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8 de agosto de 2008

FESTIVIDADES DE SANTA MARTA DA FALPERRA - BRAGA

Aqui vos deixo o contributo precioso do nosso antigo companheiro de jornada carmelita, António da Silva Costa. Outras fotos deste saudoso evento anual, virão a partir do dia 20 de Agosto. Até lá vou vadiar pelo norte da europa...


















27 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Olá Costa

Obrigado pelo lindo e sentido retrato das festas de Santa Marta. Os sentimentos que despertam em nós!
Não posso esquecer aquela missa que tinhamos de cantar, logo de manhãzinha, na pequena capela de santa Marta dos Leões e a guerra que travávamos com as nossas gargantas meio entupidas aquela hora do dia! Lembras-te? Nem o rebuçados para a tosse resolviam o problema. Depois, lá pelas 10 horas, vinha a missa solene, em honra de Santa Maria Madalena, já com as gargantas limpas. E o hino final, em polifonia, "Ó Jesus agonizante", fracote, diziam os entendidos, mas catávamos com gosto, por ser vivo, melódico e festivo. Pensando bem, nós que não percebemos grande coisa de música, dá para perceber que uma música dançante não casa bem com uma letra descrevendo um drama tão doloroso. Lembras-te dela?
Volta com os teus retratos escritos e os outros.

08 agosto, 2008 21:45  
Anonymous Anónimo said...

Que alegria que este amigo Costa me deu! Que bonita esta descrição de umas festas que tão bem encarnavam a alma minhota na grandeza e no canto desgarrado e desgarrante.
Sempre distantes as viviamos tão de perto... ainda sinto hoje o som libertário dos alti-falantes espalhando pela serra as músicas do ambiente, do envolvimento de festa e na imaginação reconstruo imagens perdidas do canto ao desafio ao som de concerttinas, braguesas, cavaquinhos e petiscos mil que para sempre comigo ficaram. E aquele ambiente de Seminário invadido pela festa,bem como aquela última volta, senão corrida, no carrocel ou nas cadeirinhas, oferta da irmandade aos animadores litúrgicos da festa que todos éramos. Aqueles plátanos, aquelas águas frescas, a multidão em festa, devota e divetida... que memórias. Como somos felizes por a podermos reviver redesenhando futuros. Obrigado Costa e Mário e todos os que fomos agentes de um tempo que também é futuro.

Santa Marta, entre árvores, na fresca, esplendorosas
Em missa, de tanto Deus, comprida,em orações.
As gentes agradecidas , em promessas,fervorosas
E nas braguesas e concertinas explosivas as razões...

Como vivemos!

13 agosto, 2008 00:42  
Anonymous Anónimo said...

Tudo isto me faz lembrar uma poema de Casimiro de Abreu:
"Oh que saudades que tenho,
Da Aurora da minha vida,
Da minha infância querida,
Que os anos não trazem mais...
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais"

Quando dou comigo a pensar naqueles anos de juventude reprimida, tipo ditadura da intelegência, concluo com facilidade porque motivo as vocações continuam acelaradamente em ritmo decrescente...
Até um dia...

15 agosto, 2008 22:39  
Anonymous Anónimo said...

Caríssimos,
O comentarista anterior como outros neste espaço colocou a questão no seu cerne. Sem mais comentários, transcrevo o que neste blog ontem escrevi a propósito da mesma coisa em outro espaço.
Parabéns ao anónimo interventor pelo poema que vivemos.

Caríssimos!
Que exame de consciência de comprido! Exame sem fim. Durava todo o santo dia e santa noite e a ele nada escapava. Era interior, era exterior, era eu, eram os outros, era céu ou era inferno? Tempo de mais sem nenhum espaço para mim próprio e, verdadeiramente, sem os outros como objecto de amor. Até os lençóis eram testemunhas.

Mas onde poderia haver, afinal, realização do humano que éramos?
Empanturrados de um Deus, que sendo libertário, os homens fizeram opressor. Quais animais de raça pura e de brios não nos dobrou uma mensagem de aguilhão e de açoite que, para ser, destruía o homem! Heróis os que, quer ficando quer saindo do seu espaço, a souberam domar e dominar, anular, que para isso fomos criados sensíveis e racionais. Que grande exame de consciência... Aqueles cinco minutos depois do almoço, cheguei a tentar faze-los só com duas ou três respirações… Comparativamente, aquilo era uma brincadeira infantil…

Estudar e viver o que se estudava, continuamente… E culpar-me por não o conseguir.
Viver e ser vivido em contínuo de análise comunitária! Objecto de análise de baixo para cima e de cima para baixo e ainda transversalmente, ao pormenor, ao suspiro e até no respiro! Criticado e comentado por ser e não ser o que afinal não se podia ser. Pois alevá… Pois alevá porque “ O Processo de Kafka” era uma infantilidade comparado com o que diariamente nos era servido. Quanto a mim salvou-se aquele ano na Falperra a trabalhar no Seminário! Foi o bocado mais lindo da minha vida na Ordem do Carmo. Aí e só aí, pausa no exame de consciência. Finalmente os outros

Mas logo voltou!

Era o desnorte na mensagem omissa, era a ascese medieva como modelo, um Cristo em mensagem ignorada no espaço de vida comunitário e cujo substituto era o açoite e silício, em que o prazer era o sadismo penitencial de pecados nunca cometidos, mas sugeridos por espiritualidades aberrantes e de asceses sexuadamente orgasmicas em nome de um nível superior reservado só para alguns. Pois, pois… e que os outros nunca atingiriam por menor capacidade de adulteração. Afinal, os ascetas éramos e somos nós, hoje, que soubemos voltar à mensagem, rsolvidos os nossos traumas e boa parte das aberrações sexuais.

No meu exame de consciência, de dia e noite, sem parar, conclui que era mentira.
A mensagem, alguns diziam, era outra… e era.

Verbalizei-a, comunitariamente.
Foi o meu momento de profetismo e de violência, também glória, quando a verbalizei para a comunidade, enquanto vocacionada profissionalmente para , pelo exemplo vertido em vida, dar exercício à boa nova.
Fui escarnecido, qual malfeitor.
Como Elias, verifico-o reverentemente agora, retirei-me para o deserto da vida, não que sem antes, afirmasse o que em breve aconteceria. Quem o viveu sabe que o fiz.

E na vida, caríssimos… anjos mil me ampararam e em revoadas de felicidade, sucesso, realização, de amores mil, me levaram, aos pouquinhos à libertação e à mensagem: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”…

Em Jesus, o limite do amor chama-se vida, a vida que se dá, a disponibiliade...

Encontrei, afinal, o Carmelo que era, mas andava perdido: Contemplativo, estar com e disponível!
Onde,afinal?
No convento da vida!

15 agosto, 2008 23:51  
Anonymous Anónimo said...

Caríssimos,
Perdoem-me se cito, mas não resisti:
"Quando dou comigo a pensar naqueles anos de juventude reprimida, tipo ditadura da inteligência, concluo com facilidade porque motivo as vocações continuam acelaradamente em ritmo decrescente..."

Esqueceram-se do homem....
Pois alevá, que a volta vai ser mais longa.

15 agosto, 2008 23:59  
Anonymous Anónimo said...

Caríssimos,
Libertariamente, ainda hoje relembro a malvada de uma estalada que um frei reverendo de nome iniciado por L, só para evitar confusões, fez a vergonha de me plantar na cara. Ainda hoje a sinto zunir nos meus ouvidos... Era um dia destas festas. Fôramos brindados ao pequeno-almoço, para além da dose habitual de pão e café com leite, com uma mesa farta de um certo bolo. Guloso, comi o meu e mais alguns. Empanturrado, face à recusa de ingerir mais um a oferta de certo frei e revdo, fui brindado com uma estalada face à desobediência necessária para conter o vómito. Que chiada ainda vai nos meus ouvidos! Desplante, despudor, palermice, arrogância... pois seja! Mas viva Santa Marta e Santa Maria Madalena. Naqueles dias eu queria era ouvir as braguesas e as concertinas. Bem o canto ao desafio era o máximo... e aquelas desgarradas sexualizadas! Ficava em transe pelas desgarradas. E só conseguíamos ouvir uns bocadinhos. Claro que não percebia tudo, mas que entusiasmo ia naquela serra! Einfim, por um bocadinho, só por um bocadinho, Deus cedia lugar à vida... e mesmo assim ainda mandou por seu intermediário a estalala. Mas nesse dia foram dois os derrotados: Deus e o frei revedo. Por uma vez ganharam as concertinas e os alti-falantes. Quem quiser entender um minhoto tem que entender uma concertina...

25 agosto, 2008 23:56  
Anonymous Anónimo said...

Caros amigos,
Com humildade, reconheço o meu verbo provocatório. Mas nisso imito Deus que provocatoriamente nos criou para fazermos render o ser que em nós depositou à partida. Aquela de um Deus e seu mandante que por causa de um bolo perdeu comigo, dá-me um gozo infindo face a um Deus de infinidade sem fim e de amor sem limites mas que gosta de brincar às antropologias com o homem. Não assumiu sempre ele na Bíblia a realidade humana?

Preparamos-lhe uma festa em liturgia eucarística com romeiros e folias do Espírito Santo e , mesmo assim, liturgicamente perfeito, em festa de Nossa Senhora da Ajuda na Terra de Covoada.
Que emoção entre o povo e entre todos os que a prepararam. Hoje como sempre, criar espaços de inclusão e aproveitá-los ao serviço da mensagem. Eis Santa Marta, eis Santa Maria Madalena, eis o nosso Seminário a seus pés, eis como, mesmo quando vencemos a Deus, mesmo assim Ele sempre arranja maneira de nos colocar ao serviço dos irmãos. Vês Costa por onde me levaste?

31 agosto, 2008 16:04  
Anonymous Anónimo said...

Afinal, porque não?
O Forno,

Caríssimos...
Naquele espaço não faltavam fornos... Aquela serra da Falperra tinha mais fornos que alguma vez vira em minha curta vida....
Costa! Para a próxima brindas-me com uma fotografia do forno. Na minha imaginação de criança, que afinal ainda hoje sou, soa forte e duro que ali se assavam cabritos e que até o Zé do Telhado por ali teria cozinhado alguma coisa. Lenda ou não, a verdade é que enquanto em minha casa não realizei a existência de um forno que construí integralmente com as minhas próprias mãos, não descansei. Aqueles fornos brancos... tanta vez me lembraram os sepulcros caiados evangélicos naquela serventia obsessiva de um Deus que não digeríamos. Os fornos já não eram espaço de felicidade, pelos petiscos, mas símbolos de sepulcros caiados por indigestão evangélica. Mas ainda hei-de fotografar um daqueles fornos para me vingar senão mesmo levá-lo ao rubro com um grande petisco ao som de braguesas e concertinas que no céu a festa é contínua. Senão... senão fica uma grande chatice. Viva o silêncio onde não há festa nenhuma que no meu convento a festa é sempre e com os outros que são ele sempre...afinal nós, e o silêncio a maioria das vezes é bom que não seja. É que o silêncio, dizem os teóricos, afinal, mais que dar a santidade, pratica sub-repticiamente, pela calada, os pecados todos. Por uma questão de santidade, não faleis, estimulai os outros a falar. Pronto, é difícil ser bom ouvinte. Mas bons sois vós… pois então treinai a audição e sereis seguramente mais santos e pode ser que algum santo vos ouça. Gostei desta… e também gostei muito daquele Seminário Missionário Carmelita em Falperra. Foram tantas as coisas boas, tantos os limites vividos, tantos os problemas levantados e sugeridos, tantas as ângustias geradoras de felicidade que confesso-vos, devemos ter sido dos jovens mais felizes da nossa geração e hoje, ainda, marco indelevelmente os meus irmãos porque estive lá. No menos, no mais dificil, na dor, por lá ter estado me fiz mais muito mais. Com esta humilde ladaínha honro todos os que nos fizeram e ao fazer-nos a si próprios se fizeram fornos brancos de felicidade, porque é isso o que um forno gera, gente que se ama e se nisso se faz feliz e nas braguesas e concertinas se revela.
Afinal, Costa, vê por onde a tua fotografia que não fizeste nos leva! O humano só quer mesmo é ser feliz… pois, quer o céu! E porque não!?

02 setembro, 2008 23:45  
Anonymous Anónimo said...

«Quando dou comigo a pensar naqueles anos de juventude reprimida, tipo ditadura da intelegência, concluo com facilidade porque motivo as vocações continuam acelaradamente em ritmo decrescente...»

Meu caro anonimo

Reproduzi na íntegra as palavras do comentário que deixaste no blog porque merecem uma reflexão cuidada.
Juventude reprimida, ditadura da inteligência...e, no entando, esse sistema produzia vocações religiosas e sacerdotais. Pelo contrário, quando, como hoje, deixou de haver repressão e ditadura sobre a juventude e sobre a inteligência dos jovens candidatos à vida religiosa, inexplicavelmente, começou a decrescer «aceleradamente», como dizes, o número de vocações.
Há aqui algo que não bate certo. As vocações florescem com repressão e aceleradamente diminuem em contexto de liberdade. Se quisermos ser lógicos, retornemos à repressão, se queremos ver florescer de novo o jardim do Carmelo e os outros jardins.
Quem viveu a fase de transição, como foi o meu caso, e passou de um viuvinho enfiado em fato preto, para o despojamento do dito e até das proprias vestes monacais, sentiu que algo estava a mudar e que a tal repressão da juventude e da inteligência tinha os dias contados. O que veio a seguir, a deserção massiva, parece demonstrar que a nossa vida no Carmelo assentava em falsos valores. Ou, em alternativa, a nossa vida era uma falsidade, que nós abandonamos, quando tivemos livre escolha.
E antes não havia livre escolha? Quem quis sair, saiu quando quis!
É verdade, sim senhor. Então não se trata de um problema de liberdade!
Eu penso exactamente que não. Nem eram falsos valores que nos atrofiavam a inteligencia. Quem poderá dizer que amar o próximo é um falso valor? E a humildade e a fraternidade! Quem poderá dizer que não eram repetidos até à exaustão os apelos a tão nobres sentimentos?
O que faltava então? No meu entender faltava o conhecimento. Simplesmente uma questão de conhecimento. O que é o homem, o que está nesta vida a fazer, donde veio e para onde irá.
É a nova era, a era do conhecimento, que está a esvasiar os seminários e as casas de religiosos e religiosas.
Alguns ficaram para fechar a porta.
Definitivamente, no meu entender, não é uma questão de repressão ou liberdade.
Bem gostava de ouvir, neste espaço, ainda que fosse só para me contradizer, a opinião de um frade sobrevivente. Fica o desafio.

04 setembro, 2008 15:38  
Anonymous Anónimo said...

Preciosismos...

A propósito de festas, também a minha aldeia de Balugães faz as suas. Destaco a romaria anual ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida, a 15 de Agosto, que atrai multidões de crentes. É uma festa essencialmente religiosa, à maneira de Fátima, sem foguetes nem música, com procissão de velas, vigilia nocturna, desfile de dezenas de freguesias, que nesse dia trazem para a Senhora Aparecida todos os estandartes, organizações religiosas da juventude e confrarias e todos devidamnete trajados.
Ouvi, quando assistia/participava na peregrinação, alguém dizer, mais que uma vez: «Que de gente!" Ou então: «É um ror de gente!».
"Ror", diz o dicionário, é "grande quantidade".
Isto vem a propósito de ter aparecido neste blog a expressão «que de lindo» e me deixou intrigado porque aqui na minha aldeia se utiliza muito aquela expressão, que citei, "que de gente". Aparentemente as duas se correspondem. Penso, porém, que não é verdade. O povo diz bem "que de gente" = a "que ror de gente" ou "que quantidade de gente" e no blog diz-se mal "que de lindo". Não estou a ver ninguém dizer "que quantidade de lindo".
É lindo inventar mas...

06 setembro, 2008 12:08  
Anonymous Anónimo said...

Pois,
"que de lindo" está este blog!
Até devo ter sido eu o dito cujo escriba... e em esse facto me consolo e divirto. Mais galicismo, menos galicismo desde que a compreensão de quem nos lê seja total. Já agora que o assunto foi aflorado gostei tanto desta utilização partitiva de "que de lindo" que a vou fazer minha expressão a partir de hoje para expressar uma beleza muito beleza mas que não é a beleza toda e que que se calem os regimes pidescos porque a minha dignidade é de inventor da língua portuguesa quando tal me correr de feição. Era o que faltava! Que de lindo…não? Pois bué de lindo que a cor não me assusta.
Mas a propósito, se " que de lindo" é mal, afinal o que será o mal? O mal seguramente é o bem! Mas que grande confusão. Pois acuda-nos Santa Marta das cortiças que bem precisados estamos.
Estou sempre retornando àqueles espaços... e que de lindos que eles são e que de memórias... pois haja lata e haja saúde.

08 setembro, 2008 01:21  
Anonymous Anónimo said...

Amigos,
Não sei o que são as vocações......
Mas sei que quando se vive a boa nova há coisas que emergem!

Quando a Igreja quiser vocações tê-las-á... e enquanto não as quiser, não terá. Independentemente de teorias mais ou menos arquitectadas, o facto é que, por agora, nesta parte ocidental do globo, a Igreja não está interessada em vocações e nem acolhe a maioria dos disponíveis para os ministérios da boa nova. Pelo contrário, toma-os como concorrentes de um certo bolo económico que já tem destinatários.
Quanto ao nosso tempo de Seminário, foi-nos servida uma aberração de Deus. Que bom que não o segui porque, em outro caminho, acabei por o encontrar. Que de lindo que tem sido! Como é libertário este amigo!

08 setembro, 2008 01:35  
Anonymous Anónimo said...

Morra Marta e morra farta! Pois então!

08 setembro, 2008 18:09  
Anonymous Anónimo said...

Caro Mário Neiva,
Mantenho o que disse. Naquelas circunstâncias, as vocações não floresciam; aconteciam.
Muitos ordenados e freis, foram até ao topo, mas depressa desistira. Porquê? Como a semente que caíu no meio dos espinhos, cresceu, mas depressa sucumbíu.
Fruto de quê? A meu ver da repressão que era validada pelos inteligentes lá do sítio...
Até breve.

10 setembro, 2008 19:19  
Anonymous Anónimo said...

"Pidesco"? "haja lata"?
Que de lindo!
Só mesmo do J Dias.
Cautelosamente, intitulei a minha intervenção sobre a dita expressão, de "preciosismos...", desvalorizando-a logo à partida.
Mesmo assim não escapei ao policia de serviço.

Quanto à reafirmação do anónimo sobre a repressão e ditadura de inteligencia no seminário, acho que puseste o dedo na ferida e não pretendo aliviar a pressão. Muitos sofreram demais para que se possa passar uma esponja ao de leve. De facto alarguei o debate sobre o fenómeno.
DE modo que ficaria assim, depois das nossas intervenções: repressão, ditadura de inteligência e obscurantismo.

11 setembro, 2008 00:17  
Anonymous Anónimo said...

Caros amigos,
Esta da quantidade de lindo deixa-me comovido até lá atrás...
Repressão e daí talvez... Mas, em abono da verdade devo referir repressão de reprimidos. Porquê? É que eu também estive um ano na Falperra como repressor na linguagem deste caro anónimo que, de resto, fiz minha. Nas "nuances" interpretivas é que temos diferentes leituras.

À excepção do Noviciado, eu nunca fui reprimido formalmente. Também aceito que as loucuras repressivas que sobre nós exerceram foram excepção dentro da Ordem, sem lhes retirar o opróbrio de que se revestiram como contradição da boa nova. Todavia, na generalidade do tempo do Seminário menor, não obstante o grande e radical desvio à mensagem do mandamento novo do amor, a comida era boa boa e mesa farta e o ar respirável.

Não podemos, em minha opinião confundir o grande desvio da mensagem, que de resto é transversal a toda a Igreja, com agressão ou como manifestação de decisão própria das pessoas que, convencidas do bem que faziam, nos formaram. Eu que também fui formador, de recta intençao, tenho que lhes reconhecer este direito para o poder reconhecer a mim próprio. Nada de confusões. A repressão é de uma ordem de coisas diferentes. Por norma, não foi nem podia ser das pessoas que eram os nossos formadores, eles próprios tanto mou mais agredidos que nós, como os factos o demonstraram. Penso mesmo que em nós se libertaram... O que também é de salientar. A repressão é estructural na própria Igreja. Se se derem ao trabalho de mergulhar na Bíblia verificarão que esta foi sempre mais apresentada, pelos homens da hierarquia da Igreja, como a história do chicote de Deus no lombos dos homens e menos como um estómulo para que se amassem e fossem felizes (salvação). Não deixa de ser patético que o acual Papa tivesse que chegar a Papa para a sua Teologia deixar de ser do chicote para passar a ser, embora hesitantemente, do amor. A agressão que nós sofremos está no Deus intragável que, à margem da Bíblia, nos quiseram servir. E se era agressivo... Mas esta agressão está ai na Igreja, hoje, por todo o lado ainda. Claro que há oásis de mensagem... como por exemplo este blog. Por isso tanta vez me levanto... creio mesmo que saí da Ordem porque havia um desígnio para mim. Qual também não sei. Mas seja o que for requer que me afirme no meu convento, com uma mensagem libertária junto daqueles com quem falo, com este blog, nas comunidades com que colaboro...
Hoje mesmo dei com um dos meus filhos a dizer esta conversa linda: "Deus tinha-te reservado mesmo isto para ti"...
A nossa vida só pode mesmo ser generatividade: gerar amor à nossa volta.
Há dias, em conversa conventual, amena cavaqueira de jantar alargado a muitos amigos, em Verão gostoso, saiu-se de lá um querido e jovem amigo dos filhos a perguntar-me, afinal, como se lê a Bíblia?

11 setembro, 2008 00:59  
Anonymous Anónimo said...

Caríssimos amigos,

Afinal como se lê a Bíblia?

Vais ao índice remissivo e procuras o tema aliança. Lês tudo o que há de aliança no antigo testamento.
O que é isso?
É a história da primeira aliança.
Depois lês a parte da nova aliança no Novo Testamento, expressa pelos quatro evangelistas, que são o núcleo central da Bíblia...
Uma coisa tens que saber a Bíblia é a maior história de amor que alguma vez foi escrita.

Dois dias depois em singular jantar de despedia cada um foi ofertado de uma biblia e fizemos prolongada abordagem de leitura dessa linda história de amor!

Isto é só uma ideia. A ocorrência foi deliciosa. Há coisas novas a emergirem.
Há sinais guardados com novas leituras.Ai Madalena, MAdalena... como foste grande e Saramago te faz formadora de Jesus. E Marta como te afadigas! Jesus entrou numa aldeia e uma mulher chamada Marta recebeu-o em sua casa, recebeu-o em sua casa... Amavam... Isso ja tinha percebido... e as concertinas no canto picante ao desafio apenas cantavam o mosso amor de homens e mulheres que naquelas serras elas inspiravam, não fossem elas protagonistas principais da mais linda história de amor.
Grande tempo e lindas fragas, montes e vales da Falperra e que duas santas amigas de Jesus...

11 setembro, 2008 01:17  
Anonymous Anónimo said...

Caríssimos amigos

Li com agrado os comentários...mas só à segunda leitura me vi elevado à categoria de polícia de serviço... pois que de lindo.
Só que dei comigo a pensar onde estaria a minha farda, se tinha posto, qual era a minha corporação, onde estava sediada, que meios tinha de intervir, não vá dar-se o caso de ser sovado, por sermos poucos nas próprias instalações... coisas do arca da velha.De qualquer modo devo referir que não contem comigo para efeitos do chicote bíblico...

Já agora só mais uma dica.
Como quer a Igreja vocações se lhes dá por vocação, ainda, a administraçãodo chicote?

Ai justificação do São Paulo, quão mal te tratam! Ai estória de amor! Tu que os justificas na sua existência (hierarquia) quanto te tapam? Porquê, porquê!? Tanto polícia de serviço. Como gostava de estar só....

11 setembro, 2008 01:36  
Anonymous Anónimo said...

MEDITAÇÃO

Seminário
Semente
A Humanidade é como uma semente

Gosto muito da ideia de pensar a Humanidade como uma semente porque além de corresponder rigorosamente à verdade, em termos biológicos, permite-me começar a entender porque motivo ainda sabemos tão pouco sobre nós próprios.
Faz parte das minhas rotinas anuais colher sementes de flores e de hortículas para secar, guardar e semear no ano seguinte.
Utilizo alvéolos onde deposito as sementes, no inicio da Primavera, cuido e deixo as plantas crescer até poderem ser transplantadas. Quem tem um pequeno quintal como eu e gosta de o cultivar, nada de mais fascinante que fazer a vida brotar da terra.
Mas aconteceu-me, este ano, por descuido na rotulagem, ter diante de mim três recipientes com sementes muito parecidas e não saber o que era cada uma delas. Pimentões (piri-piri), pimentos ou tomateiros? Semeei ao calhas e, pensei comigo, à medida que crescessem haveriam de revelar a sua identidade e poderia, então, transplantá-las para o lugar pré-destinado que cada espécie tinha no quintal.
E assim foi.
Agora imaginemos que a HUMANIDADE é como uma semente a crescer neste alvéolo gigantesco que é o planeta terra. Quem diria que aquele ser vivo unicelular haveria de desenvolver-se ao longo de milhões de anos, revelando, lentamente, durante a sua longuíssima história, a identidade! Quem diria que este ser vivo unicelular um dia haveria de “presenciar” o seu próprio crescimento, pela consciência de ser! Como se a semente colocada no alvéolo que é a terra, olhasse para si própria, como se fosse o próprio agricultor e tornando-se, de facto, espantosamente, semente-agricultor-de-si-própria! Crescemos e vemo-nos a crescer! É a incrível realidade da consciência de si, consciência essa que é a nossa grandeza e a nossa angústia existencial. Sabemos que germinamos, que estamos em processo de crescimento e, por isso mesmo, desconhecemos ainda aquilo em que nos vamos tornar. Se ao memos soubéssemos o “nome” da semente original…Se conhecêssemos todas as suas potencialidades…Mas não! Temos de viver/crescer na expectativa, acalentados pela fé e pela esperança, essências desta Humanidade em crescimento.

Talvez seja um pouco disso que se procura no acelerador de partículas: descobrir as potencialidades da semente da Humanidade e a sua identidade.

Estou a falar da Humanidade, não das individualidades. Mas o nosso percurso individual é em tudo semelhante ao da Humanidade. A partir do momento em que o óvulo se funde com o espermatozóide, ficamos em presença de um ser vivo unicelular, com todas as potencialidades de um adulto constituído por cerca de 100 biliões de células! E consciente de seu próprio crescimento! Do seu próprio ser. E no PRINCIPIO ERA UMA ÚNICA CÉLULA!

É esmagador mas é a verdade revelada pela ciência: cada um de nós, tal como a Humanidade, foi, num tempo primordial, um ser unicelular, aparentemente tão singelo mas potenciador de uma tal complexidade que deixa atónitos os que param para ver.

Dada a nossa manifesta ignorância, muito falta para que a Humanidade revele as suas potencialidades todas. Todas? Sim, porque, simplesmente, a História continua.
E porque constatamos que, apesar de sabermos cada vez mais, sabemos ainda tão pouco.

12 setembro, 2008 08:41  
Anonymous Anónimo said...

Caros amigos...

Pois com certeza, meditação. Gostei. Escrevo só para reforçar. Gostei da companhia na meditação e aquela analogia de seminário semente é, francamente, feliz para mim.

Num comentário atrás referi o sentido que dou a expressões como agressão e outras afins e expressei que nunca me senti agredido no seminário menor. Devo todavia referir que nunca me senti agredido nem em Fátima nem em Lisboa, bem pelo contrário.

Hoje ponho em causa o bolor da mensagem do que me ensinaram quando era mais pequeno, não os ensinantes. Quando fui maior e verifiquei que o bolor da mensagem ia tomar conta do resto da minha vida, fiz o que devia, segui por outro caminho. Nesta altura, então, pude verificar que, afinal, boa parte dos confrades ensinantes, pouco depois, seguiam também por outros caminhos.

A minha recordação dos companheiros e confrades de todo o tempo de Seminário,um pouco mais de treze anos, é profundamente gratificante e definidora, em boa parte, do que hoje sou. Em imperfeição seguramente que eu era maior e no que de bom tinham lhes agradeço por me terem incluido na sua generatividade.

12 setembro, 2008 21:51  
Anonymous Anónimo said...

Caríssimos amigos,
Tenho mesmo saudades daqueles fornos brancos de um dos terreiros da festa... de todo o tempo que tendo sido marcante, por isso ainda é...
Sempre por lá passo quando as circunstâncias permitem, mas desta vez, por força da lembrança do Costa levo o passo mais estugado que a alma assim o pede. E nunca se sabe que assaduras lá se poderão ainda fazer e lembranças nos farão crescer...generatividade que outros nos deram e ainda por lá se manifesta em cada canto, recanto, pedra, árvore... que os subterrâneos da mente sempre nos devolvem em revolução de afectos... porque, à maneira de Elias, tomada o folego, muito caminho para andar.Vamos que se faz tarde...

13 setembro, 2008 11:00  
Anonymous Anónimo said...

Caríssimos,

Já fui ver os fornos...
Se andas por aqui a navegar nestas festas, em outro lugar, mais acima, tem coisas lindas que lá vivemos e sobretudo na cavaqueira que se seguiu no jantar no restaurante do Sameiro. Aquilo foi muito interessaante. Naveguem por aí e provoquem os escribas... por mim vou lá sempre... Oh se vou... trata-se da minha alma.

27 setembro, 2008 23:04  
Anonymous Anónimo said...

A repressão de que se fala acima não era "pidesca"; longe disso. Mas era uma repressão que moía a intelegência das pessoas.
Não se podia ter uma amizade acima da média com ninguém, pois essas amizades eram logo rotuladas de particulares (entenda-se - penso eu agora - amizades tendentes a uma possível homossexualidade)...
Não se podia dizer nada em tempo de silêncio (porque motivo o silêncio não era o da oração e o do descanso, mas muitos outros sem lógicA?) pois o castigo era imediato;
Não se podia ter uma zanga inofensiva, pois havia sempre os informadores de serviço à hierarquia;
Afinal, onde estava o tal "amai-vos uns aos outros como eu vos amei"?
É evidente que as mentes severas desse tempo não podiam ir longe.
Foram as tais vocações que não floresceram mas aconteceram; cairam em terra fraca e depressa sucumbiram...
Que tal uma edição de histórias pessoais, negativas ou positivas, sobre o que foi e deveria ter sido o nosso Seminário?
Sobre uma disciplina que foi um pouco à militar e deveria ter sido na totalidade igual à que Jesus estabeleceu com os seus discípulos.
Há coragem para isto?
É que comecei há pouco a navegar no vosso blog, mas gostaria de ver lufadas de ar fresco para quebrar um pouco a trilogia "teologia, filosofia e psicologia" reinante na maioria dos comentários.
até qualquer dia.

29 setembro, 2008 18:24  
Anonymous Anónimo said...

Caríssimos,
A propósito de uma outra leitura neste blog, embora noutro espaço, um belo naco de poesia, ainda me estou a rir.

Mário, esta bicadinha é deliciosa:
Cito:
"É que comecei há pouco a navegar no nosso blog, mas gostaria de ver lufadas de ar fresco para quebrar um pouco a trilogia "teologia, filosofia e psicologia" reinante na maioria dos comentários."

Um só, custa, mas dois engolem melhor: tal e qual, digo eu: velhinhos do Restelo. Olha, por mim sou mesmo, mas não me importo.

Mas quem me dera essas estórias pessoais!
Mas de que escrevo eu? Não é pessoal? De facto não tem o formato de estória, mas não sei mesmo se poderia ter. E depois o conteúdo como seria? Com ou sem auto censura?

Trilogia de teologia, filosofia e psicologia... sim, com certeza... e será possível falar de aaacarmelitas sem estas "formas" de pensamento e de pessoas?

Eu também sinto que há passos a dar... por enquanto não sei quais. Disponibilidade é tudo o que posso afirmar... por enquanto reafirmo o quão catártico tem sido este espaço para mim, realizante e criador.

Às vezes ar fresco é só um perfumezinho no ar... boa vila galécia… Saia o verbo…e luz será feita, caminho, realização, felicidade …

30 setembro, 2008 00:22  
Anonymous Anónimo said...

O que é certo, é que lufadas de ar fresco por vezes atravessam o blog, mas logo a seguir vem alguém que inculca de forma quase clara que se volte ao mesmo estilo oratório, tipo bíblico...
Pode ser que um dia isto mude... para melhor.
VILA GALECIA

06 novembro, 2008 08:47  
Anonymous Anónimo said...

Caríssimo Vila Galécia,
Mas como é, a linguagem bíblica mete-te medo ou é simplesmente qualquer forma de expressão humana! Complicação esse fenómeno! Vê lá por onde te metes! Cá por mim, venha forte e feio que saberei sacudir e responder... medo... nem pensar. Estudarei, se preciso for, para dar a volta a tudo isso... nem que seja devagar...
devagarinho......

10 novembro, 2008 00:04  
Anonymous Anónimo said...

Não exageremos, caro JOrge.Medo de quê?
Espiritualmente não devemos ter medo de nada. Temos consciência e isso basta.
O que eu quero dizer - e já o disse algumas vezes - é que não devemos transformar este blog em espaço de oração, pois ele está aberto a todos os tipos de pensamento e dessa forma estaríamos a ser tendenciosos.
O meu ponto de vista é este: Que se citem frases bíblicas, de preces, que se apontem exemplos, tudo bem; mas que estampemos aqui orações, salmos, ou outros tipos particulres de intercessão, penso descabido, eu; os outros pensarão de outra forma e eu respeitá-la-ei.
Eu gosto de rezar no silêncio do meu ser ou em família na minha casa ou no recanto de uma igreja, só ou acompanhado...
De resto tudo ok.
VILA GALECIA

11 novembro, 2008 08:49  

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