber o que se passa.
A pessoa em causa não segue qualquer religião, muito menos está ligada a rituais esotéricos. Vive uma vida perfeitamente comum, exercendo, com dedicação apaixonada, a sua profissão. Pois foi no exercício dessa profissão que começou a interagir, com o meu amigo, um senhor falecido há dezenas de anos, que ele havia conhecido e exercera, em vida, o mesmo ofício. Pois bem, o “falecido” tornou-se num “contacto” diário, dando informações objectivas e precisas, estabelecendo um diálogo do género:
-Precisava de uma peça para aqui.
-É esta, intervinha o “ contacto”.
E era exactamente. E acontece dia após dia.

Como vêem, é uma história simples. Complicado, é saber o que está a acontecer. O meu comentário anterior (3) é já uma reflexão no sentido de encontrar uma resposta. A filosofia não ajuda nada, porque é da sua natureza fazer a última pergunta, sabendo de antemão que não vai ter a resposta. A fé tem as respostas todas, mas o nosso azar é que não deixamos, nunca, de ser filósofos! Finalmente, a ciência. Tem uma resposta para cada pergunta que faz e vai respondendo, pacientemente, uma por uma, exasperando os que exigem saber tudo no espaço de uma vida…


29 abril, 2013 09:03  
Anonymous Mário Neiva said...


Esclarecimento: onde escrevi "que ele havia conhecido" deverá ler-se "cuja nome e actividade profissional conhecera".
Esta correcção era necessária porque o meu amigo não chegou a conhecer pessoalmente o "contacto".

29 abril, 2013 09:23  
Anonymous F. Machado said...




A gente ouve e não acredita. Lá, na Alemanha, seria "assim", como ele diz, aí em baixo. Aos nossos governantes mandam continuar a "cortar" e dizem que estamos no bom caminho. No fundo, devem pensar que somos, de facto, os europeus mais estúpidos,talvez puro esterco ou raça inferior. Os nossos "maiores" abanam com as orelhas e curvam-se. Só falta mesmo beijar o chão onde eles põem os pés. E ainda agradecem, "os nossos maiores", por nos deixarem aproximar para beijar o chão.
Ratos!
Leiam e fixem, que esta é fresquinha:

“Claro que temos que reagir aos desenvolvimentos económicos, algo que fazemos na Alemanha”, afirmou Schaeuble. “Não somos burocráticos, não somos estúpidos”.
“Se a economia se deteriorar, não se reforça a tendência negativa através de mais cortes”, acrescentou.

29 abril, 2013 17:15  
Anonymous F. Machado said...




"...O tempo é, pois, de dizer basta. Basta da desonestidade de afirmar que não há alternativas. Basta da falácia repetida vezes sem conta sob a forma de discurso único de que "renegociar o ajustamento" é sinónimo de não querer pagar a nossa dívida. Basta de nos enganarem sistematicamente com a promessa de que "os sacrifícios valerão certamente a pena". Basta de nos fazerem de idiotas garantindo que "não haverá mais aumento de impostos", como se a nova contribuição especial ontem anunciada não fosse uma nova taxa. Basta, como dizia Manuela Ferreira Leite, de nos imporem austeridade "em nome de nada". Basta de fingirmos que o consenso não existe, quando é absolutamente claro que ele aí está, porém de sinal contrário àquele de que o Governo gostaria. Basta.

António Nóvoa, o reitor da Universidade de Lisboa, dizia ontem que "em tempos tão duros como os de hoje ninguém tem o direito de ficar em silêncio". E rematava: "É tempo de dizer não. Não a um País sem futuro." E eu acrescento, é tempo de dizer basta.» [DN]

Autor:


Nuno Saraiva.

05 maio, 2013 11:39  
Anonymous F.Machado said...

José Reis, professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra,no Público:

‘Primeiro foi a violenta austeridade, dita sem alternativa e apresentada como a solução para tudo. O resultado foi uma crise que destrói a economia, desfaz o emprego, abala a esperança e mina o mais substantivo dos direitos, o de acreditar no futuro e confiar que os nossos filhos serão mais capazes e mais felizes que nós próprios. Quiseram-nos individualmente pobres e pobres nos têm.

Agora, a violência redobra. Querem-nos coletivamente pobres. Anseiam destruir o Estado. Não o Estado que os poderosos sempre usaram ao serviço dos seus interesses, mas o Estado social: o da ação redistributiva, o que acode aos mais frágeis, o que qualifica com educação, ciência, saúde ou Segurança Social, o que desenvolve a cidadania, porque é um Estado de direito e de direitos, o que organiza e moderniza com uma administração pública competente, o que, com investimento, desenvolve o capital fixo social, isto é, as infraestruturas coletivas que viabilizam e promovem as iniciativas privadas e as dinâmicas gerais, o que, enfim, regula estrategicamente a economia e defende a posição internacional do país.

Quiseram enganar-nos, encobrindo o efeito recessivo da primeira austeridade, pois queriam submeter-nos. E calam agora o ainda mais grave efeito depressivo da segunda, a destruição do Estado social. A verdade é crua: desfazer as políticas sociais e obrigar as famílias a usar o seu salário para obter tais serviços nos mercados privados, cuja criação é o grande propósito de quem dirige o ataque, vai aumentar as desigualdades e destruir emprego qualificado e dará início à mais profunda depressão. Sem a almofada progressiva que os impostos ainda conservam, a ação pelo lado da despesa pública e da privatização destruirá os mais pobres e desalentará os de rendimentos medianos. O Estado de um assistencialismo mínimo servirá, quando muito, para encobrir a crueldade da pobreza que o Estado de antes de Abril disfarçava, mas que o país democrático não tolera.

Sim, o primeiro nome do ataque ao Estado social é injustiça, mas o segundo é regressão económica e social para lá de todos os limites.

A economia política da regressão mostra as suas faces duras: redução da riqueza que podemos produzir, desemprego maciço, perda grave de receitas fiscais, pois uma economia moribunda não gera impostos, desperdício de pessoas e das suas qualificações, emigração. Empobrecemos violentamente. E sobra mais uma consequência. Como é notório pela crise de procura, as forças privadas são incapazes, por si, das ações de retoma geral e sustentável que houve noutras crises, porque havia ação pública, políticas de incentivo e estímulo, instrumentos para impulsionar a recuperação, desenvolvimento de recursos gerais, incluindo os humanos, e uma administração pública que agiu. O Estado social que temos não foi apenas um formidável investimento de todos nós em nome de direitos, igualdade e desenvolvimento. Foi também um agente crucial de ação pública e coletiva para sustentar um país tão periférico como o nosso.

O discurso liberal obcecado encobre as suas razões e é rico em falsidades. Nada diz sobre as instituições do euro que devastam periferias e servem interesses dos países centrais. Ilude que é a sua revisão profunda que pode ser a solução mais sólida. Diz que as famílias se endividaram, mas omite que o fizeram tanto como noutros países e que foi por causa da habitação. Encobre os que ganharam com privatizações. Chama monstro ao Estado, mas não diz que ele só se aproximou do nível que outros há muito atingiram e que o fez sobretudo para nos qualificar.’

05 maio, 2013 20:29  
Anonymous F.Machado said...


Segundo os nossos mais distintos economistas, o que nos está a matar e nos obrigou a pedir ajuda externa foi a subida louca das taxas de juros, por parte dos especuladores financeiros, vulgo, "mercados". Segundo os mesmos economistas, nós produzíamos o suficiente para sustentar o Estado Social que erguemos e ir gerindo a dívida externa, embora houvesse correcções a fazer nas famosas "gorduras do Estado", nos desperdícios e nas obras desnecessárias. Logo, a luta dos países atacados pelos especuladores seria no sentido de criar alternativa, através do BCE, a estes especuladores, oferecendo crédito as taxas de que beneficia, por exemplo, a Alemanha ou a Holanda. Pois bem, a senhora Merkel decidiu que a solução passava por "encolher" as economias atacadas, até atingirem o défice extermo zero ou superavit. Custasse a destruição que custasse, dos países vítimas dos especuladores. Merkel sabia que estes países não tinham Banco Central para ajustar a moeda em casos como este. Sabendo disso, entregou-os aos "cães".
Infelizmente, em Portugal, encontrou os colaboradores perfeitos do actual governo, que dizem que assim estava muito bem e foram mesmo além do que lhe era pedido pela Merkel, vulgo, Troika.
Cada época tem o seu Miguel de Vasconcelos. Quando será sete, defenestrado?

Agora leiam:

"Ex-ministro das Finanças alemão pede o fim da moeda única para que os países do sul da Europa possam encontrar o caminho para a recuperação.

...Oskar Lafontaine considera que as políticas de austeridade estão a levar ao desastre: "a situação económica piora de mês para mês e o desemprego atingiu um nível que coloca as estruturas democráticas em questão", afirma Lafontaine, citado pela Associated Press.

O responsável aponta o dedo a Merkel, acusando-a de ser uma das principais responsáveis da crise na Europa e considera que a chanceler alemã só "vai despertar do seu sono hipócrita" quando "os países europeus unirem esforços para forçar uma mudança de política", às custas da Alemanha.

"Os alemães ainda não perceberam que o sul da Europa, incluindo a França, vai ser forçado pela sua miséria actual a lutar, mais cedo ou mais tarde, contra a hegemonia alemã", sublinha.

Lafontaine propõe ainda uma reestruturação do sistema bancário da Europa, medidas de controlo mais estritas sobre os credores e um regresso ao sistema monetário europeu que antecedeu o euro, que permite fazer "desvalorizações e valorizações controladas" das moedas nacionais".

06 maio, 2013 18:09  
Anonymous Sebastião said...



"O poder foi ocupado por gente que patologicamente teme a igualdade. Gente que no seu íntimo odeia os pobres, mesmo que o seu discurso exiba o contrário. Cuidado: como diz o professor Cavaco, “não digam que não vos avisei…”

08 maio, 2013 09:17  
Blogger ACOSTA said...

"FULANO morreu de ataque cardíaco:ia na rua, de repente caiu para o lado e...ficou..."CICRANO faleceu...estava doente, mas andava a tratar-se.Anteontem foi para o hospital, piorou esta madrugada ...faleceu durante a manhâ.BELTRANO morreu de acidente..." Têm sido estas as desculpas para o desaparecimento repentino de nossos entes querios, amigos, e/ou conhecidos.
O "povo" na sua ancestral sabedoria popular diz:"acabaram-se os trabalhos dele; o pior é para quem cá fica".Terá razão?
Será motivo de alegria a chegada de um bébé ou a"partida"de um nosso familiar, por mais íntimo que seja? A frase TODOS NÓS GOSTAMOS DE VIVER é totalmente verdadeira, mesmo nos tempos(difíceis) que correm?.
Eu fui confrontado com estas perguntas e mais algumas nestas duas últimas semanas em que "assisti" a duas situações de falecimentos e à festa da bênção de duas dezenas de grávidas: dois eventos, de emoções aparentemente contrárias.
Neste tempo, que ainda é de Páscoa, em que tanto ouvimos falar de vida nova, mas pouco refletimos,e talvez não saibamos saborear esse dom, seria bom primeiro exigir a quem tem o poder que cada cidadão TEM DIREITO DE VIVER DIGNAMENTE e depois , em sociedade trabalhar para o bem DE TODOS,e não só de ALGUNS.

Mas... e depois?O que tem a ver com os acontecimentos tristes ou alegres destas semanas? Voltamos ao início? à raiz? à nossa origem como Humanidade? A minha gata teve tres gatinhos; a minha esposa, como serviu " de parteira", não permitiu que eu os tirassse da cama deles; eles cresceram,e, passados dois meses, foram dados a pessoas amigas ; pois a gata apercebeu-se que lhe foram tirados os filhos, quando eu cheguei, chorava e andava atrás de mim de lado para lado a ver se eu encontrava os filhos; já passaram quase três semanas, e mesmo hoje continua a andar atrás de mim...é o luto. Nós homens somos muito diferentes dos outros animais ditos"irracionais"?(com espírito e corpo?).Se calhar, teremos mais ou menos liberdade???

08 maio, 2013 15:05  
Anonymous Mário Neiva said...

E Por Último...(5)

Contiuarei a dar-vos conta dos desenvolvimentos da história que vos deixei no "E Por Último...(4)
O texto do email que a seguir reproduzo vai ter a resposta ao pedido de informações que solicitei ao meu amigo, conforme o próprio já me confirmou.


"Depois da revelação que me fizeste acerca do teu « contacto”, eu fiz-te saber que levei muito a sério esse “segredo” e escrevi, num comentário para o blog da AA Carmelitas, que ficaria a “magicar” no assunto para o resto da minha vida.

E aqui estou eu, ao fim de muitos dias de meditação, a voltar ao assunto, o que prova quanto me é merecedora de crédito a tua confidência.

Pois eu lembrei-me de equacionar o fenómeno que se passa contigo com a ideia extraordinária dos astrofísicos acerca do que eles designam por “seta do tempo” .Possivelmente, já conheces o que a ciência entende por “seta do tempo”. Resumidamente, significa o movimento invariável, irreversível e irrepetível do “presente” para o “futuro”. Coloquei estas duas palavras entre aspas para indicar que elas representam o acto puro de que resulta o passado ou a história.

Isto começa a complicar.

11 maio, 2013 09:57  
Anonymous Mário Neiva said...


(continuação)

Para descomplicar um pouco, permite-me que reproduza, através de um exemplo concreto, a ideia que lhe está subjacente. Aliás, é o exemplo a que alguns astrofísicos recorrem para explicitar o sentido da “seta do tempo”. Pensa numa mesa com uma jarra em cima; a mesa tomba e a jarra fica estilhaçada. Ora, dizem os astrofísicos, nunca veremos este movimento a processar-se em sentido inverso, ou seja, do “futuro” para o “passado” (a história, em que o “presente” se transformou). Por conseguinte, nunca veremos a mesa a “destombar” e a jarra a “despartir”. Podemos juntar os cacos e repor a mesa na posição anterior, mas o acto de tombar a mesa e partir a jarra é um “passado” e uma “história” (verdadeira) irreversível.

(Qualquer coisa como “Deus criou o mundo mas não o pode descriar).

Ora bem, se nós não podemos regredir ao passado, podemos, no entanto, percepcioná-lo e entendê-lo, fazendo uma leitura tanto mais fiel quanto mais nos aproximarmos da verdade do acontecimento. De Camões só poderemos encontrar, percepcionar e entender, os exactos versos que ele escreveu; e nem mais um (como também poderíamos nunca ter encontrado nenhum, apesar de terem sido todos escritos). Nisto reside a diferença entre a verdade da história e a fábula. Ou a fantasia.

Posto isto, e continuando a não conseguir explicar o fenómeno do teu “contacto”, uma conclusão eu já me permito avançar: do teu “contacto” apenas receberás indicação de “peças ”que ele já tenha colocado no puzzle, do mesmo modo que só ouvirias de Beethoven uma das sinfonias por ele criadas. Também descarto, desde já, a possibilidade de qualquer percepção sensorial do teu “contacto” , seja pela forma, cor, olfacto, tacto ,etc, porque isso significaria “destombar” a mesa e “despartir” a jarra. Pois a verdade é que o teu “contacto”, uma vez falecido, é como mesa tombada e jarra partida, isto é, passado irreversível. Mas entendível, e capaz de nos transmitir conhecimentos precisosos, que são os acontecimentos da sua vida e história autênticas, até ao derradeiro dia da sua existência; literalmente, “antes de partir”.

Caríssimo amigo, acredito que haja muita gente a ter “contactos” desses e tais pessoas, na sua ignorância e boa-fé, revestem o fenómeno com as roupagens da fantasia, podendo, facilmente, ser vítimas de alucinações. O “fenómeno-contacto” poderá ser real, como no teu caso, mas as pessoas não percebem o que lhes está a acontecer.
Se eu estiver certo nas minhas considerações, terás de me confirmar que não vês, não tocas, não cheiras e não ouves o teu “contacto”. Apenas te “apercebes” da sua presença, confirmada e traduzida em preciosas e oportunas informações. Se for mais do que isto, talvez seja bom consultares um médico.

Fica-me em mãos o mais incrível enigma da tua revelação: como é que o nosso pensamento viola, aparentemente, o espaço-tempo, regredindo ao passado de uma forma tão real que o torna presente, permitindo um “assombroso” contacto, como aquele que me contas.
Aguardo, com alguma ansiedade, as tuas informações.
Um grande abraço
Mário"

11 maio, 2013 09:58  
Anonymous F. Machado said...


Afinal doram os banqueiros que viveram acima das possibilidades dos seus bancos. O bom povo português (e outros) paga o ajustamento. Que está a ser magnifico, diz o governo e aplaude a troika. de pé. Pudera; da que se livraram os banqueiros!

João Caraça, O Estado-papão [hoje no Público]:
'(…) a finança não consegue governar o mundo sem servos obedientes. Claro que há métodos diferentes para os tornar submissos, consoante as nações em causa sejam ou não potências militares no mundo global. O que se está a passar na Europa é exemplar: as veleidades de o euro se tornar uma moeda de referência à escala mundial desvaneceram-se em pó com a crise continuada que vivemos. E a fragmentação política a que se assiste na União é a garantia de que a cabeça europeia continuará baixa durante esta década. O mecanismo seguido é, também, de antologia: primeiro, obrigam-se os Estados-providência a providenciar os fundos para tapar o buraco deixado pela incapacidade de gestão do sistema financeiro global; segundo, intimam-se os Estados-providência a reequilibrar as suas contas devassadas, à custa da componente de redistribuição da riqueza, com o pretexto de que os cidadãos têm vivido acima das suas possibilidades. É que o Estado-providência nunca poderia ser providencial ao mesmo tempo para os seus contribuintes e para os seus predadores! E a escolha seguida está à vista. O desemprego que dela resultou não engana ninguém.’

13 maio, 2013 13:16  
Anonymous Anónimo said...

Mas afinal este blog é um local político, económico, religioso, ou de encontro de algumas gerações que se cruzaram, ao longo dos tempos, pelos inesquecíveis lugares da frondosa Falperra e suas redondezas?
Para que insistem em martelar os ouvidos dos leitores com tiradas mais um menos filosóficas, de teorias duvidosas, sobre religião, política, políticos falidos, etc., etc.?
Ai que saudades que tenho dos sãos confrontos de ideias e das histórias da tantos anos "carmelitanos"...

14 maio, 2013 22:43  
Anonymous Mário Neiva said...


Muito gostava eu de ter conhecido esses tais "confrontos de ideias e das histórias de tantos anos". Devo ter adormecido, quando as contaram neste blog. E, quando acordei, os contadores tinham debandado.

15 maio, 2013 15:22  
Anonymous Sebastião said...



Por David Areias

As declarações políticas sobre a língua portuguesa e a sua importância no mundo são fáceis. E ficam sempre bem ao colo de algumas citações como "a minha pátria é a minha língua" de Bernardo Soares, ou como "da minha língua vê-se o mar" de Virgílio Ferreira. Mais difícil é encontrar declarações políticas que nesta matéria correspondam a uma vontade política que as transforme em estratégia e acções concretas.

Chega-nos da Galiza (de fora dirão alguns, de casa digo eu) um exemplo muito concreto de reconhecimento da importância da língua portuguesa no mundo e de acções que promovem o seu reforço. O Parlamento Galego aprovou hoje uma iniciativa legislativa popular, designada como Iniciativa Paz-Andrade em homenagem ao escritor galego cuja obra foi em 2012 assinalada pela Real Academia Galega no Dia das Letras Galegas.

A iniciativa consubstancia-se em quatro medidas muito concretas: primeiro, a inclusão do ensino da língua portuguesa em todos os níveis de escolaridade; segundo, a valorização do conhecimento da língua portuguesa nos concursos de acesso à função pública; terceiro, o fomento da participação do Governo Galego em todas as instituições da lusofonia; quarto, a garantia que as televisões e rádios portuguesas são transmitidas em toda a Galiza através da televisão digital terrestre".

15 maio, 2013 15:24  
Anonymous Sebastião said...



Ao que nós chegamos...

Jorge Miranda, constitucionalista:

"...O constitucionalista acrescentou que, mesmo assim, as últimas declarações do Presidente da República, Cavaco Silva, "ligando Nossa Senhora de Fátima à situação económica são de uma infelicidade enorme, possivelmente anticristãs, e nem se compreende invocar o nome de Deus em vão".

21 maio, 2013 07:47  
Anonymous F. Machado said...



Não podia ficar calado perante a escalada da desumanidade do neoliberalismo. Faltou "chamar os
bois pelos nomes", isto é, dizer quem sâo os políticos-marionetas que estendem a "passadeira vermelha" aos abutres. Sem nomes, o discurso pode tornar-se absolutamente inócuo, porque as pessoas podem nem saber a quem se refere. Porque o neoliberalismo tem rostos. Bem conhecidos, em cada país.

O Papa Francisco responsabilizou hoje o capitalismo pela crise: “Um capitalismo selvagem ensinou a lógica do lucro a qualquer custo, de dar para receber, da exploração sem ter as pessoas em consideração, e vemos os resultados disso na crise que vivemos.”

22 maio, 2013 21:04  
Anonymous Sebastião said...


Agora na Holanda.


Matthew Lynn, El Economista

A Holanda começa a provar o amargo da austeridade que o seu ministro das Finanças quer aplicar em toda a Europa. Foto By Rijksoverheid.nl [CC0], via Wikimedia Commons

Que país da zona euro está mais endividado? Os gregos esbanjadores, com as suas generosas pensões estatais? Os cipriotas e os seus bancos repletos de dinheiro sujo russo? Os espanhóis tocados pela recessão ou os irlandeses em falência? Pois curiosamente são os holandeses sóbrios e responsáveis. A dívida dos consumidores nos Países Baixos atingiu 250% do rendimento disponível e é uma das mais altas do mundo. Em comparação, a Espanha nunca superou os 125%.
A Holanda é um dos países mais endividados do mundo. Está mergulhada na recessão e demonstra poucos sinais de estar a sair dela. A crise do euro arrasta-se há três anos e até agora só tinha infectado os países periféricos da moeda única. A Holanda, no entanto, é um membro central tanto da UE quanto do euro. Se não puder sobreviver na zona euro, estará tudo acabado.
O país sempre foi um dos mais prósperos e estáveis de Europa, além de um dos maiores defensores da UE. Foi membro fundador da união e um dos partidários mais entusiastas do lançamento da moeda única. Com uma economia rica, orientada para as exportações e um grande número de multinacionais de sucesso, supunha-se que tinha tudo a ganhar com a criação da economia única que nasceria com a introdução satisfatória do euro. Em vez disso, começou a interpretar um guião tristemente conhecido. Está a estourar do mesmo modo que a Irlanda, a Grécia e Portugal, salvo que o rastilho é um pouco mais longo.

22 maio, 2013 22:13  
Anonymous Mário Neiva said...


R Por Último (6)

Não há mistério

Sobre aquela história do "contacto" do meu amigo já dei o assunto por encerrado, depois lhe de ter feito algumas perguntas fulcrais. Respondeu com a mesma sinceridade com que me revelou a sua experiência e eu conclui que o acontecimento pode ter explicação à luz da ciência actual. Em resumo, conclui que tudo acontece em "circuito interno", no cérebro do meu amigo, depois de ele me ter feito saber, no último email, que todas as "informações" que lhe eram dadas com uma precisão estonteante, afinal já "eram públicas". Portanto, é bem provável que, de uma forma ou de outra, que o próprio não faz ideia como, tais "informações" já eram do seu conhecimento e estavam apenas a vir à superfície, como quem diz, à consciência, na hora exacta e necessária. Ora foi esta “precisão” e “exactidão que o intrigaram. E nós sabemos, hoje, melhor do que nunca, como o nosso cérebro é enigmático e surpreendente no acto de armazenar e processar informação.
Não posso deixar de pensar, neste caso, naquela passagem da Odisseia de Homero, em que ele faz o poeta Fémio dizer estas palavras: "Ninguém me ensinou, foi um Deus que insuflou alguns poemas na minha alma".
Como se vê, a mitologia grega entendia a inspiração criativa como um sopro divino. Um ateu, como o meu amigo da história, está a receber uma inspiração precisa para o seu trabalho, e, sabe-se lá porquê, está atribuir tal "inspiração" a um homem falecido.
A espantosa realidade de um cérebro que funciona desta maneira já é um mistério mais que suficiente para nos deixar maravilhados com a nossa vida humana. Não há necessidade de lhe acrescentar, sem razão, mais um.

23 maio, 2013 18:12  
Anonymous F. Machado said...



Nascido há menos de 40 anos, o escritor Pedro Vieira fala na actual travessia do nevoeiro vivido em Portugal. O interveniente mais novo da mesa, por usar a escrita como oficio, mostrou-se preocupado com as voltas que o português vai levando.

“O empobrecimento agora chama-se ajustamento, aos trabalhadores agora chama-se colaboradores, o roubo aos depósitos dos cidadãos nos bancos chama-se transformação de créditos credores em acções do próprio banco, despedimento é requalificação. O sequestro da linguagem é uma coisa que me inquieta”, admite Pedro Vieira.

26 maio, 2013 07:55  
Anonymous Anónimo said...

E àqueles que nos levaram à desgraça, vamos todos chammá-los de F. da P.

27 maio, 2013 13:04  
Anonymous António Costa said...

A CATEQUESE DE FRANCISCO...

Papa criica "fiscais da fé" que fecham portas da Igreja.´E deu um exemplo: Mãe solteira que quer baptizar seu filho e encontra o secretário da paróquia."nâo, tu não podes baptizar , porque não és casada...- Esta atitude afasta as pessoas."
Francisco pediu que os "fiscais da fé" se transformem em "facilitadores da fé das pessoas
"Jesus instituiu sete sacramentos e nós...instituímos o oitavo que é o sacramento da alfândega pastoral".

Papa Francisco:"Repensar a solidariedade, não como assistencia aos pobres mas como reforma geral de todo o sistema."...a solidariedade não é uma atitude mais, não é uma isntituição de caridade social. é um valor social.E ela pede-nos a sua cidadania".

(Nota de roda-pé:Francisco já "governou" 100 dias; deixá-lo-ão chegar aos 200? Não estarão à espera que ele escoregue...ou se espalhe...?)

28 maio, 2013 01:11  
Anonymous Mário Neiva said...


Meu caro Costa

Não sei até onde pretende chegar o Papa Francisco, mas sei uma coisa, tu também sabes e todos os cristãos sabem: o baptismo transformou-se num ritual de iniciação, adesão e "separação", substituindo-se à circuncisão judaica. Não ficaria nada admirado que Paulo de Tarso combatesse, hoje, o baptismo, como no seu tempo combateu a circuncisão, pois o baptismo fez-se "lei". Aquilo que o Papa critica é o efectivo papel dos sacerdotes-funcionários da lei do baptismo. Ora, o problema não está na actividade dos sacerdotes zelozos, mas a montante, que foi o retorno à "antiga lei" que veio substituir o evangelho do Espirito e do Amor. "A lei mata; o espirito é que dá a vida".
Não vejo como o Papa venha a cristicar os "sacramentos-lei" sem pôr em causa toda a estrutura da Igreja, laboriosamente erguida ao longo de 2000 anos. Necessariamnete, vai chegar-se a um impasse.

O Papa, como referes, critica também a "caridade social" e advoga a solidariedade como a "reforma de todo o sistema".

Pois é: não adianta matar a fome ao pobre com uma esmola por um dia, sabendo nós que ele precisa de alimento para a vida inteira. E de educação, de saude, de oportunidade de trabalho, de bem-estar.

A "sopa dos pobres" é o sistema anti-solidário. Mas foi a solução encontrada pelos bons corações, enquando não se inventou o "Estado Social". Agora que caminhávamos, nesta europa, desde a segunda metada do século XX, para um cada vez mais empenhado Estado Social, surgiram os defensores e impositores do "Estado Mínimo", preconizando o regresso à "caridade social" para os menos afortunados no nascimento e na vida.

Causa-me um certo asco ver os economistas e políticos cristãos portugueses a lutar denodadamente para fazer regressar a "caridade social", pretendendo libertar o Estado da sua aposta na "solidariedade social". A social democracia e a democracia cristã, que eram as alavancas de um Estado da Solidariedade Social ficaram adeptas, neste inicio do século XXI, da selvajaria neo-liberal.

O Papa ficará a pregar no deserto. Esta é a hora da selvajaria que tem um rosto que todos os dias aparece em todos os meios de comunicação social, triunfante e arrogante. Com rosto bem definido e sem um vislumbre de alma-humanidade.

O que aflige mesmo é o silêncio daqueles que pensávamos que eram os "bons".

28 maio, 2013 08:29  
Anonymous Anónimo said...

Saibam meus caríssimos; " Vale mais um cobarde vivo, do que um hirói morto ".
Esta igreja do faz de conta ( esmolas e rezas para os pobres), a repetir todos os dias, as mesmas rezaduras, já mete nojo aos mortos que dirão os vivos...
Tanto padre bem acomodado quer lá saber de seguir os conselhos de CRISTO!!! e dizer as estes vendilhões da nação, para abandonar o templo que é de todos, mesmo dos milhares de sem abrigo que enchem as nossas cidades.

28 maio, 2013 23:43  
Anonymous F Machado said...


Um é filho da pátria, o italiano; os outros, os nossos, são filhos da mãe:

Passos ‘convidou’ professores desempregados a emigrar

Relvas declarou-se "orgulhoso" da "nova emigração" de jovens bem preparados

Secretário de Estado aconselhou emigração aos jovens

Para as três figuras-figurões, o desemprego é uma oportunidade.

Enrico Letta, primeiro-ministro italiano, pede desculpa aos que têm de emigrar para ter emprego.

02 junho, 2013 21:50  
Anonymous F Machado said...


Um é filho da pátria, o italiano; os outros, os nossos, são filhos da mãe:

Passos ‘convidou’ professores desempregados a emigrar

Relvas declarou-se "orgulhoso" da "nova emigração" de jovens bem preparados

Secretário de Estado aconselhou emigração aos jovens

Para as três figuras-figurões, o desemprego é uma oportunidade.

Enrico Letta, primeiro-ministro italiano, pede desculpa aos que têm de emigrar para ter emprego.

02 junho, 2013 21:50  
Anonymous Mário Neiva said...


"Primeira Comunhão"

Nove de Junho, domingo, dia de festa na pequena paróquia de Navió, do concelho de Ponte de Lima.
Faziam a "primeira comunhão" três crianças, e outras tantas eram baptizadas, um baptismo "atrasado", porque desfasado do tradicional baptismo à nascença.
Juntaram-se a estes pequenos neófitos quatro adolescentes que renovaram a sua fé, em acto designado "comunhão solene".
Eu estava lá, como padrinho de baptismo do Gonçalo, além de tio-avô. E recordei-me do dia das minhas "comunhões" e do discurso que o pároco de Balugães me preparara e incumbira de recitar. Pouco mais retenho na memória que as palavras iniciais: "Queridos companheiros! Eis-nos chegados ao grande dia em que Jesus vai entrar triunfalmente nos nossos corações".
A esta distância no tempo, pergunto o que é feito dessa "entrada triunfal" de Jesus no meu coração. E dou comigo a pensar que, se Jesus "entrou", final e triunfalmente, é porque lá não estava. Assim, com toda a lógica, se fala de uma primeira comunhão, primeira presença, primeiro encontro.
Estava ainda imerso nestes pensamentos e já via e ouvia o sacerdote celebrante interromper a sequência normal da "missa", logo após a consagração das "espécies" do pão e do vinho, para esclarecer as crianças de que a partir daquele momento, o da consagração, Jesus, por seu intermédio, ficara presente no pão e no vinho. De novo me ocorreu que, até serem pronunciadas as palavras sacramentais, Jesus-Deus estaria tão ausente do pão e do vinho, como antes da "primeira comunhão" estaria ausente do coração e da vida das crianças.
Sei bem que tudo isto é explicado (ou não, e quase sempre não é) de forma a que se entenda que há diferentes formas de comunhão, de presença e de encontros: comuns, solenes e determinantes. Mas o facto é que estas formulações induzem as mentes a fixarem-se num dualismo persistente, quase irremediável, entre o que entendemos como nossa realidade humana e cósmica e o que proclamamos como realidade divina. Estes pequenos crentes da "primeira comunhão", um dia, serão confrontados com a ideia de um Deus-Infinito e Omnipresente, que de modo algum poderia estar "ausente" tanto do coração dos homens como das "espécies" do pão e do vinho. E nessa hora poderão pensar que foram, de alguma forma, levados a acreditar numa história para crianças, como a história do "pai natal".
É lícito concluir que, dado o actual desinteresse generalizado pela "catequese de infância", as pessoas cristãs confessas encarem as "verdades da fé" como coisas de crianças.
São dados sinais errados, como este da “primeira” comunhão, apesar de sabermos pelo ensino oficial da igreja que não é bem isso que se quer transmitir. Quando se tenta corrigir a trajectória da fé dos crentes já adultos, para fazer coincidir a fé com a vida, torna-se quase tarefa impossível anular aquele primeiro sinal fracturante no baptismo e na comunhão.

11 junho, 2013 10:34  
Blogger ACOSTA said...

"MISSA DE CORPO PRESENTE AS 14,30 DE SÁBADO NÃO VALE PARA CUMPRIMENTO DE PRECEITO" e " MISSA DE CASAMENTO ÀS 12,00 horas DE SÁBADO, (valerá?)

A conversa não foi comigo, porque me encontrava longe, mas assim não vamos lá.
O clérigo (celebrante) terá (alegadamente) retorquido ainda :Então vocês não viram que eu usei o paramento roxo e não o verde?(tempo comum)MUITO FRACA CATEQUESE, diria eu.Com sacerdotes destes em pleno século XXI, 50 anos após o Vaticano II o Papa Francisco dificilmente conduzirá a barca de Pedro...
O meu comentário à pessoa que contou este episódio foi este:Semelhantes a estas missas (pro defunctis) já participei em milhares, portanto para mim esta que acabo de participar entra perfeitamente no meu currículo , porque não me preocupo de "cumprir" o dito preceito;tanto valeram estes milhares PRO DEFUNCTIS, como e apenas uma porque UMA EUCARISTIA TEM UM VALOR INQUALCULÁVEL E INFINITO:Não faço contagem nem colecção de Missas.

Por isso, meu caro Neiva e AAC, a Comunhão é sempre um acto solene; claro que há sempre uma primeira .Por aquilo que me tenho apercebido das reportagens que tenho feito nas igrejas, os celebrantes(clérigos) não explicam às crianças o grande mistério que vai acontecer e para muitos é mais um ritual que foi ensaiado e que se vai cumprir...

12 junho, 2013 00:11  
Anonymous Mário Neiva said...


Costa,
não se trata do "mistério que vai acontecer". Trata-se se explicar o mistério que acontece quando "vemos a luz do dia". Prosaicamente: quando nascemos. Tudo começa aí e não na "primeira comunhão". É como num matrimónio/casamento. Tudo começa no amor dos nubentes, meses ou anos atrás. A cerimónia é a consagração pública de um amor em acção.
A linguagem utilizada (primeira comunhão) induz a ideia de uma presença intermitente de Deus: ora está, ora não está. E depois é o que se vê: Deus ora está no irmão, ora não está. Dentro da igreja e nas cerimónias, está, sim senhor. Cá fora, vai cada um à sua vida e Deus fica dentro do sacrário. Ninguém se vai lembrar de que Deus é o próprio mistério da vida e o verdadeiro sacrário é a vida humana. "Não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espirito Santo?" (S.Paulo)
Pergunto: só depois do baptismo e da primeira comunhão?
A pastoral habitual da Igreja vai inistir pela vida fora nas visitas ao "Santissimo Sacramento". NO templo. Na catedral, na capelinha.Reverentemente e com muito incenso. Os templos vivos poderão definhar pelas ruas da amargura;sobre as suas cabeças continuará a ecoar a vacuidade sentida e mil vezes pregada: "queridos irmãos em Cristo".
E tudo começa nos cerimoniais e pregações que sugerem a intermitência da presença divina...

12 junho, 2013 08:16  
Anonymous Américo Lino Vinhais said...

Estou a estranhar o facto de o Jorge Dias ainda não ter tido uma palavra relativa à missa que iremos cantar a Torre de Moncorvo. Em jeito de provocação, aqui fica o convite para que se junte a nós, podendo muito bem vir a nado e estaremos a ser mais simpáticos que ele pois, o ano passado, entendeu que deveríamos ir a Vila Real nem que fosse a pé! Com um calor daqueles! Pelo oceano e pelos rios Douro e Sabor, que passam muito perto do local, terias até uma viagem bem mais fresquinha!

13 junho, 2013 19:32  
Anonymous Américo Lino Vinhais said...

Faleceu no passado dia 9 a mãe dos nossos colegas Emídio Januário e Marcelino Januário a quem aqui deixamos os nossos sentidos pêsames.
Um abraço para eles

13 junho, 2013 22:38  
Blogger ACOSTA said...

Já expressei noutro local(Tertúlia carmelita) os meus sinceros sentimentos de solidariedade aos AAAC Emídio e Marcelino neste momento de dor e tristeza.
Sobre a participação na Missa cantada à Nª Sª do Carmo em Moncorvo, tenho a lamentar que, por motivos inadiáveis profissionais (de reportagem fotografica na Profissão de Fé em S.Tiago de Bougado)sou forçado a não marcar presença.

14 junho, 2013 00:24  
Anonymous F. Machado said...

Na semana passada, Vítor Gaspar atingiu o cúmulo da sua provocação às instituições e aos políticos portugueses. Algo que tem vindo a fazer continuadamente desde que resolveu cortar 50% no subsídio de Natal, naquela que foi a sua primeira medida no Governo logo em Junho de 2011, só para chegar ao fim do ano com um défice de 4,2%; muito abaixo da meta acordada com a Troika de 5,9% e muito além do Memorando que a tal não obrigava – portanto, tendo causado inutilmente um desfalque na classe média e no consumo interno que iria ter imediatas e fundas repercussões nas contas do Estado. Começava assim um ciclo de fanática destruição da economia ao arrepio de todas as cautelas e evidências, o qual nem agora com a guerra aberta entre o FMI e a Europa a respeito da matemática da austeridade dá sinal de ir parar por iniciativa deste Governo de mentirosos e incompetentes.

14 junho, 2013 09:14  
Anonymous Mário Neiva said...

Do Paraíso Passado
Ao Paraíso Futuro

Primeiro, de uma forma confusa, depois, paulatina e silenciosamente, o paradigma foi evoluindo, claramente, da ideia de um "paraíso perdido", para um paraíso a ser merecido, construído e alcançado, paradigma que medra com o advento da revolução científica, há cerca de pouco mais de trezentos anos.

Segundo o novo paradigma, a "salvação" do Homem já não consiste no regresso a um passado de pureza original, de inocência, de harmonia e de felicidade, mas no empenhamento efectivo na construção de uma harmonia e felicidade humanas que nunca existiram no passado.

Não vale a pena tentar escamotear os factos: no cristianismo persiste a antiga ideia do "paraíso perdido" pela transgressão (pecado original) que é superada, apenas e essencialmente, pelo "resgate" ou a Redenção operada por Cristo. A teologia Paulina apenas se limitou a converter a esperança messiânica judaica num Salvador que haveria de "restaurar todas as coisas", isto é, o reino destroçado de Israel histórico, num Messias (Cristo)que veio, de facto, para operar a restauração/salvação/felicidade da Humanidade.

S. Paulo não conseguiu libertar-se da ideia antiga de uma harmonia/paraíso inicial perdidos pela "desobediência de um só homem" (Adão).

17 junho, 2013 08:54  
Anonymous Mário Neiva said...


(Continuação)

Do Paraíso Passado
Ao Paraíso Futuro


É quase dramático para os teólogos cristãos da era científica terem como fundamento da sua teologia um Evangelho pregado e escrito no pressuposto de um paraíso perdido. Dramático porque, contextualizar esse Evangelho, parece significar a sua negação.

Ora, eu penso que não se trata de o negar, mas de o “ler” no seu exacto contexto histórico e perceber quanto contribuiu, a seu modo, para a construção do novo paradigma de um paraíso futuro.

Mas o problema é bem complicado para os teólogos do cristianismo. Eles já perceberam, por exemplo, que a realidade comprovada da evolução é incompatível com a ideia de uma harmonia original quebrada pelo pecado da desobediência. E arriscam muito quando abraçam o novo paradigma do paraíso futuro, pregando o "fim do mundo", não como a morte universal definitiva e necessária para alcançar a "vida eterna", mas na perspectiva de um "fim do mundo" que é o culminar da obra iniciada na Criação. Digo que arriscam muito porque, nem no AT nem no NT encontram sustentação para falar de um paraíso humano em construção a partir do caos inicial. O que temos na Bíblia toda é o ensinamento contrário: o da harmonia inicial a que se seguiu o caos universal provocado, como acima referi, pela "desobediência de um só homem", Adão.

A "Palavra de Deus" é oferecida e pregada na perspectiva do paraíso perdido e depois gera-se, inevitavelmente, uma interminável discussão dentro cristianismo acerca da “inserção da Igreja no Mundo”. Como é que a Igreja vai inserir-se no Mundo, se parte do princípio de que é preciso restaurar uma hipotética felicidade perdida? Como evitar pensar que tal ideia implica um regresso ao passado e a consequente desvalorização do trabalho do génio humano, como imprescindível e essencial na construção do verdadeiro paraíso, o do futuro?
É verdade que há muitos teólogos cristãos que já pregam, claramente, a construção de um paraíso futuro. Mas fazem-no à revelia do seu Evangelho, porque o paraíso futuro preconizado por S. Paulo é uma dádiva divina, inteiramente gratuita. E S. Paulo afirma-o com toda a convicção e racionalidade, porque era inconcebível, na sua época da pré-ciência, pensar a construção de um paraíso futuro. Ou nos era oferecido ou não era de todo possível alcançá-lo. Muito menos construí-lo.

Nos dias de hoje, o homem julga-se capaz de vencer tanto a miséria humana como a própria morte. Mas continua a ir a Fátima, ainda ã espera de um milagre. Como que a dizer: poderá haver um paraíso futuro para a humanidade; a gente vai acreditando nisso; devagar, devagarinho...
Depois, e sobretudo, as pessoas têm a consciência de que a vida cada um é tão breve, confrontada com o seu sonho de eternidade. Ainda se, ao menos, não pensássemos nisso! Mas pensámos. Não admira, portanto, que haja tanta gente com tanta fé.
Eu preferia chamar-lhe sonho.

17 junho, 2013 08:55  
Anonymous Mário Neiva said...

A Carta do Padre Fábio de Melo Sobre o Celibato

Há dias o Lino Vinhais reencaminhou-me um vídeo que divulgava a carta do sacerdote em título, que me surpreendeu muito. Considerando a sua juventude, supunha-o com ideias um pouco mais arejadas sobre celibato, solidão, casamento, amor e sexualidade.

Parem um pouco sobre esta afirmação do Pe Fábio: “ando a pensar no valor de ser só".

Depois de dizer isto, como vai o Pe Fábio passar a sua vida a pregar o “encontro com Deus”, a “convivência e comunhão com os irmãos”? De que forma vai procurar a “perfeita comunhão”, se proclama o “valor de ser só”?

No mínimo, o sacerdote está a estabelecer uma grande confusão entre a cultura doentia do solipsismo, com a cultura do recolhimento e da meditação que, dentro da fé cristã, adquirem o pleno valor enquanto formas de preparar o encontro com os outros e com Deus.

Que teologia terá estudado este sacerdote? Reparem que ele não escreveu “estar só”, que nós ainda poderíamos interpretar como apelo ao recolhimento e à meditação. Mas não;, ele escreveu “ser só” e vai batendo na mesma tecla, desafinando completamente da doutrina cristã:

"É por isso que eu continuo aqui, lutando pelo direito de ser só”.

Claro que tem todo o direito de se realizar como ser solitário. Mas não diga que é cristão. Faça o favor de ir pregar para outra freguesia. Budista, por exemplo. Que sentido fazem essas suas palavras dentro de uma fé (que diz professar e quer proclamar) que tem por objectivo primeiro e último a comunhão de amor com os homens e com Deus?

E tudo piora quando pretende exaltar o valor da castidade face ao “desvalor” da sexualidade humana, mesmo no interior do casamento:

22 junho, 2013 18:40  
Anonymous Mário Neiva said...


(continuação)


"Não trocam palavras, nem olhares (os casados).Não descobriram a beleza dos detalhes que a castidade sugere".

Que despudorada arrogância mentirosa, Pe Fábio! Já terá pensado, ou sequer imaginado, na beleza dos detalhes de uma sexualidade vivida, amorosamente, na plenitude da sensibilidade humana? A sua experiência, nula ou desastrada, criou-lhe o preconceito de que a sexualidade é, em si mesma, sub-humanidade? E então como explicaria a doutrina da sua Igreja que eleva o matrimónio consumado (consumado, ouviu bem?) ao mesmo patamar sacramental do baptismo, da eucaristia e da ordem? Já alguma vez lhe ocorreu que a melhor metáfora da “comunhão eucarística” é precisamente a “comunhão sexual” dos nubentes? Será que alguma vez compreendeu, de verdade, o que está a dizer, quando repete em cada missa “Tomai e comei este é o meu corpo; tomai e bebei, este é o meu sangue”? Pense no gesto sacramental do “matrimónio consumado”: como sabe, ou deveria saber, só este vale. Um qualquer outro, um matrimónio “platónico”, por exemplo, feito de olhares, palavras, beijinhos e sentimentos, não vale para sacramento. Seria como uma Eucaristia sem pão e vinho. Consegue realizar a Eucaristia sem as “espécies” materiais”? Só por elas a comunhão é possível!
Ainda vai continuar a falar no “valor de ser só”? E os “sacramentos”, Pe Fábio, o da Eucaristia ou do matrimónio, onde se como pão e bebe vinho; e se “faz amor”?

Posso garantir-lhe, Pe Fábio, que a comunhão sexual é das experiências humanas mais extraordinárias. Literalmente, "vamos ao céu" em corpo e alma. No sexo amoroso somos, no mesmo acto, o animal e o ser divino. O sexo amoroso, emotivo, sentido e consciente revela-nos os impulsos do ser primitivo donde evoluímos e, ao mesmo tempo, a grandeza humana aonde a cultura nos conduziu. Não tenho dúvidas: só um ser humano culto e sábio é capaz de uma sexualidade divina.
A maneira como fala da sexualidade, padre Fábio, faz-me pensar que só conhece o sexo da cavalgadura que persiste em si, como em todos nós.

"A castidade é um elemento que favorece a solidão frutuosa, pois nos coloca diante da possibilidade de fazer da vida uma experiência de doação plena" (...).


Que pretensiosismo, padre Fábio! A minha mãe deu à luz treze filhos. Treze! E ouvi-a dizer-me que "rompeu as contas do teço" a rezar para que nenhum dos quatro filhos que foram à guerra do "ultramar" morresse ou regressasse estropiado. E vem o padre Fábio falar-me em " experiência de doação plena" , e logo depois de ter proclamado o valor de ser só! Não terá bebido demasiada caipirinha antes de escrever esta carta?

Nota final.
Pessoalmente estou convencido que uma das causas da “falta de vocações” para o celibato dos sacerdotes e dos religiosos é precisamente a descoberta da sexualidade humana como um valor de excelência. Por isso também não me admiro e compreendo que haja tantas infidelidades, de tantos sacerdotes, aos seus votos.

22 junho, 2013 18:43  
Anonymous Mário Neiva said...



Das Redes Sociais ao Mistério da Vida.

A actual sucessão imparável de novos meios de comunicação entre as pessoas só tem paralelo com a evolução dos computadores na década oitenta do século passado. Ninguém faz ideia onde tudo isto nos possa levar, mas uma coisa parece certa: o contacto pessoal integral será cada vez mais o contacto de excelência. O que era a "vulgaridade" do contacto "físico", primário e rude, violento ou amigável, odiento ou afectuoso, será no futuro um verdadeiro acontecimento. Porque nós só estaremos expostos pessoalmente quando quisermos e para quem quisermos.

É um facto que a comunicação à distância nos isola cada vez mais, podendo fazer circular a imagem mas não a pessoa. O contacto integral ou a presença integral tenderão a ser um acto de intimidade. O trabalho a partir de casa ou a escola à distância, por exemplo, que dispensam a presença na empresa e na escola, será um facto no médio prazo.

A nossa imagem, palavras e gestos circularão à velocidade da luz por todo o lado. A nossa pessoa integral, corpo e alma, reservar-se-á, em santuário, para os que amamos e nos amam. Ou para ninguém.
Será assim o futuro?


Longe vão os tempos em que uma carta, um telefonema ou uma foto amenizavam a separação dos amantes. O telemóvel, o SMS e, sobretudo, o "directo" em imagem e voz do Skyp, entram-nos pela casa dentro, mesmo quando os nossos amores estão do outro lado do mundo...

Porém, nada como abraçar e beijar e sentir o calor do corpo, e a luz dos olhos que pode irradiar dos afectos na presença pessoal.

21 julho, 2013 11:28  
Anonymous Mário Neiva said...



(Continuação)

Das Redes Sociais ao Mistério da Vida.


Mergulhado nestes pensamentos não posso deixar de recordar o que sempre ouvi no cristianismo onde me criei: “estarei sempre entre vós em espirito e em verdade”; e o sacramento da eucaristia assinala a presença pessoal em palavra, pão e vinho, como realidade integral da pessoa de Jesus Cristo, sugerindo-nos que só a presença integral das pessoas torna possível a comunhão verdadeira.

A Igreja nunca pensou, a sério, fazer um catecismo para adultos. Os católicos contentam-se com a catequese para crianças. Por que será? As homilias dominicais, que seriam o substituto do catecismo inexistente para adultos, são um desconsolo, com os sacerdotes, quase sempre, sem saber o que dizer. De facto, não têm nada para ensinar porque, há muito tempo, a vida do dia-a-dia pouco tem a ver com a fé infantil professada desde sempre e para sempre.

Na hora em que se pensa numa Igreja “voltada para o mundo” seria oportuno considerar que não se trata de a Igreja levar a sua fé aos homens, mas de integrar a sua fé na realidade humana.

Esta inversão de percurso significaria, em última análise, que é a Igreja que tem de aprender com os homens e não são estes que têm de se ajustar à fé cristã.

Isto será um absurdo ou o fim da fé? Penso que não. É apenas História em movimento e o encontro com o que deveria ser a verdade fundamental de qualquer crente: o Mistério do Universo e da Vida precede a “fé dos homens” que pode ser, e é, tão diversa como tão diversificados são os crentes.

E depois, o argumento final: não é no Mistério do Universo e da Vida que se revela o único “Rosto de Deus” a que podemos aceder?
A conclusão pode ecoar herética, mas não pode ser outra: a fé dos homens é contingente e acessória; o Mistério do Universo e da Vida é definitivo e essencial.

21 julho, 2013 11:33  
Anonymous Mário Neiva said...



A Fé dos Homens E A Ciência

Tem sido um conflito permanente mas eu prevejo o fim da polémica. Esse fim chegará quando o "homem da fé" compreender que o "homem da ciência" aceita, tanto quanto o crente, aquilo que eu tenha vindo a designar por "Mistério do Universo e da Vida". Nessa altura um e outro entenderão que navegam ambos no "mesmo barco".

O relativismo apressado de muitos cientistas, fascinados por uma avalanche de novos conhecimentos e descobertas, dará lugar à humildade da sabedoria que necessariamente emerge da contemplação dos segredos do Universo e da Vida, onde um horizonte alcançado aponta novo horizonte, seja na direcção do "infinitamente grande" seja no sentido do "infinitamente pequeno".

O estupor será comum ao cientista e ao crente, se ambos estiverem de boa-fé e aguentarem a tensão do desafio. Neste caso, unir-se-ão na caminhada em direcção ao infinito de possibilidades e do encantamento na contemplação do Absoluto.

A "verdade" para o cientista e para o crente será aquela que nós formos experienciando e descobrindo, sem nunca esquecer o horizonte seguinte. Deste modo, a "PALAVRA" do Mistério que somos terá a dimensão do infinito quando contemplada, e será a expressão da nossa finitude quando escrita ou proclamda por nós.

Isto significa que só em referência à contemplação do Mistério podemos ser definitivamente assertivos e, mesmo assim, apenas para o reconhecer e contemplar.

Concluiremos, pois, que todas as palavras de todos os credos religiosos trazem a marca inapagável do relativismo, tal como as descobertas da ciência significam tão-somente verdades relativas.

Tenho consciência de que esta minha afirmação contradiz quase tudo o que se tem afirmado acerca da fé dos homens. Apresentem-me, porém, uma alternativa verosímil.

O século que agora começou poderá ser o século da convergência para a Harmonia e humildade da Sabedoria.
Caminhemos para a contemplação e o conhecimento, de mãos dadas, tal como acontecia no tempo dos nossos antepassados mais remotos.

Nesse passado, porque era grande a fé e escassíssima a ciência, prevalecia a fé. Nos tempos que correm, agiganta-se o conhecimento e a fé encolhe, prevalecendo a ciência.

Não vamos agora repetir os erros de um certo passado, diabolizando, à vez, ora a fé antiga, ora a ciência prevalecente. Colhamos as lições da História e unamo-nos na contemplação do Mistério do Universo e da Vida, pois só desta forma seremos homens por inteiro.

Quem achar que já sabe TUDO, atire-me a primeira pedra.

24 julho, 2013 07:12  
Anonymous Mário Neiva said...


Em tempo: onde se lê "marca inapagável do relativismo" leia-se "marca inapagável do relativo".

24 julho, 2013 07:29  
Anonymous Mário Neiva said...



Sacerdócio no Feminino, Querela De Superfície…


Há dias, no regresso da viagem ao Brasil, o Papa afirmou que a decisão em desfavor do sacerdócio feminino era definitiva, de acordo com a posição assumida por João Paulo II.
Podia ter ficado pela reafirmação da decisão do seu antecessor, mas quis apresentar um argumento de peso: “Maria é muito mais importante que o Papa, os bispos e os sacerdotes”.
Não me recordo de ter ouvido a sequência lógica deste argumento que seria algo assim: “ e no entanto a Mãe de Deus não foi sacerdotisa”.
Escrevi aqui neste blog, a propósito da “Primeira Comunhão”, como era inapropriado falar-se em “primeira comunhão” , podendo sugerir um tremendo equívoco, que seria o facto de Jesus Cristo, Deus Encarnado, estar “ausente” da vida de um ser humano até ao dia da “primeira comunhão”. Ora, a verdade da teologia cristã mais profunda e essencial acontece na geração do Homem, sendo a fé professada a expressão desse acontecimento e não o seu acto inicial. S. Paulo, ao designar Jesus Cristo como o “Novo Adão”, está a estabelecer esta teologia fundamental.
O que disse acerca da “primeira comunhão” do Sacramento da eucaristia pode e deve ser extensivo a todos os restantes sacramentos da fé católica. Assim, o sacramento da Ordem, quando reduzido a uma lei da “Igreja de Cristo”, que vou designar por “exercício sacerdotal restrito”, é meramente funcional, considerando que o sacerdócio fundamental foi gerado para toda a Humanidade no acto da Encarnação de Jesus Cristo. Por isso mesmo, e com toda a coerência, Maria pode ser chamada “mãe do sacerdócio”, tal como é camada “mãe de Deus”. Portanto, Maria não só é mais importante que Papas e Bispos, no plano sacerdotal, como realizou em plenitude o sacerdócio.
E o argumento em favor do sacerdócio feminino seria: se Maria foi a mãe do sacerdócio, precisamente por ter sido inteiramente mulher até à maternidade, por que razão outras mulheres não podem ser investida na função sacerdotal?
Deliberadamente, escolhi a expressão “função sacerdotal”. E esta minha escolha faz toda a diferença, quando se aborda a questão do sacerdócio no feminino. Se em algum momento se perde a perspectiva da universalidade do sacerdócio, corre-se o risco de tomar o acessório pelo essencial. E o acessório é o exercício de uma determinada funcionalidade. Porque, segundo a teologia cristã católica, nem o bispo nem o presbítero são mais sacerdotes, isto é, mais “ligação com o divino”, que o comum dos cristãos em cada acto da sua vid. Desde sempre e para sempre.
A esta luz, como entender a recusa da Igreja católica em “ordenar” sacerdotisas? A resposta ‘e extremamente simples e compreensível. Tão compreensível como ler em S. Paulo a recomendação de que “o escravo respeite o seu senhor”. Quero com isto dizer que o exercício da função sacerdotal por cristãos masculinos é fruto de uma época, na linha dos “usos e costumes” que as sociedades criam para se “governarem”. Apenas isso. E as mesmas sociedades, através dos seus legítimos representantes, têm direito de tomar as opções que acharem por bem. Falando da comunidade cristã católica, a sua hierarquia tem legitimidade em decidir como decide, enquanto os membros da comunidade se puderam rever nas suas leis.
Já será muito bom que, tanto os apologistas do “sacerdócio feminino” como os seus adversários, reconheçam que estão a debater uma realidade acessória do cristianismo.
Neste sentido, aquele “definitivo” que o Papa Francisco recupera de João Paulo II pode não ser assim tão definitivo. E, sobretudo, que ninguém excomungue mais ninguém, por uma questão acessória, fruto de um tempo e de uma época.
Respeite-se a lei enquanto estiver em vigor, mas na consciência plena de que é apenas uma lei.
Porque o sacerdócio é universal tanto quanto a vida humana, quando se acredita que a Humanidade foi divinizada em Jesus Cristo, por Ele e com Ele. O Novo Adão. (Grande Paulo de Tarso!)



03 agosto, 2013 01:00  
Anonymous Mário Neiva said...

Face To Face Com…O Homem

Há dias escrevi este breve texto na tertúlia carmelita do facebooke:

"É das coisas mais fáceis e mais difíceis de conseguir, o "face to face com Cristo". É fácil, porque está ao alcance de cada um, a toda a hora e todos os dias do ano. E é extremamente difícil porque se cai no logro fácil de pensar que Cristo tem outro rosto e constitui outro mistério que não sejam o próprio rosto e mistério do ser humano. Isto, apesar da advertência desarmante e solene deixado na parábola do "Juizo Final" : tive fome e não me deste comer; estava nu e não me vestiste, estava doente e preso e não me visitaste...
Para desviar a atenção desta doutrina fundamental do cristianismo inventam-se milhentos "faces" e "books" piedosos. A verdadeira face humana, que é também a de Cristo, e que esconde o mistério da vida e do próprio universo, continuará vilipendiada, humilhada ou simplesmente esquecida até por aqueles que cantam e rezam diante da "face de Cristo".

Pois é. E insisto. Quem não for capaz de descobrir em cada homem e na mãe natureza, onde ele cresce, o Mistério que é referência religiosa, estará tão longe da Verdade quanto aquele pensamento relativista que não enxerga dois palmos “à frente do nariz”.

Não admira que, no meio desta miopia quase sem remédio, a única saída seja a guerra de ideias e de pancadaria, que podem ir das simples perseguições e torturas até às ganas do genocídio.

O que me faz voltar uma vez e sempre à mensagem do cristianismo em que me criei é ter compreendido nessa mensagem uma revelação inesperada e que, aqui no blog, tenho referido repetidas vezes: o cristianismo inverteu o sentido do religioso, quando revela um Deus Pai ajoelhado perante a “menina dos seus olhos”, a Humanidade, tudo fazendo por ela e para ela, porque somente ela é carenciada dos “dons divinos”…E Jesus Cristo, Humanização de Deus, é o sacerdócio desta novíssima e surpreendente religiosidade.

A História bimilenária do cristianismo é a tensão vivida entre a tentação de cair na “antiga religião” e na fidelidade à “nova religiosidade” centrada no Homem.

Numa época em que se proclamam solenemente os “direitos universais da pessoa humana” aquela mensagem do cristianismo-nova-religião evidencia toda a sua justeza e grandeza. Infelizmente, parece que os cristãos em geral e as hierarquias em particular persistem na doutrina da religião antiga, de um altar voltado para Deus, em vez de um altar “versus populi”, mesmo quando é o próprio Deus a dar o exemplo, na pessoa de Jesus Cristo!

Que falta fazes, aqui e agora, Paulo de Tarso! Em teu lugar temos uma infinidade de “Paulinhos da Feira” , vendedores de vãs esperanças ou da banha da cobra, servindo-se do “altar” para o seu espectáculo descritianizado-desumanizado.

10 agosto, 2013 09:59  
Anonymous Mário Neiva said...

O Ano Da Fé

“Estamos a viver o ano da fé”, lê-se no post cimeiro destes comentários.

Segundo a perspectiva de um cristianismo que tem como centralidade religiosa a própria Humanidade, a exemplo de Deus-Pai de Jesus Cristo, era de supor que este fosse o Ano da Fé no Homem.

E como o mundo está precisado de que o Homem acredite em si mesmo!

Os ataques à dignidade do Homem assumem proporções apocalípticas, numa altura em que se começava a caminhar esperançosamente na direcção do reconhecimento da dignidade universal e inquestionável da pessoa humana. Porém...
Ontem mesmo li e ouvi a notícia de uma centena de crianças escravizadas em fábricas de produção . Apenas um exemplo das terríveis formas actuais de escravatura em todos os sectores das sociedades.
Escraviza-se o homem à nascença, e, nesta era da informação à velocidade da luz,nós assistimos em directo ao processo em curso.
Nem assim nos comovemos. Quero dizer, nem assim os poderes instituídos, religiosos e laicos, erguem a voz neste imenso deserto escaldante laboral-produtivo, contra o punhado de financeiros e comerciantes que vão dominando o planeta. Estes senhores meteram com muita facilidade os políticos no bolso, fazendo-os chegar, democraticamente, das suas empresas aos governos e destes às suas empresas, carregadinhos de conhecimentos de como manipular a “coisa pública”em seu proveito. E o povo acaba por eleger as raposas para guardar a capoeira, sem que “vozes audíveis” alertem para o engano.

Será isto uma fatalidade? Não!

É hora, sim, de um Ano da Fé no Homem, pois se o “Pai de Jesus Cristo”, primogénito de uma Humanidade engrandecida e glorificada, “acreditou” nesta Humanidade, investindo TUDO no seu sucesso, não podem os homens, que se dizem da fé cristã, fazer outra coisa senão seguir o exemplo do Pai Celestial e denunciar a fraude gigantesca.

Receio bem, pelo que vou lendo, que este Ano de Fé, vai ser transformado num imenso acto piedoso, bem à maneira da religião antiga pré-cristã, de crentes reunidos em auditórios ou ajoelhados diante dos altares para honrar e engrandecer Deus, os Anjos e os Santos, que precisam de tudo menos de honrarias, incensos, pratas, consolo, carinho, amor e amizade, ou seja, dos dons de que já gozam em plenitude.

Enquanto isso, os carenciados verdadeiros desses dons, os homens são relegados para segundo plano do discurso e da acção, senão mesmo esquecidos.

E ninguém tenha dúvidas de que a fé cristã incumbe os seus crentes de distribuir aqueles dons.

Tão simples, claro e imperativo, que chega a roçar a má-fé não seguir este Evangelho.

Sabemos que pode custar a cabeça, como a João, ou uma subida ao suplício do Calvário, como a Jesus Cristo, porque os que detêm a rédeas do poder neste planeta não perdoarão a denúncia profética.

Mas os crentes deveriam saber que os escravizadores do Homem vão perder.

Se o próprio Deus “acreditou” na Humanidade, por que não devemos nós acreditar?

13 agosto, 2013 09:02  
Anonymous Mário said...

A agência noticiosa Lusa ouviu as queixas dos peregrinos de Fátima neste dia 13 de Agosto 2013. Transcrevo algumas declarações feitas à Lusa:

“Deviam ser mais explicadas (as homilias) e demorar menos tempo porque, muitas vezes, causam saturação e saímos tristes, sem ouvir as palavras que estávamos à espera”.

“Está o mundo à espera de uma palavra, de uma força de fé que venha da homilia, vejo pessoas à espera desse bocadinho e é em vão porque são poucos aqueles que sabem transmitir ao mundo aquilo que se passa".

“Nas caras dos novos emigrantes (anota outro peregrino) algum desinteresse porque ouviram falar de Fátima, mas depois vão-se embora sem ouvir aquilo que pretendiam”.

Um ex-emigrante de 71 anos confessa que apesar do gosto que tem na peregrinação à Cova de Iria, às vezes também tem “pena de não ter percebido tão bem a homilia” ou pelo facto de a celebração “ter sido tão cansativa”.

“(As homilias)são feitas por diferentes pessoas”, pelo que cada caso é um caso, mas admite que “a Igreja [Católica] cansa muito os peregrinos”.

“As pessoas podem gostar muito de uma comida, mas se comerem sempre a mesma isso cansa”.


A minha conclusão: os peregrinos de Fárima não têm, em Fátima, quem lhes fale do Evamgelho Cristão. Deslocam-se ali para se arrastarem aos pés da Mãe e do Pai, oferecendo-lhes louvores, carinho, incenso, ouro e prata, quando os necessitados desses dons são os próprios peregrinos. O Pai e Mãe de Deus não precisam dos dons que têm em plenitude!

Uma pergunta, para terminar: algum de vocês já parou para pensar no que estão a dizer quando falam em "dons divinos"? Já pensaram que o dom de todos os dons é a vida e que a vida é pão e vinho, carinho, amor, beleza, ternura, amizade,arte ciência, compaixão, nobreza? E também solidão, ódio, desprezo, doença, sofrimento...?

Mistério!

Pois é! Como se o mesmo Deus nos tivesse dado o Céu e o Inferno.

E também a possibilidade de escolher entre um e outro.

Que vamos nós escolher? O amor ou o ódio? A ganância ou a partilha? A harmonia ou a guerra?

Seriam estas as palavras novas que os peregrinos talvez quisessem ouvir em Fátima, regressando a casa pensativos e muito pouco enfastiados com uma homilia longa...

Mas para isso era necessário que os pregadores conhecessem ou se dispusessem a falar do Evangelho Cristão.

De facto, quase sempre pregam como "cegos, guias de cegos", desde cardeais a simples abades de paróquia...

13 agosto, 2013 14:39  
Anonymous Anónimo said...

Tu pregas melhor!!!

21 agosto, 2013 15:41  
Anonymous Anónimo said...

És mesmo vermelho e esqueces que o pouco que sabes, deves aos padres!!!

21 agosto, 2013 23:11  
Anonymous Mário Neiva said...



Querem Matar o Papa?

Recebi, há dias, de um amigo e companheiro da AAACarmelitas, o pedido para dar uma opinião acerca de um texto que circula nas redes sociais e refere a existência de uma larga conspiração contra o Papa Francisco, com origem no alto clero conservador que enxameia o Vaticano. E na frente da contestação ao Papa Francisco campeiam os homens da Opus Dei, os mesmos que fizeram canonizar em tempo record o respectivo fundador, José Maria Escrivá, o novíssimo S. José.
Segundo esse correio electrónico, as alegações para o ataque ao papa Francisco têm quase exclusivamente a ver com procedimentos adoptados pelo Papa, procedimentos que fogem da tradição firmada e confirmada no Vaticano, e tão lateral ao Evangelho de Cristo, como são a casa que o Papa escolheu para residir ou a escolha dos “doze apóstolos” para a cerimónia do Lava-Pés da Quinta Feira Santa.
O autor ou autores do email entendem que os verdadeiros motivos do ataque em preparação contra o Papa Francisco se fundamentam no propósito deste em combater a corrupção dentro do Vaticano.
Respondi ao meu companheiro da AAACarmelitas que as coisas não seriam assim tão simples e evidentes. E escrevi-lhe a dizer que os motivos podem ser bem outros, e muito mais sérios que meras reformas de “usos e costumes” da santa tradição vaticana. E disse mais, muito mais. Não será a quebra de tradições “veneráveis” a colocar em perigo a vida do Papa Francisco, nem tão pouco os escândalos financeiros ou da pedofilia, por mais dolorosos e penalizadores que sejam para a Igreja Católica. Porque esta resistiu muito bem a escândalos incomparavelmente mais graves e generalizados ao longo da sua História. Aliás, contei-lhe, que talvez a Igreja Católica e, mais concretamente, o corpo clerical no seu conjunto, nunca tenha atingido, globalmente, um grau de “santidade” tão acentuado como nos tempos actuais. O que antes era quase a regra, agora é a excepção. Explicitamente o afirmo: nunca como nos dias que correm a Igreja católica teve um episcopado, um sacerdócio e um corpo de frades e freiras tão bons fiéis como hoje.
Mas, então, qual o motivo do pavor que o clero conservador do Vaticano revela, ao ponto de se falar que ele pretende eliminar o Papa Francisco? Dei, ao meu amigo, a minha opinião e que agora vou levar até vós com mais detalhe. E se eu estou certo, o que vai acontecer ao cristianismo em geral e à Igreja católica em particular terá dimensões apocalípticas.
É assim:

02 setembro, 2013 06:16  
Anonymous Mário Neiva said...



(Continuação)

Quem tem acompanhado com atenção e interesse a evolução da teologia nas últimas décadas e depois de ter desaparecido o medo da fogueira, da forca e da excomunhão por “dá cá aquela palha”, a teologia, bem escorada numa exegese sólida, honesta, desassombrada e profunda, evoluiu de uma forma radical. Vou afirmar que a evoluiu de uma “teologia da oração” –a Criatura pede ou suplica e o Criador concede- para uma “teologia contemplativa”, em que nem o Homem pede nem Deus concede.
É verdade que desde há muito estas duas teologias caminham juntas. Que o digam os grandes místicos católicos. Mas a teologia está mudar, desde que a ciência nos fez reconhecer a plena autonomia das leis da física e da química, que se constituem como leis da nossa própria vida humana, leis essas que nos conduziram (!) desde a “poeira das estrelas” à formação da Pessoa Humana. Simplificando e dizendo o mesmo por palavras antigas: o Génesis dos Céus, da Terra e de Adão aconteceu de outra forma; de uma forma que ainda hoje não conseguimos nem pensar nem imaginar sequer.
Como se só agora nos tivéssemos dado conta do extraordinário Mistério que somos no nosso Universo.
A teologia da contemplação tornou-se tão humilde como a filosofia e tão realista como a ciência.
Por enquanto, apenas um restrito número de teólogos cristãos, com os católicos na vanguarda, acarinha a nova teologia. Tanto eles como os “conservadores” que se inquietam nos corredores do Vaticano, presentem o tsunami vislumbrado no horizonte da “teologia da contemplação”. É uma teologia que apela ao reconhecimento e à meditação no Mistério do Universo e da Vida. Os novos teólogos continuam a seguir a designação antiga, DEUS, mas o seu conceito e a fé sofreram uma mudança radical. Estes novos teólogos estão bem perto da religiosidade explicitamente professada e confessada por Einstein (também nisto foi pioneiro e grande):
"O que há de mais belo na nossa vida é o sentimento do mistério. É este o sentimento fundamental que se detém junto ao berço da verdadeira arte e da ciência. Quem nunca o experimentou nem sabe já admirar-se ou espantar-se, pode considerar-se morto, sem luz, totalmente cego! A vivência do mistério -embora com laivos de temor - criou também a religião. A consciência da existência de tudo quanto para nós é impenetrável, de tudo quanto é manifestação da mais profunda razão e da mais deslumbrante beleza e que só é acessível à nossa razão nas suas formas mais primitivas, essa consciência, esse sentimento, constituem a verdadeira religiosidade. Nesse sentido, e em mais nenhum, pertenço à classe dos homens profundamente religiosos. Não posso conceber um Deus que recompense e castigue os objectos da sua criação, ou que tenha vontade própria, de puro arbítrio, do género da que nós sentimos dentro de nós. Nem tão-pouco consigo imaginar um indivíduo que sobreviva à sua morte corporal. As almas fracas que alimentam tais pensamentos fazem-no por medo ou por egoísmo ridículo. A mim basta-me o mistério da eternidade, a consciência e o pressentimento da admirável elaboração do ser, assim como o humilde esforço para compreender uma partícula, por mais pequena que seja, da razão que se manifesta na natureza". ( In. Como Vejo A Ciência, A Religião E O Mundo, Álbert Einstein, pag 300, Relógio D´Àgua Editores, Outubro 2005).

02 setembro, 2013 06:17  
Anonymous Mário Neiva said...



(Continuação)


E que diz desta religião de Einstein um dos grandes representantes da nova teologia, que eu estou a baptizar de “teologia da contemplação”?
Cito-vos, da sua obra mais recente, o teólogo Hans Küng:
" As objecções de Albert Einstein contra o entendimento de Deus como pessoa devem ser levadas a sério (...) É verdade: Deus não é certamente pessoa, tal como o homem é pessoa (...). Deus não é um super-homem ou um superego. Também o conceito de pessoa é apenas um número para Deus. Deus: Deus não é a pessoa suprema entre outras pessoas". (In O Princípio de Todas as Coisas - Ciência e Religião, Hans Kung, pag 122, Edições 70, Julho 2011).
Uma característica destes novos teólogos é o seu profundo respeito e carinho pela fé da sua juventude, que foi também a dos seus pais e vós. É este mesmo respeito que os leva à contenção quando falam para a multidão dos fiéis e, também, a não se afastarem da sua Igreja, mesmo quando são excomungados, por saberem exactamente que foram excomungados por questões menores e marginais à fé em si mesma.

É esta sabedoria e humildade que aterroriza o conservadorismo enraizado, empedernido e incrustado nas estruturas eclesiais. Eles pressentem perfeitamente que um tal “Evangelho” é o preciso “fermento” que se perde na “massa” e o “sal” que se diluiu numa Humanidade fermentada e temperada. Ou em vias disso, e onde fermento e sal desaparecem após se transformarem num só Corpo.

Como se as Igrejas de Cristo não aceitassem morrer para que a Humanidade viva…

Imaginem o que seria, se os pregadores cristãos da “teologia da contemplação” começassem, do alto dos púlpitos, a pregar um Deus sem coração, sem voz, sem ouvidos? Um Deus que não atende pedidos, porque, presumidamente, terá dado tudo o que havia para dar, de uma só vez, num Génesis Absoluto?

Imaginem se esses mesmos pregadores anunciassem que todos os nossos pedidos e exigências deveriam ser apresentados a quem nos governa e a nós mesmos?

A verdade é que esse anúncio já está a ser feito e um dia destes vai apanhar as igrejas cristãs como um tsunami apocalíptico.

Não era bem assim que Paulo de Tarso imaginava como as coisas viriam a acontecer, mas, de qualquer modo, ele confessa que gostaria de estar vivo quando tudo acontecesse, em vez de ficar retido no “lugar dos mortos”, adormecido, como sombra sem identidade, à espera da Ressurreição.

02 setembro, 2013 06:20  
Anonymous António Costa said...

Um dos títulos do JN de hoje da pag.20:"PEREGRINOS NA PENHA FICARÃO SEM PECADO"

Sub-títulos:Papa vai conceder indulgência a quem participar na peregrinação de domingo que poderá ter 50 mil perdões simultâneos.A indulgência vem numa folha de tamanho A4 que promete fazer história e marcar para sempre a vida de muitos fieis pecadores.E, segundo o Vaticano, a liquidação do tempo que os pecadores têm no purgatório se mantem mesmo após confessados os delitos.Poucas vezes houve em que o céu esteve tão perto para aqueles peregrinos, mas há regras para ter o perdão" refere a carta do Papa Francisco.Depois explica o jornalista que"a indulgência tem condições:confissão sacramental, comunhão eucarística e oração segundo as intenções do Sumo pontífice".
Curiosamente no mesmo dia (será sõ coincidência?) o Cardeal Bertone , que está de saída,diz que"foi alvo de uma rede de corvos e víboras".

Para que nos possamos contextualizar,esclareço:
Domingo haverá uma peregrinação ao Santuário da Penha, o que acontece todos os anos em Setembro,e celebram-se 120 anos do Santuário e vai haver uma inauguração de um espaço (cuja obra fica por um determinado valor, que eu não sei precisar--CIFRÕES.....)e vem um cardeal português expressamente para presidir a esta celebração.Pompa e Circunstãncia...
Obs.: Na mesma página vem logo a reacção do Pe. Mário da Lixa, que parece não ficar satisfeito com o Papa Francisco com esta forma de"perdões"...
O que é o Céu, o Purgatório e o Inferno? Como se "ganha " ou "perde" o Céu, etc? Só aqueles peregrinos que estiverem naquelas condições beneficiarão da "Indulgência" ou a adesão à peregrinação, e a sua presença efectiva não são já o grande prémio (Céu)= Felicidade ?
Este documento(indulgência) não terá sido mais "uma escorregadela na casca de banana" preparada pelo ex-secretário?A dita indulgência terá mesmo a assinatura, ou só o carimbo? Ainda está na mente de muitos católicos o escândalo(s) do Vatileaks do mordomo (e Companhia).Ó POBRE FRANCISCO, COMO ESTÁ A POBRE DA TUA IGREJA?!?!?!?!?!?!?

03 setembro, 2013 23:13  
Anonymous Mário Neiva said...


Os Deuses E As Indulgências

, Meu caro Costa, não sei se estas informações são verdadeiras, mas não é a primeira vez que as mais altas figuras do Vaticano são citadas a fazer afirmações impensáveis há apenas algumas décadas, como esta do Cardeal Bertone sobre uma rede, no Vaticano, "de corvos e víboras".

A história das indulgências traz ressonâncias históricas e dolorosas para o cristianismo, pois foi muito por causa das indulgências que aconteceu o "protestantismo”.

Estará a Igreja Católica à beira de uma nova cisão, não por causa de escândalos financeiros ou de comportamentos imorais mas, como sugeri no meu comentário anterior, por questões teológicas e doutrinais?

Os escândalos estão a ser denunciados, a partir do interior da Igreja, apenas com a finalidade de afastar umas pessoas e colocar lá outras que sejam de uma ortodoxia tradicional a toda a prova? Veja-se o caso paradigmático da escolha do nosso novo cardeal D.Clemente. Trata-se de um homem profundamente conservador no pensamento e na acção eclesial. E como é que ele chegou a cardeal, ultrapassando o "indigitado" D.Carlos? Através de uma denúncia que partiu do interior da Igreja, o Pe Nuno, que se queixou de assédio sexual, ocorrido há uns trinta anos e quando os dois eram jovens clérigos de 21 e 23 anos!!! Como se poderá ver aqui, o escândalo é trazido à praça com a finalidade de abrir caminho a um teólogo e doutrinador garantidamente tradicionalista.

Apesar de tudo eu mantenho que a nova teologia não vai tomar a iniciativa de qualquer cisão porque é da sua essência cultivar o diálogo fraterno, em respeito total pelo caminho lento da aprendizagem. Vai demorar tempo até que a cultura prevaleça sobre a iliteracia e o Mistério da Vida se imponha à contemplação dos crentes, em substituição dos Deuses criados à imagem e semelhança do Homem. E que Deuses são esses? São Deuses a quem se atribuem as nossas emoções, sentimentos e pensamentos, como entidades que se emocionam, sentem e pensam à nossa maneira. Entidades que podem ser "influenciadas" pelos nossos pedidos, lamentações ou imprecações. Esta história das indulgências é um bom exemplo daqueles que pretendem transformar o Mistério da Vida e do Universo num Deus à nossa imagem e semelhança. Um Deus mesquinho que, a troco de súplicas ou dinheiro, encurta o tempo em que as pessoas estão a ser esturricadas no fogo do purgatório das suas fraquezas humanas. Sim, porque os pecados das pessoas que, supostamente, ardem no purgatório serão, acima de tudo, fruto da fragilidade humana. De outro modo estariam nos quintos dos infernos!

Nota: escrevi deliberadamente "Deuses", com letra maiúscula e tudo,porque o Deus dos islâmicos não é o mesmo que o dos cristãos, nem o dos cristãos é o mesmo dos judeus. Embora todos digam que o seu é "único". De facto é único. O problema está em ter sentimentos, emoções e pensamentos, ora cristãos, ora judeus, ora islâmicos. A cada Deus único...a medida humana! Assim não vale.

05 setembro, 2013 07:37  
Anonymous Anónimo said...

e continua o pregador... a ladrar para quem???

06 setembro, 2013 11:15  
Anonymous Mário said...

Se calhar, moras tâo perto de mim que me ouves quando venho aqui ao computador "ladrar". Desculpa o incómodo, mas não vou parar.A não ser que apresentes queixa na polícia por causa do ruído...

06 setembro, 2013 11:50  
Anonymous Mário Neiva said...



A Nova Espiritualidade da Contemplação

Não vejo alternativa para os crentes do futuro: contemplar o Mistério. Naturalmente, esta contemplação será revestida de emoção e sentimento, porque o ser humano emociona-se e apaixona-se com a mesma facilidade com que pensa. Como vai traduzir em cultura esta contemplação apaixonada, só o saberemos quando as emoções e sentimentos se traduzirem em arte, rituais e regras.
Uma coisa é certa: esta contemplação terá, necessariamente, a marca da inteligência, muito mais que a pulsão do sentimento. Será a superior cultura do homem a impor-se aos sentimentos mais primitivos e rudimentares dos nossos antepassados que acreditaram em Deuses feitos à medida das nossas necessidades imediatas e subjectivas. Em lugar de um "poder", uma "vontade", uma "justiça" e um "amor", o homem será confrontado com o Mistério que, de certa forma, nos proporciona tudo isso e o seu contrário.

Não vai ser com facilidade nem vai ser tão cedo que os homens vão deixar a “oração” tradicional e enveredar pela via da contemplação do Mistério a que não se pede nada, do qual não se espera nada. Porém, como fazemos parte integrante e consciente desse Mistério, dele exigiremos sempre mais e esperaremos tudo. Através de nós mesmos, claro está.

07 setembro, 2013 22:52  
Anonymous Mário Neiva said...



Uma Séria E Oportuna Advertência

Estou certo de que os homens, no plano espiritual, vão evoluir no sentido da contemplação do Mistério da Vida e do Universo. Que é o seu próprio mistério também. Mas não se pretenda colocar o carro à frente dos bois. Não se deve arrancar uma esperança sem proporcionar uma outra maior e humanamente mais valiosa. Na situação concreta em que se encontra quase toda a Humanidade, vivendo de pequenas e grandes esperanças, seja para o dia seguinte, seja para a eternidade,não podemos ter ilusões sobre quanto tempo faltará para atingir a espiritualidade da contemplação. E consideremos ainda esta verdade arrasadora: uma parte enormissima da Humanidade vive ainda a luta pura e simples pela sobrevivência. Esta Humanidade que se conta por biliões o que espera contemplar no horizonte do dia seguinte é trabalho e pão para sobreviver.
Mas também não podemos ficar à espera que se resolva o probema do pão para nos dedicarmos aos problemas do espirito. Afinal, somos corpo e espirito a vida inteira e ambos necessitam de alimento.
Só nos resta, pois, trabalhar nos dois sentidos.

08 setembro, 2013 09:05  
Anonymous Mário Neiva said...



O Papa E A Guerra

Nâo podia estar mais de acordo com o Papa Francisco acerca desta guerra na Síria. As nações têm argumentos muito mais que suficientes, sem ser o argumento da guerra que chacina os culpados e os inocentes, muito mais estes do que aqueles. O Papa refere que por detrás do recurso à guerra, neste como noutros casos, está o serviço do gigantesco e altamente rentável comércio das armas. A mentira deliberada faz o trabalho de sapa junto dos "crédulos", utilizando, com mestria, o expediente "com a verdade me enganas". Não é preciso ser especialista em capacidade bélica das nações para se perceber que guerras devastadoras têm sido feitas contra verdadeiros "tigres de papel. Não é todos os dias que aparece um louco com o poderio bélico da Alemanha hitleriana. Mas por causa do negócio das armas actua-se como se cada Sadam iraquiano fosse o Hitler germânico.
Pelos vistos, o Papa Francisco não vai no engodo.

08 setembro, 2013 21:57  
Anonymous Mário Neiva said...



Espiritualidade E Ciência

Já não se trata do confronto entre "religião e ciência". Agora pretende-se outra confrontação, a que se vai chamando "Guerra Entre Dois Mundos" que opõe a ciência moderna a uma religiosidade moderna, designada, genericamente, por espiritualidade. Esta pretende substituir-se à religião tradicional, considerando-a "primitiva". Para esta nova espiritualidade não existe o Deus pessoal das três grandes religiões abraâmicas, o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. Existe, sim, uma "consciência universal" e completamente impessoal. Desta "consciência universal" emerge a consciência humana e é fonte de toda a espiritualidade.

Lindo. Sugestivo. Apelativo.

Nós podemos perguntar, com toda a razão, por que é que a outra, a Consciência Universal, é "impessoal" , quando a nossa é, comprovadamente, pessoal, subjectiva e única.

A “pessoa” será uma degradação do SER, ou, pelo contrário, a sua expressão maximizada?

Eu diria que nem é uma coisa nem outra. Para mim é Mistério, simplesmente.

Ontem mesmo, deixei-me tentar, na livraria Bertrand, no Norte Shoping, pela obra recentemente publicada sob o título "Guerra Entre Dois Mundos" , da autoria de Deepak Chopra e Leonard Mlodinow. Deepak é um espiritualista da "nova geração" de crentes, e Leonard é contestatário da espiritualidade "desencarnada", quer dizer, a única espiritualidade que aceita é a que resulta da consciência humana, fruto da actividade do cérebro humano. Desfaz-se o cérebro, acaba a expressão espiritual em todas as suas formas.

“Dois mundos em guerra” também para o cristianismo?
Nem pensar!
Pelo menos para o genial teólogo que foi S.Paulo. A sua teologia da ressurreição ultrapassa de um só golpe a dualidade corpo e espirito, ou seja, matéria e espírito, destinando o conjunto único e indissociável "corpo-espirito" à transformação para a incorruptibilidade. Na sua “esperança da ressurreição” vai resultar um corpo incorruptível revestido de um espirito incorruptível.

“Dois mundos” no cristianismo? Talvez, quando se coloca de parte S. Paulo e a sua "esperança na ressurreição da carne".

Descontem na teologia paulina as roupagens da forma e do tempo e tê-lo-ão como o profeta da modernidade.

Hei-de voltar a esta “guerra entre dois mundos”. Porque para mim existe apenas um. Como existia para Paulo de Tarso:

“Veio (o Filho de Deus) para o que era seu e os seus não o compreenderam”.

Sei que isto vem no Evangelho de João, mas S.Paulo foi o primeiro a escrever esta teologia…E muito, muito, muito antes.

Pena que o cristianimso pareça desconhecer a riqueza da sua teologia...

11 setembro, 2013 00:05  
Anonymous Anónimo said...

Aqui no meio do atlântico dizem que " homem pequeno, saco de veneno ".
Parece-me que o meia leca, quer envenenar tudo e todos
com suas teorias da trampa...

15 setembro, 2013 15:43  
Anonymous Mário Neiva said...


Poema para meditar, de Fernando Pessoa (Alberto Caeiro). Até parece que o grande poeta está a parafrasear o Evangelho: "se alguém diz que ama a Deus que não vê, e não ama o irmão que vê, é mentiroso".

Ora leiam:


"Não acredito em Deus porque nunca o vi.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo
E entraria pela minha porta dentro,
Dizendo-me Aqui estou!

(Isso é talvéz ridículo aos ouvidos
De quem, por não saber o que é olhar para as coisas,
Não compreende quem fala delas
Como o modo de falar que reparar para elas ensina.)

Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e sol e o luar,
Então acredito nele,
Acredito nele a toda a hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.

Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol,
Para que lhe chamo eu Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes,
Se ele me aparece como sendo ávores e montes
E luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o conheça
Como ávores e montes e flores e luar e sol".

15 setembro, 2013 22:37  
Anonymous Mário Neiva said...



Do Templo de Jerusalém ao Templo da Penha em Guimarães

Seria espectável que no século da proclamação dos “direitos inalienáveis da pessoa humana” a Igreja sobrevalorizasse, na sua pastoral, a mensagem radical e actualissima contida nos ensinamentos paulinos e dos evangelistas, quando se referem ao homem como “filho de Deus” , “membro do Corpo de Cristo”e “templo de Deus vivo”:

“Vós sois o templo de Deus” (I Cor 3, 16-17); “o vosso corpo é o templo do Espirito Santo” (I Cor 6,19); “nós somos o templo de Deus Vivo” (II Cor 6,16).

Em vez disso, permeiam o cristianismo em geral e a Igreja Católica poderosas forças conservadoras que puxam com toda a força pelas cordas sensíveis da fé simples das pessoas, quase que forçando-as a agarrar-se ao velho Templo de Jerusalém e aos templos do paganismo milenar.

Era espectável que visse a luz do dia aquela proclamação evangélica, onde o ser humano é, em si mesmo, o lugar por excelência do encontro com o divino.

Em vez disso, por sua iniciativa ou não, o Papa Francisco concede benefícios de perdão de penas a quem se dirigir ao Templo da Penha, feito de pedras e madeira, talvez com o mesmo pensamento e fé simples com que os judeus se dirigiam ao Templo de Jerusalém. E na religiosidade pagã.

Até parece que Paulo pregou para nada!

A exegese tem posto a descoberto a luta de Paulo contra os judeo-cristãos adoradores do Templo, agarrados ao Templo, fiéis ao Templo, às práticas judaicas dos rituais dos sacrifícios. Chega a causar grande perplexidade que Paulo de Tarso tenha sentido necessidade de empreender essa discussão e luta contra os próprios apóstolos de Jesus.

Perplexidade, sim, porque, afinal, quem acompanhara e ouvira Jesus de Nazaré foram os Apóstolos e não Paulo. Era suposto que fossem os Apóstolos os primeiros a considerar o cristão como o “templo de Deus vivo”, pois teria sido nesse sentido a pregação do Mestre.

Deixo este facto à vossa reflexão e ainda esta passagem do Pe Carreira das Neves, na sua Obra recente, “São Paulo Dois Mil Anos Depois”:

“No templo, os judeus apresentavam os animais nos sacrifícios cruentos, as primícias das colheitas e os primogénitos dos humanos em sacrifícios incruentos. Agora, segundo Paulo, continua a liturgia sacrificial, mas sem sacerdotes, sem sangue, apenas a entrega ou oblação da vida, corpo e alma, como sinal de amor. O lugar santo ou o templo é a pessoa, homem ou mulher”. ( Capítulo IX, pag 137-138, Editorial Presença 1 edição, 2011).

Uma pergunta que se deverá colocar é a seguinte: que fazem estes 50 mil homens e mulheres, “templos vivos do Espirito Santo” a caminho de um templo de pedra? E por que serão agraciados?

Sou dos primeiros a respeitar a fé simples e secular dos meus pais e dos meus avós; também, e sobretudo, porque estão vivos, a dos meus amigos, familiares e vizinhos. Faço-o com sinceridade. O que me dói e até revolta, é saber que os pastores em geral e o episcopado em particular continuam a alimentar a simplicidade e ignorância da fé cristã, como se eles mesmos não conhecessem o Evangelho de S. Paulo e dos Evangelistas.

Eles alimentam, deliberadamente ou não, a ignorância dos crentes acerca da inacreditável dignidade de que o Evangelho revestiu cada homem e cada mulher.

“Templos vivos de Deus”! Nem mais.

Pô-los a mendigar perdões, a caminho da Penha em Guimarães, como quem suplica uma “esmola por favor”, chega a ser crueldade para com quem luta por cada dia de um pouco de felicidade. E de pão.

Não têm remorsos senhor bispos e cardeais?

Talvez seja esta e outras perguntas que inquietam os conservadores no Vaticano. Talvez seja conveniente, pensarão eles, que o cristão só se aperceba da sua dignidade depois de morto…

O problema é que os teólogos estão a tirar o Evangelho da gaveta. Com sabedoria e amor aos “filhos de Deus”.

17 setembro, 2013 17:12  
Anonymous Mário Neiva said...


O Nosso Fado

Duas notícias fresquinhas:
1 -Portugal perdeu nos últimos doze meses 100 mil habitantes

2 -Nos primeiros seis meses de 2013 nasceram menos 4 mil crianças, em relação ao mesmo período do ano anterior . (INE)

Recuando na História Pátria, os portugueses, após completada a conquista para sul, até ao Algarve, e não podendo competir com o poderoso vizinho continental castelhano, voltaram-se para o mar, inconformados, penso eu, com a falta de recursos para uma “vida de gente”.
Na década de sessenta do século passado, atolados na estagnação e assolados pela guerra colonial, quando toda a europa ocidental ressuscitava da Segunda Guerra Mundial, os portugueses emigraram às centenas de milhar por esse mundo que despontava e onde se podia "tirar a barriga de misérias".

Fado antigo.

Veio a "revolução dos cravos" e, com ela, mais de trinta anos a pensar "agora é que é".

Fado antigo e muito nosso: não "foi" nada!

Veio a CEE/EU e outra vez: “agora vai”.

Fado nosso: não fomos!

E, tal como no passado, empreendemos nova debandada. Num ano perdemos 100 mil habitantes. Mas agora os tempos são outros e há também outros recursos para fugir à vida de privações: não "fazer" portugueses. Solução radical.
Releve-se, ao menos, um certo inconformismo de muitos contra o triste fado.

Não vale a pena alertar os governantes para a hecatombe actual. Aliás, eles parecem conhecer muito bem a História Pátria e quais as soluções encontradas no passado para fugirmos ao destino. Por isso, são os primeiros a incentivar a emigração, dando o recado claro: "quem não está bem, mude-se, porque o nosso fado está traçado". Ou, noutra variante: “isto aqui não dá para todos, desandem”.

Parece que os mais jovens radicalizaram aquela atitude antiga, fazendo greve à paternidade, a forma expedita de pôr fim ao triste fado dos portugueses. Uma espécie de suicídio colectivo, o de não “fazer” portugueses.

Devia ficar admirado por ver que a hierarquia Católica, perante esta catástrofe da "nação fidelíssima", não "rasga as vestes". Tão submissa e calada que ela está. A verdade é que nem eu nem ninguém parece estranhar o seu alheamento. Por que será?

24 setembro, 2013 06:43  
Blogger ACOSTA said...

" Nação Fidelíssima" e "Rasgar as Vestes"
1-Nação Fidelíssima: Quando Francisco foi eleito Papa, o que é que o Cardeal Policarpo e o Bispo de Leiria-Fátima fizeram? Convidaram o Papa a visitar Portugal(Muito importante, para Fátima,esperando grande peregrinação, possibilidade de negócios= dinheiro...etc), para mostrar ao Mundo que a Nação mantem-se fidelíssima...O mais importante ...é"parecer"
2-Rasgar as Vestes: Não vejo grandes leaders da Igreja Lusitana a ter grandes ideias para " combater" ou para fazer análises concretas sobre os verdadeiros problemas da ausência de "nascimentos" e os "remédios" para a melhor forma de as famílias gerarem filhos, chamando até os políticos"à pedra" responsabilizando-os também por este "suicídio colectivo".Todos nós temos uma quota-parte de culpa= responsabilidade por esta situação...pois também estamos em crise, somos demasiado egoistas

24 setembro, 2013 18:19  
Anonymous Mário Neiva said...



Atenção Aos “Sinais dos tempos”

É uma “anormalidade” a coexistência de dois Papas, facto que em vez de sinalizar escândalo e divisão na Igreja, realça a fraternidade do amor cristão, verdadeiro fundamento da fé em Deus-Amor.

É uma “anormalidade” o Papa emérito, O Bento XVI, ser amigo e receber fraternalmente, como se fez constar, o teólogo excomungado Hans Küng. Sinal inequívoco dado à primazia da “pessoa humana” sobre as questões doutrinais da religiosidade, permanecendo novamente implícito o amor como fundamento maior da fé em Deus-Amor.

É uma “anormalidade” e uma pedra de escândalo para uma imensidão de “prelados e leigos fiéis”, que o Papa Francisco tenha recebido conciliatoriamente Gutierrez, o rosto da “teologia da libertação”, que sempre foi vigorosamente condenada pelo Vaticano, mesmo quando teve os seus generosos mártires como o arcebispo Dom Romero, assassinado enquanto celebrava a eucaristia.

É uma “anormalidade” quando o Papa Francisco, numa longa entrevista em Agosto passado, publicada na revista dos Jesuítas, afirma que a “infalibilidade” decorre da infalibilidade da fé da comunidade dos crentes, unidos, como qualquer comunidade, a quem os representa, dirige e ama; no caso concreto da Igreja Católica, o Papa. Ou seja, uma infalibilidade que emana da fé dos homens e não da fé num homem.

É uma “anormalidade” que o Papa seja o primeiro na denúncia do carreirismo dos pastores –os bispos – dos seus desacatos com luxos, corrupção e abusos de toda a espécie, que transformaram os pastores em mercenários, deixando o rebanho entregue a lobos e abutres. Céus! disse mais: há prelados que se transformaram nos próprios lobos.

É uma “anormalidade” que o Papa Francisco proclame que a Igreja não é uma ONG (organização humanitária não governamental) e, ao mesmo tempo, exprima o desejo de uma Igreja “Hospital de Campanha” para curar as feridas do corpo e do espirito, de uma Humanidade em plena guerra. Uma ONG faz lembrar um corpo de enfermagem e de primeiros-socorros, que actua pontualmente onde há fome. Mas o “hospital de Campanha” significa a permanência no palco da guerra total que aflige a Humanidade. Por isso, Francisco acrescenta de forma esclarecida e contundente, que não deseja ver bispos e padres como funcionários de uma ONG, mesmo que esta seja o Estado do Vaticano. Porque o lugar dos “pastores” é junto das suas “ovelhas”, em permanência, no campo de batalha.

Podia continuar a evidenciar “sinais dos tempos”. Todos eles apontam num mesmo sentido: o Papa Francisco não pretende doutrinas novas, mas uma fé renovada nos fundamentos da fé. Garantidamente, ele deve ter presente aquilo a que o Pe Carreira das Neves designa por “metáfora maior”, saída do génio criador de S. Paulo, que é a metáfora do “Corpo de Cristo”. Diz Carreira das Neves (In São Paulo Dois mil Anos Depois): “O Apóstolo descreve a suas comunidades através desta metáfora , sobretudo na I Cor 12 e Rm 12” (…) Como o corpo é um só e tem muitos membros, apesar de serem muitos, constituem um só corpo . (…) Vós sois o Corpo de Cristo (…) Os muitos que somos formamos um só corpo em Cristo”.

Esta preciosa imagem do “corpo” deve estar presente quando o Papa Francisco faz a denúncia vigorosa do neoliberalismo desumano que se tenta impor por todo o lado. A metáfora do “corpo” é um apelo inequívoco à solidariedade entre os membros de uma mesma Humanidade, organizada em comunidades nações, comunidades locais e comunidades família. Ora esta solidariedade do “corpo” é o exacto oposto do neoliberalismo arrogante que o novo “ídolo dos lucros” (Francisco dixit) pretende estabelecer à face da Terra.

Esqueçam os demónios antigos, parece dizer Francisco, que outro mais tenebroso e insidioso se alevanta.

De facto, é ver tanto cristão de “confissão e missa” ceder à voz do diabo: “são os mercados; não há nada a fazer; eles é que mandam”.

Francisco e o seu Evangelho diz que não é bem assim. E não pode ser assim.

25 setembro, 2013 08:04  
Anonymous Emídio Januário said...

Olá, minha gente.

Pensei que este Blog já não existisse, já que foi criado outro novo, com o qual me não entendo, assim como não percebo nada do Face Book.
Mas hoje lembrei-me de procurar este, e vejo que ainda há alguém que continua por cá. Por isso resolvi entrar em contacto convosco, pois faz hoje precisamente 55 anos que entrei, com mais cerca de 20 colegas, no S.M.C. na Falperra
E então narrei hoje ao Mário Neiva o que a seguir trnscrevo e que levo ao conhecimento dos que ainda frequentam este Blog:
- "Faz hoje precisamente 55 anos que passei pela 1ª vez no Douro, a caminho da Falperra. Lá fui eu daqui com o Manuel Heleno, o Francisco Vilares, o Artur Sousa Fernandes e o Constantino. De cima já vinha o Casimiro com o Virgílio Neto, também caloiro, como protegido,
Chegamos ao Tua e lá no encontramos com a canzoada de Mogadouro e Moncorvo (Acúrcio, Brasileiro, Salomés, Carviçais, Benjamim) e a de Foz-Coa (Pardal, Freixinho, Bernardino, Zé ribeiro, Nozes Salgado (Caloiro) Manuel Neves (também Caloiro).
E eu, claro, lá fiquei a olhar para eles todos e a ouví-los falar de futebol, que eu não percebia nada disso. E vai daí, sai uma pergunta directa para mim, já não sei de quem:
"- e tu de qual és?"
Fiquei de boca aberta a olhar para o perguntador, sem perceber nada do que ele queria dizer.
Mas o Manuel Heleno antecipou-se e disse alto e todo orgulhoso: "Ora de qual havia de ser. É do Sporting, que é transmontano como nós"
- "Então dá cá um abraço."
E foi assim que, sem querer e sem perceber de nada, fiquei Sportinguista. É que eu tinha uma certeza: que era transmontano e que tinha muito orgulho nisso, incutido pelo meu pai.Por isso, se os transmontanos eram Sportinguistas, eu também me senti imediatamente sportinguista, mesmo sem saber o que isso era!
Bonito, não é? Passaram-se 55 anos!!!"

Um abraço.

EJ

25 setembro, 2013 22:06  
Anonymous Mário Neiva said...

Este é o velhinho blog, o da "fundação", obra do Augusto, que o fez, acarinhou e legou à AAACarmelitas. Merece que viva. Como bloguista, a melhor homenagem que posso prestar ao Augusto é dar vida ao "seu" blog. Aproveito para mandar um abraço amigo ao fundador.

25 setembro, 2013 22:58  
Anonymous Mário Neiva said...



Francisco Que Se Cuide...


Numa longa entrevista ao jornal Expresso, o conhecido comentador e professor catedrático da Universidade Católica, César das Neves, refere e reconhece a "euforia mediática" que rodeia o papa Francisco e aproveita para deixar um aviso àqueles que acreditam que o Papa Francisco vai proceder a mudanças na doutrina da Igreja. Aqui eu concordo com César das Neves e já escrevi isso mesmo neste blog. Mas o homem entusiasmou-se e esqueceu-se de quem é e a quem se dirige. Aí ele afirma que quem estiver à espera de novas doutrinas “vai ter uma grande desilusão”, pois o Papa “não quer andar para aí a partir tudo”.

Certo. Não vai fazer tudo em cacos. Mas Francisco poderá andar a fazer em cacos a mentalidade acomodada e hipócrita do "frei Tomás", que ensina a "olhar para o que ele prega e não para o que ele faz".

Se o Papa Francisco for por aí, o professor César das Neves, sabendo bem que há muitas maneiras de "partir a loiça toda", deixa o aviso:

"A doutrina é claríssima, não vamos mudar nada. Não se espera isso. Nem compete ao papa. Ele não é dono da doutrina. É servo da Igreja”.

Atentem no acinte:

- "Não vamos mudar nada"

- "Não se espera isso"

- "Nem compete ao Papa"

- "Ele não é dono da doutrina"

- "É servo da Igreja"

Quem é este professor catedrático, que do alto da sua "cátedra" invectiva o Papa Francisco de forma tão definitiva quanto arrogante, petulante, acintosa e ameaçadora? "Não vamos mudar nada", César das Neves dixit, dirigindo-se ao Papa!

César das Neves sabe muito bem que o Papa não tem como prioridade mudar doutrinas, mas em fazer sair da gaveta o Evangelho. Ainda ecoam as suas palavras dirigidas aos catequistas da Igreja, exortando-os a amar aqueles que pretendem catequizar, como que a lembrar-lhes que a verdadeira catequese é o amor dos irmãos, expresso nas palavras e nos actos. Perguntava Francisco à multidão dos catequistas que o escutavam: "Quereis ser estátuas encarquilhadas"?

"Não vamos mudar nada", diz o outro...Será que este douto católico quer uma Igreja encarquilhada?

28 setembro, 2013 19:02  
Anonymous Anónimo said...

O saco de veneno ainda não se calou?
Que pregador da chunga...

02 outubro, 2013 15:36  
Anonymous Mário Neiva said...

Que eu seja um "saco de veneno" (expressão muito usada aqui para os meus lados)terás que o provar. Mas que tu sejas, inegavelmente, um saco de cobardia superlativa, disso não terão dúvidas os nossos companheiros da AAACarmelitas, pela forma como te escondes atrás do anonimato para lançar as tuas pedradas. Causas mais pena que indignação, ao revelares tamanha probreza de espírito e indigência moral.Estou convencido que até S.Pedro te vai escancarar as portas do paraíso sem te cobrar estes pecadilhos. Por compreensão e dó, que, no fundo, é do que mais estás precisado.

03 outubro, 2013 08:49  
Anonymous Mário Neiva said...

Nós e os animais de estimação.


Pesquei esta breve introdução numa reportagem que vem na revista Sábado da semana passada:

"Porque é que gostamos tanto de animais e porque é que eles nos fazem bem: estudos científicos recentes mostram como os cães e os gatos reduzem o risco de doenças cardíacas, diminuem o colesterol e aumentam a qualidade de vida; veja como o dia-a-dia de sete portugueses melhorou com um animal de estimação".

Vamos todos, a correr, arranjar um animal de estimação? Mesmo que isso fosse possível, muita gente ia ficar frustrada com a tentativa de melhorar, desse modo, a sua qualidade de vida. Penso eu.

Também penso que há uma alternativa, e bem melhor, à disposição de quase todas as pessoas consideradas "normais": a companhia humana.

Tenho consciência de que pode ser muito mais difícil uma pessoa fazer companhia a outra, do que um animal de estimação tornar-se uma apaixonante e benéfica companhia dos humanos. Porque será? A explicação poderá estar no facto de a personalidade do animal ser incomparavelmente menos complexa e exigente que uma personalidade humana. Damos carinho; o animal aceita e retribui espontânea e confiadamente; diríamos, sem a mínima “reserva mental”. E, desse modo, a emoção e o sentimento fluem com naturalidade, sem entraves de qualquer espécie, entre a personalidade complexa da pessoa e a simplicidade da personalidade animal.
Sabemos que é assim.

O animal não carrega, ao contrário de nós, o fardo de um inconsciente-consciente de medos, de expectativas frustradas, desilusões, desconfianças e desamores, mais recentes ou mais antigos. Talvez muitos desses sentimentos já tenham sido “incorporados” nos próprios genes, influenciando o nosso presente.
A ciência poderá ter aqui uma palavra e uma acção decisivas na melhoria da comunicação inter-humana, ajudando a pôr a descoberto os nossos medos e desconfianças uns dos outros, de tudo e de todos. No fundo, tratar-se-á de tornar o diálogo possível entre duas personalidades humanas e aprofundá-lo.
Não podemos cair na ilusão de que a interacção entre uma pessoa e um animal nos proporciona mais qualidade de vida que a interacção entre duas pessoas e personalidades humanas, que nós designamos por amizade e amor. Aqui, todos os benefícios percebidos na relação com o nosso animal de estimação acontecem e atingem um grau de excelência inigualável. A complexidade da personalidade humana tende a tornar-se, na amizade e no amor, num factor de enriquecimento no relacionamento entre dois seres vivos. Nunca poderemos ser “simples” como um animal de estimação, mas isso é muito mais uma graça para nós do que uma fatalidade e uma desgraça.
Mais do que qualquer outra época da História Humana, este nosso presente pode ser a era do amor esclarecido.

03 outubro, 2013 12:12  
Anonymous Mário Neiva said...



O Evangelho Somos Nós?

O nosso colega Costa postou na Tertúlia Carmelita do facebook um texto que dá conta da opinião do Pe António Spadaro acerca do pensamento e intenções do Papa Francisco. Nomeadamente, afirma que o Papa Francisco “ultrapassa as habituais categorias de análise de “progressista” e “conservador”. Segundo o Pe Spadaro, Francisco não entra nesses grupos.

No facebook deixei o meu comentário a propósito:

“Estou de acordo que o debate não será feito entre "conservadores" e "progressistas". Há 50 anos chamava-se conservador a quem defendia o latim na liturgia, a manutenção das vestes talares nas Ordens e Congregações etc. E durante os 50 anos pós-Vaticano II, a distinção entre aquelas duas "categorias de católicos" pouco foi além dos pormenores que tinham a ver com a liturgia e algumas questões morais. Pois bem, o que se adivinha para os próximos tempos é um debate sério sobre a fé. Uma fé que está para além das questões litúrgicas e morais. E só há uma forma de seguir neste caminho: colocar em cima da mesa o Evangelho. E já não restam dúvidas nenhumas aos teólogos católicos (e não só) de que o Evangelho não é um manual de rituais litúrgicos, nem um manual de moral e bons costumes. Muito menos um programa político. E, no meu entender, a discussão acalorada vai ser entre os que pretendem que o Evangelho é liturgia, moral e política e aqueles que defendem que o Evangelho é a própria pessoa de Jesus, o Cristo (Messias) Ressuscitado, Primogénito de Deus e da Humanidade. Não há volta a dar-lhe: O Evangelho de S. Paulo e a sua teologia fundamental, fielmente vertida nos quatro Evangelistas, tem como centralidade a própria Humanidade, em virtude da filiação do Homem na Divindade pela Encarnação de "Jesus Cristo Nosso Senhor", como gostava de dizer o mesmo Paulo. Poderíamos resumir deste modo: do "altar de Deus", o Evangelho faz voltar o homem para o altar da Humanidade", com a certeza de que amando a Humanidade, glorificando-a, engrandecendo-a, exaltando-a, reverenciando-a, se atinge directamente o Infinito de Deus”.

No meu entender, poder-se-á assistir, no interior da teologia e da pastoral católicas, a uma inversão do sentido da fé dos crentes católicos, não se tratando de mudar a fé mas o sentido da sua expressão. E isso muda tudo. Viver-se-á para a nossa Humanidade, como a única forma de ir ao encontro da Divindade, do Infinito, do Absoluto de Perfeição, que em Paulo, nos Evangelistas e no ensino milenar do cristianismo se designou por Deus Pai: “Pai de Jesus Cristo e nosso Pai”.

O desafio do catolicismo e do cristianismo em geral é saber criar liturgias, políticas e uma moral ajustadas a um desafio estonteante, cujas raízes mergulham na teologia genial de S. Paulo. No seu tempo e no seu contexto era quase impossível ir mais longe. A verdade dessa teologia fundamental está expressa nas Cartas de S. Paulo e nos textos dos Evangelistas, tão clarinhas como o sol do meio- dia. Sem o amor dos irmãos, a fé é uma vacuidade. Mas parece que ninguém quer entender que a Humanidade está no centro do Evangelho; o Evangelho veio para a Humanidade. Quem precisa de uma Boa Nova é a Humanidade e não a Infinita Perfeição.

De certa forma, o Evangelho é a Humanidade, a nossa Humanidade, que se nos vai revelando no seu esplendor. S. Paulo falou de outro modo, para dizer isto mesmo: a salvação é a ressurreição; e a ressurreição consiste na regeneração do corpo, livre da doença, do sofrimento e da morte; e da regeneração do espírito, livre de todas as formas de pecado.

Para S.Paulo, Jesus Cristo é o protótipo desta Nova Humanidade.

Quem foi que falou, e quando, em “Direitos do Homem”?

05 outubro, 2013 09:23  
Anonymous Anónimo said...

Sem dúvida que este blog perdeu interesse. As constantes homilias aqui trazidas, embora por pessoas de créditos firmados, transformaram-no numa catequese contínua, que nada acrescenta à fé e/ou cultura de cada um dos leitores.
O tempo passa e as opções mudam...
Será que vão mudar?...
A ver vamos, como diz o cego...

09 outubro, 2013 19:37  
Anonymous Mário Neiva said...

Sr anónimo, este blog é o que aqui lhe trazem, não lhe parece? Se for uma homilia, é uma homilia; se for um comentário à homilia, é um comentário; se for uma simples informação, será isso mesmo. No fim, teremos um blog diversificado e interessante.Faça "mudar as opções", optando por uma. Por exemplo, da crítica sistemática. Será uma opção tão válida como outra qualquer. Se nâo quer homilia nem catequese, traga para cá um assunto da sua preferência. Ou esta sua entrada quis simplesmente dizer que o blog deve acabar? E quem é o senhor para determinar a sua extinção? Por acaso sabe quantos leitores acompanham o blog, quantas visitas tem por dia ou por mês e quantas páginas sâo lidas? Se não sabe, informe-se. E depois pense duas vezes antes de se pronunciar sobre o interesse do blog da aaacarmelitas.

10 outubro, 2013 13:16  
Anonymous Anónimo said...

RSRSRSRS, por isso muitos deixaram de comentar! Cá do meio do Atlântico eu deixei o monopólio do b., para o chico esperto, RSRSRSRS

10 outubro, 2013 18:54  
Anonymous Anónimo said...

"Cá do meio do Atlântico"?!!!

10 outubro, 2013 19:22  
Anonymous Anónimo said...

O Senhor Mário Neiva tentou, se calhar, ler nas entrelinhas aquilo que lá não está, como não está nas linhas...
Onde é que sugiro a extinção do blog?
Por caso sou um aa carmelita e ficaria triste se o blog desaparecesse de cena. O que eu sugerí, isso sim, é que as "homilias" fossem mais espaçadas e que outros temas por cá aparecessem.
Quem tem tanta capacidade para divagar sobre o que quer que seja, por certo que será capaz de abordar outras questões mais pertinentes...
Um abraço aos inúmeros leitores que, pelos vistos, por cá vão aparecendo, embora o seu número tenha sido ocultado pelo senhor Mário Neiva, talvez sugerindo uma pesquisa, que, pelo menos, não sei fazer.
Ficou a questão no ar... que pode abrir a porta a um novo debate...

11 outubro, 2013 11:49  
Anonymous Mário Neiva said...

Posso, realmente, ter lido nas entrelinhas coisas a mais. Mas como queria o senhor anónimo que eu interpretasse as suas palavras "Sem dúvida que este blog perdeu interesse"? E como sabia o senhor que, de facto, o blog perdera o interesse, sem saber quantas pessoas o acompanham, uma vez que confessa não saber fazer a consulta? Penso que o fundador do blog e presidente honorário da AAACarmelitas, o Augusto Castro, poderá preencher-lhe essa lacuna, como, aliás, já fez, em tempos, neste blog.
Mas deixemos esta pequena querela para trás, quando verifico que me enganei, ou pelo menos exagerei, no juizo que fiz sobre o seu comentário. E se me desculpar.

Plenamente de acordo que há temas muito mais pertinentes, considerando a situaçâo de extrema crise que vivemos.
Devo confessar-lhe que me deixei absorver de uma forma que até a mim me espanta pela temática da fé em que me criei e depois tive oportunidade de aprofundar na Ordem Carmelita, onde a filosofia e a teologia me abriram novos horizontes. Logo que me reformei e dispus de tempo, procurei de todas as formas conhecer os fundamentos da fé da minha juventude e dos meus avós, até chegar a alguma conclusão. As bases que trazia dos estudos anteriores foram preciosas e essenciais. Também tive a sorte de ter tido grandes mestres e ainda beneficiei da liberdade de pensamento dentro da Igreja, após o Vaticano II.
Um dia destes, sem palavras medidas, permitindo-me fazê-lo porque não tenho responsabilidades pastorais, vou resumir a conclusâo a que cheguei. Claro que não é definitiva. Há muito caminho pela frente. Mas o que já se vislumbra é fascinante e perturbador. E talvez mesmo verdadeiro.

11 outubro, 2013 14:25  
Anonymous Anónimo said...

PARABÉNS, SEMHOR MARIO NEIVA
Penso ter dito tudo, desta forma, sobre a CATEGORIA deste comentador.
Continuarei a ler, com muita atenção, os seus escritos...
Sempre aa carmelitas.

11 outubro, 2013 18:56  
Anonymous Mário Neiva said...



Muito Bem Classificados!

Acaba de ser divulgado o ranking mundial dos países mais corruptos. Como curiosidade, ressalta o facto de entre os 10 países mais honestos estarem sete (7!) monarquias. É caso para perguntar onde é que pára a famosa "ética republicana" que nasceu opondo-se à "corrupção da côrte"...

Também notei que neste grupo dos 10 mais honestos não entra nenhum de maioria católica.

Em contrapartida, no ranking dos países da europa ocidental aparecem, entre os três primeiros, dois de maioria católica. Este desgraçado trio é composto pela Itália, pela Grécia e Portugal.

No nosso caso, esta classificação ainda é mais reveladora, se pensarmos na nossa condição de "nação fidelíssima" à Igreja Católica. Ou em Fátima "altar do mundo".

É caso para perguntar: que Evangelho têm andado a pregar os nossos bispos e padres, para chegarmos a este ranking indecente?

Entendeu-se, muito erradamente, que o Evangelho era "para os pobres", o "Evangelho dos pobres". Os ricos, esfregando as mãos de contentes, perceberam que a "conversa" não era com eles. E mais tranquilos ficaram quando os senhores bispos e padres lhes ensinaram que o Evangelho tratava da "salvação da alma".
Isto foi música para os seus ouvidos. Almas! Mas que lindo! As almas não comem, não se vestem, nem precisam de abrigo. As suas necessidades são outras e os senhores padres e bispos servem-lhe tudo em abundância. E eles até contribuem, e muito, para as suas "obras de caridade". Tudo pelas almas!

Isto é apenas uma caricatura, mas os resultados, traduzidos neste terceiro lugar do ranking dos mais corruptos da europa ocidental faz-nos pensar que, para a Igreja Católica e para a portuguesa em particular, o homem completo, de corpo e alma, parece estar ausente do "evangelho" que pregam.

Pregar para "almas", abandonando o corpo ao "diabo", tem como resultado o luxo de uns e a miséria de outros, com falsas promessa de um falso evangelho.

Falta pregar o Evangelho da Ressurreição do corpo, como do espirito. Transformar os dois, regenerar ambos, é o conteúdo inequívoco da fé dos "que morrem na esperança da ressurreiçâo". Mas isto era Paulo de Tarso a pregar para o homem inteiro...O evangelho que se prega é outro: o evangelho das almas, que paira bem acima dos corpos de pobres e ricos. Ou seja, do homem real, neste mundo real.

Somos os terceiros mais corruptos desta europa ocidental "cristianizada": parece que pelo mafarrico mafioso.

12 outubro, 2013 08:41  
Anonymous Anónimo said...

amen

12 outubro, 2013 11:05  
Anonymous Américo Lino Vinhais said...

Embora não se possa afastar a igreja católica do contexto social e económico português, não me parece correcto daí concluir que a corrupção em Portugal advém da religiosidade dos seus cidadãos. Aliás esta conclusão aplica-se também a Itália e Grécia, embora não conheça o suficiente da Grécia para retirar qualquer conclusão, ainda que sabendo que a maioria do povo ali não é católica mas sim ortodoxa. Está claro para todos que de há muito vimos sendo governados por uma oligarquia (PS, PSD e CDS) onde a maçonaria é que manda! O que pode a igreja contra essa gente (embora já a tenha visto reagir e bem em muitas situações) e o que pode a igreja italiana contra a máfia?Parece-me apressada e sem fundamento de ciência a conclusão de que a corrupção advém do catolicismo! Contudo já me parece correcta a conclusão de que a monarquia gera menos corrupção pelo simples facto de os valores dessas sociedades serem outros, mais tradicionalistas e respeitadores de grandes valores. Ou não será assim?

12 outubro, 2013 12:20  
Anonymous Anónimo said...

É claro e nem tenhas dúvidas.

12 outubro, 2013 18:14  
Anonymous Mário Neiva said...


Não disse que a Grécia é um país de maioria católica.
Sugeri, isso sim, que a pregação de um evangelho, no mínimo, desvirtuado, fez nascer uma sociedade tão voltada para a "salvação da alma" que a "salvação do corpo" ficou irremediavelmente desvalorizada, e esta desvalorização reflectiu-se nas estruturas das sociedades.

Todos sabemos como os povos são sensíveis às questões religiosas e também sabemos como reverenciam e acatam as doutrinas propostas pelos "representantes de Deus". De modo que, com toda a naturalidade, seguem o sentido da sua pastoral.

E nós sabemos que o assento tónico foi colocado na "salvação da alma" de cada um, perdendo-se o sentido da solidariedade e da comunidade. Em seu lugar desenvolveu-se a "caridade" na sua forma negativa: dar esmola.

É um facto, e só não vê quem não quer, que as paróquias católicas (falo das portuguesas) não são comunidades, nem os paroquianos são solidários entre si. Uns podem estar a apodrecer de ricos e outros a apodrecer de miséria, que essa realidade terrível passa ao lado da celebração da "partilha do pão, do vinho e da palavra", que muito comodamente se passou a designar "missa".

Se há um nexo causal entre um cristianismo desencarnado e a corrupção em países fortemente cristianizados como o nosso, não me atrevi a uma afirmação concludente. Limitei-me a fazer uma dolorosa e triste constatação.

Sinto a existência da corrupção tâo profunda nos países cristianizados como um enxovalho do Evangelho. .


Ler mais: http://expresso.sapo.pt/resposta-da-europa-a-crise-foi-agrava-la=f835029#ixzz2hLvRzBSH

12 outubro, 2013 22:04  
Anonymous Mário said...


Por lapso deixei sair uma referencia a um link do Expresso. Ignorem.

12 outubro, 2013 22:07  
Anonymous Anónimo said...

amen

13 outubro, 2013 19:06  
Anonymous Mário Neiva said...


Em dia de apresentação do OE-2014

A Federação Internacional da Cruz Vermelha e das Sociedades da Cruz Vermelha acaba de divulgar um relatório onde se afirma que “as medidas de austeridade tomadas nos últimos quatro anos estão a afundar a Europa, com o agravamento da pobreza, desemprego em massa, exclusão social e o aumento das desigualdades”.

São 68 páginas com críticas demolidoras ao modo como a União Europeia reagiu à crise do sistema financeiro:
"Enquanto outros continentes têm conseguido reduzir a pobreza, a Europa agravou-a. À medida que a crise económica se aprofunda, milhões de europeus vivem na insegurança, na incerteza quanto ao que o futuro lhes reserva". E acrescenta: “Este é um dos piores quadros psicológicos para os seres humanos. Vemos o desespero passivo a alastrar entre os europeus, resultando em depressão, resignação e perda de esperança".

E apresenta os números da desgraça:

“Entre 2009 e 2012, o número de pessoas de 22 países europeus que dependem da organização para receber alimentos aumentou em 75%, à medida que muitos passaram da classe média para a pobreza”.

São 26 milhões de desempregados, frisa o relatório e, entre estes, o número daqueles que estão sem emprego há mais de um ano quase duplicou nos últimos cinco anos.

“O desemprego em massa, especialmente entre os jovens, põe 120 milhões de europeus em risco de pobreza ou mesmo já nessa situação”, de acordo com a análise feita no primeiro semestre deste ano aos 28 países da EU, mais 14 dos Balcãs, Europa de Leste e Ásia Central.
O que torna a situação particularmente dramática são "as consequências de longo prazo, da crise, que ainda não se revelaram". Isto significa que ,”mesmo que o cenário económico melhore num futuro próximo as consequências vão continuar a sentir-se durante décadas” O relatório deixa uma tremenda advertência/pergunta: "Questionamo-nos se nós, enquanto continente, compreendemos mesmo o que nos está a atingir".

O relatório refere ainda que o agravamento das condições de vida não se limita aos países do sul da Europa, atingindo também os estados mais ricos, como a Dinamarca ou Luxemburgo.
Apesar de a Alemanha escapar em parte ao flagelo do desemprego, um quarto dos seus trabalhadores têm salários baixos. Em julho passado, 600 mil trabalhadores com assistência social não ganhavam o suficiente para sobreviverem. Na Alemanha!

Alguém nos quer fazer acreditar a todo o custo que a crise actual nasceu e medrou no espaço europeu restrito dos países periféricos como Portugal, Grécia, Irlanda, Espanha...Aqui entre nós há quem assuma sermos, de facto, o “cancro” da EU e devemos sujeitar-nos a uma violenta quimioterapia de austeridade. Na hora da crise reconhecidamente global, de uma forma canhestra optou-se por responsabilizar a crónica fragilidade dos países do sul da europa, que tardaram a organizar-se em sociedades mais evoluídas, menos desiguais e, sobretudo, mais estruturadas.
A politiquice tem sido rainha incontestável nesta hora dramática para os portugueses.

15 outubro, 2013 10:27  
Anonymous Mário Neiva said...



Cristianizar não é evangelizar

O Evangelho foi dirigido a comunidades bem concretas de há dois mil anos. S. Paulo e os Evangelistas pregaram numa perspectiva bem definida da iminência da "segunda vinda de Cristo" para "restaurar todas as coisas". O "fim dos tempos" chegara. O mundo saído da "primeira criação", referida no Génesis, chegara ao seu termo. Os dias e anos da pregação do Evangelho de Jesus Cristo eram, de facto, os últimos. A II Carta de Pedro, escrita num tempo já tardio, segundo os especialistas do NT, testemunha a impaciência dos cristãos pela demora da vinda do "Senhor Jesus", portadora da ressurreição universal. Para acalmar os ânimos, o autor adverte que "para o Senhor um dia é como mil anos e mil anos como um dia" (II Pedro 3,8).

Ora, tendo o Evangelho sido inteiramente pregado nesta perspectiva da iminência do fim de "todas as coisas" , e como nada aconteceu, a doutrinação cristã alterou paulatinamente o sentido da fé e da esperança, que fora a das primeiras comunidades cristãs.

A declaração do cristianismo como a “religião oficial” do império romano, pelo imperador Constantino, foi o golpe final no Evangelho de Paulo e dos Evangelistas, transformando o Evangelho em mais uma religião. A ressurreição, que havia sido pregada como uma autêntica segunda criação e concretizada primeiramente em Jesus Cristo, perdeu todo o seu sentido de uma realidade para a história do homem e do mundo, a curtíssimo prazo, e foi sendo interpretada como uma ascese espiritual, reduzida à conversão do "espirito mau" no "espirito bom", após a divisão irremediável do homem em duas entidades absolutamente distintas, corpo e alma, fixando-se a ideia de que apenas estavam juntas para se chatearem mutuamente.

E a morte colocava tudo no seu lugar: a alma no céu e o corpo no pó de que era feito.

Numa palavra, o destino do homem fora desligado do destino de “todas as coisas”. Dizendo de outro modo, a salvação do homem deixou de lado a salvação da sua materialidade e da materialidade do universo. Isto não é o Evangelho pregado há dois mil anos. Definitivamente, a desvalorização do “corpo” não é Boa Nova para ninguém. Já a comida, a bebida, o abrigo e a cultura continuam a ser a Boa Nova mais ansiada por qualquer ser humano. Alguém me diga que isto não é verdadeiro e que este Evangelho não merece ser pregado pelos quatro cantos do mundo!

Em contrapartida, o cristianismo tradicional que herdamos foi e é, tantas vezes, não uma Boa Nova, mas um pesadelo sem fim, quando os cristãos empunharam e ainda empunham numa mão a cruz da sua religião e na outra a espada assassina. Como os talibãs de todos os tempos.

Reparem na mudança de paradigma em relação à fé dos primeiros cristãos: na perspectiva de um mundo sem fim à vista, havia que fazer pela vida, ganhar raízes, construir cidades fortificadas, templos majestosos e inventar rituais esplendorosos para “maior glória de Deus”. A primitiva religião no seu melhor! Esqueceu-se por completo a iminente “restauração de todas as coisas”, pensando nisso como fantasia dos primeiros cristãos.

O fracasso aparente da fé e da esperança do Evangelho não deu lugar a uma outra forma diferente de pensar a regeneração do homem e do seu mundo. Ora eu penso que é para aí que se tem de caminhar. E até penso que a Humanidade caminhou sempre nesse sentido, apesar da tentação do retrocesso.

Disse “fracasso aparente”, porque o Evangelho foi semente de esperança lançada à terra, foi fermento acrescentado à massa, foi luz levantada para iluminar a sala toda.

17 outubro, 2013 10:11  
Anonymous Anónimo said...

amen.

17 outubro, 2013 12:08  
Anonymous Mário Neiva said...



Este "amen" do anónimo do costune sempre é bem melhor que o insultuoso "saco de veneno". Estamos a progredir.

17 outubro, 2013 12:27  
Anonymous Mário Neiva said...


A Alternativa

A aceitação, sem subterfúgios, da realidade da fé e da esperança evangélicas tal como estão plasmadas nas Cartas de S. Paulo e nos Evangelistas, implica a busca de uma alternativa verdadeira para a Humanidade de hoje.
O que se fez, ao longo de quase dois mil anos de cristianismo, foi a substituição de uma fé e de uma esperança imediatas na intervenção directa e universal de Deus na História, por uma fé e uma esperança da intervenção divina imediata na alma de cada cristão, retomando-se o ideal religioso tradicional da relação “Eu e a Divindade”.

Dizendo isto de uma forma clara, a fé e a esperança dos primeiros cristãos foi-se transformando, na prática, numa fé e numa esperança de salvação, não da Humanidade e do Universo, mas da alma individual de cada um.

Era fatal que, numa tal viragem da fé, a ideia da formação e salvação da “eclésia” e da comunidade acabasse diluída na ideia de uma salvação individual, uma espécie de “salve-se quem puder” e na recusa efectiva da vida presente, bem traduzida na expressão popular “fica-te mundo cada vez pior”. Este dito popular, simples e expressivo, resume, na perfeição, o grau de afastamento a que os cristãos chegaram em relação à fé e esperança originais da recriação da Humanidade e do seu Universo, que era o exacto conteúdo do “Evangelho de Cristo”.

A teologia e a pastoral cristãs afundaram-se na ideia do homem como simples “alma imortal”, apesar de isso significar a negação da fé evangélica na transformação-ressurreição universal, surgindo o mundo material como uma excrescência inútil da Criação! Assim como se Deus tivesse desistido, em favor das “forças do mal”, que aparecem derrotadas no Livro do Apocalipse, de uma boa parte da sua Obra e a abandonasse nas mãos do “Pai da Mentira”.

Diríamos: mais antievangélico, não pode haver.

Mas a História é o que é, e não o que qualquer um pensa que ela devia ter sido.

Que fazer, então, com a fé de Paulo e dos Evangelistas?

Prosseguir na senda do velhinho cristianismo é um erro crasso, porque se abandona ao “diabo” pelo menos metade da Criação, como acabei de notar.

Recuperar a fé de Paulo de Tarso numa recriação (ressurreição) universal (Humanidade e Universo –insisto!), a curtíssimo prazo, é um absurdo, hoje, como absurdo foi considerado ao longo de dois mil anos de cristianismo.

Assim, eu penso que o desafio que os cristãos têm pela frente começa a ser cada vez mais o desafio da própria Humanidade que somos hoje.

Com sabedoria e carinho vamos guardar no coração e na memória todos os anseios de superação e realização dos nossos avós e encontrar aí a força necessária para prosseguir o caminho em busca de mais e melhor vida humana, neste mundo que nos foi dado para viver e não em qualquer outro fantasioso.

Temos de aceitar o confronto com todas as nossas limitações, na certeza, porém, de que podemos alargar sempre mais um pouco os nossos horizontes.

Quando morremos com sabedoria, fazemo-lo a olhar o infinito.

Eu quero morrer assim, já que tenho de morrer mesmo.

Concluindo, eu diria que a alternativa à fé e à esperança de Paulo e dos Evangelistas tem de ser o que de melhor e mais belo eles procuraram, exactamente o que de melhor e mais belo hoje podemos sonhar e perseguir.

Quem acha que isto é pouco, é porque nunca se preocupou, verdadeiramente, nem com a perfeição, nem com a beleza, nem com a harmonia.

É tempo de começar a fazê-lo.

19 outubro, 2013 08:15  
Anonymous Anónimo said...

ámen, ámen, ámen...

19 outubro, 2013 10:29  
Anonymous Mário Neiva said...


Em forma de complemento

Um amigo escreveu-me para caixa de correio electrónico, dizendo que não entendia bem qual a alternativa à "fé de S. Paulo e dos Evangelistas". Se a mesma dúvida ficou a pairar em mais algum leitor, tenho de admitir que não fui bem claro na minha exposição.

Em jeito de complemento, queria, então, esclarecer que a alternativa de hoje ao Evangelho que sonhou, acreditou e esperou o fim de todas as formas de doença, sofrimento e morte do corpo, bem como todas as formas de corrupção do espírito, é reganhar essa mesma fé na Humanidade, mas à luz da mundividência do nosso tempo.

Pretender alimentar aquela fé de S. Paulo e dos Evangelistas como se estivéssemos a viver num mundo igual ao seu, esquecendo dois mil anos da história evolutiva da Humanidade, é tarefa votada ao completo fracasso.

Num tempo em que era universalmente aceite a intervenção directa e constante do divino na história humana, a proposta pastoral de fé de S. Paulo e dos Evangelistas era aliciante e extraordinariamente consoladora. O problema é que os anos foram passando, e nada de acontecer o fim do "velho mundo" e o início do "novo mundo". E, tal como vinquei no comentário anterior, face à frustração enorme provocada pelo não acontecimento da "Segunda Vinda de Cristo" e o consequente "fim do mundo (antigo)", o Evangelho foi sendo substituído pela religião cristã que chegou até nós.

Respondi ao amigo AA que me pediu o esclarecimento:

“Dizes, e bem, que a alternativa que proponho "...já a Humanidade fazia há milhares de anos Antes de Cristo e continuou a fazer Depois de Cristo: o que de melhor e mais belo, ontem e hoje, o homem pôde sonhar e perseguir".
Nem mais! O "Evangelho" de hoje (a Boa Nova) é o mesmo "evangelho" de sempre, pelo menos desde que os homens começaram a sonhar com mais e melhor humanidade. S. Paulo e os Evangelistas, no meio de tanta barbaridade, decepção e sofrimento, fizeram a proposta salvadora da Nova Criação: começar tudo de novo, com novo homem, novos céus e nova terra, enfim, um novo Génesis”.

Recordando a teologia de S. Paulo, nela se anuncia Jesus Cristo como o primeiro dos “ressuscitados” e apresenta-o na sua integridade humana, corpo e espírito. Atente-se na narrativa evangélica da “Transfiguração”, que é perfeita demonstração do conteúdo da fé e da esperança cristãs. Sim, é este episódio, e não o da “Ressurreição de Lázaro” (que voltaria a morrer, de doença ou de velhice), a verdadeira metáfora da Nova Humanidade.

Em forma de conclusão permito-me afirmar que a fé dos nossos antepassados não pode ser, de forma alguma, interpretada à letra, tentando replicar o modo como a viveram. Aqui é que residiu o grande equívoco. Se os nossos antepassados fossem espíritos imortais, restava-nos beber-lhes o “espirito” da sua fé. Mas eles foram espirito e corpo, e como espirito e corpo construíram a sua própria história, num tempo e num lugar determinado da grande História da evolução da Humanidade. O tempo e o espaço são tão intrinsecamente nossos como o mais puro pensamento de beleza e de bondade. E, como todos bem sabemos, nenhum sentimento e pensamento podem ser expressos sem as formas, as cores, os espaços, os sons e os gestos. Beethoven nunca vai poder compor uma nova sinfonia. Teve o seu tempo e o seu espaço para se expressar; um tempo intransmissível e irrepetível. Mas podemos inspirar-nos nele, inebriar-nos com a sua música, acarinhar a sua memória.

O mesmo podemos fazer com a fé dos nossos antepassados, sempre que ela significou elevação da alma humana. Mas sem esquecer que só no plano do conhecimento ela é transmissível, e apenas como encenação histórica pode ser repetida.

Para ser verdadeiramente humana, a experiência de fé de cada um será sempre única, irrepetível e intransmissível. Assusta um pouco? É verdade, mas só assim seremos dignos da nossa Humanidade.

Macaquinhos de imitação, nunca; porque, definitivamente, não somos macacos!

21 outubro, 2013 11:10  
Anonymous Mário Neiva said...


Caminhos do Infinito...

Aqui está uma notícia que nos informa da nossa e nova mundividência. É sobre aquela "outra metade" que muitos pretendem arredar do conteúdo da fé, imaginando o futuro do Homem sem Universo, como se este não fizesse parte integrante e indissociável da nossa Humanidade.

E agora tirem a conclusão mais lógica deste mundo e do doutro: se os astrónomos descobrem e nos dão a conhecer o nosso Universo, não deveremos nós considerá-los sacerdotes e evangelizadores? Ou só o serão aqueles que nos falam de uma certa espiritualidade desencarnada?

"Astrónomos norte-americanos descobriram a galáxia mais distante, até agora conhecida, cuja luz foi emitida quando o Universo apenas tinha cinco por cento da sua idade atual, 13.800 milhões de anos, divulgou hoje a revista Nature.

A distância da galáxia, batizada como z8-GND-5296, foi confirmada, de forma inédita, por um espetrógrafo, aparelho que faz o registo fotográfico de um espetro luminoso.

A galáxia foi detetada entre 43 candidatas, através de imagens infravermelhas captadas pelo Telescópio Espacial Hubble, com a sua distância a ser confirmada pelas observações realizadas com o espetrógrafo MOSFIRE do Telescópio Keck, no Havai.
A equipa de astrónomos liderada por Steven Finkelstein, da Universidade do Texas, e Dominik Riechers, da Universidade de Cornell, em Nova Iorque, observou também que a galáxia tem uma taxa de formação de estrelas "surpreendentemente alta", 300 vezes por ano a massa do Sol, comparativamente com a da Via Láctea, que forma anualmente entre duas a três estrelas.
Para Steven Finkelstein, "estas descobertas dão pistas sobre o nascimento do Universo e sugerem que este pode ter zonas com uma formação de estrelas mais intensa do que se pensava".




24 outubro, 2013 06:30  
Anonymous Mário Neiva said...

A Ciência e os "Evangelizadores" Ou
Uma Certa Forma de Sacerdócio da Ciência

A propósito deste tema, lembrei-me de uma afirmação extraordinária de Einstein:

"Quanto maior é a evolução espiritual da humanidade, tanto mais me parece certo que o caminho genuíno para a religiosidade não passa pelo medo da vida, ou pelo medo da morte, ou pela crença cega, mas antes pela busca do conhecimento racional. Neste sentido, acredito que o padre, se deseja fazer justiça à sua elevada missão educativa, deve converter-se num professor". (In Como Vejo A Ciência, A Religião e o Mundo, Ed. Relógio D'Água).

Quem conhece o seu pensamento, percebe que, para Einstein, o "conhecimento racional" é uma aproximação à verdade, mas não uma verdade qualquer. Sobretudo, nunca uma verdade de que facilmente nos apropriamos e declaramos única.

E porquê? Porque a busca do "padre-professor" de Einstein é dirigida a uma realidade que se encontra e confunde com a percepção do mistério, que ele valoriza acima de todos os nossos conhecimentos:

"O que há de mais belo na nossa vida é o sentimento do mistério. É este o sentimento fundamental que se detém junto ao berço da verdadeira arte e da ciência. Quem nunca o experimentou nem sabe já admirar-se ou espantar-se, pode considerar-se morto, sem luz, totalmente cego" (ibidem).

Esclareçamos, ainda, que Einstein não tem em mente uma ideia fantasiosa do mistério. Nada disso. A nossa razão só acede "às formas mais primitivas" do mistério. Porque o “coração” do mistério somente o podemos percepcionar na sua inacessibilidade:

"A consciência de tudo quanto para nós é impenetrável, de tudo quanto para nós é manifestação da mais profunda razão e da mais deslumbrante beleza e que só é acessível à nossa razão nas suas formas mais primitivas, essa consciência, esse sentimento, constituem a verdadeira religiosidade".(ibidem)

A desgastada mas persistente polémica entre Ciência e Religião perde toda razão de ser, quando, finalmente,considerarmos que o objecto, tanto do conhecimento como do sentimento e pensamento religioso (teologia) é o exacto mistério que nos envolve.

“Impenetrável” e “deslumbrante”.

Não chegarmos a aperceber-nos dele, será demonstração de “morte” e “cegueira” do espirito (Einstein não poupa nas palavras).

Um sacerdote, de uma qualquer religião, que se considere senhor do mistério revelado, está, efectivamente, admitamos que por ignorância, a negar a existência do mistério.

Do outro lado está o “padre-professor” de Einstein aberto ao segredo maior que permanece inacessível à razão humana.

Argumentam os sacerdotes-teólogos com a existência do conhecimento que procede da fé. Mas é mais do que evidente que tal “conhecimento” não vai além de um mero sentimento que nasce, -e isto é que é verdadeiro-, da consciência do contacto com o mistério. E é neste ponto, e só neste, que reside a elevação do sentimento religioso dos nossos antepassados. Por ser assim é que cada religião tem o seu sentimento religioso específico, que é a “sua verdade” e pela qual os respectivos crentes chegam a bater-se até à morte. Os os crentes batem-se por um sentimento e não pelo conhecimento, dando primazia ao coração em vez da razão.

Seria de um ridículo atroz ver um grupo de cientistas declarar uma guerra em nome da verdade da sua equação matemática.

Também nunca vi um crente perseguir e matar ninguém em nome do mistério impenetrável e deslumbrante que nos envolve. Um sentimento genuinamente religioso como este de que fala Einstein, vivido em ligaçâo com a fonte donde procede, o mistério, ao ser racionalizado e confundido com o conhecimento humano, que é sempre limitado, transforma-se em perigosa cegueira e tem um nome terrivel: fanatismo.

26 outubro, 2013 08:55  
Anonymous Mário Neiva said...



Se o Papa Francisco sabe disto...

Se o último parágrafo do texto é verdadeiro, a gente compreende muito bem D.Policarpo ou o Fernando Ulrich:

"Ai aguenta aguenta": "Os cortes cegos".

Cegos?!

Só não vê quem não quer.

Gostava saber quanto doi ao Dr Catroga e à troupe de "boys" que o acompanhou na Administração da EDP vendida ao Estado Comunista Chinês. Como eles aguentam bem os "cortes cegos"!!!


Reproduzo, quase na íntegra, o texto do filho de um AAcarmelita, advogado de profissão, Dino Barbosa:

Dom José Policarpo,(...)gosta muito de opinar em relação a assuntos de natureza política e social. Ele já repudiou as manifestações públicas contra o Governo - alegando que de nada servem -, já disse que a manifestação popular corrói a harmonia democrática e já disse que, no que toca à austeridade, a sociedade aguenta tudo.

Como se não chegasse para nos saturar os tímpanos, agora, o cardeal também quer afirmar-se no plano da Economia,(...): se Portugal não recebesse dinheiro de ajuda externa, "só teria dinheiro para mês e meio" e que "não haveria dinheiro para pagar salários e pensões". O que este paladino do Governo liberal esquece é que, antes do pedido de resgate, o anterior Governo, (...) apresentara um Pacto de Estabilidade e Crescimento, que obtivera a aprovação de todos os membros da Comunidade Europeia e que, apesar de impor duras medidas sobre vários sectores da sociedade, esse PEC evitaria o pedido de 78 mil milhões de euros que o país acabou por fazer.

Cavaco Silva, que nada fez para evitar que Portugal tivesse chegado onde chegou (E sendo presidente, bem poderia ter feito...), chegou a apelar aos jovens para saírem à rua. (...)

(...)Não, a "ajuda externa" não era necessária para o país. Para capitalizar bancos que perderam dinheiro com investimentos de alto risco (e para pagar o estrago do BPN (...), sim, era preciso dinheiro externo. Mas não para pagar salários.

Resultado: Só em juros da dívida, Portugal pagará 8 mil milhões de euros em 2014. E isto são só os juros, sem contar com o valor da dívida em si.

Não, Sr. Policarpo, os bancos estrangeiros não estão a fazer-nos favor algum. O povo português é que está a fazer-lhes um favor a eles, enquanto é sugado até ao tutano por uma máquina fiscal que serve para enriquecer banqueiros estrangeiros (...).

Mas também, instalado numa herdade avaliada em 2,5 milhões de euros, a desfrutar de catorze quartos, 6 WCs, piscina e court de ténis, é fácil dizer aos outros que aguentem, não é?

(Adaptado: https://www.facebook.com/groups/tribunadajustica/permalink/543690725709730/)

30 outubro, 2013 09:12  
Anonymous Mário Neiva said...



Assusta mesmo...

O filósofo Noam Chomsky elaborou o "decálogo" dos nossos tempos. É uma lista das “10 Estratégias de Manipulação” através dos meios de comunicação.

O décimo "mandamento" faz arrepiar:


"No decurso dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência geraram uma crescente brecha entre os conhecimentos do público e aqueles que possuem e utilizam as elites dominantes.
Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” desfrutou de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicológica. O sistema conseguiu conhecer melhor o indivíduo comum do que este conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos, maior que o dos indivíduos sobre si mesmos".

Noam Chomsky. Filósofo, ativista, autor e analista político norte americano, é professor emérito de Lingüística no MIT e uma das figuras mais destacadas desta ciência no século XX. Reconhecido na comunidade científica e acadêmica por seus importantes trabalhos em teoria lingüística e ciência cognitiva.

É o autor do livro “Armas Silenciosas para Guerras Tranqüilas”, que inspirou o decálogo das “Estratégias de Manipulação”.

Sermos comandados e manipulados por quem nos conhece melhor do que nós próprios...
Noam Chomsky pensa que sim. O alerta que deixa para esta tremenda realidade deve calar fundo nas nossas consciências, para que não permitamos que novas e sofisticadíssimas formas de escravatura atentem contra a dignidade humana. A melhor defesa é procurar saber tanto como “eles”. Ou, no mínimo, reconhecer que podemos ser completamente manipulados e levados a fazer aquilo que, se estivéssemos esclarecidos, nunca faríamos.
“Homem prevenido vale por dois”, diz o sábio ditado popular.

02 novembro, 2013 09:39  
Anonymous Mário Neiva said...


A «Ceia do Senhor »e a « Missa »


Por mais pesquisas que se façam sobre o que foi a « Ceia do Senhor”, ninguém pode negar que se tratou, desde o princípio, de uma verdadeira refeição onde se comia e bebia, por vezes com egoísmo dos comungantes e sem qualquer moderação. S. Paulo deixou testemunhado que havia comungantes a beber até à embriaguez (1 Cor.11, 17-22).

Face ao relato incontornável de S. Paulo, a materialidade da “Ceia do Senhor” aparece como parte essencial da Ceia e indispensável para anunciar o que estava a acontecer: a partilha fraterna e a fraternidade em si mesma.

Anunciando uma parte da comida e da bebida da Ceia, como sendo carne e sangue do Senhor, comendo e bebendo o pão e o vinho da “Ceia do Senhor” os comungantes constituíam-se como um só corpo e uma só vida.

Evoluiu-se e, a meu ver, bem, para uma liturgia em que o aspecto de refeição praticamente desapareceu. Quem vê a missa actual e a compara, por exemplo, com a ceia de Natal, desiste da comparação. De facto, ao longo dos anos, a materialidade foi reduzida à mínima expressão, mas ficou sempre presente no “pão e no vinho”, para além, claro, da presença física das pessoas.

Porém, o ensinamento do “sacramento maior” ficou preservado ao longo de dois mil anos: a comunhão fraterna dos homens uns com os outros e destes com Deus, através de Jesus Cristo.

Irão muito mal aqueles que pretenderem restaurar a “Ceia do Senhor” de há dois mil anos, ignorando esse tempo todo de evolução. O “pão nosso de cada dia” ou o “pão e o vinho” do “Corpo de Deus” podem e devem assumir novas formas. As “espécies sacramentais” , como verdadeira e nova materialidade da fé, são os alimentos, o vestuário, a habitação, os medicamentos, a escola, o trabalho, a segurança na doença e na velhice. Isto quanto às nossas necessidades materiais. Quanto às necessidades espirituais, comunguem-se as alegrias e as tristezas, cultive-se a fraternidade, partilhe-se a cultura, medite-se nos mistérios da vida e da morte e alimente-se a esperança.

Desvalorizar a materialidade da “Ceia do Senhor” é transformar uma refeição numa devoção ou numa simples oração. Válidas, uma e outra, mas muito insuficientes e ineficazes.

A presença física dos cristãos na missa e a refeição apesar de reduzida a uma simples “hóstia” impedem que o Sacramento Maior seja tão nulo como um matrimónio sem a consumação sexual. Não basta dizer “meu amor, amo-te tanto!”; exige-se a prova material desse amor proclamado.
Deixo à vossa consideração: afinal, o que é, nos dias de hoje, o “Corpo de Deus” que se diz comer e partilhar na “Ceia do Senhor”?
Acima, apenas dei uma sugestão. Mas uma coisa eu aprendi da teologia cristã: o Evangelho não é magia de “converter pedras em pão”, mas sim “verdade e vida”.
Nestes tempos de liberalismo selvagem, torna-se urgente fazer regressar a fraternidade verdadeira anunciada na “Ceia do Senhor”.

04 novembro, 2013 22:49  
Anonymous Anónimo said...

dominus tecum...dominus tecum!
ámen.

06 novembro, 2013 11:54  
Anonymous Mário Neiva said...



“Direito à Vida"

Todos nos lembramos,aquando da questão do aborto, de muitas figuras públicas, cristãs declaradas, terem-se levantado a uma só voz para condenar a lei do aborto em nome do "direito à vida". Eu próprio acho uma enorme desgraça um ser humano fazer abortar uma vida que só devia ter acontecido por amor, pois há muito sabemos que não somos simples animais reprodutores da sua espécie. Se geramos conscientemente uma vida é para cuidá-la, acarinhá-la, amá-la.

Infelizmente, em todas as sociedades emerge constantemente, aterradora, a nossa origem animal selvagem. Digo aterradora, porque a nossa superior inteligência tanto pode servir para evidenciar a excelência da nossa condição humana, como para se colocar ao serviço da mais brutal selvajaria.

E é precisamente pensando nestas coisas que eu, por vezes, senti asco dos coristas contra a lei do aborto, por ter a certeza de que muitos desses tenores não passavam de refinados hipócritas, apresentando-se como defensores do “direito à vida”.

Refiro-me, concretamente, às figuras públicas, aquelas mesmas que têm voz na condução da “coisa pública”. Enquanto na questão do aborto se apresentam como acérrimos defensores do “direito à vida”, na acção política ou outra, estão-se marimbando para a morte e o sofrimento dos inocentes, que serão todos os que precisam da nossa solidariedade e carinho.

Nós sabemos.todos sabemos, que, na mesma rua ou na rua ao lado, acontece o calvário para tanta gente.

Temos de ter plena consciência, quando debatemos estas questões, que o “direito à vida” começa na concepção responsável, no desenvolvimento intra-uterino acompanhado, no nascimento condigno, no aleitamento completo, no infantário (agora que trabalham pai e mãe), na escola, no trabalho, na segurança da velhice.

Felizmente, há homens empenhados na palavra e na acção que vêem assim longe. Eis aqui um pequeno texto de Luis Inácio Lula da Silva sobre o “Direito à Vida”:

“A questão não é, mais, se existe cura para uma doença - porque em muitos casos ela existe -, mas saber se é possível para o paciente pagar a conta do tratamento. Milhões de pessoas encontram-se hoje nessa situação dramática, desesperante: sabem que há um remédio capaz de as salvar e aliviar o seu sofrimento mas não conseguem utilizá-lo devido ao seu custo proibitivo. Há uma frustrante e desumana contradição entre admiráveis descobertas científicas e o seu uso restritivo e excludente”.

Eu acrescentaria, à guisa de conclusão: uma sociedade democrática que não disponibiliza a todos por igual os cuidados que a medicina até hoje já tornou possíveis é uma sociedade abortiva da vida.

Uns banqueteiam-se, enquanto outros vêm a sua vida abortada, porque os medicamentos são apenas para quem pode e manda.

Tanta gente anti-aborto que afirma não haver alternativa a uma sociedade abortiva!!!

Sepulcros caiados, diria Jesus de Nazaré!

08 novembro, 2013 18:31  
Anonymous Mário Neiva said...



“Não há dinheiro” dizem eles…

Nestes últimos anos de loucura a que se entregaram as chamadas democracias ocidentais, regredindo de forma assustadora para a defesa da lei da selva engravatada e de colarinho alvíssimo, a cada passo somos abanados por denúncias dessa selvajaria galopante.

Foi assim que, há dias, enquanto tomava café ao balcão de um pequeno bar na Estação de Camionagem de Braga, folheando o Diário do Minho (ediç. De 26-10-2013), parei num artigo de opinião, “Reflexão Alternativa À Sociedade Atual”. Fui lendo, e no fim lá estava o nome do autor, António Ferraz, professor de Economia da Universidade do Minho.

O artigo do professor termina com três perguntas inquietantes e reveladoras da situação indecente a que chegaram as “velhas democracias” europeias. Recordo-me que esfreguei os olhos (estaria a ver bem?) e repeti a leitura das três perguntas. Aqui vão. Meditem. E chapem na cara daqueles papagaios que todos os dias vão aos jornais, televisões e rádios vociferar que não existe alternativa para esta selvajaria que nos é servida como uma inevitabilidade.

Bem a propósito, ontem mesmo, o Jornal de Notícias publicou um dado estatístico revoltante: desde 2011, os multimilionários aumentaram 10.8% em Portugal. São mais 870.

“Não há dinheiro”, dizem eles. E os seus papagaios repetem o estribilho até à náusea.

Aqui ficam as perguntas do professor Ferraz:

1 - “O Estado não tem vindo, pelo contrário, a salvaguardar os poderosos interesses económicos e financeiros instalados?

2 – As maiores empresas portuguesas não têm vindo a transferir avultados capitais para o exterior, assim, só para a Holanda (país com impostos sobre os lucros bastantes mais baixos) são cerca de 30 mil milhões de euros por ano?

3 – Ao transferirem avultados capitais para o exterior (num processo muito semelhante aos da economia paralela) não investindo no país e fugindo ao pagamento de impostos, não estarão a gerar mais injustiça social e efeitos danosos à economia portuguesa?”

Atentem: anualmente, só para a Holanda, voa, legalmente, quase metade do famigerado empréstimo do resgate português…

O povo aguenta? “Ai aguenta, aguenta”, avisa o banqueiro português Ulrich.

09 novembro, 2013 09:57  
Anonymous Mário Neiva said...



Demasiado Tarde Ou Mais Vale Tarde Do Que Nunca


Ouviu-se, finalmente, o chefe da Igreja Católica em Portugal, D. Manuel Clemente, sair em defesa do Estado Social.

Digo-o com alguma convicção: talvez porque o cardeal não queira figurar na história deste país ao lado dos coveiros de um Estado Social ainda jovem, herdeiro dos valores mais sagrados do cristianismo, como são a fraternidade pela solidariedade e consequente proclamação e defesa efectiva da dignidade única da pessoa humana, qualquer que seja a origem e a capacidade física e mental do “crente” ou do “cidadão”.

Estava a crescer, o Estado Social, cheiinho de falhas? É verdade. Mas era o caminho certo.

Talvez ainda muito poucos, entre os cultos eclesiásticos da hierarquia, compreenderam que não existe qualquer diferença essencial entre a fé e a cidadania. Daí que, tarde e mal, ou nem ainda isso sequer, tenham compreendido que a nova forma de construção eclesial passa, incontornavelmente, pela construção de um Estado Social cada vez mais interveniente e mais aprofundado, cuidando do cidadão crente ou não crente, da infância à velhice.

Esses altos eclesiásticos aprenderam de Paulo, ou deviam ter aprendido, que “Deus não faz acepção de pessoas” nem perguntará, no “dia do juízo final”, pelas rezas e cultos praticados, mas pelo que se fez a ele, Deus-Em-Pessoa, incarnado em cada ser humano. E, como a Caím, será perguntado “onde está o teu irmão”.

Se o incipiente Estado Social, já moribundo, não resistir aos ataques dos abutres que foram alçados ao poder absoluto, as hierarquias cristãs, sobretudo a maioritária, a católica, serão justamente responsabilizadas pela hecatombe humana, tanto quanto a história portuguesa responsabiliza esta pela tortura e massacre da “ Inquisição”. A esta, mesmo considerando o contexto histórico, só mesmo o diabo pôde e pode chamar de “Santa”.

Disso não tenha dúvidas, senhor D. Clemente. E com uma agravante: o senhor carregou debaixo do braço, ou meteu na gaveta, durante a sua vida toda de cristão, o Evangelho de Cristo, muito bem explicitado e traduzido para os tempos modernos na Doutrina Social da Igreja saída do Vaticano II.

Ou o senhor, que estudou teologia, ainda não percebeu que qualquer sacramento da fé é nulo, é inválido, é cerimónia vazia, sem a sua componente corporal? Sim, o pão, o vinho, a palavra (sacramental) proferida, o óleo, o carinho do gesto da imposição das mãos, a sexualidade consumada, a água, o delito expressamente confessado para o arrependimento e emenda…

Não vale, senhores altos eclesiásticos, para esta teologia extraordinária dos sacramentos, a pretensão de uma relação directa e espiritual de cada um com o “Pai de Jesus Cristo”. O que vale mesmo é “tudo o que fizerdes ao mais pequeno dos homens é a mim que o fazeis”. Os sacramentos não são magia que produz efeito em acto meramente cerimonial. Nada disso. A fé sem a materialidade da existência e da acção humana é nula ou “vã” como diz o Evangelho de Cristo.
Era tempo, senhores altos eclesiásticos, de compreenderem que o nome novo da “Ecclesia de Cristo” é o Estado Social a cuidar do homem completo, corpo e espírito, da infância à velhice, com a certeza, por parte do crente, de que assim se realiza a “Ceia do Senhor até que Ele venha”. Porque o seu émulo, o “Estado mínimo”, é o triunfo do individualismo, da lei da selva, do mais forte, mais capaz, mais bem nascido, mais afortunado, mais espertalhão.

O cristianismo não surgiu para criar uma “ecclesia” paralela à comunidade civil. O seu Evangelho é precisamente transformar a comunidade civil em “Comunidade do Senhor”, a qual se cria pela partilha e na partilha de todos os dons da vida. Em linguagem litúrgica diz-se “resgatá-la”, “salvá-la”. E esta comunidade foi, desde o início, católica, quer dizer, universal.

Mas em vez destas coisas ainda se discute se os cristãos devem rezar em latim ou em mandarim…
Mas que alta cultura evangélica!

16 novembro, 2013 07:59  
Anonymous Mário Neiva said...


Nem De Propósito!

Anda por aí um catedrático cristão da Universidade Católica ensandecido, se calhar por rezar ao Deus errado.

Começamos a perceber quem são os ideólogos deste liberalismo sem humanidade que estão a implantar a todo o vapor, sobre os destroços de um incipiente Estado Social, cilindrando a democracia cristã, a social democracia e o socialismo democrático.

"É criminoso aumentar o salário mínimo", que é só o mais baixo da Zona Euro e dos mais baixos da UE. Pouco mais que 450 euros.

"Criminoso", disse o catedrático da Católica César das Neves.

"Criminoso", disse ele.

Diga aí, senhor catedrático cristão e católico, como vai um casal de jovens criar um ou dois filhos, condignamente, com esse salário mínimo, ao mesmo tempo que o senhor mesmo faz coro com os que pretendem reduzir a pó o Estado Social, verdadeiro embrião da Ecclesia dos nossos tempos?

Quanta desfaçatez não é precisa para se apresentar como defensor da família ou do direito à vida!

Quem pensa o senhor que engana?

Mas a verdade é que o senhor consegue enganar mesmo, até aqueles que já “têm idade” para não se deixarem enganar.

O senhor, que deve ter participado em milhares de foruns religioso-cristãos, ainda não conseguiu entender que não existem duas famílias-humanas, a crente e a outra? E não entendeu que “família é família”, “irmão é irmão”? Ou diz para si próprio que isso são tretas, utopias, criancices e ingenuidades do cristianismo? E que a “vida real” é outra coisa? E que mesmo assim é um católico dos quatro costados?

Que Evangelho lhe pregaram
naqueles fóruns ou na missinha dominical?

Acabei de ler o livrinho com uma breve história da Ordem do Carmo e da sua Regra, que o presidente da AAACarmelitas me ofereceu. Na página 20 foi inserida uma anfibiografia onde se pode ler, em letras bem grandes: “De Um Cristianismo perdido a uma nova Evangelização”.

Parece que ainda não percebeu, senhor César das Neves, aquilo que começa a ser cada vez mais a consciência da Igreja do Papa Francisco: o Evangelho perdeu-se pelos caminhos duros da História; que este Evangelho foi vivido e anunciado como se estivesse iminente o fim da velha e doente Criação do Génesis (“cumpriram-se os tempos”); que a posterior sucessão dos séculos defraudou esta expectativa;e, finalmente, que esta “vida terrena” é para ser transformada aqui e agora, tanto na sua dimensão material como na sua dimensão espiritual, visando a perfeição do homem integral.

Também não quer perceber que esse mesmo Evangelho, apesar de falhar redondamente quanto ao horizonte temporal, contém o ensinamento mais profundamente humano que até hoje nos foi dado conhecer. Este ensinamento transcende o tempo e foi muito bem compreendido por tantos que o ouviram, acarinharam e puseram em prática ao longo de dois milénios.
Assim, Francisco de Assis não foi um ingénuo, um palerma, um visionário ou um doido quando beijou o leproso postado na berma da estrada. O que fez foi levar até às últimas consequências o Evangelho que lhe abriu o entendimento e o coração.

Não se lhe pede tanto, senhor César das Neves. Pede-se tão-somente que seja um economista sério, um intelectual honesto e que tenha um mínimo sentido de fraternidade e solidariedade. Porque o senhor sabe que uma política de salários baixos é sinónimo de retorno à barbárie e à miséria terceiro-mundista.

Faça isto, ou então assuma-se, aberta e frontalmente, como porta-voz do diabo. Tenho a certeza de que ninguém o vai levar à fogueira, mas todos ficaremos a saber do seu falso cristianismo.


21 novembro, 2013 11:11  
Anonymous Mário Neiva said...


Errata...

Onde se lê "anfibgrafia" (confesso que não sei como saiu isto...)deve ler-se infografia. Agora percebi. O corrector não aceita info-grafia. Ser'a que agora vai?

21 novembro, 2013 11:20  
Anonymous Mário Neiva said...


"Não há dinheiro", dizem os Césares das Neves...

Acaba de chegar à minha caixa de correio electrónico esta "pérola". (apenas mais uma, de tentas que tenho recebido e respeitantes a "boys" dos diversos partidos):

"Assessor vai receber 3069 euros por mês.

O secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, nomeou um consultor de comunicação com uma remuneração equivalente à de um adjunto, ou seja, 3069,33 euros por mês.

De acordo com um despacho de Barreto Xavier publicado no
passado dia 29 em Diário da República, o "técnico especialista, Mestre João Filipe Vintém Póvoas", tem 24 anos e apresenta como qualificação profissional três workshops no Centro Protocolar de Formação Profissional para Jornalistas (Cenjor), um de Edição de Vídeo e Áudio Digital, outro em Apresentação de Diretos em Televisão e o terceiro em Atelier de Programas Televisivos.

Além desta nova contratação, Barreto Xavier tem ainda três adjuntos, sete técnicos especialistas, duas secretárias pessoais, um chefe de gabinete, dez técnicos administrativos, três técnicos auxiliares e três motoristas, todos pagos pelo Estado".

Nem sonhem que vão ouvir o César das Neves vociferar que isto é "criminoso". Porque criminoso é alguém querer ganhar mais de 400 euros mensais!

21 novembro, 2013 11:38  
Blogger ACOSTA said...

E...César das Neves ainda terá dito mais.

"...A maior parte dos pensionistas que são pobres, estão a fingir que são pobres..."
"e, se as pessoas vivem mais tempo em melhores condições, é estúpido baixar a idade das reformas, é suicida..."
Resumindo: SÃO TODOS UNS MALANDROS, e quando não puderem trabalhar( mesmo quase no leito da morte) deverão todos ser levados para o meio das serras , para morrerem( ou serem atirados para o mar) porque já estão a dar prejuízo ao dito Estado para quem descontaram toda a sua vida... Já nem sequer terão direito a "...comer das migalhas que cairão das mesas dos grandes senhores"...

21 novembro, 2013 14:16  
Anonymous Anónimo said...

Razão tem o soares, só mesmo à bastonada. Eu acrescento, já ontem era tarde! matando essa mer.. toda, pode ser que venha outra pior, como foi ele e seus capangas!

21 novembro, 2013 17:17  
Anonymous Mário Neiva said...


A meu ver, o Soares não tem razão nenhuma. Como não tinha "frei Tomás". Há dois anos e meio estava precisamente do lado destes que agora ataca ferozmente.Com a experiência que tem, com os conhecimentos que é suposto ter e com tão proveta idade, era de esperar um pouco mais de sabedoria na acção e na palavra. Ontem e hoje.

23 novembro, 2013 09:20  
Anonymous Mário Neiva said...



"Esta Economia Mata"

Assim escreve o Papa Francisco:

“Tal como o mandamento ‘Não matarás’ impõe um limite claro para defender o valor da vida humana, hoje também temos de dizer ‘Tu não’ a uma economia de exclusão e desigualdade. Esta economia mata”, afirma Francisco na exortação apostólica Evangelii Gaudium

Pois os nossos ilustres governantes de turno acharam que matar era pouco e decidiram, ao longo de dois anos e meio de leviandade criminosa, que bom mesmo é "esfolar". Se a troika manda cortar um milhão, eles decidem cortar dois ou três. Até parece que estavam mesmo à espera do apoio de fora para "governar a matar". Quem não está bem, que emigre, que saia da "zona de conforto", que se deixe de pieguices.


Não pode ser disfarçado: a hierarquia católica no seu conjunto assistiu sentada no camarote. Vozes isoladas não compensam o silêncio cúmplice ou comprometido.Quando decidirem erguer, mesmo à seria,a sua voz, talvez já seja tarde demais para remediar os estragos na sua credibilidade. Vai permanecer a impressão de que esqueceu o Evangelho e colou-se aos poderosos que sem pudor achincalham a miséria galopante: "Ai aguenta, aguenta!".

Desde Constantino tem sido uma constante esta colagem, quebrada, pontualmente, aqui e ali.Será que o Papa está a falar para cegos e surdos responsáveis da sua própria Igreja? É bem provável, pelo que verifico à minha volta. E temo que nos estejamos a aproximar a passos largos de um novo conflito global. Porque, bem ao contrário do que proclama o banqueiro Ulrich, a Humanidade não aguenta. Não aguenta a percepção de que o poder ficou todo do mesmo lado e esmaga os mais desfavorecidos no nascimento e na sorte.

Estamos a assistir ao triunfo, breve, penso eu, do poder da economia assassina.

Os políticos são os seus,
a informação é a sua,
as armas estão nas suas mãos,
a finança é toda sua.

Faço ardentes votos para que eu esteja redondamente enganado e este desabafo não seja mais que isso mesmo, e nascido da revolta que sinto quando vejo à minha volta tanta gente desamparada enquanto outros enriquecem como nunca sonharam. Uma riqueza que se concentra, sem travão, em cada vez menos mãos.

26 novembro, 2013 17:37  
Anonymous Mário Neiva said...



Em tempo, reportando estas palavras terrivelmente prof'eticas do Papa Francisco:

“Enquanto não se eliminar a exclusão e a desigualdade social, na sociedade e entre vários povos, será impossível erradicar a violência. Acusamos os pobres [...] da violência, mas, sem igualdade de oportunidades, as diferentes formas de agressão e de guerra encontrarão terreno fértil que, tarde ou cedo, provocará a explosão”.

(Evangelii Gaudium)

26 novembro, 2013 17:51  
Anonymous Mário Neiva said...




O Verniz Começa A Estalar

Um dia destes, uma senhora contou-me que não entendeu bem o que o senhor padre "pregou" na homilia dominical. A devota senhora ficou com a ideia de que o senhor padre estava a criticar o Papa Francisco, e reproduziu, como pôde, as palavras do pároco: " O Papa fala muito do social; e a religião, e a fé?"
Ora, a senhora, que é uma pessoa minimamente informada, fez o seu raciocínio, ligando social a socialismo, e perguntou-me se o Papa tinha ideias socialistas. Respondi-lhe que o Papa quando fala do "social" deve ter em mente a Doutrina Social da Igreja, que é a relação do Evangelho com as estruturas sociais do nosso tempo. "Pois, mas o senhor padre acha que o Papa só pensa no social", insiste a senhora.

Claro que eu compreendi a senhora e a homilia do senhor padre.

Claro que este Papa está a remexer o vespeiro da "religião-religião" que não passa pela humanidade que é central no cristianismo.

Claro que o Papa tem plena consciência de que a verdadeira "Igreja de Cristo" e o seu "Corpo Místico" é a Humanidade toda, e não o restrito número dos crentes da fé católica e de todas as outras confissões.

Mas também é muito claro que esta Igreja sem fronteiras não existe na mente de um bispo e de um sacerdote, quando estes agem e pensam como funcionários do Estado, mesmo quando esse Estado é o Vaticano.

"Sede pastores e não funcionários", disse o Papa Francisco.

Enquanto estas palavras pareceram apenas uma proclamação inconsequente, não houve problemas. Mas o Papa prova, em cada dias, que falou a sério.

E agora é que são elas...O verniz já começou a estalar nas unhas acomodadas, passivas e mais ou menos alienadas de bispos e sacerdotes que andam no cristianismo por ver andar os outros. Como quem diz: bispos e padres cristãos e católicos por tradição.

28 novembro, 2013 17:12  
Anonymous Mário Neiva said...


Sob A Lei Do Mais Forte

Hoje mesmo, um amigo fez-me chegar o email que transcrevo, em parte, e dá conta das palavras muito sérias de um arcebispo e do Papa Francisco. Aqui reproduzo uma parte desse correio:

"Se der pão aos pobres, todos me chamam de santo. Se mostrar por que os pobres não têm pão, me chamam de comunista e subversivo." Dom Helder Camara – Arcebispo Brasileiro

E agora o Papa(Passagens da Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, publicada pelo Papa Francisco a 26/11/2013):


"Hoje, tudo entra no jogo da competitividade e da lei do mais forte, onde o poderoso engole o mais fraco. Em consequência desta situação, grandes massas da população vêem-se excluídas e marginalizadas: sem trabalho, sem perspectivas, num beco sem saída. O ser humano é considerado, em si mesmo, como um bem de consumo que se pode usar e depois lançar fora. Assim teve início a cultura do «descartável», que aliás chega a ser promovida. Já não se trata simplesmente do fenómeno de exploração e opressão, mas duma realidade nova: com a exclusão, fere-se, na própria raiz, a pertença à sociedade onde se vive, pois quem vive nas favelas, na periferia ou sem poder já não está nela, mas fora. Os excluídos não são «explorados», mas resíduos, «sobras». (...) Quando a sociedade – local, nacional ou mundial – abandona na periferia uma parte de si mesma, não há programas políticos, nem forças da ordem ou serviços secretos que possam garantir indefinidamente a tranquilidade.»

Quantas vezes falei neste blog na "lei do mais forte" e da "lei da selva" , rainhas endeusadas das sociedades democráticas degeneradas até ao impensável, depois de tantas boas intenções dos democratas cristãos, sociais democratas e socialistas democráticos?

Tudo a ganância do homem levou!

Competitividade, dizem eles!"Lei do mais forte", diz o Papa Francisco.

O que mais assusta já nem é o "silêncio dos bons"; o que assusta, mesmo, é o apoio convicto e indefectível dos "bons" a esta lei do mais capaz, mais esperto, mais bem nascido.

Como calam a sua consciência humana e religiosa-cristã, depois do apoio militante à lei da selva? A resposta é simples: interiorizaram e fizeram suas as ideias enganosas dos "senhores da selva", segundo as quais,a pobreza e a miséria são culpa dos mesmos pobres e miseráveis.

Para os senhores da lei da selva, a pobreza e a miséria são demérito dos pobres e a abastança da vida mérito seu.

Esta torpe mentira fez caminho seguro entre os "bons"!

Como se todos tivéssemos saído iguaizinhos da mesma "fábrica de gente" e, portanto, a miséria e a pobreza são da inteira responsabilidade dos "preguiçosos" e dos *marginais".

Este discurso entre como faca em manteiga numa cultura dominada pelas religiões abraâmicas (judaísmo, cristianismo, islamismo) que vê a miséria humana como consequência dos pecados do homem.

Neste século XXI ainda se impõe a velha ideia judaica, denunciada no Evangelho, de que todas as doenças do corpo ou da alma são fruto do pecado e castigo pelo pecado.

Crime e castigo.

Já só falta, a estes senhores da lei da selva e aos seus papagaios nas universidades, na política, na justiça, na comunicação social e nas liturgias religiosas, já só falta, dizia eu, propalar, por aí, que um cego nasce cego porque "pecou ele ou os seus pais" e que o próprio cego é um "pecado vivo".

Já faltou mais.

Assim, de repente, parece que, depois de dois mil sobre o anúncio do Evangelho da fraternidade universal, o "pai da mentira" impõe a sua verdade. Aos "bons" e aos "maus". E o Evangelho da fraternidade é olhado por "bons" e "maus" como uma ingenuidade antiga, uma utopia, uma historieta edificante para gente "pobre de espírito".

Inchados de orgulho e de razão prática atiram-nos desprezivelmente: "deixem-se de belos contos de fé e de humanismos, que isso é passado”.

30 novembro, 2013 22:47  
Blogger ACOSTA said...

"EVANGELII GAUDIUM"versus TRIDENTISMO-CHEGOU O ADVENTO?

À primeira vista parece que o título que dei a este comentário nada tem a ver; pelo contrário, creio mesmo que Francisco, "de uma só cajadada matou três coelhos".Esta exortação é considerada por vários especialistas um Programa de Acção para toda a Igreja Católica(Bispos, padres e leigos) e diz claramente aos "poderosos do Mundo" que devem governar com justiça e verdade, e que todas as pessoas têm a mesma dignidade.
"...Uma renovação eclesial inadiável..."quando já eram bastantes aqueles que estavam a "restaurar" e "ressuscitar" o Tridentismo, "esquecendo" o Concílio Vaticano II.
"...A Igreja -em saída-(missionária) é uma Igreja com as portas abertas..."-dirá mais à frente.Uma das primeiras ideias:"...Quando a vida interior se fecha nos próprios interesses, deixa de haver espaços para os outros, já não entram os pobres, já não se ouve a voz de Deus..."

Creio que depois desta "exortação"
estão criadas as condições para que o Evangelho não seja só para ler nas Basílicas e grandes Catedrais, mas sim vivido por todos, a começar por aqueles que o pregam... e a iniciar já, porque o Advento é a grande caminhada para o Natal da Fraternidade e Solidariedade...

03 dezembro, 2013 22:53  
Anonymous Mário Neiva said...

A GENTE OUVE E...ACREDITA MESMO!

Foi na segunda feira passada (02.12.2013), no horário da noite da CMTV - canal 8 (da MEO).

Calhou de passar por este canal da TV quando estava a ser entrevistado Santana Lopes. Portanto, ninguém me contou, ouvi eu, com estes ouvidos que a terra há de comer. E a este senhor, que foi Secretário de Estado da Cultura nos anos noventa, foi presidente do PSD, foi Primeiro Ministro de Portugal e agora é Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, ouvi-o afirmar, com toda a descontracção e leviandade de um irresponsável, esta coisa:

num futuro mais ou menos próximo, as pessoas que tratem de "guardar no banco ou dentro do colchão" (sic!!!) as poupanças para a sua reforma, porque o Estado, de uma forma ou de outra, deixará de cuidar da segurança na velhice.

Não passou pela cabeça a esta sumidade do momento que, no incêndio da casa ou na trafulhice do banqueiro, as "poupanças de uma vida" podem ficar reduzidas a cinzas!

Este homem preside a uma Instituição de solidariedade.
Este homem sempre se afirmou social democrata e, em nome da social democracia, foi governante.

O que se terá passado, para que apareça, agora, a defender a “lei da selva”, o “salve-se quem puder”, “quem quiser que se desenrasque”, “quem não puder arreie”?

Que loucura tomou conta desta gente? Por que motivo querem regressar ao "antes" do Estado Social, um Estado que se propõe cuidar do "bem comum", como a segurança, a educação, a saúde e a protecção na velhice?

Eu pergunto a esse senhor como vão os cidadãos entregar confiadamente as suas poupanças para a velhice nas mãos de gente sem escrúpulos, como se têm revelado, por todo o lado, os homens da finança? (Ainda hoje mesmo saiu a notícia de que a UE aplicou um multa de 725 milhões de euros ao seriíssimo Deutsche Bank, dos muito sérios e diligentes alemães, por manipulação das taxas de referência em euros (Euribor) e em ienes (Tibor). Imaginem o montante total da fraude, para que apenas este banco, num total de seis gigantes internacionais, sofresse esta penalização).

Nós sabemos que este político carreirista tem o futuro assegurado e não precisa da Segurança Social "p'ra nada". Safou-se bem, nasceu esperto, talentoso e apostou no cavalo certo, o sortudo.

Quem não teve a mesma sorte, que vá ter com ele à Santa Casa, que lhe arranja um malguinha de sopa para matar a fome...

Este homem é Provedor da Santa Casa!

Este homem prova, para quem ainda não acredita, que o único Evangelho de que ele ouviu falar é o evangelho da "esmola ao pobre", porque nós não somos irmãos coisíssima nenhuma! Solidariedade, fraternidade... mas que criancices são essas no mundo da competitividade?

Para quem ainda não pensou nisso, é tempo de levar a coisa a sério: estes senhores querem substituir uma cultura dos direitos humanos, nascida do Evangelho da fraternidade, pela lei da “selecção natural”, num claro retrocesso civilizacional, em que os mais fracos são deixados para trás como escória da humanidade. Será suficiente a voz do Papa contra esta selvajaria?

04 dezembro, 2013 23:25  
Anonymous Anónimo said...

A tentação de politizar o blog, já vem de longe!!!
Mas as pessoas não percebem que não precisam de ser "espírito santo de ouvido" no meio de tantos e tantos que também percebem algo do que se passa neste país?...

05 dezembro, 2013 19:15  
Anonymous Evaristo Domingues said...

Olá Neiva,faz tempo que não fazia uma visita por estas bandas,como tinhas dito andas um pouco sózinho, vai passado por aqui o Costa e pouco mais, faço um reparo que quanto mais ervicida deito no meu jardim a erva daninha desaparece por um tempo mas sempre volta e sabes que essa erva ... que a pronunciar é parcecida só se retira uma consoante e coloca-se outra no princípio, é uma sarna que leva a vida a criticar cá no blog, gosta de ti tem sempre em rodapé um vota abaixo, mas já te habituastes, és forte !!! aguentas.Fazes bem não passas cartão... sabes tenho um gato persa muito lindo de quem se gosta, faz sempre no caixote com areia mas por vezes lá se vai lembrando de subir à marquise e fazer no teto de vidro,sabes que não consigo afastá-lo de tal habito, lá tenho eu que limpar, pois como vês não são só os animais, mas estes sabemos que são agora estes sujam e não dão a cara. Tem paciência vai limpando.
Abraço.

06 dezembro, 2013 17:00  
Anonymous Anónimo said...

Grande Santana Lopes, pena não haver muitos como tu, para dar nos cor... aos politizadores deste blog!!!

06 dezembro, 2013 17:58  
Anonymous Mário Neiva said...


Aos Anónimos Da Politização

Antes de ir a eles, retribuo ao Evaristo o abraço amigo de sempre.

Aos anónimos começo por dizer que nunca fui filiado na politiquice de qualquer das siglas conhecidas e desconhecidas. Votei sempre, e nunca votei em branco. É meu dever cívico. Nas últimas eleições (autárquicas) fui convidado pelos dois grandes concorrentes da minha freguesia (PSD e PS) e recusei integrar as listas, o que muito me custou, porque tenho bons amigos nos dois lados. Respondi a uns e a outros (fosse quem fosse o vencedor -venceu o PSD) que continuaria a dar toda a minha colaboração no Centro de Dia dos nossos idosos, o que venho fazendo.

E esta é a minha participação na coisa da "polis", embora não pretenda ficar por aqui, pois já fui contactado, e aceitei com entusiasmo, para criar uma espécie de tertúlia cultural.

Não deixa de ser irónico que, tendo sido os anónimos a meter a política neste blog, e fizeram-no de forma obscena e aparvalhada, venham agora criticar-me por uns leves arranhões de cariz necessariamente político, porque é da nossa "polis", da nossa cidade, da nossa aldeia e da nossa vida que se está a abusar sem escrúpulos e sem piedade.

Devo confessar, porém, que foi a surpreendente atitude do Papa Francisco que me encorajou a "chamar os bois pelo nome".

Como todos puderam verificar, o Papa começou por levantar a sua voz contra os "vendilhões", os burocratas e os "funcionários" que enxameiam o clero católico. E, de imediato, se pôs a dar o exemplo do que deve ser a acção de um "pastor da Igreja".

Mas não ficou pelas boas acções, pontuais, necessariamente, porque matar a fome a alguém por um dia não resolve o problema da fome da "cidade". E, como bom pastor, indicou o caminho. E aí temos a sua palavra-programa, na exortação "Evangelii Gaudium",que se constitui como uma alternativa esclarecida, vigorosa e humanista, e por isso mesmo evangélica, à brutalidade da lei do mais forte, do mais esperto, do mais capaz, do mais bafejado pelo nascimento e pela sorte da vida.

Chegamos a um tempo em que nas democracias ditas ocidentais e cristãs aplaudimos e endeusamos candidamente o triunfo do liberalismo monstruoso, que reduziu o homem a um "recurso humano" de usar e deitar fora (descartável, como diz o Papa Francisco).

Este blog devia ficar indiferente a uma tal desumanização impiedosa? Estes senhores anónimos acham muito bem que se deve ficar a assistir, na bancada, à destruição radical da cultura cristã, a qual, segundo o Evangelho que herdou, está centrada na dignificação, sem limites, da pessoa humana?

- “Sede perfeitos como o vosso Pai Celestial é perfeito”.)

Esquecem, estes anónimos, que a Humanidade, no seu todo, é, segundo o Evangelho, a "menina dos olhos" do "Pai de Jesus Cristo"?

Pois bem, o Papa Francisco não faz mais do que recolocar "em cima da mesa" aquela verdade central do cristianismo. Claro que incomoda os neoliberais que redescobriram a "lei da selva".

Para terminar este comentário, deixo a todos os que continuam a vir a este blog a pergunta:

Não será, o designado "estado social", que vinha sendo proposto, realizado e acarinhado pela democracia cristã, sociais democratas e socialistas democráticos, um verdadeiro embrião da "Ecclesia" paulina?

Para mim é uma evidência: aqueles que, empenhadamente, trabalham para que NINGUEM FIQUE PARA TRÁS, crentes ou não crentes, são coincidentes no pensamento e na acção com a mensagem genuína do Evangelho. Porque no "dia do juízo" a ninguém será perguntado se foi à missa, à sinagoga ou à mesquita, mas se cuidou do seu irmão.

Afinal, senhores anónimos, de que trata a fé que julgais ter: dos homens ou dos anjos?

De Deus não será, com certeza, pois Deus não carece e nunca careceu dos vossos cuidados.

Não me digam que nunca tinham pensado nisto!

07 dezembro, 2013 01:09  
Anonymous Anónimo said...

Ir a eles, és parvo imbecíl!!!
Nem foçinho tens pra levar quatro roscas.

07 dezembro, 2013 12:59  
Anonymous Mário Neiva said...


Clarinho como a água da fonte, e no entanto...

Quando a fé evoluiu dos deuses para o Deus Único, e quando todas as teologias definem Deus como o infinito de tudo o que somos, pensamos e imaginamos, seria de esperar que os crentes de todas as religiões estivessem convencidos da absoluta plenitude divina e que, portanto, louvá-lo, renegá-lo ou amá-lo em nada o pode afectar. Mas as pessoas rezam, louvam e erguem-lhe tempos onde oferecem incenso e ouro, como se Deus fosse sensível às oferendas humanas.

O cristianismo, fundado numa teologia poderosa, desde o princípio acreditou e professou que só o próprio Deus se pode oferecer a si mesmo em sacrifício, em oração, em louvor e em retribuição amorosa. Para isso, "Deus se fez homem e habitou entre nós". Não havia outra forma de vencer o abismo que separa a finitude humana da infinitude divina, reconhecido, esse abismo, pelas teologias do Deus Único.

No cristianismo, o Deus Único é, simultaneamente, Humanidade verdadeira e Divindade verdadeira, em Jesus Cristo. E como Jesus Cristo é o Novo Adão de uma Nova Humanidade, nós mesmos, tudo o que fazemos ou pedimos aos homens é ao próprio Deus que o fazemos. E o Evangelho é muito claro quanto a este anúncio impressionante.

Mas se o cristianismo e a sua teologia são assim mesmo, como se compreende que seja tão radicalmente marcante, entre os crentes, a diferença entre o tratamento reservado a Deus e o tratamento reservado aos homens? Por exemplo, por que os crentes cristãos louvam Deus, engrandecem Deus, oferecem tudo a Deus, reverenciam Deus e não fazem outro tanto com os homens? Por que não pedem e dão o pão, a saúde, o respeito, a reverência e o amor uns aos outros?

Será porque não acreditam, de verdade, na fé que professam? Ou será porque, simplesmente, não conhecem a fé que professam? Ou conhecem, mas não dão importância de maior?

Ouço falar que é necessário evangelizar. Pelo que podemos observar à nossa volta só podemos dizer: se é!

07 dezembro, 2013 23:48  
Anonymous Anónimo said...

Sou anónimo, mas sou incapaz de ser grosseiro e, muito menos, de ofender quem quer que seja.
SE quisesse enveredar por esse caminho, deixava de ser anónimo e colocaria bem visível o meu nome.
Isto, para dizer que Evaristos e quejandos, neste blog, há alguns, mas, pelos vistos, vão-se identificando alguns dos mais inconvenientes...

10 dezembro, 2013 18:18  
Anonymous Mário Neiva said...


Para este anónimo, merecedor de uma explicação, da minha parte, sobre o sentido correcto da expressão que usei "ir a eles".

Quem me tem acompanhado ao longo destes anos que já levo a escrever no blog da AAACarmelitas, sabe que eu só me "vou a eles", ou seja aos meus interlocutores, inominados ou não, com argumentos e nunca de punho erguido ou ameaças cobardes, como são todas as que se fazem ao abrigo da distância e do anonimato, ruminando as próprias frustrações, deixando na escrita rasca, de forma desastrada e triste, as impressões digitais.

Espero que este anónimo do dia 10 Dez, lendo o que escrevi, considere que, de facto, me "fui a ele" apenas coma força dos argumentos, se é que estes tiveram alguma.

10 dezembro, 2013 23:09  
Blogger ACOSTA said...

Hoje, em ambiente de Advento, não posso deixar passar um comentário do Sr.Governador do Banco de Portugal(Estado ou do Governo?)que, após termos( todos os portugueses) sido bombardeados com termos tão "humilhantes" como de "viver acima das possibilidades" trouxe-nos até esta CRISE, agora CULPA "...AS FAMÍLIAS PORTUGUESAS...EXAGERARAM NA REACÇÃO AO PROGRAMA DA TROIKA, CORTANDO COM DEMASIA NO CONSUMO, para justificar que a economia não está a arrancar mais por esse motivo...(CONCLUSÃO: ESTAIS ASSIM,(famílias portuguesas) PORQUE QUEREIS...AGUENTAI, AGUENTAI!!!!!!!!!!!!

11 dezembro, 2013 16:36  
Anonymous Mário Neiva said...

Segundo a Revista Time:
O Papa Francisco, A Personalidade do Ano

Bem escolhida. Está a tentar convencer um bilião de católicos, assumidos ou presumidos, que ninguém deve pensar, nunca mais, em salvar "almas", mas em salvar pessoas. Pão e formação, presente e futuro, como quem diz, esperança de mais e melhor humanidade. Se as pessoas sonham com um "céu", tal sonho tem de começar a ser construído aqui e agora porque, para cada pessoa em particular e em concreto, amanhã será sempre tarde demais.

"Humanidade" é uma abstracção. Cada pessoa, sim, é presente e futuro de esperança ou desesperança.

E só temos uma vida.

Uma única oportunidade.

O tudo ou nada, num tempo tão curto.

*****

Vim aqui dar notícia da "personalidade do Ano" e dou de caras com as afirmações abomináveis do Governador da Troika (e quem diz Troika, diz este governo) que o Costa reportou.

Estes senhores há muito que perceberam que durante dois anos e meio arruinaram a economia, já de si periclitante, deste nosso pequeno país.

Erros nossos e de governações anteriores, ninguém contesta. Depois,o crédito fácil, o sonho de uma casa própria, de filhos na universidade, de uma aldeia com saneamento, de um caminho, uma estrada, uma ponte. Os fundos da CEE e o crédito pelos olhos dentro foram um verdadeiro deslumbramento para os filhos de um passado de atraso crónico e fatal, tão bem expresso no plangente fado, a canção nacional.

Ao fatalismo dormente sempre iam conseguindo escapar todos aqueles que tiveram forças e coragem para abandonar tudo e aventurarem-se numa emigração forçada.

É revelador que os actuais governantes tenham apontado aos nossos jovens e desempregados aquela que sempre foi a porta de salvação para escapar a um destino de miséria. “A emigração é uma oportunidade”, disse o chefe deste governo. Como quem diz, ninguém pode escapar ao triste fado desta Nação! Para isto foi eleito!

Mas o que ele não tem a desfaçatez de dizer, mas está subentendido em cada acto do seu governo, é que Portugal só “dá” para uma pequena elite de Portugueses e os indispensáveis lacaios para servir donas e donos.

Isso mesmo, como se fossemos a última reserva europeia do feudalismo medieval.

Isso mesmo, um Portugal de senhores e servos! E quem quiser sonhar com algo mais, que emigre!

Na hora do "ajuste de contas", a culpa não é da verdadeira pilhagem a que se entregaram uma mão-cheia de espertalhões da política, empresários sem escrúpulos e trabalhadores irresponsáveis. Não senhor! A culpa é assacada, por atacado, aos mais de dois terços da população portuguesa que se limitaram a viver os seus sonhos possíveis: uma casa, a educação dos filhos, acesso à saúde e segurança na velhice. E ter como quase única “propriedade” o seu trabalho remunerado.

E agora, como nos conta o Costa, vem este outro Costa do Banco de Portugal propalar aquelas enormidades.
Não há decoro.

11 dezembro, 2013 23:10  
Anonymous Mário Neiva said...


Nada poderá ficar como dantes...

Este Papa Francisco colocou o dedo na ferida enorme da vergonha da escravização moderna do ser humano. E ninguém o pára, decidido que está a tirar da gaveta a "Doutrina Social da Igreja", onde parece jazer tranquila desde há cinquenta anos.

"O Papa considera que as guerras "invisíveis" que se travam nos sectores da economia e das finanças não são menos cruéis que os conflitos bélicos. "Às guerras feitas de confrontos armados juntam-se guerras menos visíveis, mas não menos cruéis, que se combatem nos campos económico e financeiro com meios igualmente demolidores de vidas, de famílias, de empresas", afirma Francisco na sua mensagem para o dia mundial da paz, que se assinala a 1 de Janeiro.

"Penso no drama dilacerante da droga com a qual se lucra desafiando leis morais e civis, na devastação dos recursos naturais e na poluição em curso, na tragédia da exploração do trabalho; penso nos tráficos ilícitos de dinheiro como também na especulação financeira que, muitas vezes, assume caracteres predadores e nocivos para inteiros sistemas económicos e sociais, lançando na pobreza milhões de homens e mulheres", escreve o Papa.
(...)
Na mensagem que divulgou esta quinta-feira, o Papa dá seguimento a críticas que tem feito ao longo do seu pontificado, onde tem realçado que a crise financeira tem raízes na crise moral e que também se resolve fortalecendo a família.

No texto que divulgou para o dia mundial da paz, Francisco faz questão de citar os seus antecessores. "A paz, afirma João Paulo II, é um bem indivisível: ou é bem de todos ou não o é de ninguém. Na realidade, a paz só pode ser conquistada e usufruída como melhor qualidade de vida e como desenvolvimento mais humano e sustentável se estiver viva, em todos, 'a determinação firme e perseverante de se empenhar pelo bem comum'. Isto implica não deixar-se guiar pela 'avidez do lucro' e pela 'sede do poder'. É preciso estar pronto a 'perder-se' em benefício do próximo em vez de o explorar e a 'servi-lo' em vez de o oprimir para proveito próprio", sustenta Francisco.

"O 'outro' - pessoa, povo ou nação - [não deve ser visto] como um instrumento qualquer, de que se explora, a baixo preço, a capacidade de trabalhar e a resistência física, para o abandonar quando já não serve; mas sim como um nosso 'semelhante', um 'auxílio'", refere o Pontífice, citando novamente uma encíclica de João Paulo II.

Na mesma linha, Francisco recorre a Bento XVI e à sua encíclica "Caritas in Veritate". "As novas ideologias, caracterizadas por generalizado individualismo, egocentrismo e consumismo materialista, debilitam os laços sociais, alimentando aquela mentalidade do "descartável' que induz ao desprezo e abandono dos mais fracos, daqueles que são considerados 'inúteis'."

Socorrendo-se de Paulo VI, Francisco alertou para a necessidade de não se esquecer o dever de solidariedade, "que exige que as nações ricas ajudem as menos avançadas", e o dever de justiça social, "que requer a reformulação, em termos mais correctos, das relações defeituosas entre povos fortes e povos fracos".

(...)

A mensagem de Francisco não se fica por considerações gerais, apelando a "políticas eficazes que promovam o princípio da fraternidade, garantindo às pessoas - iguais na sua dignidade e nos seus direitos fundamentais - acesso aos 'capitais', aos serviços, aos recursos educativos, sanitários e tecnológicos, para que cada uma delas tenha oportunidade de exprimir e realizar o seu projecto de vida e possa desenvolver-se plenamente como pessoa". "Reconhece-se haver necessidade também de políticas que sirvam para atenuar a excessiva desigualdade de rendimento", sublinhou.

(Rádio de Nascença, por Filipe D`Àvillez- 12.12.2013)

12 dezembro, 2013 20:05  
Anonymous Anónimo said...

rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr

13 dezembro, 2013 18:51  
Anonymous Mário Neiva said...



Destaco do texto que citei no comentário anterior:

"O 'outro' - pessoa, povo ou nação - [não deve ser visto] como um instrumento qualquer, de que se explora, a baixo preço, a capacidade de trabalhar e a resistência física, para o abandonar quando já não serve; mas sim como um nosso 'semelhante', um 'auxílio'", refere o Pontífice, citando novamente uma encíclica de João Paulo II."

Que sentido têm estas palavras dos pontífices católicos para os economistas cristãos e católicos? Quem os ouve falar ou quem os lê na comunicação social por todo o lado, "esta conversa" papal é para ouvir piedosamente e deixar quietinha e inócua dentro das "quatro paredes" dos tempos e espaços litúrgico-religiosos, porque, alegam, a realidade económica é "outra coisa", tem muita força e não se compadece com propostas utópicas, que talvez digam respeito "à vida do mundo que há-de vir, depois da morte, mas que não são para aqui chamadas".

Pela quase completa passividade do clero cristão e católico, percebe-se que os economistas, cristãos ou não, levam a melhor sobre os pontífices católicos. E também parece que os próprios pontífices têm deixado correr as coisas.

Até aparecer Francisco?

A promessa aí está. E vai conseguir?Tenho sérias dúvidas, vendo e ouvindo o que se passa à minha volta.

Seja como for, a hora é do "tudo ou nada", do "agora ou nunca" para a credibilidade da Igreja Católica, face à brutalidade do poder económico que restaurou, em novos moldes, a desumanidade da escravatura.

Hoje temos, claramente e novamente, "senhores e servos", e o cristianismo vai ter de demonstrar de que lado está. E um primeiro olhar deixa-nos a ideia de que já escolheu "não fazer ondas".

É evidente, por todo o lado, que o poder económico já "meteu a política no bolso". Aparentemente, terá feito outro tanto aos que dizem professar o Evangelho da fraternidade?

E de novo fica-me a impressão: a cristandade já encara, na generalidade, a fraternidade evangélica como uma ideia platónica, absolutamente impraticável nos dias que correm e que é o dinheiro/economia que comanda a vida.

Deste modo, restam aqueles que pugnam, por todo lado, pelos direitos do homem, da mulher, da criança, dos animais e do meio ambiente. Penso que estes são, com evidência cada vez mais forte, os autênticos herdeiros do Evangelho da fraternidade universal. Repare-se na vida e obra de Nelson Mandela. Não foi na sua condição de cristão que lutou pelos direitos humanos na sua terra natal. Aliás, no outro lado da trincheira estavam os cristianíssimos ocidentais.

Mandela, para ser homem, teve de lutar contra cristãos! Trágica realidade, depois de dois mil anos de cristianismo.

Ou a Igreja se afasta deste cristianismo ou se confunde com ele de vez, e com ele desaparecerá. Penso que o Papa Francisco terá esta percepção.

Irá a tempo? A Opus Dei vai deixar? E as máfias, todas elas, que se alimentam, como podem e sabem, deste cristianismo sem alma?

14 dezembro, 2013 20:41  
Anonymous Mário Neiva said...



Fatal: Papa Francisco Acusado de ser Marxista.


"O Papa Francisco assegura que não é marxista, mas afirma que não se sente ofendido quando o denominam como tal, numa entrevista publicada hoje pelo La Stampa, na qual se mostra preocupado com a "tragédia da fome no mundo".
"A ideologia marxista está equivocada, mas na minha vida conheci muitos marxistas boas pessoas, por isso não me sinto ofendido", reconhece o papa"
(via Agência Lusa/Jornal o Sol, 15.12.2013).

Quando alguém aparece a pugnar por solidariedade e justiça social, mesmo que seja o Papa, os mesmos de sempre cravam-lhe com o ferrete marxista na testa, nas costas, no pensamento. Se pudessem, até na alma.

Já cheguei a pensar e a escrever que o aparecimento do marxismo, sobretudo na sua versão comunista, foi a melhor coisa que podia ter acontecido ao capitalismo selvagem. O comunismo, mesclado de ateísmo, foi a desculpa perfeita para as ditaduras capitalistas fazerem acreditar que havia um comunista disfarçado em cada homem a lutar pelos seus direitos na nova sociedade saída da industrialização.

Chegamos ao ponto de esse homem ser o próprio Papa Francisco.

Os neoliberais que actualmente põem e dispõem da finança mundial pretendem acabar com o equilíbrio que a custo vinha sendo conseguido entre empregados e empregadores. A democracia cristã, a social democracia e o socialismo democrático iam traçando esse bom caminho. De repente, pretende-se inverter o curso de uma história que pretendia não deixar os fracos e os desafortunados para trás. E quem aparecer a contrariar estes neoliberais, que pairam acima das ideologias tradicionais comunistas e capitalistas(vejam como medram na China!)será anulado da forma mais conveniente, conforme a função que ocupam na sociedade. A calúnia torpe será, em Portugal ou no Vaticano, a arma dos novos senhores do mundo. Como tiveram o cuidado de "comprar" toda comunicação social, a calúnia faz caminho fácil entre os incautos. E estes são a maioria. Mas a história demonstra que ninguém pode enganar toda a gente e durante o tempo todo. Um dia a verdade virá à tona. Nesse dia quero ver como as senhoras Merkel e os seus briosos lacaios vão passar à História.

15 dezembro, 2013 16:24  
Anonymous Anónimo said...

rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr

15 dezembro, 2013 19:18  
Anonymous Anónimo said...

FELIZ NATAL e PROSPERO ANO NOVO para todos os que, de uma maneira ou outra, se encontram ligados à Ordem do Carmo em Portugal.
(um anónimo habitual)

17 dezembro, 2013 17:28  
Anonymous Anónimo said...


Esta nunca tinha visto! Um anónimo desejar Boas-Festas...

18 dezembro, 2013 14:34  
Anonymous Anónimo said...

É verdade, mas pelos vistos deve ser bom rapaz, não desdenha dos " catedráticos ".
BOAS FESTAS

19 dezembro, 2013 18:23  
Anonymous Anónimo said...

Ainda não consegui perceber a "inteligência" do anónimo que diz, ou tentou dizer..., que as Boas Festas são estranhas quando se não conhece a sua origem.
Meu amigo, as boas intenções não têm que se justificar perante pensamentos que cabem numa teoria insignificante...

19 dezembro, 2013 23:36  
Blogger ACOSTA said...

AMBIENTE NATALÍCIO DE PAZ ou TRÉGUAS NATALÍCIAS versus DISCÓRDIA/CONFRONTAÇÃO/GUERRA/ÓDIO

1)Não foi por acaso que o Papa Francisco terá escrito a exortação apostólica Evangelii Gaudium nestes últimos meses(próximos do Natal): é que no dia 1 de Dezembro iniciar-se-ia o tempo do Advento, o tempo propício de preparação para o Natal e concerteza que a "Boa Nova" chegou-nos com a Encarnação do Verbo, o Emanuel-Deus connosco.

2)Desbobinando o"filme para trás", há cinquenta e tal anos, estes dias 20, 21 e 22 de Dezembro aquando da nossa passagem pela Falperra, eram dias de Exames trimestrais, repletos de ansiedade porque era a antecâmara para as férias do Natal que estavam à porta;, dias "infernais", mas que tinham uma consequência: depois dessas "dores de cabeça" chegava quase o Paraíso, a alegria de gozar umas merecidas férias e passar as festas natalícias junto dos nossos parentes: já se começava a respirar o ambiente natalício.

3) Noutro nível, na minha vida profissional, nas décadas de oitenta e noventa, trabalhando em empresas alemãs,os diversos gerentes que estiveram à frente das mesmas, a partir do dia 20 de Dezembro até ao fim do ano(a quadra dita natalícia),consideravam "tempo de paz" como tempo de concórdia, mais compreensão,tolerância, tempo especial de boa harmonia, desculpando possíveis erros na produção, faltas, atrasos ao trabalho,; se alguns contratos de trabalho terminassem nesse período, eram renovados automáticamente;

3)-Hoje? Nestes dias, o que temos à nossa volta? Que ambiente natalício encontramos? È a CRISE DE VALORES(ÉTICOS, MORAIS e SOCIAIS) no seu maior esplendor que campeia por todo o lado, deixando um rasto de miséria, fome e morte.

Francisco, o pastor por excelência, tal como muitos líderes mundiais, já fez o diagnóstico e está a apontar o caminho da justiça, da solidariedade, da paz ,do diálogo entre todos os povos.Será ouvido neste Natal? ou mais uma vez os ditos "senhores do mundo" vão assobiar para o ar? BOM NATAL e BOAS FESTAS....

20 dezembro, 2013 00:07  
Blogger ACOSTA said...

Corrijo: "...Rebobinando..." e não "...Desbobinando..."

20 dezembro, 2013 00:12  
Anonymous Anónimo said...

Até porque os cidadãos ANÓNIMOS, são a maioria absoluta, não sei porque razão roncam contra os ANÓNIMOS.
BOAS FESTAS

22 dezembro, 2013 19:12  
Anonymous Mário Neiva said...

NATAL

Há dias, escrevi na cronologia de um amigo do Facebook que "sentia estar a escrever uma banalidade quando escrevia a palavra Deus, de tão gastos que estão a palavra e o conceito de Deus”. Na verdade, Deus tem servido para tudo: tanto para, em seu nome, se fazerem milagres de amor e de arte, como para perseguir, torturar e matar.


Mas o que é mais perturbador, quando se escreve sobre Deus e os seus atributos, é a constatação de que, ser infinitamente bom, compassivo, misericordioso, justo e poderoso, não pode ser compatível com a magnitude incrível da cadeia do sofrimento do homem em particular, e de todos os seres vivos em geral.

A justificação de que os tormentos do homem são castigo merecido por uma desobediência primordial não cobre o sofrimento dos outros seres vivos, que têm de travar uma luta de "vida ou morte" para a sua sobrevivência. A História da Terra conta-nos que houve extinções sucessivas de espécies inteiras, muito antes do aparecimento da espécie humana e dos seus muito apregoados “diabólicos malefícios”.

Também não vale, como fazem muitos, argumentar com o estatuto da liberdade humana e o seu livre arbítrio, em que o homem estaria plenamente livre para escolher entre o bem e o mal, pois todos sabemos que a liberdade de nada serve quando livres ou escravos, criminosos ou inocentes, são engolidos pela terra que se abre, fulminados por um raio ou afogados num gigantesco tsunami.

Seria, ainda, completamente despropositado, pensar que aquele livre arbítrio humano teve efeitos retroactivos, levando sofrimento, degradação e morte aos seres vivos que nos precederam.

Em conclusão, ficamos com a percepção clara de que os mais belos, amorosos, justos e poderosos atributos de Deus convivem muito bem com a nossa fealdade, injustiça, impotência e inimizade. Agora e desde sempre.

Face ao panorama desolador e inegável desta “infinita imperfeição”, pois assim o sentimos e pensamos, o Natal cristão apresenta-se como a superação deste tremendo paradoxo, e fá-lo de uma forma radical, pela teologia da fé na Encarnação de Deus. Nela, Deus se faz um de nós, tornando-se "Deus Humanado". O dualismo Divindade/Humanidade desaparece na “união hipostática” em Jesus Cristo e, por ela, o infinito e o finito se entrelaçam e comungam naquilo que sempre pensamos ser impossível: a subsistência, no mais íntimo do Homem e do Universo, do amor e da inimizade, do poder e da fraqueza, da beleza e da fealdade, da justiça e da injustiça, da vida e da morte. Referindo-se a Jesus Cristo, S. Paulo afirmou o impensável: “Deus fê-lo pecado” por amor dos homens. Ao mesmo tempo, e de muitas formas, o mesmo S. Paulo anuncia a divinização da Humanidade: na sua Eucaristia come-se e bebe-se, nos alimentos da terra, a própria vida divina, que a teologia designa por “vida da graça”.

Eu não encontro outra forma mais fascinante e realista de abordar o eterno problema entre Deus e o Homem, unindo aquilo que, afinal, sempre esteve intrinsecamente unido e que, pensando bem, não podia ser de outra forma. “Para o bem e para o mal”, Deus é, como escrevia Santo Agostinho, “interior intimo meo”. Será que o Santo e Doutor da Igreja tirou, mesmo, todas as ilações do que afirmou?

Estes pensamentos fazem-nos suspender a respiração. É como olhar a Via Láctea ou o Universo, e ficar a certeza de que nunca poderemos, sequer, aproximar-nos dos seus limites. Se limites existem. No entanto, olhamos e estamos lá. E cá.

Por tudo isto, eu prefiro cada vez mais falar do Mistério do Universo e da Vida, ou simplesmente MISTÉRIO, com as letras todas maiúsculas, para fugir ao Deus que todos estão fartinhos de conhecer “por dentro e por fora”, fazendo dele uma arma de arremesso para todas as lutas: as boas e as más.
E fica-me uma certeza: se as coisas são mesmo assim, e se a Humanidade alimenta sonhos de beleza, justiça, amor e vida eterna, pois trate de fazer por isso, porque não vai adiantar ficar à espera que caiam do céu. Na verdade, somos o próprio embrião do futuro. Ou o Natal de todos os dias.

BOM NATAL

23 dezembro, 2013 10:40  
Anonymous Anónimo said...

rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr

23 dezembro, 2013 17:07  
Anonymous Mário Neiva said...



A VOCACÃO

Há dias um afilhado e sobrinho neto passou o dia em minha casa e, a certa altura, sai-se com esta: "padrinho, eu disse-te que queria ser padre, mas agora não sei se quero ser padre ou médico".

Tem nove anos e estava a pedir-me ajuda para a decisão. Disse-lhe para se imaginar junto de um rio ou do mar e que via uma pessoa a afogar-se. Como padre, iria, naquela hora, rezar a Deus que a salvasse ou fazer um sermão para que os homens se amassem uns aos outras? A pessoa acabava por morrer. Mas se tivesse aprendido a nadar, atirava-se à água e salvava-lhe a vida.
Em seguida acrescentei que todos somos um pouco sacerdotes e todos podemos e devemos dizer que nos amemos. Mas se queria, mesmo, ajudar as pessoas teria de aprender a fazer um trabalho de que gostasse e servisse os outros.

Entendeu perfeitamente e concluiu: "então até posso ser padre e médico ao mesmo tempo (disse que sim). Mas acho que vou ser médico".

Eu pensava, enquanto falava com a criança, que as palavras lindas da fraternidade e do amor já foram todas ditas. O que falta fazer, mesmo, é salvar as pessoas que se afogam e, para isso, é preciso aprender e ensinar a nadar...

30 dezembro, 2013 17:47  
Anonymous Anónimo said...

rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr

30 dezembro, 2013 18:41  
Anonymous Mário Neiva said...



DESPEDIDA DO ANO 2013

E DO BLOG DA AAACARMELITAS

Foram quase cinco anos de presença neste blog. Se pudesse voltar atrás, faria tudo do mesmo jeito, mas talvez com um pouco mais de sabedoria, porque foram anos de aprendizagem.Valeu a pena. Valeu muito a pena.
Mas tudo tem o seu tempo. A NET evoluiu para outras formas de comunicação e este movimento incessante é sinal da vida a palpitar; hoje, a um ritmo acelerado, sem paralelo na História da Humanidade.

O blog fundado pelo Augusto Castro tem apresentado, nos últimos tempos, uma média de visitas mensais superior a quatrocentas, de várias procedências, destacando-se, além fronteiras, o Brasil, a Holanda e a França.
Para todos aqueles que queiram continuar a receber as minhas reflexões e trocar correspondência, aqui deixo o meu endereço electrónico: marioneiva@hotmail.com

Resta-me desejar a todos um Ano Novo com saúde e toda a felicidade possível para cada um e suas famílias.

Permitam-me uma referência muito especial ao Augusto Castro, o pai deste espaço, a quem felicito pela iniciativa e a quem confesso a minha admiração pela coragem com que tem enfrentado a doença que o aflige. Que essa mesma coragem não lhe falte no ano prestes a iniciar-se, nem o carinho dos seus familiares e amigos.

Podes ter a certeza, caro Augusto, que terás o meu carinho e amizade, no novo ano e sempre.

31 dezembro, 2013 15:53  
Anonymous Anónimo said...

rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr

31 dezembro, 2013 19:04  
Anonymous Américo Lino Vinhais said...

Por razões familiares, boas razões, não tive oportunidade de, nos últimos dias, acompanhar a AAACARMELITAS. E foi com surpresa e pesar que tomei conhecimento de que o Mário Neiva se despediu deste blog, deixando no entanto um endereço para quem quiser continuar a partilhar das suas reflexões. Não estando prevista para breve qualquer reunião da direcção para que colectivamente possamos tomar uma atitude, faço-o a título meramente pessoal.
Concorde-se ou não com ele, o Mário, nestes anos, ensinou-me muito e certamente que não só a mim. Devo reconhecer que estou um pouco menos radical e mais atento para algumas situações dada a sabedoria com que as trata. É certo que nem sempre estive de acordo com ele e ele sabe-o, mas ajudou-me a evoluir creio que no bom sentido e, também por isso, lhe estou grato.
Também a AAACARMELITAS lhe está grata pelo seu empenho que desenvolveu nestes anos sem qualquer objectivo imediato de afirmação, já que são as suas próprias ideias que o projectam e captam a atenção dos ouvidos e olhos de muitos. Aparentemente outros rejeitam-no liminarmente e é pena. A única forma civilizada de contrariar ideias é emitindo outras que tendam a sobrepor-se-lhes. Os leitores decidirão o que melhor lhes serve.
Confesso que ficaríamos mais ricos se o Mário continuasse a partilhar neste espaço as suas ideias e que outros as complementassem, contrariassem ou até ampliassem o seu sentido. O blog não é uma feira de vaidades mas um espaço de reflexão e partilha!
O blog continua aberto, justificando-se hoje, mais que nunca a sua utilização! É que vem aí a assembleia eleitoral, da qual se espera emane uma nova direcção que continue a acarinhar esta obra do Augusto e se projecte para outras realizações.
Finalmente, em nome da direcção, agradecemos a forma elevada como o Mário se retirou e esperamos que regresse em breve!
Um abraço e Bom Ano para o Mário e respectiva família bem como para todos os AAACARMELITAS.

05 janeiro, 2014 15:50  
Blogger Anonimus said...

Obrigado... Mário Neiva !
Falar do Augusto,é falar dos muitos professores que tive,a quase todos destaco pela positiva...Sabes também o quanto precisamos do Augusto Castro...! Sabes as lições de que foi e é capaz de dar a quem de coração aberto as quer receber. Mas tu Mário,sabes também o complemento que foste, és e serás na minha vida...Obrigado. Continuarei acompanhar-te, porque não dispenso a leitura do teu brilhante pensar. Domingos Coelho (ex-aaacarmelitas)

05 janeiro, 2014 17:39  
Anonymous Anónimo said...

Bom Dia Companheiros

Lá diz o ditado, " por morrer uma andorinha, não acaba a Primavera... "
Estimo e desejo a todos os ex-aaacarmelitas e não só, um ano cheio de venturas, paz, amor e dinheiro para os gastos.

BOM ANO

08 janeiro, 2014 10:51  
Anonymous Anónimo said...

rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr.

08 janeiro, 2014 10:59  
Anonymous Anónimo said...

Sou um dos anónimos deste blog. Sou anónimo por opção, assim como podia ser Tadeu, Tomé, António, etc., etc.,
que não deixava de dizer o que penso, sempre no respeito por todos.
Com a saída do Mário Neiva - um autêntico Eusébio deste blog - isto poderá continuar, "mas não é a mesma coisa".
Discordava, às vezes, do "tamanho" dos seus escritos, mas, convenhamos, eram feitos com cabeça, tronco e membros.
Discordava mas não rejeitava um só cm desse tamanho.
Espero que de outra forma qualquer, a sabedoria do Mário se continue a impor no campo dos aaacarmelitas.

08 janeiro, 2014 17:35  
Blogger ACOSTA said...

NÃO."Chorar LÁGRIMAS DE CROCODILO"

Meus amigos aaac: Desejo a todos a continuação de BOM ANO de 2014.

Infelizmente há pessoas que continuam a actuar como um chapéu de dois bicos, e sempre desejaram e contribuiram para este desfecho porque não conseguiam acompanhar os comentários, temas de vária ordem e as achegas que o Mário Neiva trouxe a este espaço;FOI UM ESPAÇO DE LIBERDADE,DE AMIZADE, CONFRATERNIZAÇÃO, E DE CONFRONTO LEAL E SINCERO DE IDEIAS...
Obrigado, Neiva.Obrigado também Augusto Castro, que tanto empenho tiveste neste projecto...
Fico muito triste, podem crer, porque não será nada fácil organizar um Blog com as caractísticas deste blog; estarei disponível para algo que considerem relevante para um diálogo aberto entre os aaac...

08 janeiro, 2014 22:50  
Anonymous Anónimo said...

Chorar lágrimas e crocodilo, caro Costa, não é para todos!!!
Penso, até, que alguns o gostariam de fazer, para adornar o facto, sem na realidade sentirem qualquer problema por este desfecho.
Devemos, sim, evitar lágrimas hipócritas, de alguns que de crocodilos nada teem; a única coisa que dominam é a fachada descolorida do "amen a todo o custo"...

08 janeiro, 2014 23:10  
Anonymous Anónimo said...

rrrrrrrrrrrrrrrrrrrr, boaaaaaaaaaaaaaaaaaa.

10 janeiro, 2014 18:11  

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