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18 de junho de 2007

Desafio do Jorge

Desafio

Confesso-vos que, por circunstâncias que estavam fora do meu controlo, me escapou a vida dos alunos e religiosos carmelitas no "século" durante muitos anos. Mas, se a Providência, agora, me deu disponibilidade e alguma percepção do fenómeno, devo mexer-me.
É indiscutível a pouca participação no Blog. É indiscutível a pouca participação seja no que for. "Meia culpa". Mas, penso que em termos de comunhão de ideais e de objectivos, temos matéria para um longo caminho a percorrer. Tenho pensado muito nisto há uns tempos a esta parte.
A questão actual, na minha leitura é a seguinte. Nós não somos uns coitados ex-alunos ou ex-religiosos da Ordem do Carmo. (Não é ordem carmelita, é ordem do Carmo -isto deve ser rectificado). Não somos ex-alunos nem ex-religiosos. Somos e fomos alunos por inteiro, enquanto fomos e fui e sou religioso por inteiro sempre e ainda hoje. Depois de sair fui e sou religioso igualmente, mas no "século", isto é no mundo secular com outros votos e outros compromissos, mas sempre do Carmo, porque sou Carmelita por formação. Ser carmelita por formação é ter uma forma específica de viver a nossa relação com Deus, e isso eu sempre tive e, vejo pelas manifestações, que muitos outros também o tiveram. Há muitas outras pessoas que se relacionam com Deus contemplativamente e com alguma outra “nuance” que me é indiferente.
Mas em relação a vós os dois e também em relação à esposa do Moreira, só porque conheço mais, eu verifico quão contemplativos somos, isto é, eu verifico como somos instrumentos desta mensagem que nos arrebata e nos faz agir. Isto para não falar da caminhada da minha companheira, em definitivo rendida e ao serviço, bem como da companheira do A. Castro, mas que não conheço ou não me lembro.
A questão é muito simples: só a mensagem nos unirá. E a mensagem é recolhida na formação que nos deram e, esta, tinha duas variáveis: mendicante e contemplativa. A mendicante está despachada e fica para a Ordem do Carmo hierárquica e institucional, mas a contemplativa é também nossa e só nos conseguiremos unir por esta via. Qualquer outro tipo de união será passageiro.
Fiquei deveras constrangido quando há dias entrei no "sítio" da Ordem do Carmo em Portugal e verifiquei que o Vínculo nem sequer era referido nesse sítio. Isto de resto faz todo o sentido quer na maneira como sempre sacudiram do Seminário os alunos, na sua opinião, não convenientes, quer na maneira, prenha de desprezo, como sempre ignoraram todos os religiosos e frades professos, que, não obstante uma vida intensíssima de comunidade, em qualquer altura se passaram para o "século". Nem um único contacto em 38 anos. É obra…
Há muitas conotações com o inimigo em tempo de guerra e os carcereiros dos campos de concentração. Nem o lixo é assim despejado. Todavia eu não quero ir por aí. Seguramente não irei.
Mas percebam que temos matéria para trabalhar. Caros amigos, já perdi tudo o que tinha a perder. Hoje, em disponibilidade, resta-me a vida, a mente organizada e o dom profético de denuncia, num povo de sacerdotes, de reis e de profetas, dom a que não renuncio, porque foi isso que lá aprendi, e se a Ordem do Carmo precisa de umas proclamações públicas de denúncia, nada me deterá se essa inspiração do Espírito Santo me chegar. Ás vezes quando olho para a minha vida, sempre às curvas, mas sempre em crescendo, fica sem perceber nada.
Habituei-me a estar disponível para ser guiado e que sucesso e felicidade, meu Deus. Mas meus caros, às vezes enfrentar aquilo com que não concordamos pede força, mas mesmo energia deveras.... mas que fazer se sentimos que não é por nós?.....
Quando penso no Vínculo, no J.M e Rosa no seu coro e, claro, eu também nos dois coros com que trabalho, bem como na família e amigos, e passo a mensagem, o que é que nós somos senão contemplativos? E já agora permitam que vos diga uma coisa: às vezes reparava que um colega ou outro não cantava uma ou outra parte e depois vim a saber que não cantava porque chorava, como às vezes eu, a mensagem envolvia-o tanto que lhe sufocava a voz de emoção. Vida ou oração contemplativa é isto…como é bonito, abrangente, de tantos….louvado seja Deus.
Há um passo a dar em frente na nossa relação com a Ordem do Carmo. Há um passo a dar em frente no Vínculo como Blog. Não é fácil fazer um comentário....
A criação de alguns espaços de comentário: suponhamos de catarse, por exemplo:
- Como saíste do seminário, da Ordem?...
- Como decidiste vir para o Seminário?
- O que te levou a ficar ou que te levou a sair?
- Que mais valias para a tua vida com o que aprendeste nas Instituições da Ordem do Carmo?
Por mim, as coisas são simples... eu ando a pensar nisto e comecei a escrever e gostava (profeticamente falando por Ele) de ver proveito contemplativo para todos. Os temas de comentários podem até ser perguntas. Mas eu reconheço que face à violência emocional que ponho em tudo só posso dar sugestões.
Pelo menos, por agora, só editarei comentários abrangentes.
Reportem.
Contemplativamente, num povo de sacerdotes, de reis e de profetas. Assumam-se.
Delgada, 17 de Junho de 2007
Jorge Dias

11 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Penso que a ideia é óptima. Dá até para esclarecer muita coisa, destroçar vários juízos errados ou até arredar do espírito de alguns suspeitas mal montadas...
Conhecendo o Jorge desde a viagem de Braga até à Falperra para o primeiro dia de CARMELITA, penso que a "tirada" dele é muito interessante e pretende alargar às dezenas de ex-colegas o "convívio" que neste momento apenas vejo partilhado por alguns...
Assim vale a pena "blogar"..
Um abraço para todos
JOSIMO

19 junho, 2007 08:56  
Anonymous Anónimo said...

Foi a primeira vez que entrei neste blog. Achei-o interessante como instrumento rápido e cómodo (quando se sabe e exercita)de comunicar entre antigos colegas, que ficaram cronicamente mordidos pelo bichinho da amizade.
Os meus parabéns pela iniciativa!
Um abraço para todos!
José Rebelo

22 junho, 2007 18:19  
Anonymous Anónimo said...

OLá José Rebelo (José Augusto da Silva Rebelo?). Não dizes mais nada?
Isso é muito pouco. Tens "obrigação" livre de entrar com muito mais. Fico à espera dos que foram, como eu, contemplativos a tempo inteiro durante cheia de anos. Sejas bem aparecido. Mordidos cronicamente, mas de forma saudável e bem liberta. Não era esse o postulado da mensagem? Libertar? Jorge Dias

25 junho, 2007 23:27  
Anonymous Anónimo said...

Encontrar-se com… sem palavras
Ainda não tenho ideias claras sobre o formato, mas verifico que o tema está emperrado. Ou seja, ninguém descola, melhor dizendo, não aterra no Blog.
Há dias conversando, via messenger, com o A Castro, dizia-me ele que a sua decisão de deixar a vida conventual foi tomada como que estando em cima de uma ponte que atravessava um rio. Tinha duas direcções, as duas eram boas e possíveis. Uma era ficar, outra sair. Sabemos por qual optou.
A isto retorqui-lhe eu, usando a imagem da ponte, nos seguintes termos: "Eu estava no meio da ponte, mas do lado da vida conventual veio como que uma bola de fogo e só me restou ficar do lado de fora, pois na ponte só havia um lado". Perceberam?
Hei-de voltar. Em boa verdade o que sinto mesmo é que nunca cheguei a sair e digo-o, gostosamente. Talvez, por isso, a mensagem me seja ainda hoje tão familiar e tão comummente assumida e passada na roda dos que privam comigo.
Seguramente que nestes anos houve uma grande caminhada de purificação da mensagem, quer dizer, da mensagem e da pessoa, mas naturalmente... a essência está lá toda.
Resumindo, saí, mas sinto ainda hoje que não saí. Quando dei por mim estava do lado de fora e com uns quantos a "empurrarem-me"... Freud explica isto muito bem com o instinto de vida e o instinto de morte. Tanto me queriam que me empurravam. O povo por sua vez diz que os extremos tocam-se e repudiam-se.
Por mim penso que quando os valores se radicam na nossa Personalidade têm que encontrar forma de se exprimirem. Penso mesmo, hoje, que lá, com base no que nos ensinaram, já não me restava espaço.
Os homens de fé dizem que os caminhos de Deus são insondáveis e nada acontece por acaso... já me disseram isso, e outras coisas bonitas, e agradeço, porque é "consoloso". Ou será que neste aspecto e muitos outros mais não faço que imitar e executar valores familiares que bebi, sobretudo de meu pai? Meu pai era um exímio contador de histórias, a que aditava sabiamente um conteúdo ético libertário por forma a estimular-nos para o trabalho e o estudo (conhecimentos escolares).
Afinal, em que é que ficamos? É escolher senhores, é escolher....
Perguntam o que é ser feliz? Não, não. O que é ser Cristão, perdão católico? Como? Finalmente, entendi. Dizem bem, pois claro, contemplativo? Ora aí está...Muito simples: "encontrar-se com... sem palavras". Jorge Dias

08 julho, 2007 02:50  
Anonymous Anónimo said...

Eu cá sou anjo. Só estou espreitando... ninguém, diz nada? E estiveram na Ordem do Carmo? Ah... estão a contemplar? Pois claro, mas o quê? Não têm palavras? Pois escrevam pontos...

09 julho, 2007 00:52  
Anonymous Anónimo said...

Nada como realmente...rs...rs...rs...........................................................................................................................................................................................................................................................rs...rs...rs...

09 julho, 2007 16:52  
Anonymous Anónimo said...

Pontos contemplativos:
................................................................................................................................................................................................?
Chega égua.
Estava internado na Casa de Saúde, mas só sairia se escrevesse um livro.
Título: A grande calvagada. Texto: pontos. Página final: ver supra. Repoduzo para os mais lentos: Chega égua. Quer dizer: ponto final.

10 julho, 2007 01:57  
Anonymous Anónimo said...

Realmente estão muito geitosos!

13 julho, 2007 00:06  
Anonymous Anónimo said...

Simmmmmmmmmmmmmm, cheios de jeito na contemnpla�o.... vou nessa ....pst..........pst..partidodo sil�ncio total.

13 julho, 2007 01:32  
Blogger AAACARMELITAS said...

Aconselho o Jorge Dias a não usar sinais de acentuação nem letras cedilhadas, pois, caso contrário a sua escrita sai sempre em ciondições de leitura precária.
E, depois, convem dar uma vista de olhos ao sistema de teclado que usa, pois pode acontecer que tenha feito qualquer coisa que tenha mudado o sistema. Ou, então, ver o idioma como qual está a trabalhar. Ok? Pois, só há pouco tempo é que começou a ter este problema na escrita.
Vá, uma atençãozinha mais e tudo se resolve.
Um abraço.
EU

13 julho, 2007 15:53  
Anonymous Anónimo said...

Hoje ao passar pelo Blog, reparei e li o desafio do Jorge com o qual concordo e de seguida passo a dar o meu contributo, por mais simples que ele seja.
- Quanto à minha ida para o Seminário, posso dizer que não fui eu que decidi. Eu aceitei pura e simplesmente a decisão tomada por minha mãe, que segundo dizia gostaria de ter um padre na família.
Andava eu na 3ª classe, quando um belo dia apareceu na minha aldeia, Frei Lourenço, em campanha de captação de vocações e acertou as coisas com minha mãe que eu mesmo antes de fazer a dita 3ª classe já estava a caminho de Braga indo fazer parte de um grupo de 26 alunos, matriculados no ano de 1952/53, entre os quais posso destacar O Alexandre G. Araújo, o Amandio Augusto F dos Santos, o António Monteiro, hoje Pe Frei e Comissário Geral da O.C. em Portugal, O Freixinho,o Arlindo Serqueira e outros mais que não nomeio para não tornar muito extensa a minha participação, mas prometo, caso tenha algum interesse, lembrar os nomes dos restantes. Até posso indicar onde consta essa lista, Vinculo 2 nº. 26 de Novembro de 1996.
Era o segundo ano da existência do nosso Seminário.
Quanto às mais valias, foram poucas ou nenhumas, uma vez que entrei sem ter terminado, como disse acima a 3ª Classe, ainda fui assistir a algumas aulas nesse ano às Oficinas de S.José.
Fiz o primeiro ano, com notas não muito brilhantes mas boas para a preparação que tinha quando entrei no Seminário.
Mas por muito pouco que tenha aprendido, a minha estadia serviu para em convivência alegre e faterna com esse grande grupo de colegas e Superiores, Pe Frei José, Pe Frei Casimiro, Pe Frei Lourenço, Pe Frei Américo, os irmãos, Frei Servando, Frei Miguel e Frei Pedro, aprendí muitas coisas e entre elas a descoberta do mundo que existia para lá da bonita aldeia onde nasci.
Não me foi possível continuar por mais tempo, porque como todos se devem lembrar, pelo pouco que nossos pais tivessem que pagar, para muitos deles era um grande desafio que tinham pela frente, sendo esse o principal motivo que me levou a não regressar após as férias, ditas grandes.
Espero que tenha, mais ou menos, compreendido o proposto pelo Jorge, se assim não foi as minhas desculpas, pelo espaço tomad.
M Sampaio

17 setembro, 2007 00:00  

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